Diário da Série D: liminares, improvisos e aplausos:bonus de apostas de andebol
- Author, Daniel Gallas
- Role, Enviado especial da BBC Brasil ao Acre e Pará
bonus de apostas de andebol A pouco maisbonus de apostas de andebolum ano da Copabonus de apostas de andebol2014, o repórter da BBC Brasil bonus de apostas de andebol Daniel bonus de apostas de andebol Gallas bonus de apostas de andebol visitou um mundo distante dos holofotes e do glamour do futebolbonus de apostas de andebolelite: a Série D, como como é conhecida a quarta divisão do Campeonato Brasileiro.
Com números impressionantes, o torneio mostra um pouco da realidade da grande maioria dos times do país: trata-se da única divisão do campeonato nacional com representantesbonus de apostas de andeboltodos os 27 Estados brasileiros, com 40 equipes.
Gallas acompanhou uma das equipes, o jovem Paragominas Futebol Clube, do Pará, time registrado na CBF há menosbonus de apostas de andebolum ano, colhendo material para uma sériebonus de apostas de andebolreportagens que serão publicadas pela BBC após o campeonato, que terminabonus de apostas de andeboloutubro.
A BBC Brasil publicou ao longo da última semana um diário com as impressões do repórter, que,bonus de apostas de andeboltombonus de apostas de andebolblog, comentou os bastidores dessa viagem.
Mas, assim como todos os torneios oficiaisbonus de apostas de andebolfutebol no país, a Série D inicia nesta semana uma pausa até o final da Copa das Confederações, que terminabonus de apostas de andebol30bonus de apostas de andeboljunho.
A previsão ébonus de apostas de andebolque os relatosbonus de apostas de andebolGallas sejam retomadobonus de apostas de andebolagosto.
Abaixo está a última entrada dessa primeira fase do diário:
Confusão, liminares e aplausos inusitados - 10/06
Era para ser uma tarde tranquilabonus de apostas de andebolsábadobonus de apostas de andebolParagominas, com o timebonus de apostas de andebolfutebol local finalmente fazendobonus de apostas de andebolestreia na Série D diantebonus de apostas de andebolsua torcida. Mas nem sempre as tardes são tranquilas na quarta divisão.
Três horas antes do jogo contra o Genus – terceiro colocado no campeonatobonus de apostas de andebolRondônia – as rádios locais começaram a noticiar o cancelamento do jogo. Um torcedor do Remo, timebonus de apostas de andebolBelém que não disputa o torneio, havia conseguido uma liminar na Justiça comum impedindo a realização da partida.
O time da capital paraense já tinha tentado ficar com a vaga do Paragominas na Série Dbonus de apostas de andeboluma ação na Justiça desportiva na semana anterior, mas fracassara. Agora, um torcedor do clube alegou que o Genus se inscreveu no campeonato depois do prazo correto. A equipe só conseguiu entrar na competição na terça-feira, depois da desistência do campeão e do vice-campeãobonus de apostas de andebolRondônia.
O que inicialmente parecia apenas boato foi confirmado ao longo da tarde, causando confusões e quase alguns incidentes mais graves. A autoridade da CBF presente no jogo e os dirigentes do clube disseram não ter recebido nenhuma notificação da Justiça, mas a Polícia Militar afirmou ter ordens do comando geral, localizadobonus de apostas de andebolBelém, para não atuar na segurança do jogo, devido à liminar do torcedor.
Uma hora e meia antes do jogo, os portões foram abertos e uma parte do público começou a entrar. Logobonus de apostas de andebolseguida, a polícia ordenou o fechamento dos portões e proibiu a vendabonus de apostas de andebolbilhetes, alegando que, como não faria a segurança do evento, não poderia permitir que ele acontecesse sem supervisão.
Isso deixou os torcedores furiosos – os que já estavam do ladobonus de apostas de andeboldentro do estádio e os que já estavam fora. Por alguns instantes, a confusão parecia estar pertobonus de apostas de andebolalgo mais sério.
Enquanto isso, os diretores do Paragominas, do Genus e da Federação costuravam um acordobonus de apostas de andebolúltima hora com bombeiros e polícia civil para garantir a segurança do evento sem a polícia militar. A poucos minutos do apito inicial, todas as partes concordaram, e os portões reabriram.
Durante aquelas três horas, muitos torcedores ficaram sem saber se valia a pena gastar R$ 20bonus de apostas de andebolum evento cuja realização sequer estava confirmada.
"Isso é Série D", gritavam diversos torcedores, enquanto tomavam seus lugares nas arquibancadas. Muitos não haviam nem sentado ainda quando às 19h45 (15 minutosbonus de apostas de andebolatraso), a bola rolou.
A partida acabou vencida pelo Paragominas FC por 4 a 1. No final do jogo, uma cena inusitada: torcedores do Paragominas aplaudindo e cantando o nome do Genus, time que acabarabonus de apostas de andebolser goleado.
Buscando a autoestima - 07/06
Em Paragominas, futebol é muito mais do que apenas um esporte. É uma formabonus de apostas de andebolrecuperação da autoestima da cidade.
O município já esteve na lista negra dos maiores desmatadores do país. Por décadas, a cidade foi rica, mas pagou um preço caro. Cada árvore derrubada na floresta amazônica aumentava muito a riqueza local, mas diminuía a reputação do município perante o resto do país.
No final da década passada, veio o golpe. A Operação Arcobonus de apostas de andebolFogo, da Polícia Federal, fechou madeireiras e coibiu a atividade que alavancara a economia local. Os moradoresbonus de apostas de andebolParagominas contam que até os empregados com menor nívelbonus de apostas de andebolinstrução da cadeia da madeira conseguiam saláriosbonus de apostas de andebolaté R$ 1,5 mil no auge da atividade extrativista.
Com a chegada da Arcobonus de apostas de andebolFogo, Paragominas passou por uma grave crise, inclusive com uma revolta que provocou o incêndiobonus de apostas de andebolum posto do Ibama na cidade. Há alguns anos, as autoridades locais resolveram fazer uma "revolução verde" na cidade – um pacto entre todos os grandes empresários para acabar com todas as atividades que afetam a floresta amazônica.
Em parte, a revolução deu certo e foi notícia no Brasil e no resto do mundo. Das 380 madeireiras que a cidade tinha, só sobraram dez – todas agora operando dentro do sistemabonus de apostas de andebolselo verde, com certificação ambiental e uso sustentável da floresta.
Mas a mudançabonus de apostas de andebolvocação da cidade deixou chagas. Paragominas nunca voltou a ter o nível econômicobonus de apostas de andebolantigamente. Muitos dos antigos trabalhadores abandonaram a cidadebonus de apostas de andebolbuscabonus de apostas de andebollugares onde as madeireiras ainda agem sem controles. Os que ficaram reclamam do desemprego. A cidade deixou o passado para trás, mas ainda busca o seu futuro.
Nesse contexto, o clubebonus de apostas de andebolfutebol alavancou a autoestima da cidade. Por anos, muitos vinham para Paragominas apenas com a ambiçãobonus de apostas de andebolganhar dinheiro, e a cidade era considerada tediosa e sem identidade. O clube mudou a rotina local. Hoje muitos são orgulhosos do time e do município, que atravessa uma revolução "esportiva" com a chegada do clube, enquanto se reinventa economicamente.
O perfil do torcedor do clube mais comum é: pessoas que nunca se interessaram muito por futebol antes – seja por faltabonus de apostas de andeboltempo oubonus de apostas de andebolgosto – e que tinham alguma simpatia por times da capital (Remo e Paysandu), ou pelo Flamengo.
Hoje são fanáticos pelo "Jacaré do Norte" (como é conhecido o time) e sequer lembram da épocabonus de apostas de andebolque torciam para outros clubes.
O sentimentobonus de apostas de andebolorgulho também cresceu nos quase dois anosbonus de apostas de andebolque o clube está operando.
"Antes Paragominas sempre aparecia no noticiáriobonus de apostas de andebolreportagens relativas à madeira, desmatamento. Hoje somos conhecidos pelo nosso futebol, pelas vitórias e pelos jogos na Série D", diz Paulo Cesar Lopes, que trabalhou por 16 anos com madeireiras e hoje tem uma empresabonus de apostas de andebolaluguelbonus de apostas de andebolmesas e cadeiras para eventos.
Realidadebonus de apostas de andebol4ª divisão, cobrançabonus de apostas de andebol1ª - 06/06
O público do Paragominas FC nos treinos é superior ao que comparece a muitos jogos da Série D. O último treino do clube antes do jogobonus de apostas de andebolestreia deve ter superado o númerobonus de apostas de andebolpagantes que assistiram à equipe na partidabonus de apostas de andebolestreia, que foi realizada forabonus de apostas de andebolcasa,bonus de apostas de andebolRio Branco, no Acre.
O clima no estádio Arena Verde é quasebonus de apostas de andebolhappy hour. Os treinos começam às 16h30, momento quando muitos começam a deixar o trabalho na cidade. Por volta das 18h30, o estádio já tem um volume bombonus de apostas de andebolpessoas.
Quase todos chegambonus de apostas de andebolcapacete na mão – a moto é o principal meiobonus de apostas de andebollocomoção no extenso município que não possui transporte público. Alguns comparecembonus de apostas de andebolbicicleta, e algumas famílias inteiras chegambonus de apostas de andebolcarro.
As crianças brincam no vão entre o campo e os assentos. Nas arquibancadas, os adultos debatem intensamente a escalação ideal do timebonus de apostas de andebolmeio a muitos "choppinhos". Apesar do nome, a iguaria local não tem nadabonus de apostas de andebolalcoólico. Trata-sebonus de apostas de andebolum saco com suco ou leite com achocolatado congelado – uma variação local do "sacolé".
O ambiente aparentemente pacato é enganoso. Todos ali estão trabalhando duro na condiçãobonus de apostas de andeboltorcedores. Observam cada movimentobonus de apostas de andeboltodos os jogadores no campo, até mesmo durante os tediosos momentosbonus de apostas de andeboltreino físico e toquebonus de apostas de andebolbola.
Quando a bola rola para o coletivo, os ânimos se acirram. Os jogadores precisam obedecer não só às ordens táticas do técnico Cacaio, mas também as orientações que vem dos 250 "técnicos" presentes. Quem não segue as regras, pode ouvir protestos.
No treinobonus de apostas de andebolquarta-feira, nem mesmo um dos maiores ídolos do clube, o experiente jogador Marquinhos, escapou. Depoisbonus de apostas de andebolreceber dentro da área uma bola livre, com o goleiro já batido, fez o improvável e quase impossível: tocou por cima do gol. O eventual gol não trocaria a posição do Paragominas na tabela da Série D. Não daria ao jogador um aumentobonus de apostas de andebolsalário, não colocaria mais um troféu no armário, sequer sairia no jornal do dia seguinte.
Mas a torcida não perdoa nem mesmo o ídolo. Imediatamente, vários se levantaram e se colocaram a gritar instruções e palavras carregadas de, digamos, críticas.
"Vai vestir a camisa do Inacreditável FC, vai", era uma das reclamações mais constantes,bonus de apostas de andebolreferência a um quadro na televisão que reúne os gols mais imperdíveis do Brasil.
Outro assunto corrente nas arquibancadas é a demora para a chegadabonus de apostas de andebolRatinho no clube. O jogador foi anunciado pelo clube no final da semana passada, e ainda não chegou na cidade. A "rádio arquibancada" conta a seguinte versão: Ratinho estava a caminhobonus de apostas de andebolBelém, mas na alturabonus de apostas de andebolCastanhal – cidade no meio do caminho – perdeu-sebonus de apostas de andebolalguma perigosa ratoeira. Ou pisou feio no queijo.
O clima brincalhão também é enganoso. As piadas revelam um tombonus de apostas de andebolinsatisfação com o jogador. Por onde anda o atleta, poucos dias antesbonus de apostas de andebolum jogo tão importante, como a estreia do Paragominas FC na Série D diantebonus de apostas de andebolsua torcida? É possível que tome uma vaia antes mesmobonus de apostas de andebolentrarbonus de apostas de andebolcampo para partidas oficiais.
A cobrançabonus de apostas de andebolprimeira divisão é normal na Série D, muitobonus de apostas de andebolfunçãobonus de apostas de andebolo campeonato ser tão curto. No finalbonus de apostas de andebolagosto, 24 dos 40 times estarão eliminados. Em outubro, apenas quatro conseguirão ascender para a Série C.
O Paragominas não terá 19 rodadas, como na primeira divisão, para atingir seus objetivos. Serão apenas oito jogosbonus de apostas de andeboltrês meses. A ausênciabonus de apostas de andebolRatinho, qualquer deslizebonus de apostas de andebolMarquinhos – qualquer detalhe pode decidir o sucessobonus de apostas de andeboltoda a temporada.
Com quem vamos jogar? - 05/06
Jogar na Série D, como escrevi ontem, pode ser a única formabonus de apostas de andebolsobreviver para jogadores e técnicos no segundo semestre do ano. Logo, a disputa para entrar no campeonato é intensa. Mas muitas vezes, os altos custos da competição são demais para alguns clubes que não conseguem achar fontesbonus de apostas de andebolreceitas para se bancar.
Na última hora, ou até um pouco depois dela, muitos deles acabam desistindo.
Esta semana ─ depoisbonus de apostas de andeboluma rodadabonus de apostas de andebolque estrearam 30 dos 40 times da quarta divisão ─ ainda há dúvidas sobre quem está dentro ou fora da Série D. Os dez times que ainda não começaram a competição ainda poderão desistir. E alguns já começaram.
O Vilhena, atual campeãobonus de apostas de andebolRondônia, fez campanha brilhante no campeonato estadual. Até pouco tempo atrás, a equipe estava na segunda divisão do Estado, mas neste ano chegou à final da primeira divisão. Na partida disputada no fimbonus de apostas de andebolsemana passado, no mesmo diabonus de apostas de andebolque começava a Série D nacional, o Vilhena perdeu para o Pimentense, mas como havia goleado por 5 a 0 na primeira final, ficou com a vaga no Brasileirão Série D deste ano e na Copa do Brasil 2014.
Mas o sonho acaboubonus de apostas de andebolpoucos dias. Na terça-feira, vésperabonus de apostas de andeboluma viagembonus de apostas de andebol2 mil km entre o interiorbonus de apostas de andebolRondônia e o interior do Pará, a Federaçãobonus de apostas de andebolFutebolbonus de apostas de andebolRondônia (FFER) confirmou,bonus de apostas de andebolofício enviado à CBF, a desistência do clube. O Pimentense, vice-campeão, também desistiu. A Federaçãobonus de apostas de andebolRondônia dará uma entrevista coletiva na quarta-feira para explicar os motivos, mas quem vive nesta realidade conhece bem a rotina: a faltabonus de apostas de andeboldinheiro para manter o clube na competição.
No Pará, a imprensa começou novamente a especular que o tradicional Remo finalmente conseguiriabonus de apostas de andeboltão sonhada participação na competição, mas por ora a vaga foi confirmada para o Genus, terceiro colocado no Rondoniense 2013.
As incidênciasbonus de apostas de andeboldesistênciabonus de apostas de andebolclubes até diminuíram nos últimos dois anos, quando a CBF começou a bancar passagensbonus de apostas de andebolavião e hospedagem para todas delegaçõesbonus de apostas de andeboltodas as rodadas. Antes disso, o índice era ainda mais alto. O assistentebonus de apostas de andeboltécnico Nildo Pereira, ex-atacante campeão da América pelo Grêmiobonus de apostas de andebol1995, lembra que antes desta mudança, os clubes sofriam para bancar os custos.
"Naquela época, fiz viagensbonus de apostas de andebolônibus horríveis, que eram alugados pelos clubes. Uma vez, um deles quebrou no meio do caminho", disse o assistente.
O diretorbonus de apostas de andebolfutebol do Paragominas FC, Carlos Eduardo Lima, estima que se os custosbonus de apostas de andebolviagem não fossem bancados pela CBF, seu clube teria que desembolsarbonus de apostas de andebolR$ 50 mil a R$ 60 mil a mais por cada rodadabonus de apostas de andebolque suas partidas são jogadas forabonus de apostas de andebolcasa. Esse valor pode bancar,bonus de apostas de andebolmédia, os saláriosbonus de apostas de andebolmaisbonus de apostas de andeboldez jogadoresbonus de apostas de andebolum plantel durante um mês. Lima diz que custos desta ordem exigiriam uma outra estratégiabonus de apostas de andebolmarketing junto aos patrocinadores, e possivelmente o clube não teria condiçõesbonus de apostas de andeboljogar o torneio.
No outro extremo estão clubes que querem desesperadamente jogar a Série D e não conseguem. O Remo é um exemplo. Na semana passada, havia disputado com o Paragominas FC a vaga na justiça desportiva, mas perdeu. Nesta semana, o jornal O Liberal publicou que o Remo teria oferecido à Federaçãobonus de apostas de andebolRondônia uma quantiabonus de apostas de andebolR$ 300 mil pela vaga na Série D. Nenhuma das partes confirma o boato.
Outro caso é o Cianorte, do Paraná, que chegou a receber uma carta da CBF no ano passado confirmando a participação do clube na Série D. A Confederação Brasileirabonus de apostas de andebolFutebol havia modificado a fórmulabonus de apostas de andeboldisputa do torneio, que passaria a incluir o Cianorte, quinto colocado na quarta divisão disputadabonus de apostas de andebol2012. Mas a maioria das federações estaduaisbonus de apostas de andebolfutebol não gostaram da nova regra, e o modelo antigo foi adotado novamente.
Na troca, o Cianorte perdeu a vaga que considerava garantida. A direção do clube diz que já havia estruturado custos, contratações e patrocínios para um ano inteirobonus de apostas de andebolfutebol, e que agora está no prejuízo e sem torneio para jogar.
Enquanto isso,bonus de apostas de andebolParagominas, os jogadores treinam duro parabonus de apostas de andebolprimeira partidabonus de apostas de andebolum torneio nacionalbonus de apostas de andebolfrente àbonus de apostas de andeboltorcida, no sábado. Quando os intensos trabalhos físicos e táticos da tarde começaram, os jogadores só tinham uma coisabonus de apostas de andebolmente: vencer o Vilhena.
Ao final, foram surpreendidos com a nova desistência. Na semana passada, o Paragominas não sabia se poderia jogar a Série D. Nesta, não sabe contra quem jogará. "Treinamos o dia todo para o jogobonus de apostas de andebolsábado, mas ainda não sabemos quem vamos pegar", resumiu o treinador do clube paraense, Cacaio.
Na quinta-feira, começam as vendasbonus de apostas de andebolingressos para a partidabonus de apostas de andebolsábado. Até lá, talvez os torcedores do Paragominas já saibam o que estão comprando.
Emoções forabonus de apostas de andebolcampo - 04/06
Quase tão emocionante quanto acompanhar uma partidabonus de apostas de andebolfutebol da série D é ver o que acontece do ladobonus de apostas de andebolfora do gramado.
A quarta divisão é a portabonus de apostas de andebolentrada no sistema do futebol brasileiro para qualquer clube. A maioria dos Estados brasileiros têm direito a uma vaga, que fica com o melhor time do campeonato estadual daquele ano (excluindo-se todos os clubes daquele Estado que já estão nas Séries A, B ou C).
Para os jogadores e dirigentesbonus de apostas de andebolfutebol, fazer um bom estadual – disputado no primeiro semestre - é o que decide se eles terão empregobonus de apostas de andeboljunhobonus de apostas de andeboldiante. Tome-se o exemplo do Estado do Pará, onde oito times disputaram o Estadual até o mês passado. O campeão paraense, o tradicional Paysandu, já está na segunda divisão do campeonato brasileiro, devido a campanhas feitasbonus de apostas de andebolanos anteriores. O mesmo acontece com o Águiabonus de apostas de andebolMarabá, que está na Série C.
Os demais seis times do estadual do Pará disputavam uma vaga na Série D. O Paragominas FC, time que chegou à final com o Paysandu, fez surpreendente campanhabonus de apostas de andebolseu segundo anobonus de apostas de andebolatividade, e ficou com a vaga.
Os cinco times que sobraram – Remo, Tuna Luso, Santa Cruz, Cametá e São Francisco – já não têm mais o que disputarbonus de apostas de andebol2013. Muitos fecharam suas portas este ano, dispensaram treinadores, jogadores e funcionários e, com sorte e algum investimento, poderão tentarbonus de apostas de andebolnovo a partirbonus de apostas de andeboljaneirobonus de apostas de andebol2014. A rotina da maioria é: cinco mesesbonus de apostas de andebolfutebol, sete mesesbonus de apostas de andeboldesemprego.
"Se você quiser, eu te digo agora mesmo o nomebonus de apostas de andebolcem amigos meus que acabarambonus de apostas de andebolficar desempregados", diz Cacaio, ex-atacante do Flamengo, Guarani-SP e Paysandu, e recém contratado técnico do Paragominas. Como seu clube anterior, a Tuna Luso, não joga mais este ano, ele próprio estaria parado se não fosse pela proposta que recebeu.
Por isso, uma vaga na série D é vital para todos os que vivembonus de apostas de andebolfutebol. Mesmo sem televisionamento, a quarta divisão dá visibilidade local, atrai patrocinadores, empolga a torcida e gera compromissos até pelo menos agosto – ou outubro, para os melhores times, quando é jogada a fase final. É a única formabonus de apostas de andebolgerar receitas no segundo semestre.
Essa pressão gera todo tipobonus de apostas de andebolconflito, muitos deles disputados fora do campo. A poucos dias do começo da Série D, o Remo, outro tradicional clube do Pará e uma das maiores torcidas do Estado, entrou na Justiça desportiva reivindicando para si a vaga paraense na Série D. A lógica do Remo é que o time teve mais pontos que o Paragominas na tabela geral do campeonato estadual – mesmo não tendo chegado à final – e portanto mereceria a disputada colocação na quarta divisão.
Para aumentar ainda mais o climabonus de apostas de andebolrivalidade e incerteza, o Remo anunciou a contrataçãobonus de apostas de andebolCharles Guerreiro, técnico que comandou o Paragominas à final do estadual paraense e ex-jogador do Flamengo. Muitos na imprensa local viram o investimento como o sinalbonus de apostas de andebolque o Remo conseguiria a vitória no tapetão. No mesmo dia do anúncio, o Paragominas contra-atacou com uma nova proposta a Charles Guerreiro e o convenceu a ficar no clube.
Mas Charles Guerreiro chegoubonus de apostas de andebolParagominas e alegou que não havia clima para ficar, diante da reação hostil da cidade àbonus de apostas de andebolvolta, que considerou seu primeiro gesto uma traição. E novamente decidiu ir para o Remo, desta vezbonus de apostas de andeboldefinitivo.
Na quarta-feira à noite, um dia antes da viagembonus de apostas de andebol2,500 km para o primeiro compromisso na Série D no Acre, o Paragominas ainda não tinha garantias da Justiça desportivabonus de apostas de andebolque jogaria o torneio. Quando os jogadores treinavam no gramado, a torcida – que comparecebonus de apostas de andebolbom número até para os treinos – comemorava nas arquibancadas a notícia ouvida recém no rádio: a justiça desportiva havia acabadobonus de apostas de andebolnegar o recurso ao Remo, confirmando a vaga do Paragominas.
"Indeferido! Indeferido!", gritavam os torcedores, com a mesma intensidadebonus de apostas de andebolum gol. "O Remo tá fora!"
No gramado, os concentrados jogadores começaram a sorrir, entre eles Aleílson, que marcara dois dos três gols contra o Remo que colocaram o Paragominas FC na final do Paraense e na Série D. Os advogados contratados pelo clube acabavambonus de apostas de andebolmarcar o gol final e decisivo, no tribunal, que garantiu mais quatro mesesbonus de apostas de andebolsalários, jogos e tranquilidade a todos e suas famílias.
Muito chão, pouco dinheiro - 03/06
Em meio às milharesbonus de apostas de andebolnotícias esportivas publicadas no ano passado, duas aparentemente sem conexão chamaram a minha atenção. A primeira foi sobre o saláriobonus de apostas de andebolNeymar. Nosso maior craque – na época ainda atuando no Brasil – ganhava até R$ 3 milhões mensais no Santos, segundo especulações da imprensa esportiva.
Para muitos, a notícia era animadora – um sinalbonus de apostas de andebolque o futebol brasileiro evoluiu e finalmente atingiu um patamar onde é possível segurar (ao menos por alguns anos) nossos grandes talentos competindo com os milionários clubes europeus.
A segunda notícia era bastante perturbadora. A imprensa brasileira noticiou uma estatística da Confederação Brasileirabonus de apostas de andebolFutebol (CBF)bonus de apostas de andebolque 82% dos jogadoresbonus de apostas de andebolfutebol do nosso país ganham até dois salários mínimos.
Ou seja: um Neymar pagaria o saláriobonus de apostas de andebolmaisbonus de apostas de andebol2 mil jogadoresbonus de apostas de andebolfutebol, ou 201 times completos, mostrando que os enormes contrastes econômicos do nosso país se repetem também no nosso esporte favorito.
Nesse mesmo Brasil,bonus de apostas de andebolque é possível construir ou renovar 12 estádios para a Copa do Mundo, gastar R$ 2,2 bilhões para refazer o Maracanã e o Mané Garrincha e onde alguns grandes clubes já conseguem achar condiçõesbonus de apostas de andebolbancar saláriosbonus de apostas de andeboldez dígitos, existe um contingente gigante – maisbonus de apostas de andebol24 mil jogadores – que não vão participar nembonus de apostas de andebolperto da grande festa do futebolbonus de apostas de andebol2014.
Os números e a realidade desses atletas mostram que o Brasil talvez seja o país do futebol, mas está longebonus de apostas de andebolser o país dos jogadoresbonus de apostas de andebolfutebol. A vasta maioria dos futebolistas brasileiros não conhecem fama, conforto ou a Europa.
Eles vivem uma carreira curta,bonus de apostas de andebolque mal conseguem pagar as despesasbonus de apostas de andebolsuas famílias. Abdicam do convívio diário com suas esposas e filhos ─ pois não têm condiçõesbonus de apostas de andeboltrazê-los nas inúmeras mudançasbonus de apostas de andebolclubes e cidades feitas a cada ano. Encaram o desemprego a cada seis meses, quando os campeonatos estaduais param, e a maioria dos clubes – sem torneios para disputar – precisam fechar suas portas por meio ano.
E vivem também um presente duro ─ sem direitos trabalhistas, nem união da categoria e com atrasosbonus de apostas de andebolsalários ─ e um futuro impossível, sem planosbonus de apostas de andebolcarreira e sem chancesbonus de apostas de andebolpoupar para a aposentadoria.
Para mostrar melhor como funciona este outro lado do futebol, resolvemos fazer algumas reportagens neste ano sobre a Série D, a quarta divisão do Campeonato Brasileiro, um torneio que oferece algumas pistas sobre a realidade da maioria ─ e não apenas da pontabonus de apostas de andebolcima ─ dos jogadores, dirigentes e técnicos brasileiros.
A Série D impressiona pelo tamanho: é a única divisão do campeonato nacional com representantesbonus de apostas de andeboltodos os 27 Estados brasileiros. São 40 times,bonus de apostas de andebolCaxias do Sul (RS) a Boa Vista (RR). Ela é um retrato mais fiel e abrangente do esporte nacional, afinal o futebol não é praticado apenas no Sul, no Sudeste, na Bahia,bonus de apostas de andebolPernambuco ebonus de apostas de andebolGoiás ─ as únicas regiões e Estados representados na primeira divisão.
É um campeonato sem televisionamento ebonus de apostas de andebollongas distâncias e viagens ─ nesse momento, escrevo estas linhas dentrobonus de apostas de andebolum ônibus entre Paragominas (PA) e Belém, onde estou acompanhando a longa jornada do representante paraense para seu jogobonus de apostas de andebolestreia.
São maisbonus de apostas de andebol2.500 kmbonus de apostas de andebolestrada e avião até Rio Branco, no Acre, onde o time enfrentará o Plácidobonus de apostas de andebolCastro. Ambas as equipes participam pela primeira vez do Campeonato Brasileirobonus de apostas de andebolfutebol - o jogobonus de apostas de andebolestreia terminou com empatebonus de apostas de andebol1 a 1.
Nosso personagem principal nas reportagens é o jovem Paragominas Futebol Clube, time registrado junto à CBF há menosbonus de apostas de andebolum ano, e que já conseguiu alguns feitos históricos. O primeiro foi conquistar a segunda divisão do campeonato paraensebonus de apostas de andebol2012. O segundo foi derrotar o Remobonus de apostas de andebolum dos turnos da primeira divisão do estadual ─ assegurando a vaga na Série D e na Copa do Brasilbonus de apostas de andebol2014.
O Paragominas, como muitosbonus de apostas de andebolseus rivais na Série D, vive neste outro lado do futebol brasileiro. Sem grandes contratosbonus de apostas de andeboltelevisão ou patrocíniosbonus de apostas de andebolpeso, o clube ─ com seus 45 jogadores, dirigentes e funcionários ─ batalha para conseguir ascender na competitiva estrutura esportiva brasileira.
O clube atravessa um bom momento, capazbonus de apostas de andebolpagar salários decentes ebonus de apostas de andeboldia. Mas os desafios futuros também são enormes. É preciso bancar os pesados custosbonus de apostas de andeboloperação, administrar uma categoriabonus de apostas de andebolbase, trazer reforços e sobreviver da única forma possível: ganhando partidas e títulos, e avançando para divisões superiores.
Muito se fala sobre o momentobonus de apostas de andeboloportunidades históricas que o futebol brasileiro está vivendo às vésperas da Copa do Mundo. A lógica é que com o legado dos novos estádios e a modernização nas gestões dos clubes, o Brasil tem hoje a chancebonus de apostas de andeboldar uma virada e deixar para trás anosbonus de apostas de andeboldesorganização e deficiências fora do campo.
Isso talvez seja verdade para o futebolbonus de apostas de andebolelite. Mas e os demais 82%? Será que também terão uma oportunidade para dar abonus de apostas de andebolvirada histórica?
Será que clubes novos que estão surgindo agora no outro lado do futebol brasileiro, como o Paragominas FC, vão participar também da grande festa?
Diário da Série D: Confusão, liminares e aplausos inusitados