Diário da Série D: liminares, improvisos e aplausos:b1 bet penalty
Mas, assim como todos os torneios oficiaisb1 bet penaltyfutebol no país, a Série D inicia nesta semana uma pausa até o final da Copa das Confederações, que terminab1 bet penalty30b1 bet penaltyjunho.
A previsão éb1 bet penaltyque os relatosb1 bet penaltyGallas sejam retomadob1 bet penaltyagosto.
Abaixo está a última entrada dessa primeira fase do diário:
Confusão, liminares e aplausos inusitados - 10/06
Era para ser uma tarde tranquilab1 bet penaltysábadob1 bet penaltyParagominas, com o timeb1 bet penaltyfutebol local finalmente fazendob1 bet penaltyestreia na Série D dianteb1 bet penaltysua torcida. Mas nem sempre as tardes são tranquilas na quarta divisão.
Três horas antes do jogo contra o Genus – terceiro colocado no campeonatob1 bet penaltyRondônia – as rádios locais começaram a noticiar o cancelamento do jogo. Um torcedor do Remo, timeb1 bet penaltyBelém que não disputa o torneio, havia conseguido uma liminar na Justiça comum impedindo a realização da partida.
O time da capital paraense já tinha tentado ficar com a vaga do Paragominas na Série Db1 bet penaltyuma ação na Justiça desportiva na semana anterior, mas fracassara. Agora, um torcedor do clube alegou que o Genus se inscreveu no campeonato depois do prazo correto. A equipe só conseguiu entrar na competição na terça-feira, depois da desistência do campeão e do vice-campeãob1 bet penaltyRondônia.
O que inicialmente parecia apenas boato foi confirmado ao longo da tarde, causando confusões e quase alguns incidentes mais graves. A autoridade da CBF presente no jogo e os dirigentes do clube disseram não ter recebido nenhuma notificação da Justiça, mas a Polícia Militar afirmou ter ordens do comando geral, localizadob1 bet penaltyBelém, para não atuar na segurança do jogo, devido à liminar do torcedor.
Uma hora e meia antes do jogo, os portões foram abertos e uma parte do público começou a entrar. Logob1 bet penaltyseguida, a polícia ordenou o fechamento dos portões e proibiu a vendab1 bet penaltybilhetes, alegando que, como não faria a segurança do evento, não poderia permitir que ele acontecesse sem supervisão.
Isso deixou os torcedores furiosos – os que já estavam do ladob1 bet penaltydentro do estádio e os que já estavam fora. Por alguns instantes, a confusão parecia estar pertob1 bet penaltyalgo mais sério.
Enquanto isso, os diretores do Paragominas, do Genus e da Federação costuravam um acordob1 bet penaltyúltima hora com bombeiros e polícia civil para garantir a segurança do evento sem a polícia militar. A poucos minutos do apito inicial, todas as partes concordaram, e os portões reabriram.
Durante aquelas três horas, muitos torcedores ficaram sem saber se valia a pena gastar R$ 20b1 bet penaltyum evento cuja realização sequer estava confirmada.
"Isso é Série D", gritavam diversos torcedores, enquanto tomavam seus lugares nas arquibancadas. Muitos não haviam nem sentado ainda quando às 19h45 (15 minutosb1 bet penaltyatraso), a bola rolou.
A partida acabou vencida pelo Paragominas FC por 4 a 1. No final do jogo, uma cena inusitada: torcedores do Paragominas aplaudindo e cantando o nome do Genus, time que acabarab1 bet penaltyser goleado.
Buscando a autoestima - 07/06
Em Paragominas, futebol é muito mais do que apenas um esporte. É uma formab1 bet penaltyrecuperação da autoestima da cidade.
O município já esteve na lista negra dos maiores desmatadores do país. Por décadas, a cidade foi rica, mas pagou um preço caro. Cada árvore derrubada na floresta amazônica aumentava muito a riqueza local, mas diminuía a reputação do município perante o resto do país.
No final da década passada, veio o golpe. A Operação Arcob1 bet penaltyFogo, da Polícia Federal, fechou madeireiras e coibiu a atividade que alavancara a economia local. Os moradoresb1 bet penaltyParagominas contam que até os empregados com menor nívelb1 bet penaltyinstrução da cadeia da madeira conseguiam saláriosb1 bet penaltyaté R$ 1,5 mil no auge da atividade extrativista.
Com a chegada da Arcob1 bet penaltyFogo, Paragominas passou por uma grave crise, inclusive com uma revolta que provocou o incêndiob1 bet penaltyum posto do Ibama na cidade. Há alguns anos, as autoridades locais resolveram fazer uma "revolução verde" na cidade – um pacto entre todos os grandes empresários para acabar com todas as atividades que afetam a floresta amazônica.
Em parte, a revolução deu certo e foi notícia no Brasil e no resto do mundo. Das 380 madeireiras que a cidade tinha, só sobraram dez – todas agora operando dentro do sistemab1 bet penaltyselo verde, com certificação ambiental e uso sustentável da floresta.
Mas a mudançab1 bet penaltyvocação da cidade deixou chagas. Paragominas nunca voltou a ter o nível econômicob1 bet penaltyantigamente. Muitos dos antigos trabalhadores abandonaram a cidadeb1 bet penaltybuscab1 bet penaltylugares onde as madeireiras ainda agem sem controles. Os que ficaram reclamam do desemprego. A cidade deixou o passado para trás, mas ainda busca o seu futuro.
Nesse contexto, o clubeb1 bet penaltyfutebol alavancou a autoestima da cidade. Por anos, muitos vinham para Paragominas apenas com a ambiçãob1 bet penaltyganhar dinheiro, e a cidade era considerada tediosa e sem identidade. O clube mudou a rotina local. Hoje muitos são orgulhosos do time e do município, que atravessa uma revolução "esportiva" com a chegada do clube, enquanto se reinventa economicamente.
O perfil do torcedor do clube mais comum é: pessoas que nunca se interessaram muito por futebol antes – seja por faltab1 bet penaltytempo oub1 bet penaltygosto – e que tinham alguma simpatia por times da capital (Remo e Paysandu), ou pelo Flamengo.
Hoje são fanáticos pelo "Jacaré do Norte" (como é conhecido o time) e sequer lembram da épocab1 bet penaltyque torciam para outros clubes.
O sentimentob1 bet penaltyorgulho também cresceu nos quase dois anosb1 bet penaltyque o clube está operando.
"Antes Paragominas sempre aparecia no noticiáriob1 bet penaltyreportagens relativas à madeira, desmatamento. Hoje somos conhecidos pelo nosso futebol, pelas vitórias e pelos jogos na Série D", diz Paulo Cesar Lopes, que trabalhou por 16 anos com madeireiras e hoje tem uma empresab1 bet penaltyaluguelb1 bet penaltymesas e cadeiras para eventos.
Realidadeb1 bet penalty4ª divisão, cobrançab1 bet penalty1ª - 06/06
O público do Paragominas FC nos treinos é superior ao que comparece a muitos jogos da Série D. O último treino do clube antes do jogob1 bet penaltyestreia deve ter superado o númerob1 bet penaltypagantes que assistiram à equipe na partidab1 bet penaltyestreia, que foi realizada forab1 bet penaltycasa,b1 bet penaltyRio Branco, no Acre.
O clima no estádio Arena Verde é quaseb1 bet penaltyhappy hour. Os treinos começam às 16h30, momento quando muitos começam a deixar o trabalho na cidade. Por volta das 18h30, o estádio já tem um volume bomb1 bet penaltypessoas.
Quase todos chegamb1 bet penaltycapacete na mão – a moto é o principal meiob1 bet penaltylocomoção no extenso município que não possui transporte público. Alguns comparecemb1 bet penaltybicicleta, e algumas famílias inteiras chegamb1 bet penaltycarro.
As crianças brincam no vão entre o campo e os assentos. Nas arquibancadas, os adultos debatem intensamente a escalação ideal do timeb1 bet penaltymeio a muitos "choppinhos". Apesar do nome, a iguaria local não tem nadab1 bet penaltyalcoólico. Trata-seb1 bet penaltyum saco com suco ou leite com achocolatado congelado – uma variação local do "sacolé".
O ambiente aparentemente pacato é enganoso. Todos ali estão trabalhando duro na condiçãob1 bet penaltytorcedores. Observam cada movimentob1 bet penaltytodos os jogadores no campo, até mesmo durante os tediosos momentosb1 bet penaltytreino físico e toqueb1 bet penaltybola.
Quando a bola rola para o coletivo, os ânimos se acirram. Os jogadores precisam obedecer não só às ordens táticas do técnico Cacaio, mas também as orientações que vem dos 250 "técnicos" presentes. Quem não segue as regras, pode ouvir protestos.
No treinob1 bet penaltyquarta-feira, nem mesmo um dos maiores ídolos do clube, o experiente jogador Marquinhos, escapou. Depoisb1 bet penaltyreceber dentro da área uma bola livre, com o goleiro já batido, fez o improvável e quase impossível: tocou por cima do gol. O eventual gol não trocaria a posição do Paragominas na tabela da Série D. Não daria ao jogador um aumentob1 bet penaltysalário, não colocaria mais um troféu no armário, sequer sairia no jornal do dia seguinte.
Mas a torcida não perdoa nem mesmo o ídolo. Imediatamente, vários se levantaram e se colocaram a gritar instruções e palavras carregadas de, digamos, críticas.
"Vai vestir a camisa do Inacreditável FC, vai", era uma das reclamações mais constantes,b1 bet penaltyreferência a um quadro na televisão que reúne os gols mais imperdíveis do Brasil.
Outro assunto corrente nas arquibancadas é a demora para a chegadab1 bet penaltyRatinho no clube. O jogador foi anunciado pelo clube no final da semana passada, e ainda não chegou na cidade. A "rádio arquibancada" conta a seguinte versão: Ratinho estava a caminhob1 bet penaltyBelém, mas na alturab1 bet penaltyCastanhal – cidade no meio do caminho – perdeu-seb1 bet penaltyalguma perigosa ratoeira. Ou pisou feio no queijo.
O clima brincalhão também é enganoso. As piadas revelam um tomb1 bet penaltyinsatisfação com o jogador. Por onde anda o atleta, poucos dias antesb1 bet penaltyum jogo tão importante, como a estreia do Paragominas FC na Série D dianteb1 bet penaltysua torcida? É possível que tome uma vaia antes mesmob1 bet penaltyentrarb1 bet penaltycampo para partidas oficiais.
A cobrançab1 bet penaltyprimeira divisão é normal na Série D, muitob1 bet penaltyfunçãob1 bet penaltyo campeonato ser tão curto. No finalb1 bet penaltyagosto, 24 dos 40 times estarão eliminados. Em outubro, apenas quatro conseguirão ascender para a Série C.
O Paragominas não terá 19 rodadas, como na primeira divisão, para atingir seus objetivos. Serão apenas oito jogosb1 bet penaltytrês meses. A ausênciab1 bet penaltyRatinho, qualquer deslizeb1 bet penaltyMarquinhos – qualquer detalhe pode decidir o sucessob1 bet penaltytoda a temporada.
Com quem vamos jogar? - 05/06
Jogar na Série D, como escrevi ontem, pode ser a única formab1 bet penaltysobreviver para jogadores e técnicos no segundo semestre do ano. Logo, a disputa para entrar no campeonato é intensa. Mas muitas vezes, os altos custos da competição são demais para alguns clubes que não conseguem achar fontesb1 bet penaltyreceitas para se bancar.
Na última hora, ou até um pouco depois dela, muitos deles acabam desistindo.
Esta semana ─ depoisb1 bet penaltyuma rodadab1 bet penaltyque estrearam 30 dos 40 times da quarta divisão ─ ainda há dúvidas sobre quem está dentro ou fora da Série D. Os dez times que ainda não começaram a competição ainda poderão desistir. E alguns já começaram.
O Vilhena, atual campeãob1 bet penaltyRondônia, fez campanha brilhante no campeonato estadual. Até pouco tempo atrás, a equipe estava na segunda divisão do Estado, mas neste ano chegou à final da primeira divisão. Na partida disputada no fimb1 bet penaltysemana passado, no mesmo diab1 bet penaltyque começava a Série D nacional, o Vilhena perdeu para o Pimentense, mas como havia goleado por 5 a 0 na primeira final, ficou com a vaga no Brasileirão Série D deste ano e na Copa do Brasil 2014.
Mas o sonho acaboub1 bet penaltypoucos dias. Na terça-feira, vésperab1 bet penaltyuma viagemb1 bet penalty2 mil km entre o interiorb1 bet penaltyRondônia e o interior do Pará, a Federaçãob1 bet penaltyFutebolb1 bet penaltyRondônia (FFER) confirmou,b1 bet penaltyofício enviado à CBF, a desistência do clube. O Pimentense, vice-campeão, também desistiu. A Federaçãob1 bet penaltyRondônia dará uma entrevista coletiva na quarta-feira para explicar os motivos, mas quem vive nesta realidade conhece bem a rotina: a faltab1 bet penaltydinheiro para manter o clube na competição.
No Pará, a imprensa começou novamente a especular que o tradicional Remo finalmente conseguiriab1 bet penaltytão sonhada participação na competição, mas por ora a vaga foi confirmada para o Genus, terceiro colocado no Rondoniense 2013.
As incidênciasb1 bet penaltydesistênciab1 bet penaltyclubes até diminuíram nos últimos dois anos, quando a CBF começou a bancar passagensb1 bet penaltyavião e hospedagem para todas delegaçõesb1 bet penaltytodas as rodadas. Antes disso, o índice era ainda mais alto. O assistenteb1 bet penaltytécnico Nildo Pereira, ex-atacante campeão da América pelo Grêmiob1 bet penalty1995, lembra que antes desta mudança, os clubes sofriam para bancar os custos.
"Naquela época, fiz viagensb1 bet penaltyônibus horríveis, que eram alugados pelos clubes. Uma vez, um deles quebrou no meio do caminho", disse o assistente.
O diretorb1 bet penaltyfutebol do Paragominas FC, Carlos Eduardo Lima, estima que se os custosb1 bet penaltyviagem não fossem bancados pela CBF, seu clube teria que desembolsarb1 bet penaltyR$ 50 mil a R$ 60 mil a mais por cada rodadab1 bet penaltyque suas partidas são jogadas forab1 bet penaltycasa. Esse valor pode bancar,b1 bet penaltymédia, os saláriosb1 bet penaltymaisb1 bet penaltydez jogadoresb1 bet penaltyum plantel durante um mês. Lima diz que custos desta ordem exigiriam uma outra estratégiab1 bet penaltymarketing junto aos patrocinadores, e possivelmente o clube não teria condiçõesb1 bet penaltyjogar o torneio.
No outro extremo estão clubes que querem desesperadamente jogar a Série D e não conseguem. O Remo é um exemplo. Na semana passada, havia disputado com o Paragominas FC a vaga na justiça desportiva, mas perdeu. Nesta semana, o jornal O Liberal publicou que o Remo teria oferecido à Federaçãob1 bet penaltyRondônia uma quantiab1 bet penaltyR$ 300 mil pela vaga na Série D. Nenhuma das partes confirma o boato.
Outro caso é o Cianorte, do Paraná, que chegou a receber uma carta da CBF no ano passado confirmando a participação do clube na Série D. A Confederação Brasileirab1 bet penaltyFutebol havia modificado a fórmulab1 bet penaltydisputa do torneio, que passaria a incluir o Cianorte, quinto colocado na quarta divisão disputadab1 bet penalty2012. Mas a maioria das federações estaduaisb1 bet penaltyfutebol não gostaram da nova regra, e o modelo antigo foi adotado novamente.
Na troca, o Cianorte perdeu a vaga que considerava garantida. A direção do clube diz que já havia estruturado custos, contratações e patrocínios para um ano inteirob1 bet penaltyfutebol, e que agora está no prejuízo e sem torneio para jogar.
Enquanto isso,b1 bet penaltyParagominas, os jogadores treinam duro parab1 bet penaltyprimeira partidab1 bet penaltyum torneio nacionalb1 bet penaltyfrente àb1 bet penaltytorcida, no sábado. Quando os intensos trabalhos físicos e táticos da tarde começaram, os jogadores só tinham uma coisab1 bet penaltymente: vencer o Vilhena.
Ao final, foram surpreendidos com a nova desistência. Na semana passada, o Paragominas não sabia se poderia jogar a Série D. Nesta, não sabe contra quem jogará. "Treinamos o dia todo para o jogob1 bet penaltysábado, mas ainda não sabemos quem vamos pegar", resumiu o treinador do clube paraense, Cacaio.
Na quinta-feira, começam as vendasb1 bet penaltyingressos para a partidab1 bet penaltysábado. Até lá, talvez os torcedores do Paragominas já saibam o que estão comprando.
Emoções forab1 bet penaltycampo - 04/06
Quase tão emocionante quanto acompanhar uma partidab1 bet penaltyfutebol da série D é ver o que acontece do ladob1 bet penaltyfora do gramado.
A quarta divisão é a portab1 bet penaltyentrada no sistema do futebol brasileiro para qualquer clube. A maioria dos Estados brasileiros têm direito a uma vaga, que fica com o melhor time do campeonato estadual daquele ano (excluindo-se todos os clubes daquele Estado que já estão nas Séries A, B ou C).
Para os jogadores e dirigentesb1 bet penaltyfutebol, fazer um bom estadual – disputado no primeiro semestre - é o que decide se eles terão empregob1 bet penaltyjunhob1 bet penaltydiante. Tome-se o exemplo do Estado do Pará, onde oito times disputaram o Estadual até o mês passado. O campeão paraense, o tradicional Paysandu, já está na segunda divisão do campeonato brasileiro, devido a campanhas feitasb1 bet penaltyanos anteriores. O mesmo acontece com o Águiab1 bet penaltyMarabá, que está na Série C.
Os demais seis times do estadual do Pará disputavam uma vaga na Série D. O Paragominas FC, time que chegou à final com o Paysandu, fez surpreendente campanhab1 bet penaltyseu segundo anob1 bet penaltyatividade, e ficou com a vaga.
Os cinco times que sobraram – Remo, Tuna Luso, Santa Cruz, Cametá e São Francisco – já não têm mais o que disputarb1 bet penalty2013. Muitos fecharam suas portas este ano, dispensaram treinadores, jogadores e funcionários e, com sorte e algum investimento, poderão tentarb1 bet penaltynovo a partirb1 bet penaltyjaneirob1 bet penalty2014. A rotina da maioria é: cinco mesesb1 bet penaltyfutebol, sete mesesb1 bet penaltydesemprego.
"Se você quiser, eu te digo agora mesmo o nomeb1 bet penaltycem amigos meus que acabaramb1 bet penaltyficar desempregados", diz Cacaio, ex-atacante do Flamengo, Guarani-SP e Paysandu, e recém contratado técnico do Paragominas. Como seu clube anterior, a Tuna Luso, não joga mais este ano, ele próprio estaria parado se não fosse pela proposta que recebeu.
Por isso, uma vaga na série D é vital para todos os que vivemb1 bet penaltyfutebol. Mesmo sem televisionamento, a quarta divisão dá visibilidade local, atrai patrocinadores, empolga a torcida e gera compromissos até pelo menos agosto – ou outubro, para os melhores times, quando é jogada a fase final. É a única formab1 bet penaltygerar receitas no segundo semestre.
Essa pressão gera todo tipob1 bet penaltyconflito, muitos deles disputados fora do campo. A poucos dias do começo da Série D, o Remo, outro tradicional clube do Pará e uma das maiores torcidas do Estado, entrou na Justiça desportiva reivindicando para si a vaga paraense na Série D. A lógica do Remo é que o time teve mais pontos que o Paragominas na tabela geral do campeonato estadual – mesmo não tendo chegado à final – e portanto mereceria a disputada colocação na quarta divisão.
Para aumentar ainda mais o climab1 bet penaltyrivalidade e incerteza, o Remo anunciou a contrataçãob1 bet penaltyCharles Guerreiro, técnico que comandou o Paragominas à final do estadual paraense e ex-jogador do Flamengo. Muitos na imprensa local viram o investimento como o sinalb1 bet penaltyque o Remo conseguiria a vitória no tapetão. No mesmo dia do anúncio, o Paragominas contra-atacou com uma nova proposta a Charles Guerreiro e o convenceu a ficar no clube.
Mas Charles Guerreiro chegoub1 bet penaltyParagominas e alegou que não havia clima para ficar, diante da reação hostil da cidade àb1 bet penaltyvolta, que considerou seu primeiro gesto uma traição. E novamente decidiu ir para o Remo, desta vezb1 bet penaltydefinitivo.
Na quarta-feira à noite, um dia antes da viagemb1 bet penalty2,500 km para o primeiro compromisso na Série D no Acre, o Paragominas ainda não tinha garantias da Justiça desportivab1 bet penaltyque jogaria o torneio. Quando os jogadores treinavam no gramado, a torcida – que compareceb1 bet penaltybom número até para os treinos – comemorava nas arquibancadas a notícia ouvida recém no rádio: a justiça desportiva havia acabadob1 bet penaltynegar o recurso ao Remo, confirmando a vaga do Paragominas.
"Indeferido! Indeferido!", gritavam os torcedores, com a mesma intensidadeb1 bet penaltyum gol. "O Remo tá fora!"
No gramado, os concentrados jogadores começaram a sorrir, entre eles Aleílson, que marcara dois dos três gols contra o Remo que colocaram o Paragominas FC na final do Paraense e na Série D. Os advogados contratados pelo clube acabavamb1 bet penaltymarcar o gol final e decisivo, no tribunal, que garantiu mais quatro mesesb1 bet penaltysalários, jogos e tranquilidade a todos e suas famílias.
Muito chão, pouco dinheiro - 03/06
Em meio às milharesb1 bet penaltynotícias esportivas publicadas no ano passado, duas aparentemente sem conexão chamaram a minha atenção. A primeira foi sobre o saláriob1 bet penaltyNeymar. Nosso maior craque – na época ainda atuando no Brasil – ganhava até R$ 3 milhões mensais no Santos, segundo especulações da imprensa esportiva.
Para muitos, a notícia era animadora – um sinalb1 bet penaltyque o futebol brasileiro evoluiu e finalmente atingiu um patamar onde é possível segurar (ao menos por alguns anos) nossos grandes talentos competindo com os milionários clubes europeus.
A segunda notícia era bastante perturbadora. A imprensa brasileira noticiou uma estatística da Confederação Brasileirab1 bet penaltyFutebol (CBF)b1 bet penaltyque 82% dos jogadoresb1 bet penaltyfutebol do nosso país ganham até dois salários mínimos.
Ou seja: um Neymar pagaria o saláriob1 bet penaltymaisb1 bet penalty2 mil jogadoresb1 bet penaltyfutebol, ou 201 times completos, mostrando que os enormes contrastes econômicos do nosso país se repetem também no nosso esporte favorito.
Nesse mesmo Brasil,b1 bet penaltyque é possível construir ou renovar 12 estádios para a Copa do Mundo, gastar R$ 2,2 bilhões para refazer o Maracanã e o Mané Garrincha e onde alguns grandes clubes já conseguem achar condiçõesb1 bet penaltybancar saláriosb1 bet penaltydez dígitos, existe um contingente gigante – maisb1 bet penalty24 mil jogadores – que não vão participar nemb1 bet penaltyperto da grande festa do futebolb1 bet penalty2014.
Os números e a realidade desses atletas mostram que o Brasil talvez seja o país do futebol, mas está longeb1 bet penaltyser o país dos jogadoresb1 bet penaltyfutebol. A vasta maioria dos futebolistas brasileiros não conhecem fama, conforto ou a Europa.
Eles vivem uma carreira curta,b1 bet penaltyque mal conseguem pagar as despesasb1 bet penaltysuas famílias. Abdicam do convívio diário com suas esposas e filhos ─ pois não têm condiçõesb1 bet penaltytrazê-los nas inúmeras mudançasb1 bet penaltyclubes e cidades feitas a cada ano. Encaram o desemprego a cada seis meses, quando os campeonatos estaduais param, e a maioria dos clubes – sem torneios para disputar – precisam fechar suas portas por meio ano.
E vivem também um presente duro ─ sem direitos trabalhistas, nem união da categoria e com atrasosb1 bet penaltysalários ─ e um futuro impossível, sem planosb1 bet penaltycarreira e sem chancesb1 bet penaltypoupar para a aposentadoria.
Para mostrar melhor como funciona este outro lado do futebol, resolvemos fazer algumas reportagens neste ano sobre a Série D, a quarta divisão do Campeonato Brasileiro, um torneio que oferece algumas pistas sobre a realidade da maioria ─ e não apenas da pontab1 bet penaltycima ─ dos jogadores, dirigentes e técnicos brasileiros.
A Série D impressiona pelo tamanho: é a única divisão do campeonato nacional com representantesb1 bet penaltytodos os 27 Estados brasileiros. São 40 times,b1 bet penaltyCaxias do Sul (RS) a Boa Vista (RR). Ela é um retrato mais fiel e abrangente do esporte nacional, afinal o futebol não é praticado apenas no Sul, no Sudeste, na Bahia,b1 bet penaltyPernambuco eb1 bet penaltyGoiás ─ as únicas regiões e Estados representados na primeira divisão.
É um campeonato sem televisionamento eb1 bet penaltylongas distâncias e viagens ─ nesse momento, escrevo estas linhas dentrob1 bet penaltyum ônibus entre Paragominas (PA) e Belém, onde estou acompanhando a longa jornada do representante paraense para seu jogob1 bet penaltyestreia.
São maisb1 bet penalty2.500 kmb1 bet penaltyestrada e avião até Rio Branco, no Acre, onde o time enfrentará o Plácidob1 bet penaltyCastro. Ambas as equipes participam pela primeira vez do Campeonato Brasileirob1 bet penaltyfutebol - o jogob1 bet penaltyestreia terminou com empateb1 bet penalty1 a 1.
Nosso personagem principal nas reportagens é o jovem Paragominas Futebol Clube, time registrado junto à CBF há menosb1 bet penaltyum ano, e que já conseguiu alguns feitos históricos. O primeiro foi conquistar a segunda divisão do campeonato paraenseb1 bet penalty2012. O segundo foi derrotar o Remob1 bet penaltyum dos turnos da primeira divisão do estadual ─ assegurando a vaga na Série D e na Copa do Brasilb1 bet penalty2014.
O Paragominas, como muitosb1 bet penaltyseus rivais na Série D, vive neste outro lado do futebol brasileiro. Sem grandes contratosb1 bet penaltytelevisão ou patrocíniosb1 bet penaltypeso, o clube ─ com seus 45 jogadores, dirigentes e funcionários ─ batalha para conseguir ascender na competitiva estrutura esportiva brasileira.
O clube atravessa um bom momento, capazb1 bet penaltypagar salários decentes eb1 bet penaltydia. Mas os desafios futuros também são enormes. É preciso bancar os pesados custosb1 bet penaltyoperação, administrar uma categoriab1 bet penaltybase, trazer reforços e sobreviver da única forma possível: ganhando partidas e títulos, e avançando para divisões superiores.
Muito se fala sobre o momentob1 bet penaltyoportunidades históricas que o futebol brasileiro está vivendo às vésperas da Copa do Mundo. A lógica é que com o legado dos novos estádios e a modernização nas gestões dos clubes, o Brasil tem hoje a chanceb1 bet penaltydar uma virada e deixar para trás anosb1 bet penaltydesorganização e deficiências fora do campo.
Isso talvez seja verdade para o futebolb1 bet penaltyelite. Mas e os demais 82%? Será que também terão uma oportunidade para dar ab1 bet penaltyvirada histórica?
Será que clubes novos que estão surgindo agora no outro lado do futebol brasileiro, como o Paragominas FC, vão participar também da grande festa?
Diário da Série D: Confusão, liminares e aplausos inusitados