Ex-exilado na ditadura relembra isolamento e medoaposta esportiva consultar bilheteParis:aposta esportiva consultar bilhete
"A Violeta tinha ligações com a esquerda católica francesa. Sua casa era uma centralaposta esportiva consultar bilheteapoio. Ela também tinha contatos com advogados franceses e abrigava pessoas que não tinham contatos na França", conta Alencastro, que ia "tomar sopinhas" no apartamento da socióloga.
Violeta Arraes também estudou psicologia e ajudou, como psicoterapeuta, muitos brasileiros que haviam sido torturados, conta Alencastro. Ela também se tornou, posteriormente, uma referência para a divulgação das artes brasileiras na Europa.
Foi a partir desses encontros que surgiu a ideiaaposta esportiva consultar bilhetemontar a Frente Brasileiraaposta esportiva consultar bilheteInformações, formada por um grupoaposta esportiva consultar bilheteexilados unidos na missãoaposta esportiva consultar bilhetedenunciar ao mundo as torturas cometidas pela ditadura no Brasil.
Acompanhadaaposta esportiva consultar bilheteperto por Alencastro, a "Operação Pororoca", como também ficou conhecida a Frente, publicava boletins que eram enviados a personalidades e intelectuaisaposta esportiva consultar bilhetetodo o mundo.
"A agência dos Correios na praça da Bolsaaposta esportiva consultar bilheteValores era a únicaaposta esportiva consultar bilheteParis que tinha listas telefônicas do mundo inteiro. O pessoal copiava os endereçosaposta esportiva consultar bilhetepessoas com títulosaposta esportiva consultar bilhetedoutores e professoresaposta esportiva consultar bilhetevários países e também responsáveisaposta esportiva consultar bilheteorganizações internacionaisaposta esportiva consultar bilhetedireitos humanos", diz Alencastro.
Isolamento
Alencastro tinha contato regularmente com outros exilados, mas isso não impediu que sentisse um "grande isolamento" na França.
"Só fui saber que meu pai havia falecido um mês depois daaposta esportiva consultar bilhetemorte. Naquela época não era fácil fazer ligações internacionais e tínhamos pouquíssimas notícias do Brasil", relembra.
Ele costumava ir ao escritório da Varig, na avenida Montaigne, para ler os jornaisaposta esportiva consultar bilhete"quatro ou cinco dias atrás".
Os brasileiros preferiam não se encontrar muitoaposta esportiva consultar bilhetebares "para não chamar a atenção", diz Alencastro, mesmo que às vezes isso ocorresseaposta esportiva consultar bilhetealguns cafés da região do Quartier Latin.
Mesmo a milharesaposta esportiva consultar bilhetequilômetros do Brasil, era preciso continuar tomando precauções para escapar da ditadura militar. A partiraposta esportiva consultar bilhete1966, quando se exilou na França, adotou o pseudônimo "Júlia Juruna" para assinar artigos sobre política brasileira, publicados pelo jornal francês Le Monde Diplomatique.
"Nenhum homem negaaposta esportiva consultar bilheteidentidade masculina. Ninguém pensaria que Júlia Juruna poderia ser um homem", sorri Alencastro, que hoje leciona história e é diretor do Centroaposta esportiva consultar bilheteEstudos do Brasil e do Atlântico Sul na prestigiosa Universidade Sorbonne.
Em marçoaposta esportiva consultar bilhete1964, Alencastro integrava o diretório estudantil da Universidadeaposta esportiva consultar bilheteBrasília (UnB), uma das instituições acadêmicas mais visadas pelos militares.
Ele foi alvoaposta esportiva consultar bilheteinúmeros inquéritos militares, sendo intimado várias vezes a deporaposta esportiva consultar bilheteuma caserna do Batalhão da Guarda Presidencial (BGP). Nunca foi torturado, ao contrárioaposta esportiva consultar bilheteoutros membros do diretório estudantil da UnB que foram assassinados durante a ditadura.
Aconselhado por amigos a deixar o Brasil, Alencastro chegou à França aos 20 anos após conseguir uma bolsa do governo francês para estudar ciências políticasaposta esportiva consultar bilheteAix-en-Provence, no sul do país.
Ele foi acolhidoaposta esportiva consultar bilheteParis pelo também exilado Raul Ryff, secretárioaposta esportiva consultar bilheteimprensa do governoaposta esportiva consultar bilheteJoão Goulart. Após 1970, ele se instalou na capital francesa e passou a estudar na Universidadeaposta esportiva consultar bilheteNanterre, a mesma onde o também exilado Fernando Henrique Cardoso deu aulas.
Ele chegou a ficar um ano sem passaporte porque a embaixada brasileiraaposta esportiva consultar bilheteParis se recusava a renová-lo. "Não quis pedir asilo político porque se fosse negado teríamosaposta esportiva consultar bilhetedeixar a França", conta.
Depois, por pressão das autoridades francesas junto à embaixada brasileira, Alencastro conseguiu renovar o documento.
Polícia secreta
Segundo Alencastro, após a chegadaaposta esportiva consultar bilheteValéry Giscard d'Estaing à Presidência da França,aposta esportiva consultar bilhete1974, a situação ficou mais fácil para os exilados brasileiros no país. "Com a chegadaaposta esportiva consultar bilheteGiscard ao poder, a polícia ficou menosaposta esportiva consultar bilhetecima dos exiladosaposta esportiva consultar bilhetegeral. O Parlamento francês também tinha deputados que apoiavam os exilados chilenos e sul-americanos", afirma.
Antes, no entanto, a situação era pior. Durante o mandatoaposta esportiva consultar bilheteGeorges Pompidou, entre 1969 e 1974, o governo francês, a pedido dos militares brasileiros, havia proibido a entradaaposta esportiva consultar bilheteMiguel Arraes na França.
Em certa ocasião, o delegado Sérgio Fleury, que torturou opositores ao regime militar no Brasil, realizou uma visita a Paris. "A Violeta nem foi dormiraposta esportiva consultar bilhetecasa. Ficou com medo da presença do Fleury aqui", relembra Alencastro.
Também foi durante o governoaposta esportiva consultar bilhetePompidou que o general Paul Aussaresses, célebre torturador durante a guerra francesa na Argélia, nos anos 50 e 60, se tornou,aposta esportiva consultar bilhete1973, adido militar da França no Brasil, onde ensinou técnicasaposta esportiva consultar bilhetetortura contra os opositores ao regime.
Aussaresses, que dizia ser um "grande amigo" do ex-presidente João Batista Figueiredo (na época ministro-chefe da Casa Militar do Brasil), ensinou técnicasaposta esportiva consultar bilhetetortura no Centroaposta esportiva consultar bilheteInstruçãoaposta esportiva consultar bilheteGuerra na Selva,aposta esportiva consultar bilheteManaus, criadoaposta esportiva consultar bilhete1964.
Os brasileiros também se preocupavam, até o início dos anos 70, com a polícia secreta portuguesa infiltrada pelas ruasaposta esportiva consultar bilheteParis à buscaaposta esportiva consultar bilhetequem havia fugido do serviço militaraposta esportiva consultar bilhetePortugal, que estavaaposta esportiva consultar bilheteguerra contra suas colônias na África.
"Havia uma paranoia lusófona nessa épocaaposta esportiva consultar bilheteParis", diz o historiador.
Por isso, os brasileiros evitavam se reuniraposta esportiva consultar bilhetelugares públicos para que suas conversas não fossem entendidas pela polícia secreta portuguesa, afirma Alencastro.
Duas levas
Ele conta também que houve duas fases no exílio dos brasileiros na França. Quando ele chegou,aposta esportiva consultar bilhetemeados dos anos 60, havia um "circuito institucional"aposta esportiva consultar bilheteexilados mais velhos e ligados à política e aos meios acadêmicos, afirma.
Depois, com o início da luta armada no Brasil e o golpeaposta esportiva consultar bilheteEstado no Chile,aposta esportiva consultar bilhete1973, muitos jovens se exilaram na França.
Calcula-se que no início dos anos 70 havia 5 mil exilados brasileiros no país.
Nessa época, diz ele, começou a haver divergências políticas entre os exilados, já que os membros da luta armada estavam mais ligados à extrema esquerda.
Alencastro só voltou a morar no Brasil, por motivos pessoais,aposta esportiva consultar bilhete1986. Mas desde a Anistia,aposta esportiva consultar bilhete1979, já havia começado a viajar regularmente ao país.
"Voltei a morar no Brasilaposta esportiva consultar bilheteum momento muito interessante, principalmente no Congresso, com as discussões da assembleia nacional Constituinte, que criou a Constituiçãoaposta esportiva consultar bilhete1988", afirma.
Ele diz ter voltadoaposta esportiva consultar bilheteuma situação "privilegiada" porque foi trabalhar no Centro Brasileiroaposta esportiva consultar bilheteAnálise e Planejamento (Cebrap) ao ladoaposta esportiva consultar bilheteintelectuais como José Arthur Giannotti, Paul Singer e FHC.
Alencastro retornou à Françaaposta esportiva consultar bilhete1999 como professoraposta esportiva consultar bilheteHistória do Brasil na Sorbonne, onde é atualmente diretor do Centroaposta esportiva consultar bilheteEstudos do Brasil e do Atlântico Sul. Pretende se aposentaraposta esportiva consultar bilhetebreveaposta esportiva consultar bilhetequer voltar ao Brasil, onde dará aulas na Fundação Getúlio Vargas.