Kennedy cogitou ação militar contra Goulart :bonus rodadas gratis
- Author, Pablo Uchoa
- Role, Da BBC Brasilbonus rodadas gratisWashington
bonus rodadas gratis Em pouco maisbonus rodadas gratisum ano, durante a Presidênciabonus rodadas gratisJohn F. Kennedy, as relações americanas com João Goulart foram do "ápice" à deterioração total, ao pontobonus rodadas gratisos Estados Unidos chegarem ao fimbonus rodadas gratis1963 cogitando uma intervenção militar no Brasil.
Porém, a veloz resignaçãobonus rodadas gratisJango àbonus rodadas gratisprópria queda meses depois poupou os brasileirosbonus rodadas gratisverem tropas americanas desembarcandobonus rodadas gratisterritório nacional – uma ideia que soava tão escandalosa que os próprios americanos relutavambonus rodadas gratisabraçar, indicam os arquivos da época.
A possibilidade estava na manga caso houvesse "uma clara evidênciabonus rodadas gratisintervenção do bloco soviético oubonus rodadas gratisCuba do outro lado", precisou o então embaixador americano no Brasil, Lincoln Gordon,bonus rodadas gratisum planobonus rodadas gratiscontingência discutido com o Departamentobonus rodadas gratisEstadobonus rodadas gratisdezembrobonus rodadas gratis1963 e obtido pelo historiador Carlos Fico, da Universidade Federal do Riobonus rodadas gratisJaneiro.
A hipótesebonus rodadas gratisuma ação armada também foi assuntobonus rodadas gratisconversa entre Gordon e Kennedybonus rodadas gratisWashingtonbonus rodadas gratisoutubrobonus rodadas gratis1963, segundo uma gravação revelada pelo jornalista Elio Gaspari na reediçãobonus rodadas gratisA Ditadura Envergonhada.
Segundo o registro, o então presidente perguntou ao embaixador se a situação no Brasil estava "indo para onde deveria", ou se era "aconselhável que façamos uma intervenção militar".
'Nova Cuba'
As desconfiançasbonus rodadas gratisKennedybonus rodadas gratisrelação a Jango se exacerbaram entre finsbonus rodadas gratis1962 e finsbonus rodadas gratis1963, períodobonus rodadas gratisque os Estados Unidos se preocupavambonus rodadas gratis"evitar uma nova Cuba na América Latina".
Evitar que o Brasilbonus rodadas gratisJango "deslizasse" para o comunismo virou um "mantra"bonus rodadas gratisWashington, disse à BBC Brasil o historiador Peter Kornbluh, da organização National Security Archives, que pressiona pela desclassificaçãobonus rodadas gratisdocumentos históricos do governo americano.
O "ápice" da relação Kennedy-Jango fora durante a crise dos mísseis,bonus rodadas gratisoutubrobonus rodadas gratis1962, quando a inteligência americana revelou que a União Soviética estava posicionando mísseis na ilha comunistabonus rodadas gratisCuba.
A pedidobonus rodadas gratisKennedy, Goulart enviou um emissário à ilha comunista para servirbonus rodadas gratisintermediário secreto entre Havana e Washington, segundo um detalhado estudobonus rodadas gratisJames Hershberg, historiador da Universidade George Washington.
O emissário brasileiro, general Albino Silva, chegoubonus rodadas gratisHavana quando o líder soviético Nikita Kruschev já anunciara a retirada dos mísseisbonus rodadas gratisCuba.
Mas o episódio é interpretado na historiografia como sinal do "benefício da dúvida" que Kennedy estendia a Goulart. Porém, no fim, serviu para reforçar as desconfianças do norte do continente.
Hershberg diz que a Casa Branca achou que Jango "virava a casaca"bonus rodadas gratistemas importantes conformebonus rodadas gratisconveniência.
Kornbluh explica que a Casa Branca não gostou da recusabonus rodadas gratisJangobonus rodadas gratisse se alinhar aos Estados Unidosbonus rodadas gratisum voto contra Cuba na Organização dos Estados Americanos (OEA) por ter aceitado esses mísseis.
Em vez disso, Jango defendera uma zona livrebonus rodadas gratisarmas nucleares na América Latina. "No final, Kennedy se convencebonus rodadas gratisque, se Goulart não estava com eles, estava contra eles", disse o historiador.
Operação Brother Sam
O líder brasileiro seria deposto apenas meses antes da reunião da OEAbonus rodadas gratisjulhobonus rodadas gratis1964 que expulsou Cuba e resultou no seu isolamento do hemisfério.
Entre a crise dos mísseis e o golpebonus rodadas gratis64, as relações Estados Unidos-Brasil "se deterioraram acentuadamente", escreve Hershberg, com Kennedy segredando a um visitante que a situação no Brasil lhe preocupava "mais que Cuba".
Arquivos digitalizados pela biblioteca JFK mostram que, cinco dias antes do assassinatobonus rodadas gratisKennedy,bonus rodadas gratisnovembrobonus rodadas gratis1963, o embaixador Lincoln Gordon recomendava ao presidente que não incluísse o Brasilbonus rodadas gratisum giro por países latino-americanos que faria no iníciobonus rodadas gratis1964.
Gordon mencionava o baixo comprometimentobonus rodadas gratisGoulart com o esforço regionalbonus rodadas gratisintegraçãobonus rodadas gratisKennedy, a Aliança para o Progresso, ebonus rodadas gratisaversão a investimentos estrangeiros.
A antipatia do embaixador – que identificava tendências peronistas e ditatoriaisbonus rodadas gratisGoulart, apesarbonus rodadas gratisser questionado pelo Departamentobonus rodadas gratisEstadobonus rodadas gratisocasiões – é bem documentada.
Hoje os historiadores também sabem que a chamada operação Brother Sam – o enviobonus rodadas gratisuma força naval compostabonus rodadas gratispetroleiros, destróieres e o prestigioso porta-aviões USS Forrestal para a costa brasileira – foi planejada durante o governo Kennedy e executada no períodobonus rodadas gratisseu sucessor, Lyndon B. Johnson.
A frota levaria combustíveis, armamentos e gases para controlebonus rodadas gratismultidão para reforçar o arsenal das forças anti-Goulart.
'Carabonus rodadas gratislegitimidade'
Durante anos, o regime militar brasileiro e o governo americano sustentaram a versãobonus rodadas gratisque os Estados Unidos apenas reconheceram um golpe "made in Brazil", sem interferência dos grande vizinho do norte. Quando a operação Brother Sam veio à tona, Gordon afirmou que se tratava apenasbonus rodadas gratisdemonstraçãobonus rodadas gratisforça.
Porém, no planobonus rodadas gratiscontingência obtido pelo professor Carlos Fico, o embaixador previra que os Estados Unidos poderiam apoiar os conspiradores "de forma encoberta ou mesmo aberta, particularmente (apoio) logístico (gasolina, óleos e lubrificantes, alimentos, armas e munição)".
"A ideia era fazer uma espéciebonus rodadas gratisponte aérea entre o porta-aviões e uma regiãobonus rodadas gratisSão Paulo para a entrega dessas munições e armas. Como é que iriam fazer isso essa entrega sem desembarcar?", questiona o professor. "Seria impossível."
Ao mesmo tempo, os documentos indicam que o embaixador americano se preocupava com a "carabonus rodadas gratislegitimidade" que permitiria ao governo americano reconhecer o novo regime no Brasil.
Em um telegrama enviado na tardebonus rodadas gratis31bonus rodadas gratismarço, por exemplo – disponível nos Arquivos Nacionais americanos –, Lincoln Gordon informa o Departamentobonus rodadas gratisEstado sobre "movimentos militaresbonus rodadas gratisMinas Gerais totalmente apoiados pelo governador Magalhães Pinto".
"Tomei açãobonus rodadas gratisrepassar aos principais governadores a mensagem sobre (a) importância vital (de) coresbonus rodadas gratislegimitidade", afirma o embaixador.
"Meus intermediários estão se informando sobre como (o) grupobonus rodadas gratisgovernadores propõe lidar com (a) questão crítica (do) mantobonus rodadas gratislegitimidade e (a) posição enquanto defensores da constituição (...) se não houver apoio do Congresso."
A pesquisabonus rodadas gratisCarlos Fico revelou uma singular semelhança entre as ações ocorridasbonus rodadas gratisMinas e o cenário que o governo americano considerava mais "desejável".
Pouco antes do golpe, Magalhães Pinto nomeara um secretariado especial, "como se fosse um ministério", e designou inclusive uma espéciebonus rodadas gratis"chanceler", Afonso Arinos, "para obter no exterior o reconhecimento do governo alternativo", disse Fico à BBC Brasil.
Correspondendo-se com Washingtonbonus rodadas gratisdezembrobonus rodadas gratis1963, Gordon avalia que "se uma parte significativa do território nacional ficassebonus rodadas gratispoderbonus rodadas gratisforças democráticas, a formaçãobonus rodadas gratisum governo provisório para requisitar ajuda seria altamente desejável".
"Ora, as açõesbonus rodadas gratisMagalhães Pinto são exatamente o que estava previsto no planobonus rodadas gratiscontingência americano", raciociona o historiador. "Eu não tenho dúvidabonus rodadas gratisque no futuro, à medida que os documentos sejam liberados, essa articulação (dos Estados Unidos) com Magalhães Pinto aparecerá."
'Grande lacuna'
Os historiadores acreditam que, no futuro, o dedo americano também pode aparecerbonus rodadas gratisoutros episódios que precederam a deposiçãobonus rodadas gratisGoulart.
O contato brasileiro dos militares americanos – representados no Brasil pelo adido militar Vernon Walters – era o general José Pinheirobonus rodadas gratisUlhôa Cintra. Ulhôa, Walters e Castello Branco lutaram lado a lado na Itália durante a 2ª Guerra Mundial. Sabe-se pouco sobre a influência dessa proximidade nos acontecimentos.
Mas "a grande lacuna" são os documentos operacionais americanos no Brasil, avalia Peter Kornbluh.
"Não temos nenhum documento operacional da CIA entre 1960 e 1964 desclassificado. Faltam os telegramas, os planos da estação (da CIA) no Rio, os relatóriosbonus rodadas gratisatividades", queixa-se.
Em suas memórias, o ex-agente da CIA Phillip Agee afirmou que a agência foi responsável por milhõesbonus rodadas gratisdólares que financiaram candidatos anti-Goulart nas eleições legislativas e para governador realizadasbonus rodadas gratis1962.
Entretanto, Kornbluh diz acreditar que "existe influência da CIA que não conhecemos,bonus rodadas gratisfomento, agitação, infiltraçãobonus rodadas gratissindicatos, operações políticas clandestinas e possivelmente a manutençãobonus rodadas gratismilitares nabonus rodadas gratisfolhabonus rodadas gratispagamento".
"Falta um capítulo inteiro dessa história", diz Kornbluh.
Apoio decisivo
Deposto Goulart, Washington reconheceu o regime militar tão rapidamente que até levantou no resto do mundo as suspeitasbonus rodadas gratisque estivesse diretamente envolvido, conta Kornbluh.
Tanto que, no golpe contra o chileno Salvador Allende,bonus rodadas gratis1973, a Casa Branca transmitiu seu apoio ao general Pinochet, mas esperou um "intervalo decente" antesbonus rodadas gratismanifestar publicamente seu reconhecimento.
Para Carlos Fico, há elementos para crer que Jango tivesse ideia do comprometimento americano com os conspiradores. Anos depois, no exílio,o líder deposto disse que não reagiu para evitar uma "sangueira" certa.
"A gente não sabe o que poderia ter acontecido se Goulart tivesse reagido. Talvez tivesse conseguido dispersar as tropas golpistas", conjectura o historiador. "Mas certamente, quando soube do apoio norte-americano, ele teve um baque."