De limpadorcbet 216.tnprivadas a vice-presidentecbet 216.tnbanco: imigrante brasileiro dá volta por cima no Reino Unido:cbet 216.tn
Ferreira tem o perfil do imigrante brasileiro traçado pelo estudo Diversidadescbet 216.tnOportunidades: Brasileir@s no Reino Unido, 2013-2014, do GEB (Grupocbet 216.tnEstudos Sobre Brasileiros no Reino Unido): aquele que, com nível educacional mais alto, decide emigrar não mais apenas atráscbet 216.tndinheiro, mascbet 216.tnuma "experiênciacbet 216.tnvida", ainda que,cbet 216.tnmuitos casos, isso represente momentaneamente cair algumas posições na pirâmide social. Além disso, está mais enraizado e integrado à sociedade britânica, e não tem previsãocbet 216.tnretorno ao Brasil.
<link type="page"><caption> Leia mais: 'Mais 'enraizado' e com nível superior, imigrante brasileiro 'mudacbet 216.tnperfil' no Reino Unido</caption><url href="http://vesser.net/noticias/2015/11/151106_estudo_imigrantes_brasileiros_reino_unido_abre_lgb.shtml" platform="highweb"/></link>
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Entre as razões apontadas para essa mudançacbet 216.tnperfil, segundo o estudo, estão a ascensão da classe C no Brasil e um controlecbet 216.tnimigração mais rígido por parte do governo britânico.
"O imigrante sem educação formal que vem para o Reino Unido para trabalhar por um tempo, ganhar dinheiro e depois voltar ao Brasil ainda existe, mas nosso estudo mostra que ele já não é mais maioria", afirmou Ana Souza, professora da Universidade Oxford Brookes e uma das autoras da pesquisa.
Ferreira deu o seguinte depoimento à BBC Brasil:
"Em 2003, eu tinha 28 anos e um emprego que me proporcionava privilégios atípicos para a minha idade: cbet 216.tn dirigia carro importado, morava sozinhocbet 216.tnum apartamentocbet 216.tnum bairro chiquecbet 216.tnSão Paulo e já tinha morado fora, nos Estados Unidos.
Mas trabalhava muito,cbet 216.tn14 a 16 horas por dia. O trânsito infernalcbet 216.tnSão Paulo me massacrava. cbet 216.tn Algo estava errado na minha vida ─ e eu precisavacbet 216.tnum tempo para mim.
Foi quando decidi fazer um cursocbet 216.tnfinançascbet 216.tnLondres. Queria ir para Boston (EUA), onde já havia morado a trabalho, mas acabei escolhendo o Reino Unido pela facilidade do visto. Como tenho passaporte europeu, herança dos meus avós portugueses, poderia permanecer aqui o tempo que quisesse.
Mas a vida aqui é cara, especialmente por causa da diferença do câmbio. Comecei a buscar emprego para não me descapitalizar. Com duas graduações e uma pós-graduação no currículo, todascbet 216.tnuniversidadescbet 216.tnrenome no Brasil, não achei que seria difícil. Estava bem confiante. E,cbet 216.tncerta forma, até arrogante. cbet 216.tn Mas não fui chamado nem para servir café.
Consegui um emprego como garçomcbet 216.tnum restaurante no condado onde morava. Ali também limpava privadas. Trabalhava dez horas por dia. O restaurante ficava a 21 km da minha casa. cbet 216.tn Para economizar, ia e voltavacbet 216.tnbicicleta. Foi minha primeira compra. Paguei 20 libras por ela. Eram 42 km todos os dias, o equivalente a uma maratona. cbet 216.tn O pior era no inverno: pedalar na neve é horrível.
O curso duraria nove meses, mas eu tinha uma passagem para voltar ao Brasil 45 dias depois da minha chegada. Na véspera da datacbet 216.tnpartida, lembro que fui até o Green Park (parque londrino), cbet 216.tn senteicbet 216.tnum banco e comecei a chorar compulsivamente. Liguei para a minha mãe. Na época, meu celular era pré-pago e só tinha um créditocbet 216.tn5 libras, o que daria para, no máximo, 10 minutoscbet 216.tnconversa.
Nos primeiros minutos, ela mal me entendia. cbet 216.tn Eu chorava e soluçava sem parar. Dizia não entender como alguém com meu currículo não era chamado para nenhuma entrevista e tinhacbet 216.tnse submeter a limpar privadas. cbet 216.tn Me perguntava se eu não era inteligente o bastante. Não estava conseguindo vencer aquele desafio.
Foi então que ela me disse: 'Filho, se você quiser voltar, vamos recebê-locbet 216.tnbraços abertos. Mas você será feliz?'.
Quando desliguei, disse a mim mesmo que não voltaria. Eu venceria aquele desafio. Em vezcbet 216.tnchorar todos os dias, passei a chorar menos. E a dar tempo ao tempo. A paciência foi uma virtude. Tivecbet 216.tncriar meu nome do zero. Não tinha referências aqui e ninguém conhecia o meu trabalho. cbet 216.tn Quem era Fabiano Ferreira? Eu era um nada.
Foi quando, ao final do curso, participeicbet 216.tnuma feiracbet 216.tnempregos. Preenchi uma ficha e logo me chamaram para uma entrevistacbet 216.tnum banco escocês. Aos poucos, fui sendo promovido. Nesse ínterim, também fiz um mestradocbet 216.tnuma universidadecbet 216.tnprimeira linha do Reino Unido.
Quando completei dez anos no banco,cbet 216.tn2013, tomei a decisãocbet 216.tnvoltar para o Brasil. Já estava casado com uma escocesa, quem havia conhecido alguns anos antes.
Mas minha irmã, que mora no Brasil, foi diagnosticada com um tumor no cérebro e o tratamento seria realizado na França. Abortei meus planos. Ela se recuperou da cirurgia e, algum tempo depois, minha esposa ficou grávidacbet 216.tnnossa primeira filha.
Coincidentemente, estava participandocbet 216.tnum processo seletivo para a posiçãocbet 216.tnvice-presidentecbet 216.tnum banco inglês. Não imaginava que seria aprovado, mas fui. E desde então desempenho essa função. cbet 216.tn Não penso maiscbet 216.tnvoltar o Brasil. Ainda mais agora com todas essas denúnciascbet 216.tncorrupção.
<link type="page"><caption> Leia também: 'Troquei luxo por segurança': a vida da elite brasileira na Flórida</caption><url href="http://vesser.net/noticias/2015/08/150826_brasileiros_imigrantes_florida_jf_rb.shtml" platform="highweb"/></link>
Paralelamente ao meu trabalho no banco, sou membro do comitê diretor da Associação Brasileiracbet 216.tnIniciativas Educacionais no Reino Unido (Abrir). Também faço trabalho voluntário. Já dei aulascbet 216.tnjudô para crianças órfãs, fiz feijoada para pobres nas ruas e fui membro da fundação do Príncipe Charles ─ onde ajudei jovens que saíram da prisão a voltar ao mercadocbet 216.tntrabalho.
Acho extremamente importante darcbet 216.tnvolta à sociedade o que você recebeu dela. Como integrante da Abrir, é muito gratificante saber que estamos ajudando pais, crianças e jovens imigrantes ─ que se mudaram para cá ou nasceram aqui no Reino Unido ─ a continuar (ou até mesmo começar) a falar a língua portuguesa. Nunca podemos esquecercbet 216.tnonde viemos. cbet 216.tn E eu tenho orgulhocbet 216.tnser brasileiro.
Nunca conseguiria chegar aonde cheguei sem o apoio da minha família. Todos foram muito importantes nessa caminhada. cbet 216.tn Mas eu aprendi muito também. Aprendi a não desistir. Aprendi ser perseverante. Aprendi, sobretudo, a ser humilde.
cbet 216.tn Também aprendi muito sobre igualdade. E quando voucbet 216.tnférias ao Brasil imagino o quão difícil seja para alguém que nasceu pobre ascender socialmente. A sociedade, muitas vezes, não deixa essa pessoa 'subircbet 216.tnvida'. Nem sempre depende só dela.
Quando olho para trás e vejo aonde cheguei, não tenho como não me emocionar. cbet 216.tn Só eu sei quanto suor, quanto sangue e quantas lágrimas derramei".