Um ano depois, Leicombate online jogocotas cria oportunidades mas não convence críticos:combate online jogo
Ele entrou na primeira turma da instituição desde que a presidente Dilma Rousseff sancionou, há um ano, a Lei das Cotas.
A lei estabelece uma reservacombate online jogo50% das vagascombate online jogotodas as universidades federais brasileiras para alunoscombate online jogoescolas públicas, famíliascombate online jogobaixa renda e ascendência negra ou indígena (o primeiro critério é obrigatório e os demais podem coincidir ou não).
A medida, acredita Antonio, ajudará muitos como ele a vencer o ciclo da pobreza.
"Quem nasceu no interior, principalmente no Norte e Nordeste, não tem perspectivacombate online jogofazer uma faculdade, e ter um emprego melhor", diz.
"Nessas cidadezinhas, as únicas alternativas são ir para o campo ou trabalhar na prefeitura. Antes não havia perspectivacombate online jogosair e estudar."
Ação afirmativa
Antonio se inscreveu para o benefício das cotas com base nos critérios racial (ele é mulato) e social. Ele conversou com a BBC Brasil logo antescombate online jogofazer uma prova, debruçado sobre um pesado livrocombate online jogomicroeconomia no pátio interno do Institutocombate online jogoEconomia da UFRJ, no campus da Praia Vermelha.
"Aqui estou, cursando o primeiro semestre, sofrendo a duras penas, tendo que estudar muito. Algumas matérias são bem difíceis, e eu não tive uma base muito boa", admite.
"Mas isso não é desculpa, porque com um esforço maior dá para compensar, e é isso que estou fazendo. Acabo tendo que estudar o dobro, pegar monitoria com os colegas, tudo para ter uma boa educação na universidade."
A chamada "ação afirmativa" começou a ser adotada por universidades no Brasil há dez anos, com o objetivocombate online jogoaumentar o acessocombate online jogojovenscombate online jogocamadas desprivilegiadas ao ensino superior – e, por conseguinte, a melhores empregos, buscando aumentar a mobilidade social.
Neste ano se completaram 125 anos desde a abolição da escravatura no Brasil, mas a desigualdade racial ainda é gritante quando se falacombate online jogorenda e oportunidades na educação.
Dados do IBGE mostram que a renda dos negros écombate online jogomédia pouco mais da metade que acombate online jogobrancos (no ano passado, nas seis principais regiões metropolitanas brasileiras, brancos ganhavamcombate online jogomédia R$ 2.237, enquanto negros ou pardos ganhavam R$ 1.255). A população branca temcombate online jogomédia dois anos a maiscombate online jogoensino que negros e pardos.
Impacto significativo
As primeiras instituições a estipularem reservascombate online jogovagas eram estaduais e ao longo da década diversas universidades foram adotando modelos diferentes. Os critérios para as cotas eram variados, podendo ser raciais, sociais ou uma combinaçãocombate online jogofatores.
Com a Lei das Cotas, a política passou a ser obrigatória nas 59 universidades federais do país, que têm até 2016 para alcançar a reservacombate online jogometade das vagas para estudantes cotistas.
O cientista político João Feres Júnior, do Institutocombate online jogoEstudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Riocombate online jogoJaneiro (Iesp/Uerj), diz que antes da nova lei 70% das universidades federais já adotavam algum tipocombate online jogoação afirmativa.
Mas desde a vigência da Lei das Cotas, o númerocombate online jogovagas para cotistas nas federais dobrou, passandocombate online jogo30 mil para 60 mil.
Ele faz a ressalvacombate online jogoque o universo totalcombate online jogovagas nas federais brasileiras também se expandiu, tendo passadocombate online jogo140 mil para 188 mil do ano passado para cá.
Ainda assim, o impacto é significativo – sobretudo para a parcelacombate online jogoestudantes negros, pardos ou indígenas, que mais cresceu proporcionalmente.
Feres diz que, antes da lei, muitas universidades adotavam apenas critérios sociais para a reservacombate online jogovagas, mas defende a incorporação do critério racial.
"Nem toda desigualdade pode ser combatida por programas que adotam apenas a classe social ou da renda como critério. É inegável que ainda há discriminação racial no Brasil. Se a ideia é incluir grupos que estavam excluídos do ensino superior, é apenas sensato incluir ambos os critérios."
Polêmica
Mas as cotas raciais ainda geram polêmica no país e têm muitos opositores na sociedade e na comunidade acadêmica.
Antonio Freitas, pró-reitor da Fundação Getúlio Vargas, considera a política das cotas "um passo para trás" para o país. Ele afirma que facilitar o acessocombate online jogodeterminados grupos às universidades nega o princípio do mérito e ameaça a excelência acadêmica.
"Isso é ruim para o futuro do Brasil, porque o objetivo das universidades é gerar pesquisacombate online jogoqualidade", diz. "Eventualmente, você pode não ter as pessoas mais bem-qualificadas na Engenharia, na Medicina, nas áreas mais desafiadoras que o Brasil precisa desenvolver", diz.
Freitas diz que o Brasil nunca teve políticas públicas baseadascombate online jogoraça e que isso pode gerar uma divisão na sociedade.
Ele diz que o país está tentando resolver um problema artificialmente. Em vezcombate online jogoinvestir na educação básica e dar a todos condiçõescombate online jogocompetircombate online jogoparcombate online jogoigualdade, está tentando "forçar alunos fracos a entrar nas universidades."
Alunos esforçados
Dez anos atrás, a Uerj foi pioneira na adoçãocombate online jogouma política ação afirmativa, com uma reservacombate online jogovagas para estudantes negros e pardos. O modelo foi ajustado com o tempo e hoje combina critérios raciais e sociais, e todos os beneficiados chegamcombate online jogoescolas públicas.
Com uma décadacombate online jogoexperiência, o reitor Ricardo Vieiralves considera o modelo um sucesso e diz que, hoje, a Uerj refletecombate online jogomaneira mais fiel a diversidade da população brasileira.
Ele afirma que os estudantes cotistas são os que menos abandonam o curso e se formam mais rapidamente.
"No início suas notas são mais baixas, mas eles se igualam aos outros até a segunda metade do curso ou mesmo superam os não-cotistas", diz.
"É uma oportunidade. E o que é mais impressionante é que eles a agarram como uma oportunidade ímpar na vida, e estudam como uns loucos."