A fascinaçãocasa de apostas pagando no cadastroGarcía Márquez pelo poder:casa de apostas pagando no cadastro
E esta proximidade, diziam alguns, poderia ser completamente acrítica, no caso do líder cubano Fidel Castro.
O falecido escritor chileno Roberto Bolaño chegou a afirmar, comcasa de apostas pagando no cadastroacidez típica, que García Márquez era "um homem encantadocasa de apostas pagando no cadastroter conhecido tantos presidentes e arcebispos".
Mas esta seria uma acusação justa?
O romance do patriarca
O livrocasa de apostas pagando no cadastroGarcía Márquez mais diretamente relacionado com o poder é O Outono do Patriarca, publicadocasa de apostas pagando no cadastro1975.
Nele, o escritor explora a vida e os milagrescasa de apostas pagando no cadastroum ditador latino-americano (ele chegou a dizer que o patriarcacasa de apostas pagando no cadastroquestão era Aureliano Buendía - um dos protagonistascasa de apostas pagando no cadastroCem Anoscasa de apostas pagando no cadastroSolidão - se ele tivesse tomado o poder).
Desde a publicação do livro, o personagem central foi comparado inúmeras vezes com dois dos grandes amigoscasa de apostas pagando no cadastroGabo: Fidel Castro e o ex-homem forte do Panamá, Omar Torrijos, já falecido.
O diretor da revistacasa de apostas pagando no cadastrocultura mexicana Letras Libres, Enrique Krauze, dedicou um capítulocasa de apostas pagando no cadastroseu livro Redentores, Ideias e Poder na América Latina à relação do escritor colombiano com o poder.
No ensaio À Sombra do Patriarca, Krauze (que é bastante crítico ao regime cubano) disse que "não há na história da América hispânica um vínculo entre as letras e o poder que seja remotamente comparávelcasa de apostas pagando no cadastroduração e fidelidade, serviços mútuos e convivência pessoal aocasa de apostas pagando no cadastroFidel e 'Gabo'".
De acordo com Krauze, na biografia autorizadacasa de apostas pagando no cadastroGarcía Márquez, escrita pelo britânico Gerald Martin, vêm à tona as origens psicológicas da relação entre García Márquez e o ex-líder cubano.
"(As origens) remontam à casa familiarcasa de apostas pagando no cadastroAracataca e,casa de apostas pagando no cadastroparticular, ao vínculocasa de apostas pagando no cadastro'Gabito' com seu patriarca pessoal, o coronel Márquez. Aí está a sementecasa de apostas pagando no cadastroseu fascínio pelo poder: cifrada, esquiva, mas magicamente real".
Em seguida, Krauze chega ao ponto centralcasa de apostas pagando no cadastroseu argumento: nem mesmocasa de apostas pagando no cadastroseus livros García Márquez critica os poderosos, os caudilhos.
"Mais além da linguagem, a trama não deixacasa de apostas pagando no cadastroregistrar a subjetividade do tirano: suas nostalgias, seus medos, seus sentimentos. Mas a simplidadecasa de apostas pagando no cadastroseu mundo interior é moralmente ofensiva: raras vezes se ouvem reflexões sobre as responsabilidades e dilemas do poder, ruminações sobre o mal, a abjeção ou o cinismo, muito menos o vislumbrecasa de apostas pagando no cadastroum dramacasa de apostas pagando no cadastroconsciência", escreve.
A visão do biógrafo
Antescasa de apostas pagando no cadastrofazer partecasa de apostas pagando no cadastroseu livro, o textocasa de apostas pagando no cadastroKrauze foi publicado na revista Letras Libres. O biógrafocasa de apostas pagando no cadastroGarcía Márquez, Gerald Martin, respondeu prontamente ao que considerou um ataque àcasa de apostas pagando no cadastrobiografia.
Em uma carta à revista, o biógrafo disse que "Krauze critica García Márquez porcasa de apostas pagando no cadastro'obsessão com o poder', mas isto (...) é risível: o que ele não gosta é do tipocasa de apostas pagando no cadastropoderosos que García Márquez procura (sem mencionar o fato - muito conhecido, mas não mencionado por Krauze -casa de apostas pagando no cadastroque são os poderosos que procuram García Márquez, porque ele também é um poderoso). Sejamos inteiramente francos: quem não sabe que o mesmo Krause sempre quis estar perto do poder!".
Martin - que publicoucasa de apostas pagando no cadastrobiografia do autor colombianocasa de apostas pagando no cadastro2008, após 17 anoscasa de apostas pagando no cadastropesquisas - temcasa de apostas pagando no cadastroprópria interpretação sobre o fascínio do escritor pelo poder.
Em uma entrevista à agênciacasa de apostas pagando no cadastronotícias EFE no anocasa de apostas pagando no cadastroque seu livro foi publicado, Martin disse:
"García Márquez é claramente um personagem icônico intimamente relacionado com os acontecimentos políticos e históricos da América Latina. Ele sempre quis ser testemunha do poder e é justo dizer que esse fascínio não é gratuito, mas tem determinados objetivos. Nos anos 70 ele foi um ativista muito direto, um partidário da revolução cubana ecasa de apostas pagando no cadastrosuas aventuras africanas."
"Mas o mundo mudou desde então e suas aspirações políticas agora são mais defensivas, como proteger a revolução (cubana), na qual ele vê um símbolo da independência e da dignidade latino-americanas. Gabriel García Márquez se relacionou com Felipe González e Bill Clinton, mas todo mundo se fixa emcasa de apostas pagando no cadastrorelação com Fidel Castro, afirmou".
O amigo
Durante muitos anos, o jornalista colombiano Plinio Apuleyo Mendoza foi um dos grandes amigoscasa de apostas pagando no cadastroGarcía Márquez. Eles se conheceram quando eram estudantescasa de apostas pagando no cadastroBogotá e viveram juntoscasa de apostas pagando no cadastroParis e Caracas. Também presenciaram - como correspondentes estrangeiros primeiro e depois como funcionários da agênciacasa de apostas pagando no cadastronotícias cubana Prensa Latina depois - a Revolução Cubana.
Mas enquanto García Márquez se manteve firme ao lado da Revolução, Apuleyo Mendozacasa de apostas pagando no cadastrodesencantou dela, especialmente a partir do julgamento do poeta Heberto Padilla,casa de apostas pagando no cadastro1971. Com o passar dos anos, ele se tornou fortemente anticomunista.
Isso não impediu Mendoza, no entanto,casa de apostas pagando no cadastroescrever bastante sobrecasa de apostas pagando no cadastroamizade com García Márquez.
Em Aqueles Anos com Gabo, ele diz que "obviamente as simpatiascasa de apostas pagando no cadastroGarcía Márquez vão atualmentecasa de apostas pagando no cadastrodireção ao caudilho e nãocasa de apostas pagando no cadastrodireção à burocracia (comunista cubana)".
Segundo Mendoza, a figura do caudilho, ou ditador, "faz parte da paisagem geográfica e histórica"casa de apostas pagando no cadastroGarcía Márquez e "está latentecasa de apostas pagando no cadastrotodos os seus livros".
"Nesta perspectiva deve estarcasa de apostas pagando no cadastroligação com Fidel. Fidel se parece com suas criaturas literárias mais constantes, com os fantasmas nos quais ele se projeta, com os quais identifica seu destinocasa de apostas pagando no cadastrosimples filhocasa de apostas pagando no cadastrotelegrafista que chegou ao topo da glória; Fidel é um mito recuperado dos confinscasa de apostas pagando no cadastrosua infância, uma nova representaçãocasa de apostas pagando no cadastroAureliano Buendía".
Aqui é preciso dizer que o fascínio pelos caudilhos é algo que a maioria dos escritores hispano-americanos contemporâneos compartilha. Sobre ditadores, caudilhos e homens fortes escreveram romances Carlos Fuentes (A Mortecasa de apostas pagando no cadastroArtemio Cruz); Miguel Ángel Asturias (O Senhor Presidente); Alejo Carpentier (O Recurso do Método); Augusto Roa Bastos (Eu o Supremo) e Mario Vargas Llosa (A Festa do Bode).
A diferença entre 'com' e 'por'
Como disse Gerald Martin, a posiçãocasa de apostas pagando no cadastroGarcía Márquezcasa de apostas pagando no cadastrorelação a Cuba se transformou com o passar dos anos. De entusiasta e proselitista da revolução nos anos 1970 - prova disso são as reportagens que escreveu na época - a uma postura mais defensiva e recatada depois.
Nas ocasiõescasa de apostas pagando no cadastroque falou sobre o tema, Gabo disse que a opinião pública - e seus críticos - não conhecem seus incontáveis esforços nos bastidores, não só a favorcasa de apostas pagando no cadastropessoas específicas - presos políticos no casocasa de apostas pagando no cadastroCuba - comocasa de apostas pagando no cadastromissões diplomáticas entre países.
Além disso, é inegável quecasa de apostas pagando no cadastrorelação com alguns poderosos foi uma questãocasa de apostas pagando no cadastroquímica pessoal. Apesarcasa de apostas pagando no cadastrosuas inclinações políticas, ele não foi, por exemplo, próximocasa de apostas pagando no cadastroDaniel Ortega, da Nicarágua, nemcasa de apostas pagando no cadastroHugo Chávez, na Venezuela.
E é preciso lembrar ainda que o fascíniocasa de apostas pagando no cadastroGarcía Márquez era com o poder e não pelo poder.
Nos anos 1980, insinuaram que o escritor poderia ser candidato à presidência colombiana. Era possível que ele tivesse vencido as eleições, mas não aceitou. O que o atrai no poder são suas entrelinhas, seus meandros, seus personagens. Algo que, inevitavelmente, está vinculado à criação literária.
Diferentementecasa de apostas pagando no cadastroseu inimigo íntimo Mario Vargas Llosa, que chegou a se candidatar à presidência do Peru na décadacasa de apostas pagando no cadastro1980, o exercício do poder político nunca interessou a Gabo.