AliadosbumbetDilma e Aécio divergem sobre Mercosul e comércio exterior:bumbet
No cargobumbetAssessor Especial da Presidência para Assuntos Internacionais desde 2003, quando Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito pela primeira vez, Garcia defendeu as decisões dos últimos três governos do PT e disse que, no poder, Aécio ebumbetequipe seriam como "exterminadores” da política externa brasileira.
"Eles representam o velho, o candidato velho, que reedita a velha agenda da direita brasileira”, disse.
Já o embaixador Rubens Barbosa, que no passado esteve à frente das representaçõesbumbetLondres e Washington, vem assessorando a campanha do PSDB e é um dos nomes cotados para ocupar a posiçãobumbetministro das Relações Exteriores num possível governobumbetAécio Neves.
"Sei que fui atacado ontem aqui por Marco Aurélio Garcia, e é melhor mesmo que estejamos falandobumbetdias diferentes”, disse, acrescentando que o principal diferencial do PSDB na área será "eliminar a influência ideológica que permeou a política externa do PT durante todos esses anos, e devolver ao Itamaraty o papelbumbetprincipal assessor do presidente nestes assuntos”.
Mercosul e comércio exterior
Dois dos temas que mais chamaram a atenção durante o evento, o futuro do Mercosul e as estratégiasbumbetnegociações comerciais são encaradasbumbetmaneiras diferentes pelas duas candidaturas.
Para o PT é admissível empreender melhorias que ajudem a destravar as operações, mas a primazia do blocobumbetsi é indiscutível.
"O Mercosul é importante, e vai muito alémbumbetuma tentativabumbetcriaçãobumbetunião aduaneira. Precisaremosbumbetdiscussões, ebumbetuma grande capacidadebumbetnegociação. E isso não se dará se nós dissermos que estamos cercadosbumbetpaíses produtoresbumbetcocaína”, disse Garcia,bumbetalusão a uma fala do candidato Aécio Neves num debate presidencialbumbetque sugeriu endurecer o tratamento a países da região que produzem drogas.
No outro extremo, Barbosa disse que o Mercosul "não está servindo aos interesses brasileiros” e que o país está "amarrado” devido às exigênciasbumbetvigor, que não permitem que seus membros assinem acordosbumbetlivre comércio com outros países da região.
E na impossibilidadebumbetnegociação, o embaixador não descarta que o Brasil abandone o bloco por completo.
"A gente vai ter que conversar. É preciso rever a política do Mercosul e conversar com os parceiros. O Brasil não pode ficar amarrado ao atraso, preso ao Mercosul, sem poder negociar com ninguém. Precisamos avançar, e se eles não quiserem avançar, vamos ter que discutir”, avalia.
Questionado sobre a possibilidadebumbeto Brasil deixar o bloco num futuro governobumbetAécio Neves, Barbosa respondeu "todas as opções estão sobre a mesa”.
Em abril deste ano, Aécio Neves chegou a propor o fim do Mercosul durante um eventobumbetcampanhabumbetPorto Alegre. De acordo com o jornal Valor Econômico, o candidato classificou o bloco como "coisa anacrônica” que "não está servindo a nenhum interesse dos brasileiros”, e que deveria ser substituído por uma áreabumbetlivre comércio que "permita pelo menos fazer parcerias com países com os quais tenhamos complementaridade”.
O embaixador Rubens Barbosa ainda teceu críticas aos parceiros comerciais brasileiros e disse que numa potencial gestão, o PSDB deixariabumbetselecioná-los devido a "influências ideológicas” e sim primando pelos maiores benefícios econômicos para o país e para os empresários.
Opinando sobre a estratégia, Marco Aurélio Garcia disse que "eles têm insistidobumbetacordosbumbetlivre comércio, que são uma visão atrasada dos processosbumbetintegração”. Para ele, um novo governo do PT focariabumbetampliar ainda mais as alianças já existentes, transformando o Mercosul num "polo industrial”, atravésbumbetuma "integração produtiva”.
Críticas e propostas
Entre as críticas do embaixador Rubens Barbosa à gestãobumbetpolítica externa do governo atual estão ainda a diplomacia Sul-Sul, que prima pela cooperação do Brasil com outros paísesbumbetdesenvolvimento, como os BRICS.
Na visão dele, ao declarar tal estratégia, o Brasil tem deixadobumbetsegundo plano as relações com os países desenvolvidos, como Estados Unidos, Japão e os membros da União Europeia.
"Essa disparidade não interessa mais ao Brasil. Vamos continuar as relações Sul-Sul e ao mesmo tempo voltar a focar nos países desenvolvidos”, disse.
Ele também avalia que as posições da Presidência "atrapalharam” o Itamaraty nos últimos anos, e que houve um "esvaziamento” da projeção brasileira no mundo após o primeiro mandatobumbetLula, que precisa voltar a ganhar força.
"O Brasil desapareceu, não reagebumbetnada, não fala nada. O país era uma voz importante, e está imobilizado, perdeu muito disso”, indicou. Ao resumir as propostas do PSDB no âmbitobumbetpolítica externa, disse que "o interesse do Brasil vai voltar a ser decidido sem influência ideológica. O interesse brasileiro vai voltar a ser defendido, tanto no nível do governo quanto das empresas, sem essas conciliações ideológicas”, disse.
Quanto às relações com os Estados Unidos, que enfrentam momento incerto desde as acusaçõesbumbetespionagem e o cancelamento da visitabumbetEstado que Dilma faria a Washington, Barbosa disse tratar-sebumbetum equívoco à esperabumbetum pedidobumbetdesculpas que "nunca virá”.
Defesa e estratégia
Para Marco Aurélio Garcia, as críticasbumbetque a presidente Dilma Rousseff não se envolve com política externa e que embumbetgestão o Itamaraty teve o papel reduzido não são válidas.
"Quando ampliou o númerobumbetvagas para novos diplomatas, anos atrás, o Itamaraty foi criticado durissimamente. No ano passado, quando se restringiu este número, também houve duras críticas. O númerobumbetdiplomatas corresponde a um cálculo dos funcionáriosbumbetqual necessitamos”, disse.
Garcia defendeu a posição conquistada pelo Brasil nos últimos anos e disse que o sucesso deve-se à visãobumbetque a política externa é um reflexo da política interna. "A política externa não é apenas a projeçãobumbetum país para o exterior. Não teríamos conquistado uma presença maior se não tivéssemos combatido a desigualdade aqui dentro”, disse.
Ele ainda disse que Brasília e Washington já estão se reaproximando e defendeu o cancelamento da viagembumbetEstado após o "ataque” americano a redes e computadores do governo brasileiro.
Garcia acrescentou que as críticas ao discurso recentebumbetDilma na ONU,bumbetque teria sido condescendente com a violência ao se opor aos ataques ao Exército Islâmico, devem-se a um mal entendido. "O que ela quis fazer foi chamar a atenção ao fatobumbetque o Direito Internacional manda que o ConselhobumbetSegurança seja ouvido antesbumbetuma intervenção armada, e isso não aconteceu”.
E ao rebater críticasbumbetintransigência presidencial e "esvaziamento” das relações exteriores, disse que Dilma "gosta, e gosta muitobumbetpolítica externa”, que revisa seus discursos na Assembleia Geral das Nações Unidas à exaustão, e a versão final "sai sempre do computador dela”, e que a visão negativa da atual presença brasileira no mundo deve-se a "um viés ideológico, senão partidário”.