Mantega: Brasil está ‘preparado’ após mudança cambial na Argentina:
- Author, Rogerio Wasserman
- Role, Enviado especial da BBC Brasil a Davos
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta sexta-feiraDavos, na Suíça, que o Brasil "está muito bem preparado para volatilidades", ao ser questionado pela BBC Brasil se a crise cambial na Argentina preocupa o governo brasileiro.
A Argentina viumoeda perder mais11% do valor na quinta-feira, a maior desvalorização diária desde 2002,consequênciamais uma medidarestrição à saídadólares do país, com a limitação da comprasites estrangeirosno máximo US$ 50 ao ano. Desde o início do ano, o peso argentino já se desvalorizoumais20%.
Com isso, existe o temorum possível contágio da crise para o Brasil, além do efeitoprejudicar a competitividade internacional dos produtos brasileirosexportaçãorelação aos produtos argentinos, que ficam mais baratosdólar com a desvalorização do peso.
"O Brasil está muito bem preparado para essas volatilidades. Temos, por exemplo, muitas reservas, ao contráriooutros paises", disse Mantega, num intervalo do Fórum Econômico Mundial.
'Não sai dinheiro'
"Nós temos um mercado futuro que tem regulado o câmbio. Não sai dinheiro do país. Nós temos um fluxo muito bom para o país", afirmou. Segundo ele, o Brasil não tem problemasfluxocaixa, "tanto que nossas reservas estão mantidas no seu patamar".
Questionado sobre as políticas adotadas pelo governo argentino, Mantega afirmou que "cada país adotou suas políticas" e que, emavaliação, a volatilidade cambial nos mercados emergentesgeral é consequênciauma projeçãoum crescimento menor da China, o que afetaria os preços internacionais das commodities.
"Está ocorrendo uma certa volatilidade no mercadocâmbio,vários países emergentes, uns mais e outros menos. Isso é reflexo principalmente da expectativarelação à China", disse o ministro, quenenhum momento se referiu diretamente à Argentinasuas respostas.
"A expectativaum crescimento talvez um pouco menor na China, coisa que não acredito, mexe com os países produtorescommodities, dos quais a China é compradora", disse. "Cai o cobre, cai o minérioferro, e é isso que afeta o câmbio desses países", afirmou.