Entenda por que a produtividade no Brasil não cresce:pix apostas

Fábricapix apostasSão Paulo (Reuters)

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Produtividade não depende apenas do empenho e capacidade do trabalhador

Dados da entidade americanapix apostaspesquisas Conference Board mostram que os funcionáriospix apostasempresas brasileiras produzirampix apostas2013 uma médiapix apostasUS$ 10,8 por hora trabalhada.

Trata-se da menor média entre países latino-americanos.

A chilena foipix apostasUS$ 20,8, a mexicana,pix apostasUS$ 16,8, e a argentina,pix apostasUS$ 13,9.

Cenapix apostasescritório (PA)

Crédito, PA

Legenda da foto, Empresas grandes têmpix apostasempregar centenaspix apostasfuncionários só para pagar impostos

Além disso, a mesma entidade registrou um crescimento no índicepix apostasprodutividade brasileiropix apostasapenas 0,8% no ano passado, após uma quedapix apostas0,4%pix apostas2012.

Para se ter uma basepix apostascomparação, o índice chinês teve altapix apostas7,1%.

Produtividade do trabalho é um indicador que dá a medida da eficiência do trabalhopix apostascada lugar.

Simplificando bastante, poderíamos dizer, por exemplo, que se no Brasil cada trabalhador produz 100 sapatos por mês e nos Estados Unidos, cada um produz 200, a produtividade no setor calçadista americano é o dobro da brasileira – embora na prática a questão seja muito mais complexa (leia quadros ao lado).

Então porque um trabalhador no Brasil produz menos que um nos Estados Unidos, no Chile, Coreia do Sul ou Espanha?

Estamos tomando cafezinho demais, ignorando prazos para entregapix apostasresultados e trocando muita figurinha da Copa do Mundo na hora do trabalho?

A verdade é que as causas do baixo crescimento da produtividade no Brasil ainda são temapix apostasum amplo debate.

A revista britânica Economist, por exemplo, causou polêmica no mês passado ao sugerir que o problema poderia ser atribuído também a fatores culturais.

"Poucas culturas oferecem uma receita melhor para curtir a vida", afirmou a publicação, citando um empresário estrangeiro que teria tido dificuldade para contratar profissionais comprometidos com o trabalho no Brasil.

Para o economista da Unicamp, Célio Hiratuka, a tese é "simplista e talvez até um pouco preconceituosa".

"Em termospix apostascultura gerencial, o Brasil não é tão diferentepix apostasoutros países que têm produtividade mais elevada", opina.

De Negri concorda que as causas do problema são muito mais complexas. "A produtividade do trabalho não depende só da capacidade ou empenho do trabalhador", diz.

"Uma empresa que adquire máquinas mais modernas produzirá mais com o mesmo númeropix apostasfuncionários. Outra que precisa alocar muitos empregados para pagar impostos ou resolver questões burocráticas, será menos produtiva."

Para entender o que existepix apostasrelativo consenso sobre as causas do baixo crescimento da produtividade no Brasil a BBC entrevistou especialistaspix apostasdiversas linhas teóricas. O resultado dessa enquete são os quatro fatores, listados abaixo. Confira:

Educação

É consenso que trabalhadores mais qualificados têm condiçõespix apostasproduzir mais e melhor. E que investirpix apostasqualificação ajuda a garantir profissionais para uma produçãopix apostasmaior valor agregado.

Até aí, nenhuma novidade.

A questão é que, nos últimos anos, o Brasil avançou no que diz respeito a escolaridade da população sem que isso se refletissepix apostasseus índicespix apostasprodutividade.

"Na última década tivemos um aumentopix apostasdois anos na médiapix apostasestudo dos trabalhadores formais, segundo o Caged (Cadastro Geralpix apostasEmpregados e Desempregados)", diz De Negri.

"Trata-sepix apostasum aumento importante no estoquepix apostasconhecimento - por isso, é uma surpresa que os índicespix apostasprodutividade não tenham respondido a isso."

Especialistas explicam tal descompasso com duas hipóteses.

A primeira estaria ligada à questão da qualidade da educação no país. O fatopix apostasquase 40% dos universitários brasileiros serem analfabetos funcionais (segundo o Instituto Paulo Montenegro) dá a medida do desafio que o Brasil tem pela frente nessa área.

A segunda hipótese se refere à suposta faltapix apostasalinhamento entre os conhecimentos que as escolas e universidades transmitem e o que as empresas precisam para produzir mais - problema que os economista definem como "brechapix apostashabilidades".

Nessa linha, são muitos os que apontam a necessidadepix apostasmais cursos técnicos no país.

"No Brasil epix apostasoutros países da América Latina há um estigmapix apostasrelação ao ensino técnico que precisa ser quebrado", diz Carmen Pagés, especialistapix apostasmercadopix apostastrabalho do Banco Inter-Americanopix apostasDesenvolvimento (BID).

"O governo até está se esforçando para expandir as vagas no ensino técnico por meio do Pronatec (Programa Nacionalpix apostasAcesso ao Ensino Técnico e Emprego), mas mais uma vez precisamospix apostasuma avaliação séria desse programa para entender se o que é ensinado corresponde ao que as empresas precisam", diz Zylberstajn, que também defende a criaçãopix apostasesquemaspix apostastreinamento nas empresas.

Tecnologia e inovação

A produtividade não depende apenas da capacidade e empenho dos trabalhadores, como ressalta De Negri.

"Um trabalhador com um computador potente pode ser mais produtivo que um com computador ruim ou sem computador", exemplifica Marcelo Moura, professor do Insper.

Um país pode adquirir tecnologia ou produzir tecnologia - e no caso do Brasil parecem haver dificuldades nas duas frentes.

"Para começar, muitas vezes é caro importar máquinas e equipamentospix apostasfunçãopix apostasproteções a indústria nacional", diz Moura.

Além disso, o país também parece estar na lanterna do grupo dos emergentes quando o tema é a produçãopix apostasinovações.

Segundo um estudo do escritório Montaury Pimenta, Machado & Vieirapix apostasMello, especializadopix apostaspropriedade intelectual, o Brasil fez 215 pedidospix apostasregistro ao escritório americanopix apostaspatentes (USPTO)pix apostas2011, contra 3.174 da China, 1.234 da Índia e 298 da Rússia.

"Em todos os países asiáticos o estímulo à inovação e adoçãopix apostasnovas tecnologias foi um dos pilares dos avançospix apostasíndicespix apostasprodutividade,", diz Hiratuka, da Unicamp, mencionando o caso da Coreia do Sul, que já está investindo na instalação da internet 5G.

"Já no Brasil, os níveispix apostasinvestimento nessa área são relativamente baixos e ainda falta uma certa coordenação das políticas públicaspix apostasestímulo à inovação - como as linhaspix apostasfinanciamento do BNDES - para que elas produzam os resultados desejados."

Burocracia e infraestrutura

A complexa burocracia brasileira e as deficiênciaspix apostasinfraestrutura também têm um efeito importante sobre a produtividade das empresas.

"É só notarmos a quantidadepix apostaspessoas que as empresas precisam empregar para conseguir pagar (processar) seus impostos – chegam a centenaspix apostasfuncionáriospix apostasgrandes companhias como a Petrobrás", afirma De Negri.

"São pessoas que não trabalham na atividade-fim da empresa e, portanto, não ajudam a aumentar a produção."

O excessopix apostasburocracia também favorece a manutenção das taxas altaspix apostasinformalidade da economia - que pressionam o PIB e os índicespix apostasprodutividade do país no geral.

No caso da infraestrutura, um exemplo extremopix apostascomo a produtividade pode ser afetada é o riscopix apostasfaltapix apostasenergia: se há um apagão, não adianta os trabalhadores estarem a postos, bem treinados e munidospix apostasmáquinas novas,pix apostastecnologiapix apostasponta.

No dia a dia das empresas, dificuldades no escoamento da produção, transportepix apostasinsumos e deslocamento dos trabalhadores também acabam consumindo recursos que poderiam ser investidospix apostasatividades que trouxessem incrementospix apostasprodutividade.

Competição externa

O Brasil protege demais suas empresas?

Tradicionalmente, um economista liberal atacaria tais proteções enquanto um desenvolvimentista defenderia que o governo deve proteger a indústria nacional durante um tempo até que ela tenha musculatura para aguentar a competição externa.

Cada vez mais, porém, economistas brasileiros dos dois grupos questionam proteções dadas a alguns setores sob a formapix apostassubsídios e barreiras tarifárias - relacionando tais proteções ao problemapix apostasbaixa produtividade no país.

"A faltapix apostascompetição faz com que as empresas se acomodem. É mais fácil ir para Brasília pedir incentivo do que fazer mudanças para ganhar competitividade e produtividade", opina Marcelo Moura, do Insper.

"Temos uma indústria automobilística que diz precisarpix apostasajuda há 50 anos - alguma hora isso tempix apostasacabar."

"Um pouco maispix apostasaberturapix apostasfato poderia funcionar como um incentivo para as empresas correrem atráspix apostasum aumentopix apostasprodutividade", concorda De Negri, do IPEA.

"Mas não basta abrir para os produtos importados, é preciso também estimular as companhias brasileiras a exportarem e investir no exterior - porque ao fazer isso elas tomam contato com novos mercados consumidores e novas técnicaspix apostasprodução, o que facilita os ganhospix apostascompetitividade."

Para Célio Hiratuka, da Unicamp, as proteções à indústria nacional podem ajudar a desenvolver determinados setores, "mas não devem ser incondicionais".

"Precisamospix apostasmais pensamento estratégico e uma política que funcione na base do incentivo e do chicote – ou seja, que não só proteja as empresas, mas também lhes cobre o avançopix apostasdeterminadas metas (produtividade, inovação, exportação)."