Referendo traz perspectiva realaplicativo apostaescalada militar na Ucrânia:aplicativo aposta

Manifestante carrega bandeira da Ucrânia e da Rússia | Crédito: AFP

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Legenda da foto, Crimeia vota neste domingo se quer ou não se tornar parte da Rússia

A Rússia é uma potência nuclear, com o maior território do mundo, vastos recursos humanos e minerais e um arsenal imenso.

O fracasso da via diplomáticaaplicativo apostafrear o referendo ampliou a ênfase ocidental no caminho das sanções financeiras e comerciais para resolver o problema na Crimeia.

Mas sanções já fracassaram contra países com muito menos influência e força, econômica e política, que a Rússia.

Será que desta vez vão funcionar? E se funcionarem, quanto tempo vai demorar para convencerem Moscou a negociar? Até lá, será que a Rússia deixaráaplicativo apostaavançar comaplicativo apostaestratégia na Ucrânia?

Os dias seguintes ao referendo deverão trazer indicaçõesaplicativo apostacomo os Estados Unidos e União Europeia poderão responder a questões como estas.

Se julgarem que as sanções podem não dar resultado e, eventualmente, permitir a Moscou mais tempo para implementar uma estratégia, restariam duas opções: ou se ressuscita o caminho diplomático ou as armas poderão vir a ser escolhidas para o duelo.

Diplomacia

O canto do cisne da diplomacia para resolver o dilema do referendo na Crimeia foi o longo e amigável encontro entre o secretárioaplicativo apostaEstado americano, John Kerry, e seu colega russo, Sergei Lavrov, na sexta-feira.

O tom das declarações dos dois chanceleres após as seis horasaplicativo apostaconversa deixava claro que, embora amigos cordiais, não havia muito o que pudessem fazer dadas as posições praticamente irreconciliáveis dos dois lados da mesa.

"O encontro com o secretário Kerry foi proveitoso, apesaraplicativo apostaEUA e Rússia não terem a uma visão comum sobre a Ucrânia", resumiu Lavrov, ressaltando que a Rússia vai "respeitar a vontade do povo da Crimeia".

O Ocidente, defende que o referendo na Crimeia é ilegal, e a intervenção da Rússia violaria acordos internacionais, inclusive o Memorandoaplicativo apostaBudapeste, assinado pelos russosaplicativo aposta1994, no qual prometem zelar pela integridade territorial da Ucrânia.

EUA e UE defendem a necessidadeaplicativo apostaa Rússia dialogar com o governo atual da Ucrânia, empossado com aprovação do parlamento ucraniano, e a retirada imediataaplicativo apostasuas tropas da Crimeia, além da adoçãoaplicativo apostamedidas para diminuir a tensão na região.

"Se a Rússia fizer algo que aumente as tensões ou ameace o povo ucraniano, então obviamente isso vai requerer uma resposta ainda maior e terá custos", disse John Kerry.

Para a Rússia, o governoaplicativo apostaKiev não é legítimo, logo não pode ser o interlocutoraplicativo apostaum diálogo.

O governo empossado inclui representantes que naturalmente ameaçam, comaplicativo apostaplataforma nacionalista, os interesses russos no país.

Moscou insiste que houve um acordo político que estabelecia um governoaplicativo apostaunião na Ucrânia, mas que esse tratado foi jogado pela janela e que um governo sem representantes pró-Rússia foi empossado.

Nesse cenário, eraaplicativo apostase esperar que a União Europeia, que viabilizou o acordoaplicativo aposta21aplicativo apostafevereiro, seria mais idicada para implementá-lo novamente.

Mas a desconfiançaaplicativo apostapaíses da UEaplicativo apostarelação a Moscou, principalmente daqueles que faziam parte da chamada Cortinaaplicativo apostaFerro, tornou tal tarefa impossível.

Com a postura adotada pelos EUA no início dos confrontos, os americanos acabaram por prejudicaraplicativo apostaposição como um eventual mediador.

Desde o início do envolvimento russo na Crimeia, o presidente dos EUA, Barack Obama, disse que haveria "custos" para a Rússia se o país não mudasseaplicativo apostapostura.

Quem poderia, então, assumir o papelaplicativo apostamediadoraplicativo apostauma renascida negociação diplomática pós-referendo?

Um possível candidato é a China, o único país a ter se abstido no Conselhoaplicativo apostaSegurança da ONU do sábado, durante a votaçãoaplicativo apostauma resolução rejeitando o referendo.

Mas é difícil imaginar a China aprofundar o envolvimento na questão, com todo o seu retrospectoaplicativo apostanão intervenção.

Na sexta-feira, o porta-voz do Ministério do Exterior chinês, Hun Lei, enfatizou a necessidadeaplicativo apostadiálogo, mas não indicou que o país está disposto a ajudar diretamente a encontrar uma saída para a crise.

"Nós esperamos que desentendimentos sejam resolvidos por meioaplicativo apostadiálogo e consultas. Quando mais difícil é o problema, mas cuidadosa deve ser a reação", disse Hun.

O que deixa, novamente, a questão nas mãosaplicativo apostadiplomatas ocidentais. Kerry e Lavrov já indicaram que o diálogo continua, mas provavelmente só um encontro frente a frente entre o líder russo Vladimir Putin, Obama e os demais líderes do G7 poderia dar início a um caminhoaplicativo apostasolução.

Enquanto isso, nesta segunda-feira, os chanceleres da União Europeia devem votar a adoção das primeiras sanções contra Moscou.

Confronto

Para complicar a equação, temos o elemento-surpresa: Kiev. Como as autoridades na capital ucraniana vão reagir imediatamente após o referendo?

Num ambienteaplicativo apostagrande tensão, como o atual, qualquer faísca pode dar início a um grande incêndio.

Nos últimos dias, a imprensa mostrou fotosaplicativo apostavoluntários fazendo fila para o alistamentoaplicativo apostaKiev. O governo decidiu criar uma nova força policial, a Guarda Nacional, com 60 mil integrantes, claramente para combater o que vê como ameaça russa.

É plausível acreditar que, com a Crimeia anunciandoaplicativo apostasaída do país, Kiev não fiqueaplicativo apostabraços cruzados.

Dar o primeiro tiro pode ser uma manobra calculada: as autoridades podem acreditar que, dessa forma, o Ocidente terá que se mexer a apoiar militarmente, com rapidez, os ucranianos.

Por outro lado, isso pode ser exatamente o que Moscou está esperando - uma desculpa para uma intervenção militar sem eufemismos, sob a alegaçãoaplicativo apostaque russos foram atacados, reforçando a percepçãoaplicativo apostaque o caos provocado por "fascistas" (como são descritos nacionalistas ucranianos pela mídia russa) tomou conta da Ucrânia.

É difícil dizer como um confronto militar se desenvolveria.

Provavelmente, através do apoio militar indiretoaplicativo apostaEUA e UE às forças armadas da Ucrânia.

No casoaplicativo apostaum conflito armado, há que se considerar a possibilidadeaplicativo apostauma escalada para países vizinhos, com uma possível ondaaplicativo apostarefugiados; uma eventual instabilidadeaplicativo apostaex-países soviéticos com significativas populações russas; e, é claro, o fantasma dos arsenais nucleares.

São todos temas preocupantes que evidenciam a escalaaplicativo apostaum problema que só poderá ser resolvido se houver gestos reaisaplicativo apostaconfiança vindos dos dois lados.

Em cercaaplicativo aposta40 anosaplicativo apostaGuerra Fria, tais gestos foram raros.

*Rafael Gomez é mestreaplicativo apostaEstudos da Rússia e da Europa Oriental pela Universidadeaplicativo apostaBirmingham, Reino Unido.