Vírus do ebola chegou à Europabet7k instagramgarrafa térmicabet7k instagram1976:bet7k instagram

BBC
Legenda da foto, Ebola foi descobertobet7k instagram1976,bet7k instagramuma comunidade no antigo Zaire

Mas essa garrafa não continha café. Em meio a cubosbet7k instagramgelo derretidos estavam frascosbet7k instagramsangue, com um bilhete.

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Legenda da foto, Piot (direita) no laboratóriobet7k instagram1976

Vinhambet7k instagramum médico belga que estava no então Zaire, hoje República Popular do Congo. Sua mensagem explicava que o sangue erabet7k instagramuma freira, também belga, contaminada por uma doença misteriosa.

A encomenda incomum tinha viajado da capital do Zaire, Kinshasa,bet7k instagramum voo comercial, na bagagembet7k instagrammãobet7k instagramum dos passageiros.

"Quando abrimos a garrafa térmica, vimos que um dos frascos havia quebrado e o sangue havia se misturado com a água do gelo derretido", disse Piot.

Ele e seus colegas não sabiam o quão perigoso aquilo era - à medidabet7k instagramque o sangue vazava na água gelada, um vírus mortal e desconhecido também escapava.

Os cientistas colocaram algumas das células sob um microscópio eletrônico e se surpreenderam. Era uma estrutura que lembrava abet7k instagramum "verme gigantesco para os padrões virais", diz Piot, semelhante a apenas um outro vírus, o Marburg.

O Marburg havia sido descobertobet7k instagram1967, quando 31 pessoas tiveram febre hemorrágica na Alemanha e na Iugoslávia. O surto ocorrera entre pessoas que trabalhavambet7k instagramlaboratórios com macacos infectadosbet7k instagramUganda. Sete pessoas haviam morrido.

Piot entendia a gravidade do Marburg mas, depoisbet7k instagramconsultar especialistas, concluiu que o que estava vendo não era Marburg - era algo diferente, algo nunca visto.

"É difícilbet7k instagramdescrever, mas eu senti uma empolgação incrível", diz Piot. "Me senti privilegiado, era um momentobet7k instagramdescoberta."

'Adeus'

Os pesquisadores foram informadosbet7k instagramque a freira no Zaire havia morrido. A equipe também soube que muitos estavam doentesbet7k instagramuma área remota no norte do país. Os sintomas incluíam febre, diarreia, vômito seguidobet7k instagramsangramento e, por fim, morte.

Crédito: Peter Piot

Crédito, Peter Piot

Legenda da foto, Médico pessoal do líder do país organizou idabet7k instagramequipe até aldeia

Duas semanas depois, Piot, que nunca tinha ido à África, pegou um voo para Kinshasa. A equipe viajou para o centro do surto, uma aldeia na floresta equatorial.

Quando o avião pousoubet7k instagramum porto fluvial no rio Congo, o medo da doença misteriosa era visível. Nem os pilotos queriam ficar por muito tempo - eles deixaram os motores do avião ligados enquanto a equipe descarregava seus equipamentos.

"Ao saírem eles gritaram 'Adeus'", conta Piot. "Em francês, as pessoas dizem 'au revoir' para 'até logo', mas quando eles dizem 'adieu' é como dizer 'nunca vamos nos ver novamente'."

"Mas eu não estava com medo. A excitação da descoberta ebet7k instagramquerer parar a epidemia guiava tudo."

O destino final da equipe era a aldeiabet7k instagramYambuku, sedebet7k instagramuma antiga missão católica. Nela, havia um hospital e uma escola dirigida por um padre e freiras, todos da Bélgica.

As freiras e o padre haviam estabelecido eles próprios um cordão sanitário para prevenir a propagação da doença.

Um aviso no idioma local, lingala, dizia: "Por favor, pare. Qualquer um que ultrapassar pode morrer".

"Eles já tinham perdido quatro colegas. Estavam rezando e esperando a morte."

A prioridade era conter a epidemia, mas primeiro a equipe precisava descobrir como esse vírus se propagava - pelo ar, nos alimentos, por contato direto ou transmitida por insetos. "Era uma históriabet7k instagramdetetive", diz Piot.

Contaminação

A equipe descobriu que o surto estava ligado a áreas atendidas pelo hospital local e que muitos dos doentes eram mulheres grávidas na faixabet7k instagram18 a 30 anos. Em seguida, perceberam que as mulheres que passavam por consulta pré-natal recebiam uma injeçãobet7k instagramrotina.

Todas as manhãs, apenas cinco seringas eram distribuídas e as agulhas eram reutilizadas. Assim, o vírus se espalhava entre os pacientes.

A equipe também notou que os pacientes ficavam enfermos depoisbet7k instagramir a funerais. Quando alguém morrebet7k instagramebola, o corpo está cheiobet7k instagramvírus - qualquer contato direto, como lavagem ou preparação do corpo sem proteção, apresenta um risco grave.

O passo seguinte foi interromper a transmissão do vírus. As pessoas foram colocadasbet7k instagramquarentena e os pesquisadores ensinaram como enterrar corretamente aqueles que faleciam por causa do vírus.

Peter Piot

Crédito, Peter Piot

Legenda da foto, Vírus foi batizado com nomebet7k instagramrio para evitar estigma na comunidade

O fechamento do hospital, a quarentena e as informações para a comunidade levaram ao fim da epidemia. Mas cercabet7k instagram300 pessoas já tinham morrido.

Piot e seus colegas decidiram dar ao vírus o nomebet7k instagramum rio, o Ebola.

"Nós não queríamos batizá-lo com o nome da aldeia, Yambuku, porque é tão estigmatizante. Ninguém quer ser associado a isso", diz Piot.

Em fevereirobet7k instagram2014, o pesquisador foi a Yambuku pela segunda vez desde 1976, por ocasiãobet7k instagramseu 65º aniversário. Ele encontrou Sukato Mandzomba, um dos poucos que pegou o vírusbet7k instagram1976 e sobreviveu. "Foi fantástico, muito emocionante", contou.

Naquela época, Mandzomba era enfermeiro no hospital local. "Ele agora está coordenando o laboratório lá, e é impecável. Fiquei impressionado", disse Piot.

'Doença da pobreza'

Passaram-se 38 anos desde o surto inicial e o mundo está vivendo a pior epidemiabet7k instagramebola que já ocorreu. Quase 4.000 pessoas morreram nos países africanos da Guiné, Libéria e Serra Leoa.

Na ausênciabet7k instagramvacina ou tratamento, o conselho para este surto é quase o mesmo da décadabet7k instagram1970. "Sabão, luvas, isolar pacientes, não reutilizar agulhas e deixarbet7k instagramquarentena os que tiveram contato com as pessoas que estão doentes. Em teoria, deveria ser muito fácil para conter o ebola", avalia Piot.

Heidi Larson

Crédito, Heide Larson

Legenda da foto, Visitabet7k instagramPiot,bet7k instagram2014, ao local onde ebola foi descoberto

Na prática, porém, outros fatores dificultam a luta contra um surto. Pessoas que ficam doentes e suas famílias podem ser estigmatizados pela comunidade, resultandobet7k instagramuma relutância para ajudar. As crenças levam alguns a confundir a doença com bruxaria. Pode haver ainda hostilidade para com os trabalhadoresbet7k instagramsaúde.

"Não devemos esquecer que esta é uma doença da pobreza, dos sistemasbet7k instagramsaúde deficientes -ebet7k instagramdesconfiança", diz Piot.

Por isso, informação, comunicação e envolvimentobet7k instagramlíderes comunitários são tão importantes quanto a abordagem médica clássica, argumenta.

O ebola mudou a vidabet7k instagramPiot: após a descoberta do vírus, ele passou a pesquisar a epidemiabet7k instagramAids na África e se tornou diretor-executivo fundador da organização Unaids.

"O ebola me levou a fazer coisas que eu pensava que só aconteciam nos livros. Isso me deu uma missão na vida para trabalhar nos paísesbet7k instagramdesenvolvimento", diz. "Não foi só a descobertabet7k instagramum vírus, mas tambémbet7k instagrammim mesmo."