Brics competem para ganhar terreno na África:bola10 bet
bola10 bet Para os habitantes da cidadebola10 betDurban – onde nesta terça e quarta-feira ocorre a quinta reuniãobola10 betcúpula entre Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, os Brics – um empreendimento vem à mente quando o assunto é o aumento da presença dos países emergentes na África do Sul: o "Shopping Center China".
Com 40 mil metros quadrados e maisbola10 bet400 lojas, esse megacentro comercial inaugurado há sete anos (e expandido três vezes) fica aberto sete dias por semana para vender os mais variados tiposbola10 betprodutos com apenas dois aspectosbola10 betcomum - preços acessíveis e a etiqueta que informa: "Made in China".
O Shopping Center China – com filialbola10 betJohanesburgo – é a face mais visível do fenômeno que ganha força e tornou-se um dos principais temas da cúpula dos Brics: a corrida da China e dos outros países do clubebola10 betemergentes para "fincar o pé" na África, ocupando espaços que tradicionalmente pertenciam a potências coloniais europeias.
Se no passado os europeus brigavam pelo direitobola10 betexplorar terras e jazidas minerais do continente, agora, cada vez mais, são os Brics que disputam os recursos naturais e os mercados africanos.
"É natural haver um acirramento na disputa por alguns filõesbola10 betnegócios entre os países emergentes, conforme os investimentos na África cresçam", disse à BBC Brasil Wayne Morris, diretor da consultoria africana GSEC e membro do conselho da Brand South Africa, entidade que cuida da imagem e promoçãobola10 betnegócios da Africa do Sul.
"Os indianos e os chineses são os que têm presença mais forte na África do Sul, por exemplo – e entre eles já há disputa. O Brasil e a Rússia também estão ampliandobola10 betpresençabola10 betoutros lugares. Mas a competição entre esses países têm tudo para ser saudável – para eles e, principalmente, para a África que terá mais opçõesbola10 betinvestimentos", acredita.
Harry Shmelzer, presidente da WEG - empresa brasileira líder do mercadobola10 betmotores elétricos que há três anos tem uma fábrica com 600 funcionários na África do Sul (embora faça negócios com o país há maisbola10 bettrês décadas)- , disse à BBC Brasil que a concorrência com os chineses embola10 betárea já é acirrada.
"Os chineses oferecem uma concorrência agressiva aqui ebola10 betoutros lugares – mas já sabemos que precisamos estar preparados para isso", diz ele.
Presença dos Brics
Segundo um estudo do sul-africano Standard Bank (banco no qual hoje os chineses têm uma participaçãobola10 bet20%), na última década o volumebola10 bettrocas comerciais dos Brics com a África aumentou dez vezes, chegando a US$ 340 bilhões – mais que o comércio entre os demais países do grupo (de US$ 310 bilhões)
A China é sem dúvida o país dos Brics cujos negócios mais avançaram no continente africano nos últimos anos, principalmentebola10 betfunção do interesse chinês por recursos naturais. Só o comércio com a África aumentou 20 vezesbola10 bet2002 a 2012, passando dos US$ 200 bilhões – o quebola10 betparte explica o sucesso do Shopping Center China e outros empreendimentos similares. Segundo estimativas do governo chinês, o país teria um estoquebola10 betinvestimento na Áfricabola10 betUS$ 20 a US$ 40 bilhões.
A Índia também teve um aumento substancial dos investimentos na região nos últimos anos, apostandobola10 betáreas como agricultura, telecomunicações e o setor automobilístico, principalmente no sul e no sudeste sul-africanos. A Rússia tem investimentos na Tunísia, Nigéria, Uganda e África do Sul. Já o Brasil, tem uma presença cada vez mais forte na África lusófona – Moçambique e Angola – embora empresas como a Marcopolo, a Weg e a Camargo Correa também estejam presentes na África do Sul.
Moçambique abriga empreendimentos da Vale e da Odebrecht, uma das maiores empregadoras locais, e Angola é o maior receptor dos investimentos brasileiros no continente (seriam R$ 7 bilhões, segundo estimativasbola10 bet2011 da Associaçãobola10 betEmpresários e Executivos Brasileirosbola10 betAngola). Empresas como Petrobras e as construtoras Odebrecht e Andrade Gutierrez têm operações sólidas no país há muitos anos.
Além disso, Angola é também a principal receptorabola10 betinvestimentos da China na África – então já é natural que brasileiros e chineses tenhambola10 betcompetir para ganhar a licitaçãobola10 betprojetosbola10 betinfra-estrutura e exploraçãobola10 betrecursos naturais.
"Nossos investimentos ainda estão muitos concentrados nesses dois países. Comparando com os indianos e chineses, acho que os brasileiros estão perdendo oportunidades no continente africanobola10 betfunçãobola10 betum certo receio dos empresáriosbola10 betexplorar o continente", acredita Roberto Paranhos do Riobranco, presidente da Câmarabola10 betComércio Brasil-Índia que está na África do Sul para participar do encontrobola10 betempresários que acompanha a cúpula dos Brics.
'Representação'
Não foi à toa que os investimentos dos Brics na África se tornaram um dos principais temas do encontro do clube dos emergentesbola10 betDurban, como explicou à BBC Brasil Oliver Stuenkel, professor da Fundação Getúlio Vargas que está na África do Sul participandobola10 betuma sériebola10 betdebates acadêmicos paralelos ao encontro.
A África do Sul foi incluída nos Bricsbola10 bet2010 - antes disso o grupo era chamadobola10 betBric. Stuenkel diz que o país obteve sucesso embola10 betcandidatura ao clube dos emergentes, apesar do tamanhobola10 betsua economia ser equivalente abola10 betuma Província chinesa, ao se apresentar como um "representante" ou um "interlocutor" para a África frente aos outros quatro países.
"A verdade é que se a África (continente) fosse um país, certamente seria um Brics. O tamanhobola10 betsua classe média é comparável a indiana e está se expandindo. Além disso, muitas partes do continente têm crescidobola10 betum ritmo acelerado", diz Stuenkel. "Mas é difícil pensar que a África do Sul possa falar por todos os países da região."
Três fatores tornam a África atrativa para investimentos dos Brics. Primeiro, a presençabola10 betgrandes jazidasbola10 betminérios, petróleo e outros recursos naturais valiosos no continente. Segundo, o grande crescimento da classe média africana – e aumento do consumo provocado por tal enriquecimento. Por fim, a previsãobola10 betgastos bilionários no setorbola10 betinfraestruturabola10 betpaíses que recém adquiriram estabilidade política e econômica, mas nos quais faltam estradas, portos, aeroportos, etc.
Segundo o FMI, sete dos dez países que mais crescem no mundo estão na África. E ainda que isso ocorra porque tais países partembola10 betuma base muito baixabola10 betdesenvolvimento econômico, para muitos empresários dos Brics tal crescimento significa bons negócios e margensbola10 betlucro satisfatórias para compensar os riscos africanos.
Novo colonialismo?
Durante a cúpulabola10 betDurban, o presidente sul-africano Jacob Zuma irá mediar uma sériebola10 betencontros entre países do Brics e outros líderes africanos. Nas preparações para o encontro, porém, o que chamou mais a atençãobola10 betseu discurso sobre os investimentos do Brics foi uma aparente expectativabola10 betque eles sejam "cooperativos", diferente dos investimentos europeus – que segundo o líder sul-africano seriam "colonialistas".
Uma semana antes do encontro, durante uma conferência sobre temas educacionais, Zuma prometeu: "Os Brics vão contribuir imensamente para satisfazer as necessidades dos jovens da África do Sulbola10 betencontrarem trabalho."
A promessa foi feita dias depoisbola10 beto presidente sul-africano ter dado uma entrevista ao jornal britânico Financial Times na qual exortou as empresas europeias a mudarem seu "velho estilo colonialista na África", lembrando que agora o continente tem a "alternativa" dos Brics.
"Os Brics pretendem apoiar os esforços da África para acelerar a diversificação e modernizaçãobola10 betsuas economias através do desenvolvimentobola10 betinfraestrutura, trocabola10 betconhecimento, acesso a tecnologias, construçãobola10 betnovas capacidades e investimentobola10 betcapital humano", diz um documento oficial do encontro, divulgado pelo governo sul-africano.
Para alguns analistas, porém, as expectativasbola10 betZuma podem não ser atendidas. Marcos Troyjo, do laboratório sobre Brics da Universidadebola10 betColúmbia, nos Estados Unidos, por exemplo, lembra que os chineses são conhecidos por um estilo "agressivo"bola10 betfazer investimentos – importando matéria prima e até trabalhadores da China para levantar obrasbola10 betinfraestruturabola10 betpaíses africanos.
Além disso, seu interesse maior seria a extraçãobola10 betrecursos naturais da África e a vendabola10 betprodutos chineses para o continente, atividades que não são conhecidas porbola10 betampla geraçãobola10 betempregos qualificados (apesarbola10 beto Shopping Center China dizer que emprega um totalbola10 bet1.600 pessoas).
'Moderar otimismo'
Jim O’Neill, economista conhecido por criar o termo Bricbola10 bet2001, concorda que é preciso moderar o otimismo com os investimentos dos Brics: "Não há como garantir que multinacionais desse ou daquele país vão se comportarbola10 betforma diferente. Empresas globais enfrentam os mesmos desafios para se adaptar às regras locais e ao final têm o mesmo objetivo, que é conseguir retorno para seus investimentos", diz.
No caso dos investimentos brasileiros, analistas e empresários costumam enfatizar as diferençasbola10 bet"estilo"bola10 betrelação aos chineses. As empresas do país seriam mais flexíveis e mais dispostas a se adaptar à cultura e realidade local, contratando trabalhadores africanos, por exemplo. Masbola10 betDurban alguns empresários e executivos brasileiros que não quiseram se identificar também expuseram para a BBC Brasil o receiobola10 betque o governo sul-africano esteja esperando demais das empresas.
"Não dá para querer que as companhias estrangeiras façam todo o trabalho para desenvolver a África", disse um deles. "Os africanos também precisam fazer suas obrigações e investir mais na formaçãobola10 bettrabalhadores e racionalização da burocraciabola10 betseus países para compensar os riscos e contratemposbola10 betse investir no continente – que ainda existem e são muitos."
Para explica o consultor Wayne Morris, da Brand South Africa, "não há como negar que existe um debate sobre os 'elementos colonialistas' dos investimentos dos Brics, ebola10 betespecial dos chineses."
"A África do Sul e os outros países do continente estão plenamente cientes desses riscos", diz. Ele lembra, porém, que por muito tempo países africanos atraíram o interesse apenasbola10 betpaíses desenvolvidos e que a aprovaçãobola10 betempréstimos para projetosbola10 betinfraestrutura por entidades como FMI e Banco Mundial era condicionada à adoçãobola10 betreformas neoliberais.
"A grande novidade é que agora temos mais opções e ao menos podemos discutir as condições dos investimentos e empréstimos com empresas e paísesbola10 bet‘igual para igual’ – o que nos dá uma margembola10 betmanobra que não tínhamos no passado para evitar esses riscos", opina.