'Casalcassinostrês' alimenta debate sobre nova família na Suécia:cassinos
- Author, Claudia Wallin
- Role, De Estocolmo para a BBC Brasil
cassinos "Somos uma famíliacassinosoito pessoas: mamãe, papai, papai e cinco filhos. Vivemoscassinosum relacionamentocassinostrês adultos, no qual os três se amam".
A declaração feita pela sueca Linda Fridland,cassinosum programa do canalcassinostelevisão TV4, criou uma polêmica sobre o conceito tradicionalcassinosfamília na Suécia, debate que também vem ocorrendo no Brasil.
Linda Fridland e o marido Erik viviam juntos havia 15 anos quando conheceram,cassinos2012, Hampus Engström na empresacassinostáxicassinosque trabalham. Foi quando os três se apaixonaram.
Linda e Erik já tinham quatro filhos. Hampus era paicassinosuma meninacassinostrês anos e se separaria da mulher pouco depois.
No iníciocassinos2014, todos passaram a viver juntos na mesma casacassinosStrömsund, no norte da Suécia.
<bold><link type="page"><caption> Leia mais: Sucesso na rede, fotos 'constrangedoras'cassinosfamília ganham mostra nos EUA</caption><url href="http://www.bbc.co.ukhttp://vesser.net/noticias/2014/04/140411_galeria_familias_estranhas.shtml" platform="highweb"/></link> </bold>
"A família formada por um homem,cassinosesposa e seus filhos ainda é o conceito predominante. Mas, hojecassinosdia, as pessoas estão mais abertas ao fatocassinosque existem outras formascassinosse viver", diz Linda, que criou um blog para contar como é a relação a três.
O casocassinosLinda e seus dois maridos ainda é, no entanto, um tabu, mesmo na progressista Suécia, onde várias fronteiras se romperam ao longo dos anos no tradicional conceitocassinosfamília.
Na literatura infantil sueca, tornaram-se comuns as históriascassinosfilhoscassinoscasais homossexuais – crianças com dois pais ou duas mães.
Desde 2003, casais homossexuais têm o direitocassinosadotar crianças, e lésbicas têm acesso a subsídios estatais para tentar engravidar por meiocassinostratamentoscassinosfertilização.
A Suécia foi o primeiro país do mundo a aprovar,cassinos1944, uma lei que legaliza a homossexualidade e que perdura até hoje - na Rússia, atos homossexuais foram legalizados apenas entre 1917 e 1930, ficando proibidos até 1993, quando foram novamente autorizados.
Em 2009, o governo sueco também legalizou o casamento gay.
Mas a noçãocassinospoliamor ecassinospoligamia ainda enfrenta barreiras, como demonstram as várias páginascassinosartigoscassinosjornais dedicados na Suécia a debater o casocassinosLinda, Erik e Hampus.
"O que parece incomodar mais as pessoas é o fatocassinosser uma relação entre uma mulher e dois homens, e não o contrário. É como se pensassem 'ela não se contenta com um só'. Mas é um equívoco", destacou Lindacassinosentrevista ao jornal Aftonbladet.
"Não sou eu que tenho dois maridos. Somos nós três que temos dois cônjuges."
Naturalidade
No programa Jenny Strömstedt, da TV4, Hampus disse que a pergunta mais frequente é sobre como as crianças reagem e se sentem nesta situação.
"Conversamos com cada uma delas. Contamos que viveríamos juntos, e elas reagiram com naturalidade", disse Linda.
Hampus acrescentou que crianças não têm preconceitos: "Elas são abertas a diferentes formascassinosse viver".
Para Klara Hellner Gumpert, especialistacassinospsiquiatria infantil do prestigiado Instituto Karolinska, da Suécia, a mudança gradualcassinosvalores na sociedade provavelmente tornará mais natural e menos problemática a aceitaçãocassinosnovos conceitoscassinosfamília.
"Em certos aspectos, pode ser difícil para uma criança vivercassinosuma situação como esta. Pode sofrer com comentários maldososcassinoscoleguinhas, por exemplo", disse a psiquiatra à BBC Brasil.
<bold><link type="page"><caption> Leia mais: Avós italianos são processados por 'intromissão' na vida dos netos</caption><url href="http://www.bbc.co.ukhttp://vesser.net/noticias/2014/03/140330_avos_processados_italia_mc_lgb.shtml" platform="highweb"/></link> </bold>
"Por outro lado, vejo frequentemente no consultório crianças com problemas causados por pais ausentes, violentos ou que abusam do álcool. Pais convencionais podem prejudicar os filhoscassinosmuitas maneiras. Será que é mais difícil para uma criança vivercassinosuma família com uma mãe e dois pais?"
A psiquiatra diz não considerar uma relação algo condenável, indesejável ou prejudicial para os filhos.
"Há muitos tipos diferentescassinosfamília. Algumas crianças crescem com uma mãe solteira, outras são criadas por avós doentes. Se uma relação a três é a formacassinosalgumas pessoas serem felizes, respeito a escolha", destaca Gumpert.
"Mas estas pessoas devem ter consciênciacassinosque estão divergindo do conceito normalcassinosfamília e, por isso, devem lidar cuidadosamente com as criançascassinosrelação a isso. O mais importante para qualquer criança,cassinosqualquer formacassinosfamília, é o amor, a atenção e o cuidado que recebem dos adultos que as cercam."
Conceitocassinosformação
Na famíliacassinosLinda, Erik e Hampus, novos padrões vão sendo formados aos poucos.
Os três têm responsabilidade para com as cinco crianças. Na escola dos filhoscassinosLinda e Erik, o diretor deu permissão especial para que Hampus possa se envolver no seu desenvolvimento, como participar das reuniões com professores.
Na cozinhacassinoscasa, foi colocada uma grande mesa com oito cadeiras. Na lavanderia, foi preciso instalar uma nova máquinacassinoslavar, com capacidade para oito quiloscassinosroupas. O quartocassinosdormir dos adultos fica ao lado da salacassinosestar.
A reação dos colegas das crianças, segundo Hampus, têm sido natural. "Eu e Erik levamos as crianças a uma aulacassinosesportes, e um coleguinha delas disse: 'Vocês têm dois pais? Bacana!'", conta ele.
No entanto, reação dos familiares foi menos amistosa – especialmente dos paiscassinosErik, que romperam com o filho. "É difícil dizer por que eles fizeram isso", disse Erik à apresentadora Jenny Strömstedt. "Acho que sentem vergonha."
Linda diz que perdeu a melhor amiga, com quem costumava conversar várias vezes por dia.
"Mas, no geral, a reação das pessoas tem sido melhor do que esperávamos", disse ela.
Problemas
Resta agora ao trio lidar com os problemas enfrentados por um novo modelocassinosfamíliacassinosuma sociedade feita para funcionar com dois cônjuges.
Linda e Erik são casados legalmente e têm direitocassinosherdar os bens um do outro. Mas não teriam direito aos benscassinosHampus, que também não poderia ser herdeirocassinosErik e Linda.
A solução será escrever um testamento, a fimcassinosgarantir os direitocassinosherança entre os três.
Eles gostariamcassinosse casar oficialmente, mas a lei sueca não reconhece a poligamia.
Há dois anos, o Partido do Centro (Centerpartiet) chegou a incluircassinosseu programacassinosgoverno uma proposta para reconhecer legalmente o casamento poligâmico.
A proposta provocou uma tempestade no debatecassinostorno dos novos conceitoscassinosfamília e acabou sendo retirada da versão final do programa do partido.
Mas o movimento jovem do Centerpartiet permanece comprometido com a ideia. "Trata-secassinosgarantir que todos os cidadãos sejam iguais perante à lei", observa a presidente do movimento, Hanna Wagenius.
"Já existem muitas pessoas vivendo relações não-convencionais. Se alguém ama maiscassinosuma pessoa, essa pessoa deve ter os mesmos direitos e a mesma proteção legal que aquelescassinosuma relação monogâmica."
Para Hanna, é uma questãocassinostempo a sociedade ver relações poligâmicas como algo normal.
"Não há nenhum argumento razoável contra este tipocassinosrelação. Só não estamos acostumados a enxergar as coisas desta forma", opina.
Linda e seus dois maridos concordam. Para eles, uma legislação mais flexível ajudaria não só a eles, mas também outras pessoas que não se enquadram no conceito tradicionalcassinosfamília.
"Da forma como as coisas são hoje, olham para nós e pensam estamos fazendo algo ilegal", observa Linda. "Mas, se a lei dissesse que nossa formacassinosviver é válida, muitos olhariamcassinosforma mais natural para outros tiposcassinosunião."