Políticos suecos fazem confissõesbet webdivã na TV:bet web

Psicoterapeuta Poul Perris e o primeiro-ministro sueco, Fredrik Reinfeldt
Legenda da foto, O psicoterapeuta Poul Perris entrevistou o primeiro-ministro sueco, Fredrik Reinfeldt, no programabet webTV

Um dos primeiros a enfrentar o divã foi o próprio primeiro-ministro sueco e líder do Partido Moderado (centro-direita), Fredrik Reinfeldt. Na abertura do programa, a câmera registra a entradabet webum apreensivo premier no cenário bucólico da casa do psicoterapeuta, que o recebe à porta.

Os dois sentam-se frente a frente. A curta distância que os separa é evidentemente incômoda para os padrões suecosbet webreserva e privacidade. Mas a primeira pergunta do terapeuta certamente não incomoda o premier da Suécia – onde políticos não têm direito a luxo, regalias ou privilégios:

'Intimidade'

”Você é primeiro-ministro e líder do Partido Moderado, mas é também uma pessoa inteiramente comum. É uma combinação difícil?”, pergunta o médico e psicoterapeuta Poul Perris no programa ”Nyfiken på partiledaren” (”Curioso sobre o líder partidário”,bet webtradução livre).

Na Suécia, todos tratam os políticos apenas como ”você”.

”Não”, responde o premier. ”Na Suécia, mais do quebet weboutros países, a ideia ébet webque os políticos que escolhemos para nos representar devem ser ’umbet webnós’, e não alguém que está acimabet webnós”.

Candidato social-democrata Stefan Löfven (Crédito: SVA)
Legenda da foto, O candidato social-democrata Stefan Löfven disse que só conheceu a mãe biológica aos 20 anosbet webidade

Quebrado o gelo, o terapeuta indaga sobre a infância do premier. E vêm histórias sobre o menino mais velho da famíliabet webclasse média, que desde cedo sentiu o dever da responsabilidade sobre os irmãos.

O garoto que queria ser jogador profissionalbet webbasquete, mas que se frustrou ao perceber que não era tão alto como os outros jogadores do colégio. O menino que aos dez anosbet webidade foi eleito pelos colegas como líder da uniãobet webestudantes da escola. Que se tornou assim mais auto-confiante, e descobriu a vocação para liderar e influenciar os rumos da sociedade.

Na segunda parte do programa, o terapeuta se dedica a sabatinar o primeiro-ministro sobre os valores e as ideologias que pavimentaram o seu caminho para a política.

Para um político acostumado aos duríssimos interrogatórios dos jornalistas suecos nos debates eleitorais, a sessão com o terapeuta foi como uma brincadeira.

O próximo a desnudar abet webalma diante do terapeuta foi o líder do Partido Social-Democrata, Stefan Löfven. Os suecos ficaram sabendo que Löfven só veio a conhecer a mãe biológica aos 20 anosbet webidade. Ele falou da infância pobre na casabet webpais adotivos, ebet webcomo abet webhistória moldou os seus valoresbet websolidariedade – a principal bandeira social-democrata.

”Uma sociedadebet webque todos se ajudam, todos assumem uma responsabilidade coletiva, é uma sociedade forte”, disse Löfven.

Na sequência, o líder do Partido da Esquerda (Vänsterpartiet, ex-comunista), Jonas Sjöstedt, conta que foi uma criança com dislexia que sofria bullying na escola, e que os pais, que trabalhavam forabet weblongas jornadas, não tinham tempo para ele. Seria esta a razãobet webSjöstedt proporbet webseu programabet webgoverno a jornadabet webtrabalhobet webseis horas?

”Baboseira psicológica”

Levar os oito líderes partidários para o divã do terapeuta,bet webtemposbet webeleições gerais, provavelmente não ajudaria os eleitores a iluminar abet webescolha política.

Mas – assim ponderaram vários comentaristas na imprensa sueca - poderia render boa diversão na TV.

Enganaram-se todos: a reação dos suecos contra a sériebet webprogramas,bet webcomentários postadosbet websitesbet webnotícias e nas redes sociais, foi virulenta.

”Não tenho o mínimo interessebet websaber que tipobet webxampu os políticos têm no banheiro. O que interessa saber é quais são os valores básicos do candidato como político, e não como pessoa”, disse um dos comentários, assinado por Christer Engström.

Jonas Sjöstedt, do Partidobet webEsquerda

Crédito, SVA

Legenda da foto, O candidato Jonas Sjöstedt revelou que sofreu bullying na escola

”Focar no indivíduo é sempre prejudicial para a política. O foco deve estar nas opiniões e na ideologiabet webum político, e o tipobet webmúsica que ele gosta é totalmente irrelevante. Será que nós queremos ter o tipobet webpersonalização da política que existe nos EUA?”, perguntou outro internauta sueco.

”Uma repugnante personalização da política – é isso que nós estamos querendo?”, escreveu mais um.

”Totalmente asqueroso. O que interessa é o projeto político dos partidos”, ressaltou outro indignado eleitor sueco, decretando o "fracasso" da sériebet webprogramas.

Parte da imprensa sueca uniu-se ao coro dos descontentes: ”Baboseira Psicológica na SVT”, estampou a manchete do jornal Aftonbladet:

”O terapeuta evitou qualquer confrontação, e repetiu à exaustão a pergunta: ’como se sentia aquele menininho?’, como se isso tivesse algo a ver com política”, escreveu a colunista Pia Bergström.

O psicoterapeuta, apresentador e idealizador do programa, evidentemente, discordou.

”O objetivobet webfazer perguntas sobre a infância dos líderes partidários foi tentar compreender como eles formaram os seus valores”, tentou explicar Poul Perris.

Mas os céticosbet webrelação ao valor da sériebet webprogramas no divã pareceram estarbet webmaioria. No jornal Svenska Dagbladet, o cientista político Mikael Gilljam, da Universidadebet webGotemburgo, destacou que, segundo apontam as pesquisas, os eleitores suecos votambet webpolíticas concretas – e nãobet webcandidatos individuais:

”Eleitores suecos são eleitoresbet webopiniões e propostas. Não acho que queremos assistir a programasbet webTV como esse.”