'Justiceiros online' afetam vidas e mudam comportamentos na China:pixbet one
Naquele dia, pela manhã, um motoristapixbet oneUrumqi (noroeste chinês) havia baixado o vidro do carro para cuspirpixbet oneum sem-teto idoso que estava deitado na calçada. Testemunhas gravaram os primeiros números da placa do carro e a informação foi rapidamente transmitida por uma estaçãopixbet onerádio local.
Milharespixbet oneinternautas se juntaram para procurar o responsável.
"Motorista com a placa A36D62, você envergonha a humanidade", escreveu um deles. "Por favor, compartilhem esta mensagem e vamos ver a cara feia que ele tem. Vamos acabar com ele. Morra! Que desgraça. Não sabemos nempixbet oneonde ele é. Saia forapixbet oneUrumqi!", dizia o internauta.
Horas mais tarde, a massa anônima chegou a Yin - cuja placa tinha alguns dígitospixbet onecomum - e o número do seu celular foi divulgado na internet.
Os justiceiros cibernéticos estavam errados, diz Yin. Ele diz que tentou se defender, explicar a quem estivesse disposto a ouvir que ele não tinha cuspidopixbet oneninguém.
Mas assim que ele terminavapixbet onefalar com uma pessoa, o telefone tocava novamente. Epixbet onenovo. Epixbet onenovo. Milharespixbet onevezes.
"Todos os meus dados pessoais foram publicados na rede. O número da minha identidade, meu nome, telefone, endereço, até o telefone da minha sogra foi divulgado", conta Yin. "Cheguei a receber ameaças, fui chantageado, disseram que iam queimar minha casa se eu não pagasse" (o equivalente a US$ 33 mil).
'Ilegal e imoral'
Yin foi alvopixbet oneum fenômeno cada vez mais comum na China: o assédio cibernéticopixbet oneescala gigantesca, que chega a envolver centenaspixbet onemilharespixbet oneinternautas anônimos que se agrupampixbet onegangues contra um indivíduo - por exemplo, um suspeitopixbet oneadultério ou alguém que teria abusadopixbet oneanimais.
Os primeiros casos desse tipo a chamar a atenção no país acontecerampixbet one2006, quando a internet se tornou a principal fontepixbet oneentretenimento para muitos chineses.
Houve o caso da enfermeira que participoupixbet oneum vídeo anônimo onde ela era vista esmagando a cabeçapixbet oneum gatinho com o salto do seu estileto. Ela foi identificada, suspensa do trabalho, alvopixbet oneameaçaspixbet onemorte e chegou a pensarpixbet onesuicídio, segundo a TV estatal chinesa.
Centenaspixbet onehistórias semelhantes se seguiram.
Há indícios, no entanto,pixbet oneque os altos escalões do governo chinês tenham começado a notar o problema. Liu Zhengrong, funcionário do Partido Comunista responsável por vigilância cibernética, declarou que esse tipopixbet oneassédio é "ilegal e imoral".
A advertênciapixbet oneLiu foi repetida pela mídia estatal - segundo advogados, um sinalpixbet oneque a atividade não será tolerada por tribunais do país. Há a expectativapixbet oneque legislação específica seja criada para tentar lidar com o problema.
Até o momento, no entanto, simplesmente qualquer pessoa pode acabar se vendo vítima dos "justiceiros cibernéticos". Inclusive as próprias autoridades.
O caso mais famosopixbet oneassédio contra um político foi a fotopixbet oneum homem flagrado com um sorriso nos lábios no local onde acabarapixbet oneacontecer um acidente fatal.
"Quem seria esse homem?", alguns se perguntaram.
Logo, os "justiceiros" descobriram que a pessoa na foto era Yang Dacai, o secretáriopixbet oneSaúde e Segurança da provínciapixbet oneShaanxi, centro da China.
Alguns também notaram quepixbet onecada fotografia oficial Yang usava um relógio diferente - relógiospixbet onemarcas caras, muito mais caras do que o salário oficialpixbet oneum funcionário na posição dele. Dias após seu rosto sorridente ter sido capturado naquela foto, Yang perdeu seu emprego.
Desde então, procurar relógios tornou-se um passatempo entre internautas chineses, e casos como opixbet oneYang foram denunciadospixbet onetodo o país. Algumas autoridades chamam a atenção do público quando marcaspixbet oneseus pulsos revelam que a pessoa tirou o relógio antespixbet oneposar para a foto.
Na Mira do Povo
Aindapixbet onepequena escala, os justiceiros cibernéticos estão obrigando membros do Partido Comunista a mudar seu comportamento, sugerem alguns.
Entre os defensores dessa teoria está Wu Zuolai, membro da Academia Chinesa das Artes,pixbet onePequim. Ele diz que ao usar a internet para policiar o partido, cidadãos podem treinar seus próprios governantes para que obedeçam à Constituição.
"Eles são criticados todos os dias e isso vai virar rotina", diz Wu. "No passado, os líderes se trancavampixbet oneZhongnanhai (a sede do governo chinês,pixbet onePequim), pensandopixbet oneformaspixbet onemanter a população dentropixbet onecaixas fechadas, sem falar nem se movimentarpixbet oneliberdade. Acredito que a era (do presidente Xi) Jinping vai ser mais aberta."
O tempo dirá se Wu tem ou não razão. Até porque, mesmo que leis sejam decretadas, a internet tem se mostrado um território difícilpixbet onecontrolar - até na China, onde censores com frequência apagam blogs e comentários tidos como "inaceitáveis" pelo governo.
E se a internet representa um desafio, Pequim ainda se verá às voltas com outro bicho indomável: o apetite do povo chinês por bisbilhotar - ou fiscalizar - a vida dos outros.