Leste do Congo vive diasbrs betbatalha e tensão:brs bet

Militares do Exército do Congo se reabastecembrs betmunição
Legenda da foto, Exército da RDC usa cidadebrs betGoma para se rearmar para batalha
  • Author, Luis Kawaguti
  • Role, Enviado especial da BBC Brasil a Goma (República Democrática do Congo)

brs bet A BBC Brasil acompanhou durante dez dias a rotina do general brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz, recentemente apontado pela ONU para liderar as forçasbrs betpaz na República Democrática do Congo.

Santos Cruz preparava suas tropas sob um novo mandato do Conselhobrs betSegurança, mais robusto, que pela primeira vez na história das missõesbrs betpaz dá aos capacetes azuis o poder para atacar os rebeldes com uma brigada militar fortalecida.

Mas,brs betmeio a esse processobrs betorganização, a guerra entre rebeldes e forças do governo recomeçou com força nos arredores da cidadebrs betGoma. Leia abaixo como isso alterou o cotidiano da cidade e a dinâmica das relações entre as forçasbrs betconflito.

Diasbrs betguerra

O som provocado pela explosão dos projéteisbrs betartilharia é seco, abafado pela terra após choque com o solo. Ele tem se repetido dezenas, centenasbrs betvezes nos arredoresbrs betGoma, Kivu Norte, no leste da República Democrática do Congo. Nesta área, o Exército do governo e rebeldes do grupo M23 se enfrentambrs betuma batalha campal que se intensifica e arrefece periodicamente desde o último dia 14.

O M23 é formado por ex-militares treinados que desertaram das Forças Armadas levando grande quantidadebrs betarmamento pesado. Eles fazem oposição ao governo e teriam recebido financiamentobrs betRuanda, segundo relatórios da ONU.

O histórico recentebrs betconflitos entre rebeldes e forças do Exército vinha sendo marcado pelas derrotas das tropas do governo. A principal delasbrs betnovembro do ano passado, quando seus soldados debandarambrs betGoma ao ver a aproximação dos rebeldes do M23 - que,brs betseguida, tomaram a cidade e só se retirariam após intensa negociação.

Mas, nos últimos 15 dias, as tropas da RDC penetraram as linhas rebeldes e as empurraram para longebrs betGoma.

A campanha foi violenta: só na primeira semana 274 mortos, com baixasbrs betambos os lados. A política parece ser abrs betnão fazer prisioneiros – apenas seis foram capturados pelas forças do governo (quatro morreram no hospital, segundo uma fonte da ONU).

<link type="page"><caption> Leia também: Escaladabrs betviolência cria dificuldade adicional a general brasileiro no Congo</caption><url href="http://www.bbc.co.ukhttp://vesser.net/noticias/2013/07/130715_congo_dificuldade_kw_cc.shtml" platform="highweb"/></link>

A cidadebrs betGoma está cercada por um cinturãobrs betproteção formado pelas tropasbrs betcapacetes azuis do general Carlos Alberto dos Santos Cruz. Nos primeiros dias da batalha, famílias inteiras chegarambrs betvilas próximas com seus pertencesbrs betbuscabrs betsegurança dentro da cidade.

Mas, tambémbrs betum movimento inverso, multidõesbrs betjovens extremamente excitados caminhavam por quase sete quilômetros do centro da cidadebrs betdireção à frentebrs betbatalha. Desejavam torcer pela vitóriabrs betseu Exército nacional.

A cada nova colina tomada pela infantaria na linhabrs betfrente, nas ruas da cidade os jovens se atiravam ao chãobrs betêxtase, aos gritosbrs betcelebração.

Pela estrada, picapes circulavambrs betalta velocidade transportando nas caçambas metralhadoras pesadas ou soldados armados com fuzis kalashnikov e lançadoresbrs betgranadas RPG-7. Eles iam e vinhambrs betGoma para substituir soldados da linhabrs betfrente e buscar mais munição.

Mas o entusiasmo da população arrefeceu após os choques iniciais e aparentemente se transformoubrs betrevolta. Centenasbrs betmanifestantes saíram às ruas para afirmar que o governobrs betJoseph Kabila não estaria lidando bem com o problema dos grupos armados. Como disse um especialistabrs betÁfrica, tentar prever o que acontecerábrs betGoma é quase impossível.

<link type="page"><caption> Leia também: General brasileiro tem estratégia para lidar com rebeldes no Congo</caption><url href="http://www.bbc.co.ukhttp://vesser.net/noticias/2013/07/130717_congo_general_rebeldes_lk_cc.shtml" platform="highweb"/></link>

No limite

Comboio da ONU passa por área rebelde (foto: BBC)
Legenda da foto, Tropas da ONU e rebeldes do M23 não se enfrentam enquanto há negociaçãobrs betpaz

A posição da ONU diante do conflito entre o M23 e o Exército congolês é não interferir – desde que populações civis ou capacetes azuis não sejam alvo dos rebeldes.

Essa posição é produtobrs betum cessar-fogo entre os capacetes azuis e o M23 – que vigora enquanto os rebeldes permanecem na rodadabrs betnegociaçõesbrs betpazbrs betKampala,brs betUganda.

Dois dias antes do início do da ondabrs betconfrontos entre rebeldes e as forçasbrs betsegurança do governo, era possível testemunhar esse frágil equilíbrio. Santos Cruz e seus oficiais voarambrs betum helicóptero Super Puma até uma basebrs betcapacetes azuis indianos na regiãobrs betRutshuro – 40 quilômetros ao nortebrs betGoma – para inspecionar suas instalações.

De lá, o general decidiu seguirbrs betum comboio por terra até Goma – cruzando o coração do território dominado pelo M23. "Quero um fuzil no meu carro", disse Santos Cruz calmamente aos assessores, mesmo após ser informado que seria escoltado por tropasbrs betinfantaria embarcadasbrs betcaminhonetes.

O comboio seguiu protegido ainda por diversos blindados. Do céu opaco, permanentemente enevoado pelas cinzas do vulcão Nyiragongo, dois helicópterosbrs betataque Mi-24 da ONU, armados com metralhadoras e foguetes, surgiram voando baixo ebrs betcírculosbrs betuma evidente demonstraçãobrs betforça. O general seguiabrs betseu carro à frente da coluna.

Próximo ao vilarejobrs betMutaho, já a poucos quilômetrosbrs betGoma, o comboiobrs betSantos Cruz cruzou com duas unidades do M23. Os rebeldes, à beira da estrada, seguravam seus fuzis apontados para baixo e observavam. Forneceram passagem, mas não recuarambrs betsuas posições.

A tensão perdurou até o comboio chegar ao postobrs betguardabrs betMuningi, a posição avançada da ONU nos limites da regiãobrs betGoma. Menosbrs betdois dias depois, a área toda estaria conflagrada pela batalha.

<link type="page"><caption> Leia também: Após passagem pelo Haiti, Congo impõe desafio a general brasileiro da ONU</caption><url href="http://www.bbc.co.ukhttp://vesser.net/noticias/2013/07/130712_congo_general_lk_lgb.shtml" platform="highweb"/></link>

O M23 combate o Exércitobrs betuma frente e aparenta manter a trégua com a ONU enquanto acontecem as negociaçõesbrs betKampala - que fazem partebrs betum esforço diplomático massivo do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, para levar a paz à região. Nem os rebeldes nem a ONU querem ser culpados por fechar a porta para uma eventual solução pacífica para o conflito.

Enquanto o tenso cessar-fogo permanece, os capacetes azuis devem adotar a estratégiabrs betreforçar suas posições e aumentar a pressão sobre os rebeldes - até que eles concordembrs betassinar um acordo político permanente ou se desmobilizem.

Mas isso não significa que o confronto entre a ONU e o M23 seja uma possibilidade remota. Se o M23 atacar umabrs betsuas posições, os capacetes azuis devem fazer uma demonstraçãobrs betforça. E eles estão amparados legalmente para fazer isso.

Segundo o novo mandato aprovado recentemente pelo Conselhobrs betSegurança, eles podem usar "todos os meios necessários" para atacar os rebeldes.

<link type="page"><caption> Leia também: ONU deve usar força letal contra rebeldes no Congo</caption><url href="http://www.bbc.co.ukhttp://vesser.net/noticias/2013/07/130712_onu_forca_letal_rebeldes_congo_lk_lgb.shtml" platform="highweb"/></link>