‘Jogaram uma bomba naresgatar bonus bet7kcasa’: repórter lembra noiteresgatar bonus bet7kviolênciaresgatar bonus bet7kCaracas:resgatar bonus bet7k

resgatar bonus bet7k Desperto sobressaltada ao ouvir gritos e panelaços. Olho o relógio. Passa das 3h30, madrugadaresgatar bonus bet7kquinta-feira.

Olho pela janela e não vejo nada, mas continuo escutando os gritos dos vizinhos. Penso num possível assalto a um apartamento do bairro onde moro, Los Palos Grandes, uma paranoia adquirida por mimresgatar bonus bet7kSão Paulo e que se intensificouresgatar bonus bet7kCaracas.

Meu marido, que é fotojornalista, também acorda assustado. Fomos até a varanda para tentar entender o que acontecia.

Na esquina, soldados da Guarda Nacional Bolivariana descemresgatar bonus bet7kum ônibusresgatar bonus bet7ktransporte urbano e se dirigem rumo à avenida paralela, onde dezenasresgatar bonus bet7kjovens acampavam havia semanasresgatar bonus bet7kprotesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro.

Os jovens que dormiamresgatar bonus bet7kbarracas foram detidos e levados nos mesmos ônibus que trouxeram os policiais. Ao final da operação que desmantelou quatro acampamentosresgatar bonus bet7ktrês diferentes pontos do lesteresgatar bonus bet7kCaracas, 243 jovens foram detidos.

A maioria seria libertada três dias depois. As autoridades afirmam terem encontrado armas, explosivos e drogas nas barracas.

Poucas horas depois da operação da Guarda Nacional contra os acampamentos, um gruporesgatar bonus bet7kjovens - a maioria com os rostos cobertos - começou a destruir uma padaria que estáresgatar bonus bet7kreforma, a poucos metros do edifício onde moro, para armar uma barricada.

"Quebra sem pena que o dono é chavista, vamos, vamos", gritavam alguns. Alguns usavam máscaras antigás semelhantes àresgatar bonus bet7kuso militar.

Tensão

Naquele momento me preparei para mais uma jornada longa e tensa. A rua foi bloqueada. Os moradores - emresgatar bonus bet7kmaioria opositores ao chavismo - que pretendiam sair com seus carros para o trabalho ou para levar os filhos à escola eram hostilizados pelos manifestantes.

Agressivos eresgatar bonus bet7ktomresgatar bonus bet7kameaça, o gruporesgatar bonus bet7kjovens impediu a todos que saíssemresgatar bonus bet7ksuas casasresgatar bonus bet7kveículos. Desci para ver a situaçãoresgatar bonus bet7kperto.

O jornaleiro ia chegando para abrir a banca. Foi advertido que o melhor a fazer era voltar para casa. "Eles me disseram que não posso abrir hoje. Fazer o quê?", disse ele,resgatar bonus bet7ktomresgatar bonus bet7kresignação.

Havia muita tensão. Já passava das 7h, e o cenário armado previa um confronto com a polícia. Me preparei para fugirresgatar bonus bet7kcasa caso a situação piorasse.

Na última vezresgatar bonus bet7kque houve confronto entre policiais e manifestantes no bairro, tive que sair às pressas com minha filha bebê após uma nuvemresgatar bonus bet7kgás lacrimogêneo ter invadido meu apartamentoresgatar bonus bet7kpoucos minutos.

Refúgio

Desta vez, nos refugiamos no quarto dos fundos, menos exposto à rua principal. Da janela, vi quando os policiais responderam ao ataqueresgatar bonus bet7kcoquetéis molotov disparando bombasresgatar bonus bet7kgásresgatar bonus bet7kdireção ao edifício que serviaresgatar bonus bet7ktrincheira para os manifestantes.

O cheiro do gás impregnou também o quarto onde estávamos. Ativei o plano B. Não podia esperar pelo pior. Preparei a mochila da minha filha,resgatar bonus bet7kum ano e dez meses, joguei na bolsa o gravador, uma mudaresgatar bonus bet7kroupa para mim e deixei minha casa, novamente.

Minutos depois, meu marido, que fotografava o confronto, e um motoqueiro vieram ao nosso resgate. Eles nos "escoltaram" por duas quadras onde um táxi já esperava por mim.

Fiquei temporariamente no escritórioresgatar bonus bet7kuma das agênciasresgatar bonus bet7knoticias internacionais sediadasresgatar bonus bet7kCaracas. De lá, organizaria o passo seguinte, a estadiaresgatar bonus bet7kalgum hotel próximo.

Não havia passado uma hora desde a minha "fuga" quando o cinegrafista da agência me contou ofegante: "Jogaram uma bomba dentro da tua casa. Entrou pela janela, acho que foi no quarto da bebê". Tremi.

Em seguida respirei aliviada por não estarresgatar bonus bet7kcasa. Não pensava que a situação chegaria a esse extremo.

Não se sabe se foi a polícia que lançou a bomba ou se um manifestante queria "devolvê-la" antesresgatar bonus bet7kser afetado pelo gás, errou o alvo e acabou acertando minha janela ou se a janela realmente era o objetivoresgatar bonus bet7kquem fez o arremesso.

O relato seguinte do cinegrafista era ainda mais assustador e trágico. "Mataram um policial e feriram outros".

Fotógrafos que acompanharam o confronto tiveram que espremer-se contra os muros dos edifíciosresgatar bonus bet7kbuscaresgatar bonus bet7kproteção enquanto ouviam as balas passarem, disparadas do alto dos edifícios.

"Não escutávamos os disparos, mas o som das balas que caíam a poucos metrosresgatar bonus bet7konde estávamos", relata um deles.

De acordo com a perícia venezuelana, a bala que matou o policial foi disparada do terceiro andarresgatar bonus bet7kum edifícioresgatar bonus bet7kfrente a uma das barricadas.

'Primavera venezuelana'

A morte do policial, a vítima número 42 (entre chavistas, opositores, apolíticos e policiais), ocorreresgatar bonus bet7kmeio a um processo, iniciadoresgatar bonus bet7kabril,resgatar bonus bet7kdiálogo entre governo e a ala moderada da oposição para dar fim à crise política e econômica.

Desde que começou a "primavera venezuelana"resgatar bonus bet7k12resgatar bonus bet7kfevereiro, cenas como essa já se repetiram inúmeras vezes.

Quem lidera esse tiporesgatar bonus bet7kprotestos sabe que uma disputa entre policiais e não maisresgatar bonus bet7kcem manifestantes, como era o caso, não entraria na hierarquia noticiosa dos grandes meiosresgatar bonus bet7kcomunicação, principalmente numa semanaresgatar bonus bet7kque se intensificava a crise na Ucrânia e o sequestro das meninas nigerianas comovia o mundo.

É preciso algo mais para receber destaque - e não só os editores sabem disso.

Fora dos bairrosresgatar bonus bet7kLos Palos Grandes eresgatar bonus bet7kChacao, no lesteresgatar bonus bet7kCaracas, eresgatar bonus bet7keventuais focosresgatar bonus bet7kcidades como San Cristobal e Mérida - cujas imagens reveladas nas últimas semanas dão a sensaçãoresgatar bonus bet7kque a Venezuela estáresgatar bonus bet7kguerra, o país continua funcionando dentroresgatar bonus bet7ksua complexidade e da normalidade caribenha.

No oesteresgatar bonus bet7kCaracas, no outro extremo da cidade, crianças brincavam nas praças e idosos jogavam dominó, alheios ao que acabararesgatar bonus bet7kacontecer na árearesgatar bonus bet7kconflito.

As gigantescas filas nos supermercados persistem. Os consumidores perdem horasresgatar bonus bet7kbusca dos produtos básicos escassos como leite, óleoresgatar bonus bet7kcozinha, açúcar e farinharesgatar bonus bet7kmilho para arepa (espécieresgatar bonus bet7kpão tradicional venezuelano).

A crise econômica preocupa mais do que a violência associada à crise política.

De acordo com a empresa Datanalisis, 90% dos venezuelanos rejeitam a violência como medidaresgatar bonus bet7kpressão por mudanças no governo.

Contraditoriamente, na zonaresgatar bonus bet7kconflito, os manifestantes recebem apoio da vizinhança. Muitos acreditam que ao formar barricadas no local onde vivem para atrair a polícia e assim gerar um conflito - que logo será noticiado dentro e fora do país - é o "único" caminho para derrotar o governo que consideram "antidemocrático".

Enquanto isso, tento fazer a vida voltar ao normal. Recolho os vidros quebrados, abuso do vinagre na limpeza e tiro temporariamenteresgatar bonus bet7kcena brinquedos e bonecasresgatar bonus bet7kpano. Espero que passe o cheiroresgatar bonus bet7kgás impregnado no ambiente.

Ainda não está decidido, porém, qual será o destino da bombaresgatar bonus bet7kgás lacrimogêneo Hecha en Brasil que agora repousa, vazia, na minha varanda.