Padres e freiras dos EUA criam grupo contra abuso sexual na Igreja:1xbet owner
- Author, Alessandra Corrêa
- Role, De Nova York para a BBC Brasil
1xbet owner Durante mais1xbet owner30 anos, o padre americano Bruce Teague suportou o peso1xbet ownerum segredo nunca revelado: o1xbet ownerque, aos nove anos1xbet owneridade, quando era coroinha, foi abusado sexualmente por um padre1xbet ownersua paróquia, no Estado1xbet ownerMassachusetts.
Hoje, aos 65 anos, Teague usa1xbet ownerexperiência para ajudar outros sobreviventes desse tipo1xbet ownercrime.
Ele é um dos membros1xbet ownerum recém-criado grupo1xbet ownerpadres e freiras dos EUA que se uniram para denunciar os abusos que continuam ocorrendo dentro da Igreja Católica e incentivar que vítimas e testemunhas rompam o isolamento e venham a público relatar novos casos.
Batizado1xbet ownerCatholic Whistleblowers ("denunciantes católicos",1xbet ownertradução livre), o grupo surgiu informalmente no ano passado e tornou1xbet ownercampanha pública neste mês,1xbet owneruma entrevista coletiva1xbet ownerNova York.
"Muitos1xbet ownernós relatamos casos1xbet ownerabuso sexual para autoridades civis ou da Igreja, e todos nós lutamos para expor o acobertamento dos abusos por parte da liderança da Igreja. Nós sabemos como é difícil falar sobre essa questão e nós nos apoiamos uns aos outros nesse esforço", diz o site do grupo.
No mês passado, eles enviaram uma carta ao papa Francisco com seis recomendações para "restaurar a confiança dos fiéis", entre elas "tolerância zero" para membros do clero que tenham cometido abusos sexuais; a criação1xbet ownerum grupo internacional1xbet ownersobreviventes1xbet ownerabuso e profissionais laicos e religiosos, que facilite o diálogo entre a igreja e as vítimas, e a divulgação pública1xbet ownertodos os documentos relacionados ao problema.
Pedem também que líderes da Igreja sejam obrigados a fornecer explicações públicas sobre qualquer caso1xbet ownerabuso sexual e que aqueles que facilitem abusos ou tentem obstruir investigações sejam afastados.
Isolamento
O caso1xbet ownerTeague, ocorrido nos anos 1950, é semelhante ao1xbet ownermilhares1xbet owneroutros relatados por vítimas1xbet ownerabuso sexual cometido na Igreja Católica americana.
Os abusos ocorriam na sacristia e se prolongaram por cerca1xbet ownerseis meses, até que o pai1xbet ownerum dos coroinhas denunciou o padre, que foi afastado da paróquia.
"Eu não entendia o que estava acontecendo. Cresci1xbet owneruma família católica1xbet ownerorigem irlandesa1xbet ownerque nunca se falava sobre sexo", disse Teague à BBC Brasil.
"Meu pai estava viajando a serviço da Marinha, meu avô havia acabado1xbet ownermorrer, e minha mãe tinha dois bebês pequenos para cuidar", relembra, ao comentar que via o padre como uma figura paterna.
"Ainda hoje, olho para trás e me pergunto se não era apenas uma figura paterna tentando expressar afeto. Mas na verdade o que ele estava fazendo era satisfazer suas próprias necessidades."
Foi apenas na década1xbet owner1990 que Teague rompeu o isolamento e tornou público seu segredo.
"Na época eu já era padre, fui ordenado1xbet owner1980. Eu contei minha história e me dediquei a ajudar outros sobreviventes1xbet ownerabuso sexual", afirma Teague, que diz ser fã do arcebispo brasileiro Dom Hélder Câmara e1xbet ownersua atuação junto aos necessitados.
"Esse tipo1xbet ownerabuso é uma forma espiritual1xbet ownerincesto. As pessoas confiam no padre. É quase como ser abusado por um membro1xbet ownersua família."
Escândalos
Estima-se que mais1xbet owner6 mil membros do clero na Igreja Católica dos EUA já tenham sido acusados1xbet ownerabuso sexual. Na década1xbet owner2000, diversos escândalos vieram à tona e a Igreja foi acusada1xbet owneracobertar os casos.
Relatos1xbet ownervítimas publicados pela imprensa revelaram que,1xbet owneralguns casos, religiosos acusados1xbet ownerabuso acabavam apenas transferidos para outras paróquias ou internados para tratamento. Outros chegaram a deixar o país, evitando processos judiciais.
Desde aquela época, diversas medidas foram tomadas para erradicar o problema. No entanto, novos escândalos continuam a surgir.
Em um dos mais recentes, um padre1xbet ownerNewark, no Estado1xbet ownerNova Jersey, foi preso por violar a ordem judicial que o proibia1xbet ownermanter contato com menores. Mesmo já tendo sido condenado por agressão sexual, ele continuava a trabalhar com crianças na paróquia1xbet ownerque atuava.
"A Igreja continua protegendo os que cometem abusos", disse à BBC Brasil o padre Thomas Doyle, que há mais1xbet owner30 anos tem sido um dos mais vocais membros do clero americano contra abusos na Igreja e também integra os Catholic Whistleblowers.
"Se um padre ou uma freira vier a público denunciar abusos e seu superior não concordar, o delator corre o risco1xbet ownerser suspenso,1xbet ownerperder benefícios, salário,1xbet ownernunca mais conseguir atuar1xbet ownernenhuma paróquia", diz Doyle.
"Sei disso porque aconteceu comigo. No início, perdi meu emprego na Embaixada do Vaticano (em Washington). Ao longo dos anos, me envolvi mais e mais nas denúncias e no apoio às vítimas. Como resultado, sou uma ovelha negra na Igreja Católica. Legalmente, ainda sou padre, mas nenhum bispo vai me deixar trabalhar", relata.
Vítimas
Ao longo1xbet ownertrês décadas, Doyle deu depoimentos sobre centenas1xbet ownercasos1xbet ownerabuso sexual na Igreja Católica1xbet ownertribunais nos EUA e1xbet ownerpaíses, como Canadá, Irlanda e Austrália. Ele diz ter entrado1xbet ownercontato com milhares1xbet ownervítimas.
Um dos objetivos dos Catholic Whistleblowers é dar apoio às vítimas que, muitas vezes, enfrentam dificuldades para levar seus casos adiante.
"Algumas dioceses tratam as vítimas muito mal, como se fossem o criminoso", disse à BBC Brasil o padre Kenneth Lasch, que desde os anos 1980 se dedica a ajudar sobreviventes1xbet ownerabuso por parte do clero.
"Acabam sendo vítimas duplamente quando vão à Igreja denunciar seus casos. Muitas vezes têm1xbet ownertestemunhar diante1xbet ownerum conselho, que acaba descartando seus relatos e colocando1xbet ownerdúvida1xbet ownercredibilidade. São intimidadas pela Igreja", afirma.
Lasch,1xbet owner76 anos, diz que as décadas1xbet ownerconvivência com as vítimas deixaram marcas. Apesar1xbet ownernão ter sido prejudicado profissionalmente por denunciar casos1xbet ownerabuso, ele sofre1xbet ownerestresse pós-traumático há sete anos.
"Quando eu era mais jovem, conseguia estabelecer limites claros entre as pessoas que precisavam1xbet ownerajuda e minhas próprias emoções. Mas quando os escândalos começaram a surgir, comecei a absorver muito a dor dos indivíduos. E, ironicamente, também absorvo a vergonha pelos que cometeram esses crimes", afirma.