Referendo traz perspectiva realrodolfo odoni novibetescalada militar na Ucrânia:rodolfo odoni novibet

Manifestante carrega bandeira da Ucrânia e da Rússia | Crédito: AFP

Crédito, AFP

Legenda da foto, Crimeia vota neste domingo se quer ou não se tornar parte da Rússia
  • Author, Rafael Gomez*
  • Role, Da BBC Brasilrodolfo odoni novibetSão Paulo

rodolfo odoni novibet O resultado do referendo deste domingo na Crimeia não surpreendeu. Com a força da máquina russarodolfo odoni novibetpropaganda nos meiosrodolfo odoni novibetcomunicação locais e o apoio evidenterodolfo odoni novibetmuitos moradores da península a Moscou, o resultado, com maisrodolfo odoni novibet95% dos eleitores votando a favor da integração do território à Federação Russa apenas confirmou as expectativas.

A votação e seu resultado, porém, têm uma importância simbólica muito forte.

Este pode ser o momento que tornará finalmente visível, no horizonte, o que diplomatas sequer têm mencionado até agora: a possibilidaderodolfo odoni novibetuma escalada militar na Ucrânia envolvendo o Ocidente.

A cautela usada até então nas declarações diplomáticas pode estar ligada ao poderio militarrodolfo odoni novibetMoscou.

A Rússia é uma potência nuclear, com o maior território do mundo, vastos recursos humanos e minerais e um arsenal imenso.

O fracasso da via diplomáticarodolfo odoni novibetfrear o referendo ampliou a ênfase ocidental no caminho das sanções financeiras e comerciais para resolver o problema na Crimeia.

Mas sanções já fracassaram contra países com muito menos influência e força, econômica e política, que a Rússia.

Será que desta vez vão funcionar? E se funcionarem, quanto tempo vai demorar para convencerem Moscou a negociar? Até lá, será que a Rússia deixarárodolfo odoni novibetavançar comrodolfo odoni novibetestratégia na Ucrânia?

Os dias seguintes ao referendo deverão trazer indicaçõesrodolfo odoni novibetcomo os Estados Unidos e União Europeia poderão responder a questões como estas.

Se julgarem que as sanções podem não dar resultado e, eventualmente, permitir a Moscou mais tempo para implementar uma estratégia, restariam duas opções: ou se ressuscita o caminho diplomático ou as armas poderão vir a ser escolhidas para o duelo.

Diplomacia

O canto do cisne da diplomacia para resolver o dilema do referendo na Crimeia foi o longo e amigável encontro entre o secretáriorodolfo odoni novibetEstado americano, John Kerry, e seu colega russo, Sergei Lavrov, na sexta-feira.

O tom das declarações dos dois chanceleres após as seis horasrodolfo odoni novibetconversa deixava claro que, embora amigos cordiais, não havia muito o que pudessem fazer dadas as posições praticamente irreconciliáveis dos dois lados da mesa.

"O encontro com o secretário Kerry foi proveitoso, apesarrodolfo odoni novibetEUA e Rússia não terem a uma visão comum sobre a Ucrânia", resumiu Lavrov, ressaltando que a Rússia vai "respeitar a vontade do povo da Crimeia".

O Ocidente, defende que o referendo na Crimeia é ilegal, e a intervenção da Rússia violaria acordos internacionais, inclusive o Memorandorodolfo odoni novibetBudapeste, assinado pelos russosrodolfo odoni novibet1994, no qual prometem zelar pela integridade territorial da Ucrânia.

EUA e UE defendem a necessidaderodolfo odoni novibeta Rússia dialogar com o governo atual da Ucrânia, empossado com aprovação do parlamento ucraniano, e a retirada imediatarodolfo odoni novibetsuas tropas da Crimeia, além da adoçãorodolfo odoni novibetmedidas para diminuir a tensão na região.

"Se a Rússia fizer algo que aumente as tensões ou ameace o povo ucraniano, então obviamente isso vai requerer uma resposta ainda maior e terá custos", disse John Kerry.

Para a Rússia, o governorodolfo odoni novibetKiev não é legítimo, logo não pode ser o interlocutorrodolfo odoni novibetum diálogo.

O governo empossado inclui representantes que naturalmente ameaçam, comrodolfo odoni novibetplataforma nacionalista, os interesses russos no país.

Moscou insiste que houve um acordo político que estabelecia um governorodolfo odoni novibetunião na Ucrânia, mas que esse tratado foi jogado pela janela e que um governo sem representantes pró-Rússia foi empossado.

Nesse cenário, erarodolfo odoni novibetse esperar que a União Europeia, que viabilizou o acordorodolfo odoni novibet21rodolfo odoni novibetfevereiro, seria mais idicada para implementá-lo novamente.

Mas a desconfiançarodolfo odoni novibetpaíses da UErodolfo odoni novibetrelação a Moscou, principalmente daqueles que faziam parte da chamada Cortinarodolfo odoni novibetFerro, tornou tal tarefa impossível.

Com a postura adotada pelos EUA no início dos confrontos, os americanos acabaram por prejudicarrodolfo odoni novibetposição como um eventual mediador.

Desde o início do envolvimento russo na Crimeia, o presidente dos EUA, Barack Obama, disse que haveria "custos" para a Rússia se o país não mudasserodolfo odoni novibetpostura.

Quem poderia, então, assumir o papelrodolfo odoni novibetmediadorrodolfo odoni novibetuma renascida negociação diplomática pós-referendo?

Um possível candidato é a China, o único país a ter se abstido no Conselhorodolfo odoni novibetSegurança da ONU do sábado, durante a votaçãorodolfo odoni novibetuma resolução rejeitando o referendo.

Mas é difícil imaginar a China aprofundar o envolvimento na questão, com todo o seu retrospectorodolfo odoni novibetnão intervenção.

Na sexta-feira, o porta-voz do Ministério do Exterior chinês, Hun Lei, enfatizou a necessidaderodolfo odoni novibetdiálogo, mas não indicou que o país está disposto a ajudar diretamente a encontrar uma saída para a crise.

"Nós esperamos que desentendimentos sejam resolvidos por meiorodolfo odoni novibetdiálogo e consultas. Quando mais difícil é o problema, mas cuidadosa deve ser a reação", disse Hun.

O que deixa, novamente, a questão nas mãosrodolfo odoni novibetdiplomatas ocidentais. Kerry e Lavrov já indicaram que o diálogo continua, mas provavelmente só um encontro frente a frente entre o líder russo Vladimir Putin, Obama e os demais líderes do G7 poderia dar início a um caminhorodolfo odoni novibetsolução.

Enquanto isso, nesta segunda-feira, os chanceleres da União Europeia devem votar a adoção das primeiras sanções contra Moscou.

Confronto

Para complicar a equação, temos o elemento-surpresa: Kiev. Como as autoridades na capital ucraniana vão reagir imediatamente após o referendo?

Num ambienterodolfo odoni novibetgrande tensão, como o atual, qualquer faísca pode dar início a um grande incêndio.

Nos últimos dias, a imprensa mostrou fotosrodolfo odoni novibetvoluntários fazendo fila para o alistamentorodolfo odoni novibetKiev. O governo decidiu criar uma nova força policial, a Guarda Nacional, com 60 mil integrantes, claramente para combater o que vê como ameaça russa.

É plausível acreditar que, com a Crimeia anunciandorodolfo odoni novibetsaída do país, Kiev não fiquerodolfo odoni novibetbraços cruzados.

Dar o primeiro tiro pode ser uma manobra calculada: as autoridades podem acreditar que, dessa forma, o Ocidente terá que se mexer a apoiar militarmente, com rapidez, os ucranianos.

Por outro lado, isso pode ser exatamente o que Moscou está esperando - uma desculpa para uma intervenção militar sem eufemismos, sob a alegaçãorodolfo odoni novibetque russos foram atacados, reforçando a percepçãorodolfo odoni novibetque o caos provocado por "fascistas" (como são descritos nacionalistas ucranianos pela mídia russa) tomou conta da Ucrânia.

É difícil dizer como um confronto militar se desenvolveria.

Provavelmente, através do apoio militar indiretorodolfo odoni novibetEUA e UE às forças armadas da Ucrânia.

No casorodolfo odoni novibetum conflito armado, há que se considerar a possibilidaderodolfo odoni novibetuma escalada para países vizinhos, com uma possível ondarodolfo odoni novibetrefugiados; uma eventual instabilidaderodolfo odoni novibetex-países soviéticos com significativas populações russas; e, é claro, o fantasma dos arsenais nucleares.

São todos temas preocupantes que evidenciam a escalarodolfo odoni novibetum problema que só poderá ser resolvido se houver gestos reaisrodolfo odoni novibetconfiança vindos dos dois lados.

Em cercarodolfo odoni novibet40 anosrodolfo odoni novibetGuerra Fria, tais gestos foram raros.

*Rafael Gomez é mestrerodolfo odoni novibetEstudos da Rússia e da Europa Oriental pela Universidaderodolfo odoni novibetBirmingham, Reino Unido.