Israel alerta por telefone: 'Em cinco minutos vamos atingir o alvo':

O ExércitoIsrael tem usado ligações telefônicas e panfletos para alertar palestinosseus ataques iminentes contra Gaza que já mataram mais200 palestinos.

"Você fala hebraico? Como vai? Tudo bem", pergunta o soldado israelenseum áudio e tradução divulgados pelo Exército israelense. Não é possível ouvir a resposta do outro lado da linha.

Em seguida, vem o alerta: "O ExércitoIsrael precisa atingir o prédio pertoonde você está. Estamos fazendo tudo o que podemos para não atingir prédios ao redor", diz o soldado.

"Estamos tentanto garantir que não haja nenhum civil antesatacarmos. Avise a todos porquecinco minutos vamos atingir o alvo".

O enviado da Autoridade Palestina ao Reino Unido, Manuel Hassassian, disse à BBC que não há alternativa para os moradores se protegerem dos mísseis.

"Não há abrigos ou bunkers, não há para onde ir", disse. "Se eles saemcasa, vão ser atingidos na rua", disse.

Israel alertou milharespalestinos no leste e no norteGaza para que deixem suas casasmeio à intensificação da ofensiva aérea contra alvosmilitantes do Hamas.

A operação, que Israel diz ter como objetivo interromper o lançamentofoguetes contra seu território, foi iniciada há oito dias e já deixou 207 palestinos mortos, segundo autoridades. A ONU advertiu que a maioria das vítimas é civil. Entre as vítimas, está um bebêcinco meses.

Na terça-feira, Israel registrouprimeira morte - um homem38 anos atingido por um morteiro disparadoGaza, segundo a imprensa.

Apesar dos constantes ataques contra Israel vindosGaza, o númeromortes é tão desigual (207 palestinos e um israelense) por conta da diferença no poderfogo dos dois lados e do sofisticado sistemadefesa usado por Israel.

Israel retomou seus ataques aéreos com o fracassouma tentativa do Egitomediar um cessar-fogo na terça-feira, e disse que militantes do Hamas dispararam dezenasfoguetes demonstrando que não respeitariam o cessar-fogo.

O gabinetesegurançaIsrael havia aprovado o acordo, mas o Hamas inicialmente rejeitou-o, dizendo que os termos não contemplavam o bloqueio à Gaza, imposto2007 após a vitória do Hamaseleições legislativas e que tem causado uma profunda crise econômica no território. As restrições envolvem a circulaçãomercadorias e pessoas.

Uma autoridade do Hamas disse à BBC que o grupo analisaria uma solução política para a crise.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse "não ter escolha" a não ser intensificar a campanha militar. "Se não há um cessar-fogo, nossa resposta é fogo", disse.

"Este (problema) poderia ser resolvido melhor diplomaticamente, e isto foi o que tentamos fazer quando aceitamos a proposta egípcia".

"Mas o Hamas nos deixa sem escolha a não ser ampliar e intensificar nossa campanha contra eles".

'Mais140 foguetes'

O Exército israelense usou as mensagens telefônicas para alertar 100 mil residentesGaza a deixarem suas casas no início da manhãquarta-feira. Dez pessoas teriam morrido no território durante ataques noturnos.

Israel também atacou a casauma autoridade do Hamas no oesteGaza. Mahmud al-Zahar, membro do conselho político do grupo, não estava no local no momento do ataque.

A agência da ONU para refugiados palestinos disse na terça-feira que centenasmilharespalestinos estão sem acesso à água após os ataques israelenses e que 560 casas haviam sido destruídas.

Gaza (Reuters)

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Segundo a ONU, 560 casas já foram destruídas por ataques aéreos israelenses
Soldados (Getty)

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Legenda da foto, Mobilizaçãosoldados israelenses na fronteira tem alimentado especulações sobre ofensiva terrestre
Foguete (AP)

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Legenda da foto, ForçassegurançaIsrael removem foguete disparado por militantes palestinos que atingiu Ashkelon

Militantes palestinos dispararam mais140 foguetes contra Israel na terça-feira, segundo o Exército israelense, e mais1.100 mísseis nos úlitimos oito dias.

Israel tem mobilizado dezenasmilharessoldados na fronteira com Gazameio a especulações sobre a possibilidadeuma ofensiva terrestre.

A porta-voz do DepartamentoEstado americano Jen Psaki disse que Israel tem o direitose defender, mas afirmou que "ninguém quer uma guerra terrestre".

'Fim do bloqueio'

Um porta-voz do Hamas, Osama Hamdan, disse à BBC ter tomado conhecimento da iniciativa do Egito pela imprensa e que um cessar-fogo não poderia ser implementado sem que os detalhes fossem divulgados.

O braço armado da Hamas, as Brigadas Izz al-Din al-Qassam, rejeitou a proposta, dizendo que seu confronto com Israel cresceria"intensidade e ferocidade".

Sob os termos da iniciativa do Egito, o cessar-fogo seria seguidouma sériereuniõesCairo com delegaçõesambos os lados.

Moussa Abu Marzouk, um importante oficial do Hamas, disse que nenhuma decisão havia sido tomada. Mas,entrevista à TV libanesa, afirmou que "o bloqueio à Gaza deve ser suspenso e a população local deve viver com liberdade como todas as outras pessoas do mundo".

Outro líder do HamasGaza, Mushir al-Masri, disse à agência Associated Press que seria preciso mediadores e garantias internacionais para que qualquer acordo funcione.

Netanyahu foi criticado por ter aceitado a proposta egípcia. O gabinete do premiê anunciou que o vice-ministro da Defesa, Danny Danon, foi exonerado por tê-lo chamado"fracasso".

"É inaceitável que o vice-ministro da Defesa ataque a liderança do país que comanda a campanha", disse um comunicado.