'A violência parece estar forasmarkets betcontrole no Brasil', diz pesquisador:smarkets bet
- Author, Camilla Costa
- Role, Enviada especial da BBC Brasil ao Riosmarkets betJaneiro
smarkets bet Nos últimos três anos e meiosmarkets betque vive no Brasil, trabalhando como diretorsmarkets betpesquisa do Instituto Igarapé, um dos principais centrossmarkets betestudos do mundo sobre segurança pública, o canadense Robert Muggah passou a conhecersmarkets betperto o problema da violência no país.
Antes disso, Muggah já havia acumulado um grande conhecimento sobre segurança pública, ao estudar o assuntosmarkets betseu doutoradosmarkets betOxford e ao trabalharsmarkets betprojetossmarkets betcombate à violênciasmarkets betmaissmarkets bet50 países.
É com base nesta experiência acumulada que ele trouxe boas e más notícias ao TED Global, conferênciasmarkets betprojetos e ideias inovadoras atualmentesmarkets betcurso no Riosmarkets betJaneiro.
<bold><link type="page"><caption> Leia mais: TED: Como uma ativista argentina está 'hackeando' a democracia</caption><url href="http://www.bbc.co.ukhttp://vesser.net/noticias/2014/10/141009_pia_mancini_ted_democracia_rb.shtml" platform="highweb"/></link> </bold>
A má notícia é que ele vê um aumento da violência no Brasil e que o país está no caminho inverso aosmarkets betvárias partes do mundo onde as taxassmarkets betcriminalidade vêm caindo.
A boa notícia é que, com a internet, a imensa quantidadesmarkets betdados hoje disponíveis e as tecnologias digitais, todo brasileiro pode contribuir com o combate à violência.
A seguir, ele explica como.
smarkets bet BBC Brasil - O que o cidadão comum podem fazer para combater a violência?
smarkets bet Robert Muggah - Estamos num momento da históriasmarkets betque,smarkets betum ano, são gerados mais dados do que todos os dados disponíveis nos dois mil anos anteriores. Isso está gerando oportunidades enormes para cidadãos usarem informaçõessmarkets betnovas formas.
Uma delas é usar este grande volumesmarkets betdados para entender tendências, como, por exemplo, a distribuição da violência. Um exemplo é a ferramenta que criamos que mostra as importações e exportaçõessmarkets betarmas e munição no mundo desde 1992.
Estes dados estão disponíveis publicamente na ONU, mas ninguém havia pego e feito algo com isso. Três meses depois do lançamento, tivemos 5 milhõessmarkets betvisitas, o que mostra que há um grande interesse por isso, não só entre ativistas e governos, massmarkets betoutros setores da sociedade.
A segunda forma é por meiosmarkets betnovas ferramentas colaborativas para buscar soluções para a violência coletivamente. No México, por exemplo, houve um apagão na mídia sobre este assunto, porque, ao falar da violência, os jornalistas e blogueiros se tornam alvos dos cartéis.
Muitas organizações se uniram para substituir a mídia e informar onde é segurosmarkets betse estar ou não. Quando há um tiroteio, a mídia pode não falar disso, mas há posts no Facebook e no Twitter sobre o assunto.
Isso pode ser reunido e divulgado por estes novos centrossmarkets betinformação. O mesmo ocorreu no Quênia, onde os cidadãos passaram a monitorar a violência por conta própria. Isso permite criar informaçãosmarkets bettempo real,smarkets betforma interativa e com a ajuda nãosmarkets betpoucas pessoas, massmarkets bettoda a população. Isso não era possível há dez anos.
Em terceiro lugar, é possível criar programas para celular para ajudar as pessoas a se protegerem. Há exemplossmarkets betsistemassmarkets betalarme,smarkets betque você pode usar o telefone para chamar a polícia sem que isso seja notado, enviar uma mensagem com um pedidosmarkets betsocorro, disparar uma sirene. Há um grupo no Egito que monitora a violência sexual. E estas ferramentas alimentam os sistemas dos quais já falamos.
<bold><link type="page"><caption> Leia mais: TED: Para socióloga, é preciso ir além dos protestos e 'fazer a parte chata'</caption><url href="http://www.bbc.co.ukhttp://vesser.net/noticias/2014/10/141008_protestos_tecnologia_ted_rb.shtml" platform="highweb"/></link> </bold>
smarkets bet BBC - Especialmente depois dos protestos, a violência policial passou a ser mais debatida. Como podemos nos proteger deste tiposmarkets betviolência?
smarkets bet Muggah - Essa é uma questão importante ao redor do mundo. Hoje, as pessoas são menos tolerantes com a violência policial. Mais casos vêm mais à tona, e as pessoas debatem mais sobre isso. O Brasil tem uma das polícias mais violentas do mundo. A ONU repete isso sempre.
Uma coisa que se pode fazer é usar a tecnologia e os dados. No ano passado, analisamos os postssmarkets betredes sociais para ver se há uma relação entre os Black Blocks e outros grupos afiliados e a brutalidade policial, porque a imprensa dizia que os Black Blocks estavam forçando a polícia a ser violenta.
Rastreamos milhõessmarkets betposts para entender a reação gerada sempre que havia um incidentesmarkets betviolência policial. Mostramos que, quando a polícia usava mais força, a influência dos Black Blocks crescia. Então, fomos à Polícia Militar para mostrar isso.
Eles se impressionaram, porque não tinham a capacidadesmarkets betfazer esta análise por conta própria. Mostramos que talvez fosse necessário abrir canaissmarkets betnegociação, porque a força não era uma alternativa. Então, a sociedade pode fazer o mesmo e levar estas informações para a internet para criar um debate. Os dados gerados hoje permitem fazer isso.
smarkets bet BBC - Houve uma resposta prática da polícia quanto aos Black Blocks?
smarkets bet Muggah - Foram criados times especiais para negociar com os manifestantes. Os cidadãos podem fazer o mesmo. Hoje, existem ferramentas para que cidadãos denunciem o abuso policial.
Nos Estados Unidos, o usosmarkets betcâmeras no corpo dos policiais é obrigatóriosmarkets bet20 Estados. Mas é preciso ter muito cuidado com isso, porque não queremos que estas ferramentas sejam mal usadas.
Então, estamos fazendo um teste com muito cuidado nas UPPs para ver se funciona. Mas sabemos, por exemplo, que fazer com que policiais usem câmeras gerou na Califórnia uma reduçãosmarkets bet75% nas queixas contra violência policial e uma quedasmarkets bet65% nas denúncias contra este tiposmarkets betconduta.
Claro que a Califórnia não é o Brasil, mas existe por lá um problema sériosmarkets betabusosmarkets betforça por policiais contra minorias. O importante é que estamos reunindo dados e fazendo pesquisas para ver se isso funciona, porque se tratasmarkets betuma nova fronteira.
<bold><link type="page"><caption> Leia mais: TED: Chileno cria máquina para acabar com a 'taxasmarkets betpobreza' nas periferias</caption><url href="http://www.bbc.co.ukhttp://vesser.net/noticias/2014/10/141008_maquina_granel_ted_rb.shtml" platform="highweb"/></link></bold>
smarkets bet BBC - Imagino que o senhor esteja acompanhando as eleições no Brasil. O que o senhor acha da forma como a segurança pública vem sendo debatida?
smarkets bet Muggah - A segurança pública esteve praticamente fora dos debates. Isso é uma vergonha, porque houve uma grande mudança nos últimos anos, e o público está mais atento à esta questão. Também porque há algo errado no Brasil nesta questão.
Houve avançossmarkets betSão Paulo, Rio e Pernambuco. Mas,smarkets betforma geral, as taxassmarkets betassassinatos e outros tipossmarkets betcrime continuam a aumentar. O Sul está um pouco mais seguro, mas o Norte está mais inseguro.
É uma loucura que 13 das 50 cidades mais inseguras do mundo estejam no Brasil. Parece que a violência está fora do controle. Então, seriasmarkets betse esperar que o assunto receberia mais atenção. Mas sabemos que,smarkets betqualquer eleição presidencial, o debate sobre segurança pública é algo muito perigoso para os candidatos. Não vale a pena debater ou fazer muitas promessas sobre esta questão.
smarkets bet BBC - Quais deveriam ser as prioridadessmarkets betsegurança pública do próximo presidente do país?
smarkets bet Muggah - Em primeiro lugar, criar um sistemasmarkets betinformação mais eficiente sobre homicídios, violência policial, a população prisional. Hoje, temos é uma colchasmarkets betretalhos,smarkets betque alguns Estados têm dados enquanto outros não.
É impossível ter uma política séria sem dadossmarkets betqualidade. É como com o câncer. Como você pode tratar uma doença sem diagnosticá-la? Nos dois casos, a informaçãosmarkets betqualidade é algo crítico. Também é necessária uma estratégia nacional para homicídios no país.
Ter 56 mil mortes por ano é inaceitável. E está aumentando, enquanto está caindo na maior parte do mundo. Em terceiro lugar, precisamos repensar a políticasmarkets betdrogas. Não que eu defenda a legalização ou sequer a regulamentação. Defendo uma abordagem mais humana,smarkets betque tratamos viciados como pacientessmarkets betvezsmarkets betjogá-los na prisão.
O sistema criminal no Brasil hoje favorece quem é branco e tem dinheiro, enquanto que os mais pobres ou negros são jogados na prisão e têm suas vidas arruinadas. Precisamos ter um debate nacional sobre este assunto, porque o problema com as drogas é inevitável. Não podemos apenas tentar controlar isso nas fronteiras.
Em quarto lugar, é preciso reformar a Polícia. Não sei como isso deve ser feito, mas todos, até mesmo a polícia, concordam que a estrutura atual não funciona. Não há como você ter uma polícia investigativa tão distante da polícia ostensiva. É uma contradição que leva à impunidade, porque os casos são mal investigados.
Por fim, é preciso uma estratégiasmarkets betsegurança pública, com uma instituição pública federal dedicada a este assunto. Não é necessariamente o casosmarkets betcriar um novo ministério, como está sendo feitosmarkets betoutras partes da América Latina. Mas talvez seja hora do Brasil centralizar a responsabilidade sobre isto, para gerenciar a prevençãosmarkets betviolência, a políticasmarkets betdrogas. Para haver coerência no que é feito.