Justiceiros sinalizam alerta para sociedade carioca:giros grátis no cadastro

Foto: Yvonne Bezerragiros grátis no cadastroMello

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Educadora foi ameaçada após alertar autoridades sobre adolescente amarrado a poste

A polícia também registrou ataques recentes a gays no Aterro do Flamengo, mas não ficou claro se os responsáveis são os mesmos pelo ocorrido na semana passada.

Justiceiros

Angelo Castilho,giros grátis no cadastro29 anos, é o criador do grupo no Facebook Reage Flamengo: Queremos Nosso Bairrogiros grátis no cadastroVolta. Ele critica a faltagiros grátis no cadastropoliciamento no bairro, diz que os moradores estão "abandonados" diante dos assaltos frequentes, e argumenta que todos têm direitogiros grátis no cadastrolegítima defesa.

Na rede social, a página, que foi criada no início do mês e já conta com maisgiros grátis no cadastro200 integrantes, se define como um "grupo criado para debates sobre como combater a violência crescente no bairro. Se você já teve um pai ou irmão vitimado, não se sinta oprimido por marxistas babacas. Você aqui será bem-vindo e aqui todos nós vamos compreendergiros grátis no cadastrorevolta".

Em entrevista à BBC Brasil, Castillo diz apoiar o que foi feito com o adolescente no Flamengo, mas nega conhecer os responsáveis pelo ocorrido.

Ele se autodefine comogiros grátis no cadastrodireita e a favor da redução da maioridade penal, e acha que as pessoas deveriam ter mais facilidade para andar armadas. Quanto aos gays, se diz a favor dos homossexuais e das uniões civis entre pessoas do mesmo sexo, mas contrário ao kit gay (material que seria distribuídogiros grátis no cadastroescolas públicas para combater a homofobia mas foi vetado pelo governo federal).

Castilho conta que a maioria dos integrantes do grupo é do sexo masculino, tem entre 19 e 35 anos e pratica alguma arte marcial, como jiu-jitsu, muay thai ou luta livre. "Somos eu e mais umas 50 pessoas envolvidas nisso. Se esperar demais, acontece o que aconteceu. O bairro fica à deriva. A gente vê pessoas sendo espancadas, assaltadas. Se a população tiver oportunidade, tem que reagir", diz.

'Barbárie e inferno'

Para a antropóloga Alba Zaluar, da UERJ (Universidade do Estado do Riogiros grátis no cadastroJaneiro), o fenômeno dos justiceiros não é novo, pois já ocorreugiros grátis no cadastrodécadas passadas. Ela acredita que "vamos caminhar para a barbárie" caso não se efetive "uma relaçãogiros grátis no cadastrocooperação entre a sociedade e a polícia".

Já o professorgiros grátis no cadastroSociologia e Antropologia Michel Misse, da UFRJ (Universidade Federal do Riogiros grátis no cadastroJaneiro), alerta que a reação favorável a essas práticas na sociedade é muito preocupante. "É preciso compreender que a sobrevivência dessa ideiagiros grátis no cadastrojustiça como vingança, uma ideia pré-moderna, é absurda, e que não é uma saída aos problemas. Precisamos esclarecer a importância da lei, ou estamos fadados ao inferno", argumenta.

João Pedro Pádua, advogado criminalista e professorgiros grátis no cadastroProcesso Penal da UFF (Universidade Federal Fluminense), acredita que é justamente a descrença na lei que move a lógica do justiçamento no país.

Foto: Facebook

Crédito, Facebook

Legenda da foto, Grupo diz que moradores devem agirgiros grátis no cadastrolegítima defesa

"A lei é um instrumento que é mal visto como regulador social no Brasil. Para os amigos, tudo, para os inimigos, a lei. Por não confiar na lei, o policial mata porque crê que a Justiça será lenta e ineficiente. O jovem da Zona Sul se juntagiros grátis no cadastrobandos e faz justiça com as próprias mãos. E assim as milícias, os traficantes, é a mesma lógica", diz.

O criminologista argumenta que o Brasil tem um conjuntogiros grátis no cadastroindicadores altamente contraditórios entre si. "Continuamos prendendo sempre mais pessoas, temos uma alta taxagiros grátis no cadastroencarceramento. A polícia aqui mata mais do quegiros grátis no cadastroqualquer outro lugar do mundo, e o crime não está diminuindo. Agora temos cada vez mais justiçamentos e execuções, e ainda há crime. É nítido que precisamos buscar soluções para a segurança pública", diz.

Para Jaqueline Muniz, antropóloga e cientista política e membro do Fórum Brasileirogiros grátis no cadastroSegurança Pública, é crucial esclarecer que o justiçamento nada mais é do que uma "apropriação privatista dos mecanismosgiros grátis no cadastropoliciamento. Trata-segiros grátis no cadastroum policiamento ilegal e clandestino, idêntico às milícias e ao patrulhamento das favelas exercidos por narcotraficantes".

Ela argumenta que ao apoiar este tipogiros grátis no cadastroprática, a população deve mantergiros grátis no cadastromente que está entregando "um chequegiros grátis no cadastrobranco, uma procuração assinada" a esses grupos, e que o "defensorgiros grátis no cadastrohoje pode ser o tiranogiros grátis no cadastroamanhã".

"Quem apoia os justiceiros não se dá contagiros grátis no cadastroque pode ser o próximo alvo. Hoje são supostos bandidos, amanhã homossexuais, e depois? Ao entregar o uso da força a esses grupos, essa parcela da população não se dá contagiros grátis no cadastroque assina um chequegiros grátis no cadastrobranco, porque são eles que vão definir as regras, não você. Essa imprevisibilidadegiros grátis no cadastroregras produz o terror. É um movimento conhecido na História, e justamente por isso foram criadas a polícia e o Judiciário".

Segurança Pública

Em reação ao caso no Flamengo, a Secretariagiros grátis no cadastroSegurança Pública do Estado do Riogiros grátis no cadastroJaneiro (Seseg) disse que o secretário José Mariano Beltrame "repudia a existênciagiros grátis no cadastrogruposgiros grátis no cadastrojusticeiros e qualquer açãogiros grátis no cadastroviolência" e que a pasta "determinou que a Polícia Civil identifique, localize e prenda aqueles que, ao agir por conta própria, cometem crimes".

Quanto ao númerogiros grátis no cadastroassaltos no bairro, a 9ª Delegaciagiros grátis no cadastroPolícia (Catete), registrou um aumentogiros grátis no cadastro61% no númerogiros grátis no cadastroroubos a transeuntes entre janeiro e outubrogiros grátis no cadastro2013giros grátis no cadastrocomparação com o mesmo períodogiros grátis no cadastro2012. De acordo com os números do ISP (Institutogiros grátis no cadastroSegurança Pública), foram 496 casosgiros grátis no cadastro2012, contra 801giros grátis no cadastro2013.

A elevação é maior do que a acumuladagiros grátis no cadastrotoda a capital, que teve uma variaçãogiros grátis no cadastro10% no mesmo período -giros grátis no cadastro2012 (janeiro a outubro) foram 22.488 registros, contra 24.703giros grátis no cadastro2013.

A Seseg não negou os números, mas argumentou que no último trimestre do ano passado houve cem prisões por flagrantesgiros grátis no cadastroroubos e furtos, contra 66 no mesmo períodogiros grátis no cadastro2012, e que no final do ano as ocorrências diminuíram gradativamente.

O governo diz ainda que o policiamento foi reforçado no bairro e que o delegado Roberto Gomes (que assumiu nesta semana a 9ª DP, supervisiona as investigações para identificar todos os envolvidos no grupo que atacou o adolescente e que pretende autuá-los no crimegiros grátis no cadastroformaçãogiros grátis no cadastroquadrilha.