Como diferentes países respondem à ameaça do Estado Islâmico :

Militantes do EI. Credito: AP

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Legenda da foto, Estado Islâmico é inimigo comum, mas países lidam com ameaçaformas diferentes

A ascensão relâmpago do Estado Islâmico (EI), o grupo jihadista que conquistou grandes partes da Síria e do Iraque, teve impacto não sótoda a região como também além dela, levando aliados e rivais a ter que decidir como lidar com a ameaça.

Em entrevista à rede americana NBC divulgada neste domingo, o presidente dos EUA, Barack Obama, disse que lançará seu "planoação" contra o Estado Islâmicoum discurso na quarta-feira, um dia antes do aniversário dos atentados11setembro.

Ele afirmou que os EUA irão diminuir o território dominado pelo EI e derrotá-lo.

Mas, apesaro EI ser visto como um inimigo comum, as inimizades históricas e a complexa situação no Oriente Médio significam que elaborar uma estratégia única para diversos países enfrentarem o Estado Islâmico está longeser simples.

Veja como se posicionam os países-chave no conflito:

Estados Unidos

Os Estados Unidos expressaram abertamentepreocupação sobre EI dizendo que o grupo estava "alémqualquer coisa" que tenham visto antes. Os EUA iniciaram ataques aéreos contra o EI no norte do Iraque9agosto - a pedido do governo iraquiano -, mas disseram que será necessária uma "ampla coalizão internacional" para derrotá-lo.

Embora tenha se comprometido a intensificar o apoio ao Iraque se o país formar um governo unificado e inclusivo, o presidente Obama tem repetido que não vai mandar tropas terrestres.

Alémnão querer repetir os erros2003, quando os EUA invadiram o Iraque, Obama sabe que mandar tropas terrestres poderia agravar a precária situação política do Iraque e arriscar uma piora da relação com os árabes sunitas. Muitos deles apoiaram a rebelião liderada pelo EI contra o ex-governo.

Em vez disso, os EUA têm mostrado vontadetrabalhar com o seu inimigo histórico, o Irã.

O general americano Martin Dempsey alertou que o EI não pode ser derrotado sem que suas fortalezas na Síria sejam atacadas.

Isso levou a um questionamento sobre uma possível cooperação com o presidente sírio, Bashar al-Assad, que se ofereceu para auxiliar a comunidade internacional na luta contra o EI.

Obamareunião com líderes. Credito: Getty

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Legenda da foto, Barack Obama diz que o EI só pode ser derrotado por uma coalizão internacional

No entanto, Washington ainda quer Assad fora do poder. Obama autorizou voosreconhecimento sobre a Síria para monitorar o EI, mas até agora não autorizou ataques aéreos por causa do risco representado pelo avançado sistemadefesa aérea sírio, pelo direito internacional e pelo fatoque esses ataques podem beneficiar Assad.

Em vez disso, o presidente parece estar contando com rebeldes sírios para lutar com o EI.

Irã

O ramo dominantefé islâmica no Irã é o xiita, e o Irã viu o EI - cujos combatentes veem os xiitas como hereges que deveriam ser mortos - avançar a 40 quilômetrossua fronteira.

Apesar de,relação à Síria, o Irã estar do lado opostogrande parte da comunidade internacional, ele defende a cooperação contra a EI.

O ministro das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, disse que a ameaça do EI "nos obriga a trabalharconjunto e buscar soluções comuns". Ele estendeu a mão a Arábia Saudita - potência sunita líder e rival regional do Irã - e fez vista grossa para as ações dos EUA no Iraque, às quais se opõe historicamente.

No Iraque, os próprios iranianos têm desempenhado um papel fundamental na luta contra o EI. Guardas Revolucionários Iranianos têm aconselhado as forçassegurança iraquianas, pilotos iranianos realizaram ataques aéreos, milícias xiitas apoiadas pelo Irã se mobilizaram e o Irã diz que tem enviado armas e conselheiros para o Curdistão iraquiano.

O rompimento do cercoAmerli viu aviões dos EUA agindoaparente coordenação com combatentes xiitassolo, apesar da inimizade profunda e antiga entre os EUA e o Irã.

Teerã também se juntou a Washingtonretirar o apoio ao premiê iraquiano, Nouri Maliki,agosto, obrigando-o a se demitir e permitir que um candidatoconsenso fosse nomeado para substituí-lo.

O presidente iraniano, Hassan Rouhani, já disse que o Irã "não hesitaráproteger santuários xiitas" no Iraque, que o EI ameaçou destruir, embora ele tenha dito que seria "muito improvável" que o Irã envie suas forças para o local.

Turquia

A Turquia tem sido um dos maiores críticos do presidente sírio Assad. Tornou-se a principal portaentrada para os estrangeiros que querem ir para a Síria lutar ao lado dos rebeldes, muitos deles jihadistas. No entanto, o rápido avanço do EI no território ao longo das fronteiras turcas com a Síria e o Iraque levou Ancara a tentar conter o fluxojihadistas.

Mais450 combatentes estrangeiros foram detidos ou deportados desde o início do ano e as forçassegurança turcas tentaram fechar as rotascontrabando que permitiram que jihadistas evitassem pontoschecagem e vender petróleo a partirterritórios sob seu controle. No entanto, a capacidade da Turquia para reprimir o EI tem sido limitada pelo sequestro49 diplomatas turcos e suas famílias,Mosul,junho.

Enquanto isso, os membros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), reconhecidos como um grupo terrorista por Ancara, a OTAN e a UE, devido àhistóriaataques contra a Turquia, têm lutado contra o EI no Iraque.

Arábia Saudita

Poder sunita regional, a Arábia Saudita tem sido uma das principais apoiadorasforças rebeldes sírias, incluindo grupos islâmicoslinha dura, mas rejeitou a acusação iranianaque tenha apoiado diretamente o EI. No entanto, sauditas ricos enviaram doações para o grupo e cerca2.500 homens sauditas viajaram para a Síria para lutar.

Militaresação. Credito: Reuters

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Legenda da foto, A Arábia Saudita mandou milharestropas para suas fronterias com o Iraque

As autoridades sauditas estão preocupadas com a possibilidadeque o EI inspire jihadistas sauditas a contestar a legitimidade da monarquia e tentar derrubá-la. O rei Abdullah pediu uma ação "rápida" e alertou que "o terrorismo não conhece fronteiras".

Em julho, Riad usou 30 mil tropas para reforçar a segurança ao longo da fronteira com o Iraque, e no mês seguinte recebeu o vice-chanceler do Irã quando os dois rivais regionais concordaramcooperar.

Jordânia

A Jordânia, aliada dos EUA, tem serviçossegurança e militares que poderiam apoiar os esforços para combater a EI. O grupo ameaçou "romper" as fronteiras da Jordânia, embora não seja provável que lancem um ataque tão cedo.

As forças militares jordanianas duplicaram, porém,presença militar ao longo da fronteira com o Iraque. O rei Abdullah 2 participou do encontro da OTAN no PaísGales,setembro, onde a aliança discutiu como lidar com o EI.

Dentro da própria Jordânia, o EI conta com o apoioum número crescentepessoas -algumas organizaram manifestações na cidadeMaan,junho, e acredita-se que mais2.000 cidadãos jordanianos viajaram para a Síria para lutar.

O rei há muito tempo pede que o presidente da Síria, Assad, deixe o governo, e já teria permitido que a Jordânia se tornasse uma plataforma para os rebeldes e seus apoiadores estrangeiros.

Líbano

O Líbano ficou profundamente dividida pelo conflito na Síria, e tevelidar com um transbordamento da violência e um enorme afluxorefugiados.

Protesto no Líbano

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Mais20 membros das forçassegurança libanesas foram sequestrados pelo EI

Em agosto, militantes do EI baseados na Síria invadiram a cidade fronteiriçaArsal, matando e sequestrando dezenasagentessegurança libaneses.

Militantes jihadistas também realizaram uma sérieatentados mortaisBeirute eoutros lugares, principalmente visando o Hezbollah e as instalações iranianas.

O primeiro-ministro libanês, Tammam Salam, alertou que a propagação do EI representa "um grande teste do qual depende o nosso destino". Facções religiosas e políticasseu país foram aconselhadas a deixarlado suas diferenças para garantir que o grupo não estabelecerá um pontoapoio no local.

Catar

O Catar rejeitou acusaçõeslíderes xiitas do Iraqueque tenha fornecido apoio financeiro ao EI. No entanto, acredita-se que indivíduos ricos do emirado tenham feito doações e que o governo tenha dado dinheiro e armas para grupos islâmicos radicais na Síria.

Também acredita-se que Doha tenha ligações com a Frente al-Nusra, afiliada da Al-Qaeda.

Desde que o EI lançouofensiva no norte do Iraquejunho, há relatosque autoridades do Catar restabeleceram relações com outros países do Golfo que acusavam o paíster se intrometidoseus assuntos.

Rússia

A Rússia é um dos mais importantes aliados do presidente Assad, dando-lhe apoio diplomático e militar. Vetou várias resoluções do ConselhoSegurança da ONU condenando a repressão mortal à dissidência pacífica e continua a fornecer armas e aeronaves para militares sírios.

AçõesMoscou levaram lutadores do EI a prometem derrubar o presidente Vladimir Putin e "libertar" o norte do Cáucaso. Serviçossegurança russos acreditam que centenasmilitantes da Chechênia eoutras repúblicas do Cáucaso se uniram ao EI, incluindo o proeminente comandante Omar al-Shishani.

Em julho, a Rússia entregou o primeiro lote25 caças Sukhoi para o Iraque para ajudar a aumentar o poderfogosua força aérea.

União Europeia

Reino Unido, França, Alemanha e Itália têm enviado armas para as forças curdas Peshmerga, bem como ajuda para as centenasmilharespessoas deslocadas no norte do Iraque.

Protesto na França. Credito: AFP

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Legenda da foto, A França é um dos países que envia armas para que curdos do Iraque lutem contra o EI

O governo alemão disse que tem uma "responsabilidade humanitária [...]ajudar aqueles que sofrem e parar o EI".

O presidente francês, François Hollande, apelou pela união das potências do mundo frente à ameaça do EI e sugeriu que uma ação militar na Síria pode ser necessária.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse que não descarta ataques aéreos contra o EI, que está com um refém britânico, mas disse que qualquer ação não deve ser "a intervenção ocidental passando por cima dos Estados vizinhos".