O dia a dia da vida repletarestriçõesGaza:

Gaza (Reuters)

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Restrições ao movimento impedem a saída e entradapalestinos à Gaza

Território40 kmextensão por 10 kmlargura, Gaza tem cerca1,7 milhãohabitantes e é cercada por Israel, Egito e o mar Mediterrâneo.

A região da Palestina, que fora ocupada pelos árabes a partir636 e incorporada pelo Império Turco-Otomano1517, ficou sob o controle do Reino Unido1917, após a 1ª Guerra Mundial. Posteriormente, cresceu tanto a imigração judaica à região (estimulada pela perseguição nazista na Europa e pelo movimento sionista) quanto a insatisfação árabe pelo domínio britânico. Após a 2ª Guerra, a ONU aprovou,1947, a partilha da Palestinadois Estados, um judeu e um árabe, plano rejeitado pelos árabes.

Após guerra entre 1948 e 1949, Israel passou a ocupar 77% da Palestina, e o Egito assumiu o controleGaza. Mas o território costeiro foi capturado por Israel durante a Guerra dos Seis Dias1967.

Em 2005, Israel retirou dali suas tropas e cerca7 mil colonos.

Um ano depois, o grupo militante islâmico Hamas venceu as eleições legislativas palestinas. Ele governou Gaza2007 a 2014 após uma disputa violenta com a facção rival Fatah, do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.

Quando o Hamas assumiu o poderGaza, Israel rapidamente impôs um bloqueio ao território, restringindo a circulaçãomercadorias e pessoas. O Egito bloqueou a fronteira sulGaza.

Restrições ao movimento

Já limitada, a liberdademovimento e acesso à Gaza foi reduzida significativamente após meados2013, quando o Egito impôs novas restrições na fronteiraRafah e lançou uma ofensiva contra a redetúneiscontrabando sob a fronteira Egito-Gaza.

No primeiro semestre2013, 40 mil pessoas atravessavam Rafah por mês. De julho a dezembro2013, o tráfego foi reduzido para cerca9.550 por mês.

Nos últimos anos, Rafah tornou-se o principal pontoentrada e saídaGaza para os palestinos após as restrições impostas por Israel na fronteiraErez, no norte.

Já os túneiscontrabando haviam se proliferado após o endurecimento do bloqueioGaza. Eram usados para importar materiaisconstrução, combustível, alimentos, dinheiro e armas. Mas a flexibilização do bloqueio,junho2010, fez o númerotúneis operacionais diminuircercamil para algo entre 200 e 300.

Contrabandistas passaram a atuar na transferênciamateriaisconstrução para o setor privado e combustível, que era mais barato comprar no Egito do queIsrael.

Só que a operação contra os túneis iniciadajunho2013 resultouuma interrupção quase total no contrabando, provocando escassezmateriaisconstrução e combustível e um aumento no preço dos alimentos.

Economia

Gaza (AFP)

Crédito, AFP

Legenda da foto, Túneis subterrâneos passaram a ser usados para contrabandear produtos e combustível

Os habitantesGaza vivem,média, pior do que viviam na década1990. Vinte e um por cento estãoprofunda pobreza,comparação com 7,8% na Cisjordânia.

A taxadesemprego é40,8%, significativamente maior do que na Cisjordânia. Particularmente preocupante é a alta taxadesemprego entre os jovens, que passa50%Gaza.

O Ministério da Economia do Hamas estimou que a repressão ao contrabando tenha custado US$ 460 milhões à economiaGaza2013.

A redução da receitaarrecadaçãoimpostos sobre o contrabando também levou o governo a adiar o pagamentosalários a 50 mil funcionários públicosGaza.

A grande escassezmateriaisconstrução resultou no aumento dos preços e na forte desaceleração no setorconstrução, que emprega cerca10% da forçatrabalho.

A escassezcombustível fez milharesempregados nos setorestransporte, pesca e agricultura perderem suas rendas.

Educação

EscolasGaza (AFP)

Crédito, AFP

Legenda da foto, Muitas escolasGaza são mantidas pela ONU

O sistema escolarGaza está sob pressão. A ONU, que opera muitas das escolas do território, diz que 440 novas instituições serão necessárias até 2020 para lidar com o crescimento estimado da população.

Cerca463,6 mil crianças frequentam 694 escolas primárias e secundárias. Para compensar a faltainstituiçõesensino, 67% das escolas do governo e 71% dos estabelecimentos da ONU funcionamdois turnos, o que limita o tempoinstrução.

Salas também são grandes, com cerca40 a 50 alunoscada uma.

Isso levou a dias letivos mais curtos e baixos níveismatrícula no sistema secundário. As oportunidadesformação profissional e vocacional também são raras e distantes entre si.

Apesar disso, índices oficiaisalfabetização são elevados: 93% para as mulheres, 98% para os homens.

Treze escolas estão localizadasáreas próximas ao muro que separa GazaIsrael, localconfrontos frequentes entre tropas israelenses e militantes palestinos.

População

PopulaçãoGaza (AP)

Crédito, AP

Legenda da foto, Gaza sofre com uma escassez70 mil residências, segundo a ONU; muitos vivemcamposrefugiados

A populaçãoGaza deve aumentar para 2,13 milhõespessoas até o final da década.

O crescimento também irá resultarum aumento na densidade populacional, que já é uma das mais altas do mundo. Em média, cerca4.505 pessoas vivemcada quilômetro quadradoGaza. Isso deverá subir para 5.835 pessoas por quilômetro quadrado até 2020.

A ONU diz que há uma escassez70 mil residências devido ao crescimento natural da população e pelos danos causados pela ofensiva terrestreIsraeldezembro2008 e janeiro2009.

Crédito, BBC World Service

Cerca12 mil pessoas permanecem deslocadas após a destruiçãosuas casas.

A proporçãojovens entre 15 e 29 anos ao total da população com mais15 anos é excepcionalmente alta: 53%.

Se a economia ganhar fôlego, haverá abundânciajovensidadetrabalho. Caso contrário, existe o potencial para tensão social, violência e extremismo, segundo a ONU.

Saúde

SaúdeGaza (AFP)

Crédito, AFP

Legenda da foto, A faltaenergia e remédios têm afetado diretamente os serviçossaúde do território

A ONU diz que, embora os indicadoressaúdeGaza sejam comparáveis aospaísesrenda média e alta, a qualidade dos serviços precisa melhorar. O órgão diz que a maioria das unidadessaúde não consegue fornecer cuidados adequados e requer melhorias.

O acesso a serviços públicossaúde agravou-se como resultado das medidas adotadas pelas autoridades egípciasmeados2013, segundo a ONU.

O fechamento da passagemRafah reduziu o númeropacientes que viajam para o Egito para tratamento -uma média mensal4.146 pessoas para 305. Apenas pacientes muito doentes oucasos especiais são autorizados a entrar. A medida também interrompeu o fornecimentomedicamentos essenciais.

Desde 2008, Israel tem aumentado o númeroautorizações que concede a cidadãosGaza para tratamento médico.

O fechamentotúneiscontrabando pelo Egito levou à escassezcombustível e eletricidade que interromperam o funcionamentounidades médicas. Cortesenergia frequentes e prolongados atingiram fontes secundáriasenergiahospitais, afetando equipamentos médicos e levando à interrupçãotratamentos.

Alimentação

Pesca (Reuters)

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Gaza tinha boa atividade pesqueira, mas restrições impostas por Israel limitam o trabalhopescadores

O nívelinsegurança alimentarGaza aumentou44% para 57% entre 2012 e 2013. Oitenta por cento da populaçãoGaza recebe alguma formaajuda alimentar já que poucos têm dinheiro suficiente para pagar por necessidades básicas.

Restrições israelenses ao acesso a terras agrícolas e pesca contribui para os desafios.

MoradoresGaza também não estão autorizados a cultivar na zona tampão imposta por Israel - 1,5 kmlargura no ladoGaza da fronteira - e isso levou a uma perdaproduçãocerca75 mil toneladasprodutos cultiváveis por ano. A área restrita coincide com o que é considerado o melhor da terra arávelGaza.

Após o acordocessar-fogonovembro2012 entre Israel e Hamas, o limitepesca foi ampliado3 milhas náuticas para 6. No entanto, essa restrição tem sido periodicamente reduzida a 3 milhas náuticasresposta a disparosfoguetes a partirGaza.

Forças navais israelenses frequentemente abrem fogo contra barcospesca palestinos que se aproximam ou que excedem o limite. A ONU diz que, se o limite for suspenso, a pesca poderá fornecer emprego e fonte barataproteína para a populaçãoGaza.

Energia

CortesluzGaza (AFP)

Crédito, AFP

Legenda da foto, Frequentes cortesenergia causam problemas à toda populaçãoGaza

Os cortesenergia são uma ocorrência diáriaGaza. O território recebe a maior partesua energiaIsrael. Há também a produção da única usina elétricaGaza e uma pequena quantidade do Egito. No entanto, isso é menos do que suas necessidades atuais.

Muitas casas têm seus próprios geradores, mas o combustível é extremamente caro para comprar.

A escassezcombustível causada pela repressão egípcia ao contrabando afetou a produçãoenergia elétrica na usinaGaza, que havia se tornado dependente do diesel egípcio.

Depoisesgotar suas reservas, a planta foi forçada a fechar por 43 dias no final2013, provocando cortesenergia prolongados e causando interrupções à prestaçãoserviços básicos, como saúde, água e saneamento.

A usina voltou a operar depoisa Autoridade Palestina comprar combustívelIsrael com fundos doados pelo Catar. Houve um blecaute menormarço2014.

No litoral, há um campogás que a ONU diz poder abastecer o território se for desenvolvido. Qualquer excedente poderia ser reinvestido para o desenvolvimento.

Água e saneamento

EnchenteGaza (AFP)

Crédito, AFP

Legenda da foto, Fortes chuvasdezembro2013 causaram colapso do já frágil sistematratamentoágua e esgotoGaza

Gaza recebe pouca chuva e não possui nenhuma grande fonteágua doce.

O sal do mar se infiltroufontes subterrâneas e elevou os níveissalinização acimaníveis aceitáveis para água potável. Apenas 5,5% da água encanada atende aos padrõesqualidade da Organização MundialSaúde (OMS). Cerca340 mil pessoas na FaixaGaza foram obrigadas a consumir água potávelqualidade inaceitável2013, segundo a ONU.

O tratamento das águas residuais e esgotos é outro problema. Gaza dependeestaçõestratamentoesgoto que ou estão trabalhando alémsua capacidade ou foram construídas como instalações temporárias para tratamento parcial. Como resultado, cerca90 milhõeslitrosesgoto não tratado ou parcialmente tratado são bombeados para o mar Mediterrâneo por dia, criando poluição, riscos à saúde pública e problemas para a indústria da pesca.