Como aumentar a produtividade no Brasil?:bet365 xg
- Author, Luiza Bandeira
- Role, Da BBC Brasilbet365 xgLondres
bet365 xg Como resolver o problema da baixa produtividade do trabalhador no Brasil?
Melhorias na educação, aumento do investimentobet365 xgtecnologia pelas próprias empresas e trabalho conjunto entre as firmas e universidades foram algumas das sugestões que a BBC Brasil ouviubet365 xgespecialistasbet365 xgdiversas áreas.
Grande parte dos economistas brasileiros afirma que, num contextobet365 xgbaixo desemprego, é preciso aumentar a produtividade dos trabalhadores para acelerar o crescimento econômico do país.
A necessidadebet365 xginvestimento na educação, tanto no nível fundamental como também no ensino médio e profissionalizante, foi quase unanimidade nas respostas.
Só não foi citada por Marcelo Manzano, economista da Unicamp.
"Não é a qualificação da mãobet365 xgobra que fará as taxasbet365 xgprodutividade no país avançarem. A produtividade do trabalho não decorre da qualificação do trabalhador, mas sim da intensidade com que as inovações tecnológicas são implementadas no processo produtivo", disse à BBC Brasil.
"Em nenhum momento da história mundial a qualificação puxou a produtividade."
Já Haruo Ishikawa, do Sinduscon-SP, que representa as empresas da construção civil, diz que os trabalhadores que chegam na área têm tantas lacunas na educação básica que não conseguem decidirbet365 xgprofissão levandobet365 xgconta três critérios básicos: o que eles querem fazer, o que sabem fazer ebet365 xgque áreas há demanda por trabalhadores.
Por isso, segundo Ishikawa, fazem escolhas erradas - e essa inadequação derruba a produtividade da mãobet365 xgobra.
E a baixa produtividadebet365 xgum setor pode afetar todos os outros, segundo Jorge Arbache, economista da UnB. Ele afirma que, como as empresas são cada vez mais dependentes uma das outras, as que têm baixa produtividade acabam puxando todas as outras para baixo.
Ele sugere estabelecer um currículo nacional, valorizar a educação profissional, melhorar tecnologias e o ambiente físico das empresas, entre outras medidas.
Rogério Césarbet365 xgSouza, do Iedi (Institutobet365 xgEstudos para o Desenvolvimento Industrial), acrescenta à lista a aproximação entre empresas e academia. Ele cita como exemplo bem sucedido o ITA (Instituto Tecnológicobet365 xgAeronáutica), uma das melhores instituiçõesbet365 xgensino do Brasil, que funcionabet365 xgparceria com a Embraer, uma das grandes fabricantes globaisbet365 xgaviões.
Mas Fernandobet365 xgHolanda Barbosa Filho, economista do Ibre-FGV, diz que as empresas investem pouco, tanto no trabalhador, devido à alta rotatividade, quanto nelas mesmas, por causa dos resultados econômicos do país.
"Se a situação econômica melhorar, se as firmas passarem a investir mais, isso ajudará a aumentar a produtividade da mãobet365 xgobra", afirma.
Veja abaixo a respostabet365 xgcada especialista.
Fernandobet365 xgHolanda Barbosa Filho, Ibre-FGV
O trabalhador tem que ter máquina e equipamento e tem que estar apto a usar essas tecnologias. Ou seja, há dois pontos importantes: melhorar a qualidade do capital humano, com educação, e investimentobet365 xgcapital.
Os índicesbet365 xgmatrícula no ensino médio são baixos, menosbet365 xg55% dos adolescentes estão na escola. Isso é um problema porque as novas tecnologias demandam algum tipobet365 xgconhecimento. Imagina uma pessoa sem conhecimento operar uma colheitadeira? Esses equipamentos têm GPS, joystick, é tudo feito por satélite.
As empresas dão treinamento específico, mas pensam "não vou dar formação geral senão o empregado pode sair e levar para qualquer lugar". Isso não é só no Brasil. O que acontece só no Brasil é que nossa legislaçãobet365 xgalguma forma estimula uma rotatividade elevada, o que faz com que a firma não invista.
Há um acordo tácitobet365 xgque o trabalhador não investe na firma e firma não investe no trabalhador. A rotatividade é prejudicial porque inibe o investimento que as firmas poderiam fazer pra corrigir a má formação da mãobet365 xgobra.
Um segundo ponto é o investimento da firma na firma. O fatobet365 xgas perspectivas econômicas das empresas terem sido frustradas gerou uma taxabet365 xginvestimento menor. O trabalhador está operando com máquinas menos modernas e isso não faz com que produtividade aumente. Se a situação econômica melhorar, se as firmas passarem a investir mais, isso ajudará a aumentar a produtividade da mãobet365 xgobra.
Haruo Ishikawa, Sinduscon-SP
Para que a mãobet365 xgobra seja produtiva, o trabalhador precisa ter capacidadebet365 xgescolher o que é bom para ele,bet365 xgsaber no que ele é bom e saber do que ele mais gosta. Mas sem educação ele não sabe fazer isso.
A construção civil é a área que resta para o trabalhador que está entrando no mercadobet365 xgtrabalho e tem menos educação. Recebemos o trabalhador que tem menos escolaridade, e isso atrapalha o setor.
O Pronatec pega um ajudantebet365 xgobras que não sabe fazer nada e dá a ele qualificação. Mas o mercado é seletivo, ele precisa ter habilidade. Tinha vocação? Ou fez o curso sem ter perfil, só para fazer alguma coisa?
Então, primeiro tem que ter melhoria na escolaridade. Aí a pessoa terá mais capacidadebet365 xgoptar pelo que quer profissionalmente, baseado no que ele quer fazer, o que sabe fazer ebet365 xgque áreas há demanda por trabalhadores.
Além disso, é preciso fazer algo para manter o trabalhador no mercado formal. O trabalhador do Pronatec, formado pelo Senai, normalmente vai para a informalidade, ser microempreendedor, abrir uma empresa menor, porque ele acha que isso dá mais lucro.
A qualificação no setor da construção civil tem que ser feita nos canteiros, mas com os trabalhadores já registradosbet365 xgcarteira sendo qualificados. É a formabet365 xgreter esse trabalhador.
Marcelo Manzano, Unicamp
Não é a qualificação da mãobet365 xgobra que fará as taxasbet365 xgprodutividade no país avançarembet365 xgforma importante. A produtividade do trabalho não decorre da qualificação do trabalhador, mas sim da intensidade com que as inovações tecnológicas são implementadas no processo produtivo.
Em nenhum momento da história mundial a qualificação puxou a produtividade. A relação é sempre inversa. Ocorre que muitos economistas fazem a análise como engenheirosbet365 xgobras prontas: encontram um país que conseguiu elevar suas taxasbet365 xgprodutividade e constatam que nestes países há um contingente importantebet365 xgtrabalhadores qualificados.
Sem dúvida a qualificação dos trabalhadores avança quando cresce a produtividade, assim como essa cresce quando são introduzidas inovações produtivas. Mas o sentido causal é sempre do investimento para a qualificação.
A produtividade é determinada fundamentalmente pelo volume e ritmo do investimentobet365 xgmáquinas e equipamentos (o que os economistas chamambet365 xgFormação Brutabet365 xgCapital Fixo). Como no Brasil as taxasbet365 xgjuros são proibitivas e o câmbio valorizado favorece a comprabet365 xgbens intermediários do exterior, ao invésbet365 xginvestirbet365 xginovação, o setor manufatureiro prefere desnacionalizar abet365 xgprodução e assim manter abet365 xgcompetitividade.
Não resta dúvida que precisamos melhorar as taxasbet365 xgprodutividade para que o Brasil possa continuar a crescer e ao mesmo tempo reduzir a ainda elevada desigualdadebet365 xgrenda que nos caracteriza.
Mas também é preciso considerar que é muito difícil medir a produtividade do trabalho. Por exemplo: muito se têm falado a respeito da baixa produtividade do trabalho no Brasil nos últimos anos. Porém, os números escondem parte da produtividade, pois um terço dos empregos criados desde 2003 sãobet365 xgtrabalhadores que já atuavam nas empresas, mas sem registro formal - ou seja, já contribuíam para aquela produção, sem aparecer no cálculo da produtividade.
Outro problema que distorce os resultados decorre da rápida incorporaçãobet365 xguma grande massabet365 xgtrabalhadores nas ocupaçõesbet365 xgmais baixa renda e menor qualificação profissional. No período anterior, com elevado desemprego, ficavam nas empresas os trabalhadores mais qualificados. Entretanto, à medidabet365 xgque se incorpora mais trabalhadores, na média se aufere uma queda da qualificação.
Rogério Césarbet365 xgSouza, Iedi
A aproximação entre empresas e academia é algo que pode colaborar para o aumento da produtividade do trabalhador.
As próprias empresas incentivando seus funcionários, criando programas que possam qualificarbet365 xgmãobet365 xgobra, é algo que já ocorre, mas não é generalizado. O ideal seria juntar a academia às empresas, como ocorrebet365 xgoutros países, sobretudo nos Estados Unidos.
Por exemplo: a Embraer tembet365 xgescola, o ITA, talvez a melhor do Brasil, que é direcionada para isso, trabalham com foco na fabricaçãobet365 xgaviões.
Mas também precisamos pensar no ensino médio, o grande gargalo hoje, e na educaçãobet365 xgbase.
Como se faz isso? Temos que repensar aspectos do ensino e a questão do ensino técnico. É verdade que se tem avançado no Brasil, mas temos um pouco da mentalidadebet365 xggraduação, estamos virando um paísbet365 xgbacharéis quando muitas vezes precisamosbet365 xgbons técnicos.
Pensamos muito na ponta,bet365 xgque o Brasil não tem oferta para atender a demanda por engenheiros. Isso tembet365 xgverdade, mas o que pode fazer o Brasil dar um saltobet365 xgqualidade é educaçãobet365 xgbase.
Em curto prazo, temos que aprimorar o que já temos, ser mais eficientes. Verificar se o ensino está melhorando ou não, aumentar verbas para educação, criar métricas. Pensar menosbet365 xgconstruçãobet365 xgescolas e maisbet365 xgqualificação dos professores e dos materiaisbet365 xgensino.
Jorge Arbache, UnB
O desempenhobet365 xgum trabalhador depende cada vez mais do seu conhecimento e experiência, mas, também, do ecossistemabet365 xgque ele está inserido, das tecnologias disponíveis no localbet365 xgtrabalho.
A produtividade do trabalho entre setores e empresasbet365 xgdiferentes tamanhos é muito desigual no Brasil. O problema é que, com o aumento da interdependência entre as empresas, o desempenhobet365 xguma impacta as outras.
Por mais que a empresa seja eficiente e produtiva individualmente no seu "chãobet365 xgfábrica", ainda assim ela poderá ser pouco competitiva. Genericamente, podemos dizer que uma cadeiabet365 xgprodução será tão competitiva quanto o seu elo mais fraco.
O que fazer?
1- Desenvolver políticas que reduzam as enormes disparidadesbet365 xgcapital humano entre trabalhadores e entre empresas. É preciso definir metas mínimasbet365 xgconhecimento para os estudantes e para as escolas; distribuir os recursos financeiros e humanos (professores, coordenadores etc.)bet365 xgforma que as escolas e estudantes com pior desempenho tenham mais e melhores recursos; estabelecer currículobet365 xgnível nacional, incluindo a definiçãobet365 xgmaterial didático básico; criar forças-tarefas para apoiar Estados e municípios a alcançarem as metas; desenvolver políticasbet365 xgeducação profissionalbet365 xgforma que as empresas com maiores deficiênciasbet365 xgacesso a capital humano recebam mais atenção, e desenvolver programasbet365 xgeducação profissional adequados à realidade daquelas empresas e setores.
2- Trazer a educação profissional para o centro do debate. Considerando-se a limitada escolaridade média, a baixa qualidade da educação básica e as lacunasbet365 xgconhecimento cognitivo ebet365 xgaprendizado e preparação para o mundo do trabalho, o treinamento e a educação profissional devem ganhar atenção para suprir os alunos dos conhecimentos básicos e laborais necessários para os desafios do mercadobet365 xgtrabalho.
3- Elevar a relação capital/trabalho, ou seja, melhorar as tecnologias, equipamentos e o ambiente físicobet365 xgque o trabalhador desempenha as suas funções.