Diário da Série D: buscando a autoestima:betmais365 site

Treino do Paragominas (Foto BBC)
Legenda da foto, Time do Paragominas aumentou autoestima entre moradores

Veja abaixo os relatosbetmais365 site betmais365 site Daniel Gallas:

Buscando a autoestima

Em Paragominas, futebol é muito mais do que apenas um esporte. É uma formabetmais365 siterecuperação da autoestima da cidade.

O município já esteve na lista negra dos maiores desmatadores do país. Por décadas, a cidade foi rica, mas pagou um preço caro. Cada árvore derrubada na floresta amazônica aumentava muito a riqueza local, mas diminuía a reputação do município perante o resto do país.

No final da década passada, veio o golpe. A Operação Arcobetmais365 siteFogo, da Polícia Federal, fechou madeireiras e coibiu a atividade que alavancara a economia local. Os moradoresbetmais365 siteParagominas contam que até os empregados com menor nívelbetmais365 siteinstrução da cadeia da madeira conseguiam saláriosbetmais365 siteaté R$ 1,5 mil no auge da atividade extrativista.

Com a chegada da Arcobetmais365 siteFogo, Paragominas passou por uma grave crise, inclusive com uma revolta que provocou o incêndiobetmais365 siteum posto do Ibama na cidade. Há alguns anos, as autoridades locais resolveram fazer uma "revolução verde" na cidade – um pacto entre todos os grandes empresários para acabar com todas as atividades que afetam a floresta amazônica.

Em parte, a revolução deu certo e foi notícia no Brasil e no resto do mundo. Das 380 madeireiras que a cidade tinha, só sobraram dez – todas agora operando dentro do sistemabetmais365 siteselo verde, com certificação ambiental e uso sustentável da floresta.

Mas a mudançabetmais365 sitevocação da cidade deixou chagas. Paragominas nunca voltou a ter o nível econômicobetmais365 siteantigamente. Muitos dos antigos trabalhadores abandonaram a cidadebetmais365 sitebuscabetmais365 sitelugares onde as madeireiras ainda agem sem controles. Os que ficaram reclamam do desemprego. A cidade deixou o passado para trás, mas ainda busca o seu futuro.

Nesse contexto, o clubebetmais365 sitefutebol alavancou a autoestima da cidade. Por anos, muitos vinham para Paragominas apenas com a ambiçãobetmais365 siteganhar dinheiro, e a cidade era considerada tediosa e sem identidade. O clube mudou a rotina local. Hoje muitos são orgulhosos do time e do município, que atravessa uma revolução "esportiva" com a chegada do clube, enquanto se reinventa economicamente.

O perfil do torcedor do clube mais comum é: pessoas que nunca se interessaram muito por futebol antes – seja por faltabetmais365 sitetempo oubetmais365 sitegosto – e que tinham alguma simpatia por times da capital (Remo e Paysandu), ou pelo Flamengo.

Hoje são fanáticos pelo "Jacaré do Norte" (como é conhecido o time) e sequer lembram da épocabetmais365 siteque torciam para outros clubes.

O sentimentobetmais365 siteorgulho também cresceu nos quase dois anosbetmais365 siteque o clube está operando.

"Antes Paragominas sempre aparecia no noticiáriobetmais365 sitereportagens relativas à madeira, desmatamento. Hoje somos conhecidos pelo nosso futebol, pelas vitórias e pelos jogos na Série D", diz Paulo Cesar Lopes, que trabalhou por 16 anos com madeireiras e hoje tem uma empresabetmais365 sitealuguelbetmais365 sitemesas e cadeiras para eventos.

Realidadebetmais365 site4ª divisão, cobrançabetmais365 site1ª - 06/06

O público do Paragominas FC nos treinos é superior ao que comparece a muitos jogos da Série D. O último treino do clube antes do jogobetmais365 siteestreia deve ter superado o númerobetmais365 sitepagantes que assistiram à equipe na partidabetmais365 siteestreia, que foi realizada forabetmais365 sitecasa,betmais365 siteRio Branco, no Acre.

Treino do Paragominas FC (Foto: BBC)
Legenda da foto, Treino do Paragominas vira evento na cidade (Foto: BBC)

O clima no estádio Arena Verde é quasebetmais365 sitehappy hour. Os treinos começam às 16h30, momento quando muitos começam a deixar o trabalho na cidade. Por volta das 18h30, o estádio já tem um volume bombetmais365 sitepessoas.

Quase todos chegambetmais365 sitecapacete na mão – a moto é o principal meiobetmais365 sitelocomoção no extenso município que não possui transporte público. Alguns comparecembetmais365 sitebicicleta, e algumas famílias inteiras chegambetmais365 sitecarro.

As crianças brincam no vão entre o campo e os assentos. Nas arquibancadas, os adultos debatem intensamente a escalação ideal do timebetmais365 sitemeio a muitos "choppinhos". Apesar do nome, a iguaria local não tem nadabetmais365 sitealcoólico. Trata-sebetmais365 siteum saco com suco ou leite com achocolatado congelado – uma variação local do "sacolé".

O ambiente aparentemente pacato é enganoso. Todos ali estão trabalhando duro na condiçãobetmais365 sitetorcedores. Observam cada movimentobetmais365 sitetodos os jogadores no campo, até mesmo durante os tediosos momentosbetmais365 sitetreino físico e toquebetmais365 sitebola.

Quando a bola rola para o coletivo, os ânimos se acirram. Os jogadores precisam obedecer não só às ordens táticas do técnico Cacaio, mas também as orientações que vem dos 250 "técnicos" presentes. Quem não segue as regras, pode ouvir protestos.

No treinobetmais365 sitequarta-feira, nem mesmo um dos maiores ídolos do clube, o experiente jogador Marquinhos, escapou. Depoisbetmais365 sitereceber dentro da área uma bola livre, com o goleiro já batido, fez o improvável e quase impossível: tocou por cima do gol. O eventual gol não trocaria a posição do Paragominas na tabela da Série D. Não daria ao jogador um aumentobetmais365 sitesalário, não colocaria mais um troféu no armário, sequer sairia no jornal do dia seguinte.

Mas a torcida não perdoa nem mesmo o ídolo. Imediatamente, vários se levantaram e se colocaram a gritar instruções e palavras carregadas de, digamos, críticas.

"Vai vestir a camisa do Inacreditável FC, vai", era uma das reclamações mais constantes,betmais365 sitereferência a um quadro na televisão que reúne os gols mais imperdíveis do Brasil.

Outro assunto corrente nas arquibancadas é a demora para a chegadabetmais365 siteRatinho no clube. O jogador foi anunciado pelo clube no final da semana passada, e ainda não chegou na cidade. A "rádio arquibancada" conta a seguinte versão: Ratinho estava a caminhobetmais365 siteBelém, mas na alturabetmais365 siteCastanhal – cidade no meio do caminho – perdeu-sebetmais365 sitealguma perigosa ratoeira. Ou pisou feio no queijo.

O clima brincalhão também é enganoso. As piadas revelam um tombetmais365 siteinsatisfação com o jogador. Por onde anda o atleta, poucos dias antesbetmais365 siteum jogo tão importante, como a estreia do Paragominas FC na Série D diantebetmais365 sitesua torcida? É possível que tome uma vaia antes mesmobetmais365 siteentrarbetmais365 sitecampo para partidas oficiais.

A cobrançabetmais365 siteprimeira divisão é normal na Série D, muitobetmais365 sitefunçãobetmais365 siteo campeonato ser tão curto. No finalbetmais365 siteagosto, 24 dos 40 times estarão eliminados. Em outubro, apenas quatro conseguirão ascender para a Série C.

O Paragominas não terá 19 rodadas, como na primeira divisão, para atingir seus objetivos. Serão apenas oito jogosbetmais365 sitetrês meses. A ausênciabetmais365 siteRatinho, qualquer deslizebetmais365 siteMarquinhos – qualquer detalhe pode decidir o sucessobetmais365 sitetoda a temporada.

Com quem vamos jogar? - 05/06

Jogar na Série D, como escrevi ontem, pode ser a única formabetmais365 sitesobreviver para jogadores e técnicos no segundo semestre do ano. Logo, a disputa para entrar no campeonato é intensa. Mas muitas vezes, os altos custos da competição são demais para alguns clubes que não conseguem achar fontesbetmais365 sitereceitas para se bancar.

Na última hora, ou até um pouco depois dela, muitos deles acabam desistindo.

Esta semana ─ depoisbetmais365 siteuma rodadabetmais365 siteque estrearam 30 dos 40 times da quarta divisão ─ ainda há dúvidas sobre quem está dentro ou fora da Série D. Os dez times que ainda não começaram a competição ainda poderão desistir. E alguns já começaram.

O Vilhena, atual campeãobetmais365 siteRondônia, fez campanha brilhante no campeonato estadual. Até pouco tempo atrás, a equipe estava na segunda divisão do Estado, mas neste ano chegou à final da primeira divisão. Na partida disputada no fimbetmais365 sitesemana passado, no mesmo diabetmais365 siteque começava a Série D nacional, o Vilhena perdeu para o Pimentense, mas como havia goleado por 5 a 0 na primeira final, ficou com a vaga no Brasileirão Série D deste ano e na Copa do Brasil 2014.

Paragominas FC | Foto: Daniel Gallas/BBC Brasil

Mas o sonho acaboubetmais365 sitepoucos dias. Na terça-feira, vésperabetmais365 siteuma viagembetmais365 site2 mil km entre o interiorbetmais365 siteRondônia e o interior do Pará, a Federaçãobetmais365 siteFutebolbetmais365 siteRondônia (FFER) confirmou,betmais365 siteofício enviado à CBF, a desistência do clube. O Pimentense, vice-campeão, também desistiu. A Federaçãobetmais365 siteRondônia dará uma entrevista coletiva na quarta-feira para explicar os motivos, mas quem vive nesta realidade conhece bem a rotina: a faltabetmais365 sitedinheiro para manter o clube na competição.

No Pará, a imprensa começou novamente a especular que o tradicional Remo finalmente conseguiriabetmais365 sitetão sonhada participação na competição, mas por ora a vaga foi confirmada para o Genus, terceiro colocado no Rondoniense 2013.

As incidênciasbetmais365 sitedesistênciabetmais365 siteclubes até diminuíram nos últimos dois anos, quando a CBF começou a bancar passagensbetmais365 siteavião e hospedagem para todas delegaçõesbetmais365 sitetodas as rodadas. Antes disso, o índice era ainda mais alto. O assistentebetmais365 sitetécnico Nildo Pereira, ex-atacante campeão da América pelo Grêmiobetmais365 site1995, lembra que antes desta mudança, os clubes sofriam para bancar os custos.

"Naquela época, fiz viagensbetmais365 siteônibus horríveis, que eram alugados pelos clubes. Uma vez, um deles quebrou no meio do caminho", disse o assistente.

O diretorbetmais365 sitefutebol do Paragominas FC, Carlos Eduardo Lima, estima que se os custosbetmais365 siteviagem não fossem bancados pela CBF, seu clube teria que desembolsarbetmais365 siteR$ 50 mil a R$ 60 mil a mais por cada rodadabetmais365 siteque suas partidas são jogadas forabetmais365 sitecasa. Esse valor pode bancar,betmais365 sitemédia, os saláriosbetmais365 sitemaisbetmais365 sitedez jogadoresbetmais365 siteum plantel durante um mês. Lima diz que custos desta ordem exigiriam uma outra estratégiabetmais365 sitemarketing junto aos patrocinadores, e possivelmente o clube não teria condiçõesbetmais365 sitejogar o torneio.

No outro extremo estão clubes que querem desesperadamente jogar a Série D e não conseguem. O Remo é um exemplo. Na semana passada, havia disputado com o Paragominas FC a vaga na justiça desportiva, mas perdeu. Nesta semana, o jornal O Liberal publicou que o Remo teria oferecido à Federaçãobetmais365 siteRondônia uma quantiabetmais365 siteR$ 300 mil pela vaga na Série D. Nenhuma das partes confirma o boato.

Outro caso é o Cianorte, do Paraná, que chegou a receber uma carta da CBF no ano passado confirmando a participação do clube na Série D. A Confederação Brasileirabetmais365 siteFutebol havia modificado a fórmulabetmais365 sitedisputa do torneio, que passaria a incluir o Cianorte, quinto colocado na quarta divisão disputadabetmais365 site2012. Mas a maioria das federações estaduaisbetmais365 sitefutebol não gostaram da nova regra, e o modelo antigo foi adotado novamente.

Na troca, o Cianorte perdeu a vaga que considerava garantida. A direção do clube diz que já havia estruturado custos, contratações e patrocínios para um ano inteirobetmais365 sitefutebol, e que agora está no prejuízo e sem torneio para jogar.

Enquanto isso,betmais365 siteParagominas, os jogadores treinam duro parabetmais365 siteprimeira partidabetmais365 siteum torneio nacionalbetmais365 sitefrente àbetmais365 sitetorcida, no sábado. Quando os intensos trabalhos físicos e táticos da tarde começaram, os jogadores só tinham uma coisabetmais365 sitemente: vencer o Vilhena.

Ao final, foram surpreendidos com a nova desistência. Na semana passada, o Paragominas não sabia se poderia jogar a Série D. Nesta, não sabe contra quem jogará. "Treinamos o dia todo para o jogobetmais365 sitesábado, mas ainda não sabemos quem vamos pegar", resumiu o treinador do clube paraense, Cacaio.

Na quinta-feira, começam as vendasbetmais365 siteingressos para a partidabetmais365 sitesábado. Até lá, talvez os torcedores do Paragominas já saibam o que estão comprando.

Emoções forabetmais365 sitecampo - 04/06

Quase tão emocionante quanto acompanhar uma partidabetmais365 sitefutebol da série D é ver o que acontece do ladobetmais365 sitefora do gramado.

A quarta divisão é a portabetmais365 siteentrada no sistema do futebol brasileiro para qualquer clube. A maioria dos Estados brasileiros têm direito a uma vaga, que fica com o melhor time do campeonato estadual daquele ano (excluindo-se todos os clubes daquele Estado que já estão nas Séries A, B ou C).

Para os jogadores e dirigentesbetmais365 sitefutebol, fazer um bom estadual – disputado no primeiro semestre - é o que decide se eles terão empregobetmais365 sitejunhobetmais365 sitediante. Tome-se o exemplo do Estado do Pará, onde oito times disputaram o Estadual até o mês passado. O campeão paraense, o tradicional Paysandu, já está na segunda divisão do campeonato brasileiro, devido a campanhas feitasbetmais365 siteanos anteriores. O mesmo acontece com o Águiabetmais365 siteMarabá, que está na Série C.

Os demais seis times do estadual do Pará disputavam uma vaga na Série D. O Paragominas FC, time que chegou à final com o Paysandu, fez surpreendente campanhabetmais365 siteseu segundo anobetmais365 siteatividade, e ficou com a vaga.

Treino do Paragominasbetmais365 siteRio Branco, antesbetmais365 sitejogo pela Série D

Os cinco times que sobraram – Remo, Tuna Luso, Santa Cruz, Cametá e São Francisco – já não têm mais o que disputarbetmais365 site2013. Muitos fecharam suas portas este ano, dispensaram treinadores, jogadores e funcionários e, com sorte e algum investimento, poderão tentarbetmais365 sitenovo a partirbetmais365 sitejaneirobetmais365 site2014. A rotina da maioria é: cinco mesesbetmais365 sitefutebol, sete mesesbetmais365 sitedesemprego.

"Se você quiser, eu te digo agora mesmo o nomebetmais365 sitecem amigos meus que acabarambetmais365 siteficar desempregados", diz Cacaio, ex-atacante do Flamengo, Guarani-SP e Paysandu, e recém contratado técnico do Paragominas. Como seu clube anterior, a Tuna Luso, não joga mais este ano, ele próprio estaria parado se não fosse pela proposta que recebeu.

Por isso, uma vaga na série D é vital para todos os que vivembetmais365 sitefutebol. Mesmo sem televisionamento, a quarta divisão dá visibilidade local, atrai patrocinadores, empolga a torcida e gera compromissos até pelo menos agosto – ou outubro, para os melhores times, quando é jogada a fase final. É a única formabetmais365 sitegerar receitas no segundo semestre.

Essa pressão gera todo tipobetmais365 siteconflito, muitos deles disputados fora do campo. A poucos dias do começo da Série D, o Remo, outro tradicional clube do Pará e uma das maiores torcidas do Estado, entrou na Justiça desportiva reivindicando para si a vaga paraense na Série D. A lógica do Remo é que o time teve mais pontos que o Paragominas na tabela geral do campeonato estadual – mesmo não tendo chegado à final – e portanto mereceria a disputada colocação na quarta divisão.

Para aumentar ainda mais o climabetmais365 siterivalidade e incerteza, o Remo anunciou a contrataçãobetmais365 siteCharles Guerreiro, técnico que comandou o Paragominas à final do estadual paraense e ex-jogador do Flamengo. Muitos na imprensa local viram o investimento como o sinalbetmais365 siteque o Remo conseguiria a vitória no tapetão. No mesmo dia do anúncio, o Paragominas contra-atacou com uma nova proposta a Charles Guerreiro e o convenceu a ficar no clube.

Mas Charles Guerreiro chegoubetmais365 siteParagominas e alegou que não havia clima para ficar, diante da reação hostil da cidade àbetmais365 sitevolta, que considerou seu primeiro gesto uma traição. E novamente decidiu ir para o Remo, desta vezbetmais365 sitedefinitivo.

Na quarta-feira à noite, um dia antes da viagembetmais365 site2,500 km para o primeiro compromisso na Série D no Acre, o Paragominas ainda não tinha garantias da Justiça desportivabetmais365 siteque jogaria o torneio. Quando os jogadores treinavam no gramado, a torcida – que comparecebetmais365 sitebom número até para os treinos – comemorava nas arquibancadas a notícia ouvida recém no rádio: a justiça desportiva havia acabadobetmais365 sitenegar o recurso ao Remo, confirmando a vaga do Paragominas.

"Indeferido! Indeferido!", gritavam os torcedores, com a mesma intensidadebetmais365 siteum gol. "O Remo tá fora!"

No gramado, os concentrados jogadores começaram a sorrir, entre eles Aleílson, que marcara dois dos três gols contra o Remo que colocaram o Paragominas FC na final do Paraense e na Série D. Os advogados contratados pelo clube acabavambetmais365 sitemarcar o gol final e decisivo, no tribunal, que garantiu mais quatro mesesbetmais365 sitesalários, jogos e tranquilidade a todos e suas famílias.

Muito chão, pouco dinheiro - 03/06

Em meio às milharesbetmais365 sitenotícias esportivas publicadas no ano passado, duas aparentemente sem conexão chamaram a minha atenção. A primeira foi sobre o saláriobetmais365 siteNeymar. Nosso maior craque – na época ainda atuando no Brasil – ganhava até R$ 3 milhões mensais no Santos, segundo especulações da imprensa esportiva.

Para muitos, a notícia era animadora – um sinalbetmais365 siteque o futebol brasileiro evoluiu e finalmente atingiu um patamar onde é possível segurar (ao menos por alguns anos) nossos grandes talentos competindo com os milionários clubes europeus.

A segunda notícia era bastante perturbadora. A imprensa brasileira noticiou uma estatística da Confederação Brasileirabetmais365 siteFutebol (CBF)betmais365 siteque 82% dos jogadoresbetmais365 sitefutebol do nosso país ganham até dois salários mínimos.

Ou seja: um Neymar pagaria o saláriobetmais365 sitemaisbetmais365 site2 mil jogadoresbetmais365 sitefutebol, ou 201 times completos, mostrando que os enormes contrastes econômicos do nosso país se repetem também no nosso esporte favorito.

Nesse mesmo Brasil,betmais365 siteque é possível construir ou renovar 12 estádios para a Copa do Mundo, gastar R$ 2,2 bilhões para refazer o Maracanã e o Mané Garrincha e onde alguns grandes clubes já conseguem achar condiçõesbetmais365 sitebancar saláriosbetmais365 sitedez dígitos, existe um contingente gigante – maisbetmais365 site24 mil jogadores – que não vão participar nembetmais365 siteperto da grande festa do futebolbetmais365 site2014.

Os números e a realidade desses atletas mostram que o Brasil talvez seja o país do futebol, mas está longebetmais365 siteser o país dos jogadoresbetmais365 sitefutebol. A vasta maioria dos futebolistas brasileiros não conhecem fama, conforto ou a Europa.

Eles vivem uma carreira curta,betmais365 siteque mal conseguem pagar as despesasbetmais365 sitesuas famílias. Abdicam do convívio diário com suas esposas e filhos ─ pois não têm condiçõesbetmais365 sitetrazê-los nas inúmeras mudançasbetmais365 siteclubes e cidades feitas a cada ano. Encaram o desemprego a cada seis meses, quando os campeonatos estaduais param, e a maioria dos clubes – sem torneios para disputar – precisam fechar suas portas por meio ano.

E vivem também um presente duro ─ sem direitos trabalhistas, nem união da categoria e com atrasosbetmais365 sitesalários ─ e um futuro impossível, sem planosbetmais365 sitecarreira e sem chancesbetmais365 sitepoupar para a aposentadoria.

Para mostrar melhor como funciona este outro lado do futebol, resolvemos fazer algumas reportagens neste ano sobre a Série D, a quarta divisão do Campeonato Brasileiro, um torneio que oferece algumas pistas sobre a realidade da maioria ─ e não apenas da pontabetmais365 sitecima ─ dos jogadores, dirigentes e técnicos brasileiros.

Paragominas joga no Estádio Florestão, contra o Plácidobetmais365 siteCastro, no Acre, e empatabetmais365 site1 x 1

A Série D impressiona pelo tamanho: é a única divisão do campeonato nacional com representantesbetmais365 sitetodos os 27 Estados brasileiros. São 40 times,betmais365 siteCaxias do Sul (RS) a Boa Vista (RR). Ela é um retrato mais fiel e abrangente do esporte nacional, afinal o futebol não é praticado apenas no Sul, no Sudeste, na Bahia,betmais365 sitePernambuco ebetmais365 siteGoiás ─ as únicas regiões e Estados representados na primeira divisão.

É um campeonato sem televisionamento ebetmais365 sitelongas distâncias e viagens ─ nesse momento, escrevo estas linhas dentrobetmais365 siteum ônibus entre Paragominas (PA) e Belém, onde estou acompanhando a longa jornada do representante paraense para seu jogobetmais365 siteestreia.

São maisbetmais365 site2.500 kmbetmais365 siteestrada e avião até Rio Branco, no Acre, onde o time enfrentará o Plácidobetmais365 siteCastro. Ambas as equipes participam pela primeira vez do Campeonato Brasileirobetmais365 sitefutebol - o jogobetmais365 siteestreia terminou com empatebetmais365 site1 a 1.

Nosso personagem principal nas reportagens é o jovem Paragominas Futebol Clube, time registrado junto à CBF há menosbetmais365 siteum ano, e que já conseguiu alguns feitos históricos. O primeiro foi conquistar a segunda divisão do campeonato paraensebetmais365 site2012. O segundo foi derrotar o Remobetmais365 siteum dos turnos da primeira divisão do estadual ─ assegurando a vaga na Série D e na Copa do Brasilbetmais365 site2014.

O Paragominas, como muitosbetmais365 siteseus rivais na Série D, vive neste outro lado do futebol brasileiro. Sem grandes contratosbetmais365 sitetelevisão ou patrocíniosbetmais365 sitepeso, o clube ─ com seus 45 jogadores, dirigentes e funcionários ─ batalha para conseguir ascender na competitiva estrutura esportiva brasileira.

O clube atravessa um bom momento, capazbetmais365 sitepagar salários decentes ebetmais365 sitedia. Mas os desafios futuros também são enormes. É preciso bancar os pesados custosbetmais365 siteoperação, administrar uma categoriabetmais365 sitebase, trazer reforços e sobreviver da única forma possível: ganhando partidas e títulos, e avançando para divisões superiores.

Muito se fala sobre o momentobetmais365 siteoportunidades históricas que o futebol brasileiro está vivendo às vésperas da Copa do Mundo. A lógica é que com o legado dos novos estádios e a modernização nas gestões dos clubes, o Brasil tem hoje a chancebetmais365 sitedar uma virada e deixar para trás anosbetmais365 sitedesorganização e deficiências fora do campo.

Isso talvez seja verdade para o futebolbetmais365 siteelite. Mas e os demais 82%? Será que também terão uma oportunidade para dar abetmais365 sitevirada histórica?

Será que clubes novos que estão surgindo agora no outro lado do futebol brasileiro, como o Paragominas FC, vão participar também da grande festa?