Haitianos adeptos do vodu buscam no candomblé alternativa a igrejas :copa do mundo fifa de 2026

Foto Joao Fellet/BBC Brasil
Legenda da foto, Haitianos (à esq.) acompanharam cerimôniacopa do mundo fifa de 2026candomblécopa do mundo fifa de 2026Porto Velho

Ao chegar ao terreiro antescopa do mundo fifa de 2026uma cerimônia numa noitecopa do mundo fifa de 2026sexta-feira, os haitianos receberam abraços do babalorixá Pai Silvano, o sacerdote da casa.

Por três horas, eles acompanharam os trabalhos sentados, enquanto iniciados dançavam numa roda ao centro, ao somcopa do mundo fifa de 2026tambores e cantoscopa do mundo fifa de 2026coro.

Naquele terreiro, pratica-se o candomblé ketu, linhagem predominante no Brasil. O culto foi trazido ao país por africanoscopa do mundo fifa de 2026etnia iorubá (também chamadacopa do mundo fifa de 2026nagô), oriundos da atual Nigéria e alguns países vizinhos.

Os haitianos se animavam quando as batidas aceleravam e não reagiam quando alguns sacerdotes passaram a incorporar orixás (divindades), alterando discretamente seus semblantes. O trio só estranhou a ausênciacopa do mundo fifa de 2026animais no terreiro naquela noite. "No vodu no Haiti, sempre matam cabras, galinhas e porcoscopa do mundo fifa de 2026homenagem às divindades", explicou Beaubrun.

Mesmo assim, ele disse ter gostado da experiência. "Vou falar com outros haitianos para que também venham. Porque sem vodu não existe vida para nós, o vodu é a nossa vida."

Candomblé jeje

Caso tivessem visitado um terreirocopa do mundo fifa de 2026candomblé jeje, os três provavelmente se identificariam ainda mais com as práticas.

Minoritária no candomblé praticado no Brasil, essa linhagem foi trazida ao país principalmente por africanos do antigo reinocopa do mundo fifa de 2026Daomé (hoje território do Benim), também na costa ocidental da África.

O humbono mejitó (sacerdote jeje) Pai Dansy,copa do mundo fifa de 2026Santo André (SP), diz que o candomblé jeje e o vodu haitiano são "praticamente o mesmo culto".

Segundo ele, as maiores diferenças entre eles são os nomes das divindades – que, no Haiti, se alteraram por influência da principal língua local, o creole.

No candomblé jeje, aliás, as divindades se chamam voduns, e não orixás.

Foto Joao Fellet/BBC Brasil
Legenda da foto, Visita foi organizada por estudantecopa do mundo fifa de 2026história da Universidade Federalcopa do mundo fifa de 2026Rondônia

Ele afirmou que, nos próximos meses, pretende visitar Porto Velho para procurar sacerdotes voduístas haitianos e convidá-los a uma grande cerimôniacopa do mundo fifa de 2026setembro no kwe (terreiro)copa do mundo fifa de 2026Santo André. "Eles vão se sentircopa do mundo fifa de 2026casa", diz.

Caso os laços entre haitianos e adeptoscopa do mundo fifa de 2026religiões afrobrasileiras se estreitem, o historiador da Universidade Federalcopa do mundo fifa de 2026Rondônia (Unir) Marco Teixeira diz que os terreiros podem recuperar um papel histórico.

O pesquisador diz que, durante a escravidão, as religiõescopa do mundo fifa de 2026matrizes africanas cumpriam o papel hoje exercido no Brasil pelas igrejas evangélicas. "Elas eram o único pontocopa do mundo fifa de 2026referência positivo que essa população recebia ao desembarcar no Brasil. O terreiro oferecia lar, família, cuidado, tratamento e referência ao escravo."

Para ele, porém, os terreiros não têm desempenhado essa funçãocopa do mundo fifa de 2026relação aos haitianos.

No que dependercopa do mundo fifa de 2026Pai Silvano, o cenário vai mudar. "Podemos fazer um intercâmbio com eles. É um orgulho para nós que eles interajam com a gente no terreiro, trazendocopa do mundo fifa de 2026experiência, seus conhecimentos e passando alguma coisa para nós", afirma.

"A porta está aberta para todos."