Venezuela: 5 sinaisjr sportsrecuperação — com limites — da economia da Venezuela:jr sports
Um mês depois, ele fez referência direta à frase. "Algumas pessoas começaram a dizer que 'a Venezuela foi consertada'. Não, não foi consertada. Está melhorando, a Venezuela vai melhorar, crescer, mas ainda há muito a ser feito", disse elejr sportsum evento com empresários,jr sportsacordo com relatos da imprensa local.
Luis Vicente León, presidente da consultoria Datanalisis, diz que a percepçãojr sportsmelhora depende do pontojr sportscomparação e que os venezuelanos vêmjr sportsuma "macrocrise", iniciadajr sports2018, com "hiperinflação brutal" e escassezjr sportsalimentos e medicamentos, e com longas filas e preços muitas vezes acima dos internacionais. Além disso, as pessoas podiam ir para a cadeia na Venezuela se realizassem operações com dólares.
"Então, quando você compara [hoje] com 2018, não há dúvidajr sportsque a situação está melhor", diz León, que alerta, no entanto, que entre 2013 e 2021 a economia venezuelana se contraiu 75% e que no ano passado houve crescimento entre 6% e 8%.
"É como um avião que estava voando a 10 mil pés e começou a despencar e antesjr sportsatingir o solo consegue levantar o nariz e agora está voando a 2,5 mil pés. Não caiu, mas está muito longejr sportssua altitude inicial."
O efeito dessa longa crise se reflete na vida cotidiana dos venezuelanos, como mostra o estudo Encovi sobre condiçõesjr sportsvida dos venezuelanos realizadojr sports2021 pela Universidade Católica Andrés Bello. A pesquisa revela que 24,8% dos venezuelanos estãojr sportssituaçãojr sportsextrema pobreza e que 60% da população vive com insegurança alimentar moderada a grave.
Isso não significa que não houve mudanças ou melhorias. Mas abaixo explicamos as causas dessa recuperação. Antes, apresentamos 5 sinais que indicam as mudanças nas condições econômicas do país.
1. Fim da hiperinflação
Em janeirojr sports2022, o Banco Central da Venezuela anunciou que o país havia completado 12 meses consecutivos com inflação abaixojr sports50%,jr sportscontraste com a espiral hiperinflacionária na qual vinha desde 2017.
Isso foi confirmado logo depois,jr sportsmarço, quando a Venezuela teve inflação mensaljr sports1,4% — a menor registrada desde setembrojr sports2012.
Em abril, última data disponível, a inflação mensal subiu para 4,4%, mas ainda está bem abaixo dos 24,6% registradosjr sportsabriljr sports2021.
2. Aumento da produçãojr sportspetróleo
A produçãojr sportspetróleo da Venezuela atingiu o picojr sportsmaisjr sportstrês milhõesjr sportsbarris por diajr sports1998, e depois começou um lento declínio sob Hugo Chávez que acelerou sob Maduro.
Em janeirojr sports2019, a Venezuela extraía apenas 1.106.000 barris por dia — uma quedajr sportsdois terços na produçãojr sports20 anos.
Foi então que o governo dos EUA decidiu sancionar a indústria petrolífera venezuelana. A produçãojr sportspetróleo bruto caiu para níveisjr sportsmeados do século 20, registrando uma extraçãojr sportsapenas 434 mil barris por diajr sportsnovembrojr sports2020.
No entanto, no último semestrejr sports2021, a produçãojr sportspetróleo bruto — principal fontejr sportsriqueza do Estado — começou a aumentar até atingir cercajr sports718 mil barris por diajr sportsdezembro. Desde então a produção se mantém ligeiramente abaixo dos 700 mil barris.
Esse número é bem pequeno para um país que se orgulhajr sportster as maiores reservas comprovadasjr sportspetróleo do mundo, mas é quase o dobro do registrado durante a queda históricajr sports2020.
3. Previsõesjr sportscrescimento econômico
Entre especialistas, há um consenso quase unânime sobre a possibilidadejr sportsa economia venezuelana continuar a crescerjr sports2022.
As estimativas variam bastante. O Fundo Monetário Internacional projeta um crescimentojr sports1,5% para a Venezuelajr sports2022, enquanto um relatório do banco Credit Suisse citado pela agência Reuters estima o aumento do PIB venezuelanojr sports20%.
Asdrúbal Oliveros, diretor da Ecoanalítica, destaca quejr sportsconsultoria espera que o PIB cresça 8% — e que o consumo privado cresça 12%.
"Isso tem que ser entendido no contextojr sportsum PIB que encolheu 80%, então estamos falandojr sportsuma economia que está no buraco, que caiu muito. Isso torna perfeitamente possível crescer a essa taxa porque estamos crescendo 8% acimajr sports20 e não acimajr sports100, que é onde estávamosjr sports2013. Para colocarjr sportstermos numéricos: 8%jr sports20 é apenas 1,6, então você está indojr sports20% para 21,6%jr sportsrelação ao seu pontojr sportspartida que é 100", explica o especialista à BBC News Mundo (serviçojr sportsespanhol da BBC).
Também analisa que esse crescimento está muito focadojr sportssetores como comércio, tecnologia, indústriasjr sportsalimentos e saúde, enquanto outros como manufatura, construção, bancos e seguros continuam sendo altamente afetados.
Ele alerta que o crescimento não é espalhado por todo o país e está concentradojr sportsCaracas e algumas outras cidades.
"Também é um crescimento desigual, porque na Venezuela a distância entre quem tem acesso a bens e pode cobrir todas as suas necessidades e quem não tem é muito grande."
4. Melhorias no suprimentojr sportsprodutos
Nos últimos anos, a escassezjr sportsprodutos na Venezuela ficou famosa no mundo todo.
Da intermitente faltajr sportsprodutos básicos — como leite, papel higiênico ou farinhajr sportsmilho para fazer as típicas arepas — a Venezuela passou para uma escassez geraljr sportstodos os tipos, incluindo medicamentos essenciais e até gasolina.
Atualmente, as imagens das longas filasjr sportsvenezuelanos esperando para poder comprar produtos básicos sumiram — com uma importante exceção no caso da gasolina, que ainda exige filasjr sportsquem quer comprá-la a preços subsidiados.
"Hoje você não faz fila no supermercado para comprar leite. Hoje você tem oferta praticamente cheia. O problema agora são os preços", diz León.
Oliveros concorda e destaca que o índicejr sportsescassezjr sportsalimentos elaborado pela Econanalítica mostra uma redução muito significativa, que passoujr sports80%jr sports2016-2017 para 15-20% hoje.
No entanto, venezuelanosjr sportsbaixa renda seguem com problemasjr sportsabastecimento.
Segundo Oliveros, um estudo realizadojr sportsjaneiro mostra que cercajr sports50% da população venezuelana ganha menosjr sportsUS$ 100 por mês, enquanto outros 30% recebem entre US$ 100 e US$ 300.
"Com esses níveis, fica claro que a capacidade das pessoasjr sportsse alimentarem adequadamente é extremamente limitada, pois a cesta básica girajr sportstornojr sportsUS$ 350 por mês", explica.
5. O retorno das companhias aéreas e artistas internacionais
Depoisjr sportsuma ausência que durou anos, muitas companhias aéreas internacionais e artistas estrangeiros (ou venezuelanos residentes no exterior) estão retornando à Venezuela.
Oliveros diz que não tem conhecimentojr sportsnenhuma literatura econômica que use esses elementos como indicadoresjr sportscrescimento econômico. No entanto, ambos foram fortemente incorporados ao debatejr sportstorno da frase "A Venezuela foi consertada".
O desastre econômico vivido pela Venezuela nos últimos anos levou a uma redução maciça do númerojr sportscompanhias aéreas internacionais que operam no país — cujo número diminuiujr sports25 para 5 entre 2014 e 2022.
Muitas dessas empresas decidiram deixar o mercado venezuelano por não conseguiram que o governo pagasse uma dívida estimadajr sportscercajr sportsUS$ 3,3 bilhões, derivada da vendajr sportspassagens aéreasjr sportsbolívares a um preço subsidiado pelo Estado através do controle cambial.
No entanto, declarações recentes à imprensa do presidente da Associaçãojr sportsCompanhias Aéreas da Venezuela, Humberto Figueras, indicam que pelo menos oito companhias aéreas internacionais iniciaram sondagens para voltar a operar na Venezuela.
No caso da visitajr sportsartistas internacionais ao país, seus shows começaram a ser reduzidos por voltajr sports2014 —jr sportsprincípio por razões políticas, já que artistas, como o espanhol Alejandro Sanz, criticavam a repressãojr sportsMaduro aos protestos contra seu governo. Em 2017, os shows pararam por motivos econômicos.
Nos últimos meses, no entanto, houve um retorno perceptíveljr sportsartistas internacionais (e artistas locais, mas residentes no exterior) aos palcos venezuelanos.
Entre os grupos e cantores que se apresentaram no país estão a banda colombiana Morat, os cantores mexicanos Emmanuel e Christian Castro e o cantor e compositor colombiano Fonseca, que há uma década não visitava a Venezuela.
Entre os artistas que têm shows programados na Venezuela estão a dupla Sin Bandera, a cantora porto-riquenha Olga Tañón, o cantor venezuelano José Luis Rodríguez "El Puma" e o roqueiro argentino Fito Páez.
O produtor musical José Luis Ventura disse à BBC News Mundo que a dolarização da economia tem sido fundamental para o retornojr sportsartistas internacionais à Venezuela, porque esses artistas são pagosjr sportsmoeda estrangeira.
Ele acrescentou que o custo estimado dos ingressos para esse tipojr sportsespetáculo varia entre US$ 30 e US$ 200.
Mas como é possível quejr sportsum país onde o salário mínimo girajr sportstornojr sportsUS$ 30, as pessoas possam pagar por esses shows e,jr sportsalguns casos, lotar os locais onde são realizados?
"Acho que todos nós entendemos que trabalhamos para um setor que ainda tem poder aquisitivo. É um setor pequeno, não sei sejr sports5% da população, mas que está dando certo", responde Ventura.
As razões da recuperação econômica e seus limites
Asdrúbal Oliveros destaca que há três fatores que explicam a melhora da economia: o fim das políticas "draconianas"jr sportscontrole cambial ejr sportspreços, a dolarização da economia e a abertura às importações.
Estas medidas permitiram ao setor privado operarjr sportsmelhores condições, sabendo que poderia ajustar os seus custos e garantir rentabilidade. Ao mesmo tempo, graças à dolarização, o setor pode fixar os seus preçosjr sportsdólar e chegar a acordos estáveis com fornecedores.
No entanto, tanto Oliveros quanto León concordam que essa recuperação incipiente da economia venezuelana é muito limitada — "uma recuperaçãojr sportssegundo plano", como descreve Oliveros — e que será difícil levá-la adiante se outras mudanças importantes não ocorrerem.
Uma taxajr sportscrescimento como a atual —jr sports6% a 8% — é insuficiente para que a economia venezuelana tenha uma recuperação completa.
"Com uma quedajr sports75% no PIB, é preciso crescer 400% para se recuperar os níveisjr sports2013. Você estavajr sports100 e caiu para 25, então, para voltar a 100 você teria que quadruplicar, mas o crescimento foijr sports6% a 8%. Nesse ritmo, você precisariajr sportsdécadas para poder voltar ao patamarjr sports2013", diz León.
Ambos apontam que esse ritmojr sportscrescimento mais alto exige infraestrutura que permita o fornecimentojr sportsenergia elétrica, água e todos os tiposjr sportsserviços necessários para investimentos — e que o governo não tem condiçõesjr sportsfornecer isso.
"A Venezuela não tem acesso a financiamento. É um elemento muito importante. Nem financiamento público nem privado. O grande problema das empresas venezuelanas é a faltajr sportscrédito. Além disso, você tem um colapso do Estado e um colapso do poder público, o que se refletejr sportsuma queda significativa na capacidadejr sportsprodução. O caso mais emblemático é a faltajr sportsenergia elétrica. Sem energia elétrica, é muito difícil a indústria conseguir crescer", diz Oliveros.
O especialista acredita que o crescimento necessário não pode ser alcançado sem uma reforma profunda e sem a construçãojr sportsum acordo político que permita à Venezuela ter acesso ao financiamentojr sportsorganismos multilaterais. Com isso, poderia haver uma recuperação econômica da Venezuela entre 8 e 10 anos.
"Não podemos ter acesso ao Fundo Monetário, nem ao Banco Mundial e seu apoio — que é essencial para um programajr sportsestabilização e reconstrução. Não teremos isso até que a questão política seja resolvida", diz ele, mencionando também sanções econômicas contra a Venezuela.
Governo e oposição estãojr sportsdesacordo há anos. Muitos países sequer reconhecem Maduro como presidente.
Mas o que acontecerá com a economia venezuelana se não houver um acordo político?
"Se as condições não mudarem significativamente, a Venezuela pode demorar entre 40 ou 50 anos para se recuperar. Não vai seguir caindo, mas também não vai crescer. Ficará estagnada e esse é o perigo que vemos para o futuro", conclui Oliveros.
'Este texto foi originalmente publicadojr sportshttp://vesser.net/internacional-61798960'
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