As religiões vão desaparecer no futuro?:
Por isso, não por acaso, nações que registram maiores taxasateísmo tendem a ser aquelas que oferecem a seus cidadãos uma estabilidade econômica, política e existencial relativamente alta. Para Zuckerman, o capitalismo e o acesso à tecnologia e à educação também parecem ter relação com o declínio da religiosidadealgumas populações.
<bold><link type="page"><caption> Leia mais: Aprovação do papa é alta, mas católicos continuam deixando a religião, diz estudo</caption><url href="http://www.bbc.co.ukhttp://vesser.net/noticias/2014/11/141113_religiao_estudo_pew_cc.shtml" platform="highweb"/></link></bold>
<bold><link type="page"><caption> </caption><url href="http://www.bbc.co.ukhttp://vesser.net/noticias/2014/11/141113_religiao_estudo_pew_cc.shtml" platform="highweb"/></link></bold><bold><link type="page"><caption> Leia mais: O papa Francisco é o modernizador que muitos previam?</caption><url href="http://www.bbc.co.ukhttp://vesser.net/noticias/2014/10/141004_papa_analise_lgb.shtml" platform="highweb"/></link></bold>
Sentido ao sofrimento
Japão, Grã-Bretanha, Canadá, Coreia do Sul, Holanda, República Tcheca, Estônia, Alemanha, França e Uruguai (onde a maioria dos cidadãos tem raízes europeias) são países onde a religião era importante há apenas um século, mas que agora mostram os menores índicescrença religiosa no mundo.
Mesmo assim, o declínio da fé parece ser global, inclusivepaíses que ainda são fortemente religiosos, como o Brasil, a Jamaica e a Irlanda.
Já os Estados Unidos estão entre os países mais ricos do mundo, mas também apresentam altas taxasreligiosidade. (Ainda assim, uma pesquisa recente da Pew revelou que, entre 2007 e 2012, o númeroamericanos que se declararam ateus subiu1,6% para 2,4%.)
"Declínio, no entanto, não quer dizer desaparecimento", argumenta Ara Norenzayan, psicólogo social da Universidade da Columbia BritânicaVancouver, no Canadá, e autor de Big Gods ("Grandes Deuses",tradução livre).
Para ele, a segurança existencial é mais vulnerável do que parece. E conforme as mudanças climáticas trouxerem destruição e os recursos naturais forem escasseando, o sofrimento e as dificuldades podem inflamar a religiosidade. "Por alguma razão, a religião parece dar um sentido ao sofrimento, muito mais do que qualquer ideal secular", diz o especialista.<bold><link type="page"><caption> </caption><url href="http://www.bbc.co.ukhttp://vesser.net/noticias/2013/02/130222_ateus_mobilizacao_cc.shtml" platform="highweb"/></link></bold>
<bold><link type="page"><caption> Leia mais: Com ajuda da web, ateus ganham força no Brasil</caption><url href="http://www.bbc.co.ukhttp://vesser.net/noticias/2013/02/130222_ateus_mobilizacao_cc.shtml" platform="highweb"/></link></bold>
<bold><link type="page"><caption> Leia mais: Atual Dalai Lama defende ser o último a ocupar a posição</caption><url href="http://www.bbc.co.ukhttp://vesser.net/noticias/2014/12/141217_dalai_fd.shtml" platform="highweb"/></link></bold>
Instinto religioso
Mas mesmo se os problemas do mundo fossem milagrosamente resolvidos e todos nós vivêssemospaz e igualdade, as religiões ainda estariam entre nós. Isso porque um "buraco na formaDeus" parece existir na neuropsicologia da nossa espécie, graças a uma falha na nossa evolução.
Para entender isso, é preciso investigar a teoria que estabelece que o homem tem duas formaspensamento básicas: o Sistema 1 e o Sistema 2. O Sistema 2 evoluiu recentemente. É a voz na nossa cabeça que nos permite planejar e pensar logicamente.
O Sistema 1, por outro lado, é intuitivo, instintivo e automático. Essas capacidades se desenvolvem regularmente nos seres humanos, independentementeonde nascerem. São mecanismossobrevivência.
O Sistema 1 nos faz buscar padrões para entender melhor o mundo e procurar o sentidoeventos aparentemente aleatórios, como desastres naturais ou a morteum ente querido.
Alémnos ajudar a evitar os perigos e a encontrar um parceiro, alguns acadêmicos acreditam que o Sistema 1 também permitiu que as religiões surgissem e se perpetuassem.
Ele nos prepara para instintivamente notar forças naturais, mesmo quando elas não estão ali.
Milênios atrás, isso provavelmente ajudou o homem a evitar alguns perigos, como um leão escondido atrásum arbusto. Mas isso nos tornou vulneráveis a supor a existênciaagentes invisíveis – como um Deus benevolente olhando por nós.
Superstições e derivados
Ateus têm que lutar contra toda essa bagagem cultural e evolucionária. Seres humanos querem naturalmente acreditar que fazem partealgo maior, que a vida não é completamente inútil. Nossas mentes têm fomepropósito ejustificativas.
Da mesma maneira,todo o mundo, muitas das pessoas que dizem não acreditarDeus ainda têm algum tipocrença supersticiosa, como fantasmas, astrologia, karma, reencarnação ou telepatia.
Outros, para guiar seus valores, tendem a se apoiar no que pode ser interpretado como "representações religiosas", como a ioga, os esportesequipe, a natureza e outros elementos. Um exemplo disso é o fatoa bruxaria estar ganhando popularidade nos Estados Unidos, enquanto o paganismo ser a religião que mais cresce na Grã-Bretanha.
As experiências religiosas também têm se manifestado das maneiras mais estranhas.
O antropólogo Ryan Honrbeck, do Fuller Theological Seminary,Pasadena, na Califórnia, descobriu indíciosque o videogame online World of Warcraft está assumindo uma importância espiritual para alguns jogadores na China. "O game parece oferecer oportunidadesdesenvolver alguns traços morais que a vida comum na sociedade contemporânea não consegue", afirma.
Medo ou adoração
Além disso, a religião promove coesão e cooperaçãogrupo.
A ameaçaum Deus todo-poderoso observando qualquer pessoa que sair da linha ajudou a manter a ordemsociedades antigas. E, novamente, insegurança e sofrimento podem ter ajudado a incentivar a consolidaçãoreligiões com códigos morais mais rígidos.
Há ainda uma explicação puramente matemática por trás da aptidão das religiões para prevalecerem.
Em várias culturas, as pessoas que são mais religiosas tendem a ter mais filhos. Acrescente a isso o fatoque, normalmente, as crianças seguem o exemplo dos pais emdecisão sobre a religião, e um mundo completamente secular parece cada vez mais impossível.
Por todos esses motivos – psicológicos, neurológicos, históricos, culturais e logísticos -, especialistas acreditam que as religiões provavelmente nunca desaparecerão.
Sejam elas mantidas pelo medo ou pela adoração, as religiões conseguem muito bem se perpetuar. Senão, não estariam mais entre nós.
<italic>Leia a <link type="page"><caption> versão original desta reportagem</caption><url href="http://www.bbc.com/future/story/20141219-will-religion-ever-disappear" platform="highweb"/></link>inglês no site <link type="page"><caption> BBC Future.</caption><url href="http://www.bbc.com/future" platform="highweb"/></link></italic>