Dilma mostra indignação por mortebwin x real madridcinegrafista; sindicatos cobram segurança:bwin x real madrid

Santiago foi atingido por um rojão enquanto cobria protestos no Rio
Legenda da foto, Santiago foi atingido por um rojão enquanto cobria protestos no Rio
  • Author, Jefferson Puff
  • Role, Da BBC Brasil, Riobwin x real madridJaneiro

bwin x real madrid A morte cerebral do repórter cinematográfico Santiago Ilídio Andrade,bwin x real madrid49 anos, da TV Bandeirantes, atingido por um rojão durante uma manifestação no centro do Riobwin x real madridJaneiro, despertou indignação e levou sindicatos e entidadesbwin x real madridclasse a aumentar a pressão por mais segurança no trabalho dos jornalistas no país.

Pelo Twitter, a presidente Dilma Rousseff afirmou que o episódio "revolta e entristece".

"Não é admissível que os protestos democráticos sejam desvirtuados por quem não tem respeito por vidas humanas", declarou. "A liberdadebwin x real madridmanifestação é um princípio fundamental da democracia e jamais pode ser usada para matar, ferir, agredir e ameaçar vidas humanas, nem depredar patrimônio público ou privado. Determinei à PF que apoie, no que for necessário, as investigações para a aplicação da punição cabível."

Um levantamento da Abraji (Associação Brasileirabwin x real madridJornalismo Investigativo) mostra que entre junho do ano passado e o iníciobwin x real madridfevereiro 118 profissionaisbwin x real madridimprensa foram vítimasbwin x real madridagressão e violações durante a coberturabwin x real madridmanifestações.

Do total, 75 foram casosbwin x real madridviolência intencional, sendo 60 cometidos pela polícia e 15 por manifestantes. Entre os mais emblemáticos estão os casos da repórter da Folhabwin x real madridS. Paulo Giuliana Vallone, atingida no olho por uma balabwin x real madridborracha disparada por um PM, e do repórter fotográfico Sérgio Andrade da Silva, que ficou cegobwin x real madridum olho pelo mesmo motivo.

No mesmo diabwin x real madridque Santiagobwin x real madridAndrade foi atingido, um repórter do UOL e outro do jornal O Globo foram agredidos pela Polícia Militar com golpesbwin x real madridcassetete.

O Brasil também está no topo dos países do continente mais perigosos para a profissão. De acordo com a Sociedade Interamericanabwin x real madridImprensa, nos últimos 25 anos morreram 445 jornalistas na América Latina, sendo 129 na Colômbia, 116 no México e 47 no Brasil,bwin x real madridterceiro lugar.

Para o órgão, a situação é "alarmante".

Em Brasília, a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) e a Abert (Associação Brasileirabwin x real madridEmissorasbwin x real madridRádio e Televisão) circularam uma carta com exigências - entre elas uma reunião com o ministro da Justiça e a assinaturabwin x real madridum protocolo com as empresas, garantindo mais equipamentosbwin x real madridsegurança, treinamento e aprimorando o sistemabwin x real madriddecisões sobre coberturasbwin x real madridrisco.

Para o Sindicato dos Jornalistas do Riobwin x real madridJaneiro, é inaceitável que um cinegrafista estivesse trabalhandobwin x real madridum ambiente hostil "sem capacete, sem máscarabwin x real madridgás, sem colete à provabwin x real madridbalas, totalmente sozinho, sem nenhum sistemabwin x real madridapoio ou logística para a situaçãobwin x real madridque se encontrava".

A entidade tem reuniões marcadas com as empresasbwin x real madridcomunicação do Rio no fim desta semana.

Doze anos atrás, quando o jornalista da TV Globo Tim Lopes foi sequestrado, torturado e morto durante uma cobertura no Complexo do Alemão, sindicatos e patrões assinaram uma sériebwin x real madridacordos que garantiram a criaçãobwin x real madridnovos protocolos para atuaçãobwin x real madridfavelas. A maioria, no entanto, já foi abandonada para as comunidades pacificadas.

O presidente da Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Riobwin x real madridJaneiro (Arfoc-Rio), Alberto Guimarães Jacob, disse que as empresasbwin x real madridcomunicação vêm resistindo, ao longo dos anos, a investirbwin x real madridequipamentosbwin x real madridsegurança e que muitos trabalhambwin x real madridsituação precária.

Veja a repercussão do caso entre os entrevistados da BBC Brasil:

Celso Schröder, presidente da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas)

Recebemos a notícia com indignação e solidariedade com a família do companheiro morto. Mas também precisamos exigir do Estado brasileiro uma reação à esta situaçãobwin x real madridviolência. Neste casobwin x real madridsi, a punição exemplar do autor, do cúmplice ou cúmplices, ou dos seus autores intelectuais.

Além disso, os jornalistas brasileiros não têm segurança. Os números demonstram isso, já que há mortes todos os anos. Não há segurança por partebwin x real madridseus empregadores, por parte do Estado, que não tem políticas públicas, e nem por parte da sociedade, que muitas vezes se volta contra eles. É inadmissível que numa democracia se produzam núcleosbwin x real madridviolência contra a imprensa.

Capacetes e coletes ajudam, mas não resolvem o problema. Por isso propusemos a criação desse protocolo com novos compromissos firmados entre as empresas e os profissionais. Com mais equipamentos, treinamentos, e um ambientebwin x real madridtranquilidade para decidir sobre coberturasbwin x real madridrisco, fazendo avaliações antes e depois da saída do repórter para a pauta.

Alberto Guimarães Jacob, presidente da Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Riobwin x real madridJaneiro (Arfoc-Rio)

Desde a morte do Tim Lopes,bwin x real madrid2002, reivindicamos uma sériebwin x real madridmudanças junto às empresas para proteger os jornalistas. Quem faz matériabwin x real madridcomunidade, com tiroteio, riscos, precisabwin x real madridcoletes apropriados, capacetes, treinamento para lidar com esse tipobwin x real madridsituação, não sóbwin x real madridcomo se portar, mas do impacto emocional.

Chegou a haver um períodobwin x real madridcursos um tempo, mas foram descontinuados, e muitos não estavam adaptados para a realidade local. Todos os anosbwin x real madridnossas reuniões eles resistembwin x real madriddar os equipamentosbwin x real madridsegurança.

Em 2011, outro cinegrafista da Band, Gelson Domingos da Silva, morreu durante o trabalho. O colete que ele estava usando não protegia contra tirosbwin x real madridfuzil, e ele foi atingido durante um tiroteio. Isso mostra que estamos corretosbwin x real madridexigir equipamentos adequados - não pode ser qualquer colete, qualquer capacete.

Outra coisa é que não se pode ir sozinho a uma manifestação. O Santiago jamais poderia estar sozinho.

Não é território fácil. De um lado estão os black blocs e do outro, a polícia. E ninguém quer que você mostre os excessos. Ficamos no meio do fogo cruzado, mas é obrigação do Estado garantir que nenhum jornalista sofra agressão por parte da polícia. O Estado tem que ter como política quebwin x real madridpolícia jamais agrida profissionais da imprensa.

Ricardo Pedreira, diretor-executivo da Associação Nacional dos Jornais (ANJ)

A ANJ lamenta profundamente a morte do cinegrafista e se solidariza combwin x real madridfamília e seus colegasbwin x real madridtrabalho. O mais preocupante disso tudo é que é resultadobwin x real madriduma escaladabwin x real madridviolência nessas manifestações,bwin x real madridmuitos casos por parte da Polícia Militar, e por vezes dos manifestantes, mas é um ato criminoso que vem se repetindo, um desrespeito à cidadania e aos direitos humanos.

Esperamos agora que as autoridades, alémbwin x real madridapurarem o crime, busquem formabwin x real madridque essas manifestações, que são absolutamente legítimas e democráticas, ocorram sem abusos.

Eu acho que as empresas têm se preocupado cada vez mais com isso e têm buscado formasbwin x real madridproteger seus profissionais. Mas parece claro que há espaço para avançar e me parece que elas estão indo atrás disso.

Há que se buscar padrões, protocolosbwin x real madridsegurança para aumentar a proteção dos profissionaisbwin x real madridimprensa, mas reforço que as autoridades devam buscar formasbwin x real madridgarantir a segurança dos jornalistas que estão ali documentando o que está acontecendo.

Claudio Paolillo, presidente da Comissãobwin x real madridLiberdadebwin x real madridImprensa e Informação da Sociedade Interamericanabwin x real madridImprensa (SIP)

Tanto os manifestantes quanto os agentesbwin x real madridsegurança do governo estão colocando cada vez maisbwin x real madridrisco o trabalho dos jornalistas no Brasil. As condições estão piorandobwin x real madridforma alarmante, na visão da SIP, e o fatobwin x real madrido país ser o terceiro (do continente) com maior númerobwin x real madridmortesbwin x real madridjornalistas é bastante preocupante.

Embora no casobwin x real madridAndrade as responsabilidades ainda não estejam claras, o fatobwin x real madrido Brasil ter se convertidobwin x real madridum dos países mais perigosos para o exercício da profissão se deve a diferentes responsáveis.

Estamos com esperançabwin x real madridque o gesto da presidente Dilma Rousseff,bwin x real madridque a PF vai ajuda no inquérito, se traduzabwin x real madriduma verdadeira investigação.

E lembramos que a mortebwin x real madridum jornalista é a mortebwin x real madriduma possibilidadebwin x real madridhistórias que esta pessoa poderia contar, e que não havendo punição, o que se segue é a autocensura. Além disso,bwin x real madridvista das estatísticas e do contexto atual da região, me parece muito necessário que as empresasbwin x real madridcomunicação brasileiras tomem muito mais precauções do que tomam hojebwin x real madriddia.

Guilherme Alpendre, diretor-executivo da Abraji (Associação Brasileirabwin x real madridJornalismo Investigativo)

Por mais que o jornalista tenha feito,bwin x real madridacordo com a informação que me foi passada, um treinamentobwin x real madridsegurança no ano passado, é claro que este tipobwin x real madridsituação,bwin x real madridmanifestações, é altamente imprevisível - sobretudo um rojão que explode do lado dabwin x real madridcabeça.

Recebemos a notícia com muito pesar, e acrescentou à nossa percepçãobwin x real madridque estamos vendo no Brasil uma sériebwin x real madridataques diretos contra jornalistas. Precisamos alterar protocolos, normas, tornar padrão essa preocupação com segurança. A empresa não pode deixar o profissional ir para a rua sem capacete, sem equipamentos, sem colegas.

E a sociedade precisa compreender que um ataque a um jornalista é uma violação ao direitobwin x real madridinformação, que fere a todos.

Paula Máiran, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Riobwin x real madridJaneiro

Essa morte poderia ter sido evitada, sem dúvida. A gente recebe com muito pesar essa notícia, e interpretamos como uma tragédia anunciada. Ela revela a conjuntura precária do trabalho dos jornalistas no Brasil e sobretudo no Riobwin x real madridJaneiro, ainda maisbwin x real madridsituaçõesbwin x real madridrisco.

Trata-sebwin x real madriduma condição inaceitávelbwin x real madridtrabalho para um repórter cinematográfico. Sem capacete, sem máscarabwin x real madridgás, sem colete, sem nenhum sistemabwin x real madridapoio oubwin x real madridlogística para a situaçãobwin x real madridque ele estava trabalhando.

Em novembro do ano passado fizemos um relatório com as agressões a jornalistas e nossa preocupação com segurança e apresentamos ao Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Estadual, Secretaria Estadualbwin x real madridSegurança Pública e às empresasbwin x real madridcomunicação, alémbwin x real madriddiversas entidadesbwin x real madriddireitos humanos.

Agora vamos iniciar as negociações, nos dias 12 e 14bwin x real madridfevereiro, por mais segurança e sobretudo pelo direito do jornalistabwin x real madridnegar uma cobertura que ele julga que colocabwin x real madridvidabwin x real madridrisco.

Pedro Dória, editor-executivo do jornal O Globo

Me parece uma discussão incrivelmente deslocada dizer que os jornalistas vão ter que usar coletes, máscarasbwin x real madridgás, e questionar as organizações jornalísticas pelos equipamentosbwin x real madridsegurança, quando o que aconteceu foi um assassinato. Alguém mascarado recebeu um foguetebwin x real madridoutro sujeito mascarado. Os dois estavam vestidos como black blocs. Não estou dizendo que eram, porque não sei disso.

Não se pode transformar a discussão dizendo que as empresas têm parte da responsabilidade.

No Globo, o repórter que se sente ameaçadobwin x real madridcoberturas específicas é tiradobwin x real madridcirculação. Se não quiser assinar um artigo, não assina. Nós tivemos repórteres e fotógrafos que apanharam da polícia, sim, e eu não estou tentando fazer pouco da agressão policial,bwin x real madridforma alguma.

Agora, quem toca um climabwin x real madridterror para os repórteres são os black blocs.

Eu acho que nada vai mudar no Globo, porque as coisas que nós vínhamos fazendo vão continuar - por exemplo, rodíziobwin x real madridrepórteres. Mas talvez busquemos, sim, capacetes mais fortes. Acho que no Riobwin x real madridJaneiro, quem ainda não tinha desse tipobwin x real madridcapacete vai comprar amanhã.

Sérgio Dávila, editor-executivo da Folhabwin x real madridS.Paulo

Vejo a notícia como uma tragédia da qual infelizmente nossa profissão não está livre.

Imagino que já seja ponto pacífico nas empresas jornalísticas terbwin x real madridprimeiro lugar a segurançabwin x real madridseus profissionais quandobwin x real madridcoberturasbwin x real madridrisco. Sim, espero que o triste eventobwin x real madridhoje sirva para que tais políticas sejam revistas e revisadas, quando e se for necessário.

Lembro que outros profissionais da imprensa foram atingidos antes do episódiobwin x real madridhoje, jábwin x real madridjunho do ano passado, por manifestantes e por soldados da Polícia Militar. Felizmente, nenhum deles teve o desfecho trágicobwin x real madridhoje. Mas desde então empresas como a Folha revisarambwin x real madridpolíticabwin x real madridsegurança e, quando foi o caso, a mudaram.