O que falta para tornar o futebol brasileiro mais atraente para público e investidores:slot internet
Comparado à Alemanha, que ocupa o primeiro lugar (com médiaslot internet42.646 torcedores por jogo na Bundesliga), o "país do futebol" perdeslot internetgoleada, com médiaslot internetpúblicoslot internetapenas 12.983 por partida no Brasileirão.
O desempenho financeiro dos clubes brasileiros também é tímido, na comparação com os europeus. Um levantamento da consultoria Deloitte apontou, no início do ano, que o Corinthians é o primeiro time do país a aparecer na lista dos mais ricos do mundo (em 31º lugar) - atrásslot internetclubesslot internetmenor expressão na Europa, como o Sunderland, da Inglaterra.
Além disso, a perdaslot internetgrandes jogadores para o futebol pode até ter diminuído nos últimos anos, mas ainda provoca desfalques irreparáveis nos grandes clubes. Neymar, Paulinho e Bernard foram alguns dos que deixaram Santos, Corinthians e Atlético-MG, respectivamente, durante o Campeonato Brasileiro,slot internetbuscaslot internetmaior exposição no Velho Continente.
"Os campeonatos europeus estão muito acima, o Campeonato Inglês é o melhor do mundo, comparar com eles não dá, porque aí a gente fica ridículo", lamenta o presidente do Atlético Mineiro, Alexandre Kalil. "Podemos chegar lá só daqui a uns 20 anos."
Imagina na Copa
A proximidade da Copa do Mundoslot internet2014 e o crescimento da economia brasileira podem ser uma oportunidade para a reforma e modernizaçãoslot internetestádios e a busca por uma organização mais estável e eficiente para gerir os clubes.
Mas os números da atual temporada indicam que, apesarslot internetavanços, os dirigentes do país ainda têm muito a fazer para,slot internetfato, reconquistar a confiança dos torcedores. Os clubes reconhecem o desafio.
"A gestão dos clubes no Brasil é muito precária, está melhorando, mas eu diria que a gente passou da pedra lascada pra pedra polida, não chegamos nem na Idade do Ferro", afirma Luis Paulo Rosenberg, vice-presidente do Corinthians, à BBC Brasil.
slot internet Veja abaixo os principais pontos a serem enfrentados pelo país, na opinião dos especialistas ouvidos pela BBC:
Gestão
Qualquer transformação do futebol brasileiro depende fundamentalmente do que executivos do mundoslot internetnegócios chamamslot internet"choqueslot internetgestão". A administração dos clubes, dos campeonatos, das finanças, tudo isso é extremamente necessário para a evolução do esporte, que tem um potencial ainda não aproveitado no país.
"A gestão dos clubes no Brasil é muito precária, ela está melhorando, mas eu diria que a gente passou da Pedra Lascada para a Pedra Polida, não chegamos nem na Idade do Ferro", diz o vice-presidente corintiano Luis Paulo Rosenberg.
Os grandes clubes brasileiros só começaram a dedicar maiores esforços para gerir o negócio recentemente. Até o início da década, muitos deles estavam tomados por dívidas – alguns ainda estão – e entregues a dirigentes pouco interessadosslot internetmudanças.
O Corinthians, por exemplo, ficou 14 anos com o mesmo presidente, Alberto Dualib, que comandou o clubeslot internetalguns dos melhores e dos piores momentosslot internetsua história – como a conquistaslot internettrês Campeonatos Brasileiros,slot internetum lado, e o início da campanha que culminaria na queda para a Série Bslot internet2007, do outro.
O Palmeiras foi outro que passou 12 anos sob a polêmica gestãoslot internetMustafá Contursi – capazslot internetlevar o clube à conquistaslot internetuma Libertadores e, anos depois, permitir o rebaixamento do timeslot internet2002.
"Estamos avançando muito. Nem falo do Corinthians, mas olha o Palmeiras, a diretoria que tinha e a que tem, o Flamengo, o Botafogo", afirma Rosenberg.
Os clubes do Rio também sofreram com sérios problemas administrativos. Eduardo Bandeiraslot internetMello assumiu a presidência do Flamengo com uma dívidaslot internetR$ 750 milhões.
O Botafogo não consegue arcar com os salários dos jogadores, e o Vasco sofre com problemas semelhantes. Os fracassos administrativos impulsionam uma discussão: transformar os clubesslot internetempresas seria uma solução?
"A gestão tem que ser empresarial, mas não precisa ser uma empresa. E isso já começou a ser feito. Precisa ter menos política no dia a dia da gestão. O que o Flamengo está fazendo, Palmeiras e Corinthians fizeram lá trás", diz Erich Beting, especialistaslot internetmarketing esportivo.
Além da gestão dos clubes, a administração do próprio futebol brasileiro também passa por problemas. Ao contrárioslot internetpaíses europeus, o Brasil não tem uma ligaslot internetclubes responsável por organizar as competições.
"Isso [liga] é fundamental, porque aí quem cuidaslot internetnós somos nós. O calendário quem faz somos nós, nós é que decidimos", opina o presidente do Atlético Mineiro, Alexandre Kalil.
Já Luis Paulo Rosenberg, o vice-presidente do Corinthians, discorda. "O problema da liga é que o conflito entre grandes e pequenos seria muito complicado", afirma.
Ambos concordam, porém, que a gestão do futebol brasileiro precisa passar por mudanças. "Se tiver uma gestão modernizante na CBF, nem precisaslot internetliga. O campeonato é bom, mas o empacotamento ainda é muito ruim", conclui Rosenberg.
Calendário
Uma crítica que é praticamente unânime entre jogadores, técnicos e cartolas do futebol brasileiro é a que envolve o calendário da temporada. O modelo adotado no país cria uma maratonaslot internetjogos, que prejudica a recuperação dos atletas e obriga os times a privilegiarem competições, já que há um cruzamento entre elas ao longo do ano.
Além disso, o calendário brasileiro se choca com o europeu, o que impede que os times daqui realizem amistosos contra os clubesslot internetlá na pré-temporada.
A faltaslot internetsintonia também faz com que o Brasil veja seus principais jogadores deixando o país no meio da principal competição nacional por conta da janelaslot internettransferências europeia – como foram os casosslot internetNeymar, que trocou o Santos pelo Barcelona, e Paulinho, que deixou o Corinthians e foi para o Tottenham.
"É preciso que a CBF entenda a necessidade dos clubes e adote datas boas, compatíveis com o calendário europeu", opina o vice-presidente do Corinthians, Luis Paulo Rosenberg.
Para o jornalista especializadoslot internetmarketing esportivo Erich Beting, outro ponto que pode ser determinante para a baixa médiaslot internetpúblico nos estádios é o excessoslot internetjogos do calendário brasileiro.
"Aqui são muitos jogosslot internetum time só. O clube joga toda quarta e domingo, aí o torcedor escolheslot internetqual vai", afirma Beting. "Na Europa, são 40, 50 jogosslot internetum clube, aqui são 70, 80."
De fato, o calendário europeu ainda é mais enxuto do que o brasileiro. E, mesmo entre os cartolas, há aqueles que defendem como solução para o problema a simples redução dos estaduais – ou até mesmo o fim deste tiposlot internetcompetição.
"Aqui você disputa muita coisa. É Mineiro, Libertadores, Brasileiro, Copa do Brasil, Mundial. É muito desgaste. O Estadual tem que acabar, aí dá para se preparar melhor para a temporada", diz o presidente do Atlético Mineiro, Alexandre Kalil.
O clube sofreu com a maratonaslot internetjogos do calendário e fez a opção por poupar atletas para privilegiar a Libertadores – torneioslot internetque se sagrou campeãoslot internet2013.
Com o choque dos torneios, por diversas vezes o Atlético Mineiro entrouslot internetcampo só com reservas no Brasileiro e, por conta disso, atualmente está próximo da zonaslot internetrebaixamento da competição.
Modeloslot internetnegócio
Terra natalslot internetalguns dos maiores craquesslot internetfutebol do mundo, o Brasil tem uma tradição histórica no esporte, mas ainda encontra inúmeras dificuldades para administrar as finançasslot internetum negócio que poderia ser muito mais lucrativo.
"Chega uma hora que o torcedor se cansa da paixão não correspondida. O clube tem que fazer com que ele queira toda hora alimentar essa paixão, criando produtos, açõesslot internetmarketing, etc.", afirma Erich Beting, jornalista especializadoslot internetmarketing esportivo.
Os exemplos mais bem-sucedidosslot internetmarketing com o futebol ainda vêm da Europa. O Real Madrid, por exemplo, clube mais rico do mundo, faturou no ano passado um totalslot internet512, 6 milhõesslot interneteuros (maisslot internetR$ 1,5 bilhão), enquanto o Corinthians, time que mais arrecada no Brasil, atingiu apenas R$ 358,5 milhões.
O vice-presidente corintiano Luis Paulo Rosenberg afirma, no entanto, que a tendência é essa grande diferença diminuir ano a ano. Rosenberg comandou o marketing do clubeslot internet2007 a 2011, quando o clube obteve recordesslot internetfaturamento.
"Não há nada que impeça o Corinthiansslot internetser o Barcelona daqui a dez anos", aposta o dirigente, alegando que o aumento do público nos últimos anos, aliado à construção do novo estádio e a outras açõesslot internetmarketing, pode equiparar o faturamento do clube ao do gigante espanhol - quatro vezes maior do que o do alvinegro no ano passado.
Os clubes brasileiros realmente têm faturado mais a cada ano. A chave para esse saltoslot internetarrecadação na última década está justamenteslot internettirar melhor proveitoslot internetseus milhõesslot internettorcedores.
Se antes, os times nacionais só conseguiam dinheiro com a vendaslot internetjogadores, hoje eles conseguem até investirslot internetcontrataçõesslot internetpeso graças a estratégiasslot internetmarketing.
"Falam que a grande revolução do Corinthians foi contratar o Ronaldo. Eu discordo. Revolucionária foi a contratação do Pato. Foi a primeira vez que um clube brasileiro foi para o mercado europeu e contratou um jogador que poderia ir para qualquer time do mundo", diz Rosenberg.
Os clubes brasileiros, no entanto, ainda engatinham quando o assunto é marketing. Dono da segunda maior torcida do Brasil, com quase 30 milhõesslot internetfãs, o Corinthians faturou R$ 64,7 milhões com publicidade e patrocíniosslot internet2012, enquanto o Real Madrid somou R$ 577 milhões, e o Barcelona R$ 570 milhões.
Estádios
"Quando o estádio é um pneu deitado, como alguns são, acho que fica difícil o torcedor ir mesmo". Assim o vice-presidente do Corinthians, Luis Paulo Rosenberg, avalia um dos pontos cruciais para fazer, segundo ele, o futebol brasileiro evoluir: a qualidade dos estádios.
Gramado mal cuidado, banheiros sujos, ausênciaslot internetcadeiras nas arquibancadas e a faltaslot internetvisão do camposlot internetjogoslot internetdiversos estádios brasileiros são algumas das críticas que tornam a experiência do torcedor que vê uma partida ao vivo algo pouco prazeroso.
E isso se reflete nos números. A média do Brasileiro atualmente (12.983) é a 18ª entre os 20 maiores campeonatos nacionais do planeta. O Brasil tem só três clubes na lista dos 100 times que mais levam torcida ao estádio no mundo – Corinthians, São Paulo e Santa Cruz, todos figurando após a 90ª colocação.
As filas para comprar ingressos e também para entrar no estádio costumam ser reclamações constantes dos torcedores e têm se repetido até mesmo nas novas arenas construídas para a Copa do Mundo, como o Maracanã.
"Os estádios são novos, e os problemas são velhos. O ponto principal é saber como alterar o ambienteslot internetprol do negócio, com organização e respeito ao torcedor", afirma o consultorslot internetmarketing e gestão esportiva Amir Somoggi.
Uma das principais competiçõesslot internetfutebol do mundo, a Premier League, também passou por problemas semelhantes no passado. A decadência dos estádios e a presença dos hooligans afastaram muitos torcedores das arquibancadas na Inglaterra e, para combater isso, o país passou a investir na modernização das arenas e na segurança das torcidas, tentando chamar o públicoslot internetvolta.
"A evolução do futebol inglês foi fazer com que o estádio não fosse um lugar só para o fanático, mas sim uma reuniãoslot internettorcedoresslot internetgeral. Aqui no Brasil ainda é assim: só quem é tarado por futebol vai", diz Erich Beting.
A modernização dos estádios brasileiros acabou impulsionada pela Copa do Mundoslot internet2014. Até lá, o país terá pelo menos 12 arenas no chamado "padrão Fifa"slot internetqualidade. Isso, para alguns cartolas, significará também a mudança do perfil do público no futebol brasileiro.
"Agora que tem estádio decente, estão valorizando o ingresso. Quem vai ao estádio é classe média alta, na Europa é assim e aqui vai ser também. Quem tem dinheiro quer conforto, quer camarote. Não quer gangueslot internettorcida organizada, se tiver violência, ele prefere ir ao teatro", diz Alexandre Kalil, presidente do Atlético Mineiro.
Apesar dos preços médios elevados para o padrão brasileiro, não há evidência que os estádios europeus sejam frequentados apenas pela classe média alta, como afirma o presidente Kalil.
"Não tem que excluir as organizadas", discorda Rosenberg, que participa do processoslot internetconstrução da nova arena do Corinthians. "Eles são parte do espetáculo. E no meu estádio vai ter a geral atrás do gol, sem banco, do jeito que eles gostam, pra pular e gritar."
Transferências
Toda vez que surge uma nova promessa no futebol brasileiro, surgem com ela as especulações do mercado europeu. E aí é uma questãoslot internet(pouco) tempo para o craque dar adeus ao país e brilhar no Velho Continente.
O roteiro é tão comum que já virou regra. Todo garotoslot internet17 anos sonhaslot internetse destacar no profissional para um dia ir jogar na Europa. Foi assim com Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e, mais recentemente, com Neymar. E é provável que, se nada mudar, será do mesmo jeito com os novos talentos que estão para surgir.
É verdade que Neymar encantou o futebol brasileiro por mais tempo do que oslot internetcostume. A transferência do craque santista já começou a ser especuladaslot internet2010. O Santos segurou o jogador, até que a transferência se tornou praticamente inevitávelslot internet2013. Após jogar apenas uma partida pelo Brasileiro, acabou indo para o Barcelona.
"Há uma distância muito grande entre o futebol aqui e na Europa. Um craque como o Neymar olha os campeonatos europeus e olha o Campeonato Paulista,slot internetque campeonato ele vai querer jogar?", questiona o especialistaslot internetmarketing esportivo Erich Beting.
"É inconcebível não querer ir para lá", acrescenta. "Só quando diminuir essa diferença a gente vai conseguir reter esses jogadores."
A situação, porém, já foi pior para o futebol brasileiro, que hoje ao menos consegue exigir mais dinheiro pelos seus maiores talentos e até atrai alguns atletas renomados para o país, como foram os casosslot internetSeedorf, no Botafogo, Forlán, no Inter, e o próprio Ronaldinho Gaúcho, no Atlético Mineiro.
"Antes eles vinham e tiravam jogadorslot internetforma fácil. Agora nós estamos comprando jogador. Se meu time é mais rico, eu não vou vender meu jogador por qualquer preço", diz Alexandre Kalil, presidente do Atlético.
Mas o grande desafio para conseguir reter os talentos e atrair nomesslot internetponta está justamente na gestão dos clubes, na opinião do vice-presidente e ex-diretorslot internetde marketing do Corinthians, Luis Paulo Rosenberg.
"Quanto antes a gente se profissionalizar, mais competitivo a gente vai ficar no mercadoslot internetjogadores. Claro que eu prefiro ter o Neymar aqui, masslot internetcompensação eu gero uma riqueza que eu posso produzir muitos mais 'Neymares'. Estamos evoluindo e, quem sabeslot internetcinco anos, a gente estará equilibrado com a Europa?", avalia.