Guerra na Ucrânia: como invasão fez Suíça abandonar neutralidade e adotar sanções contra Rússia:
As medidas têm peso significativo. Importantes empresasenergia ecommodities da Rússia têm escritórios na Suíça.
Depósitos russos somam US$ 11 bilhõesinstituições financeiras suíças,acordo com o BancoCompensações Internacionais. É quase um terçotodos os depósitos internacionais (US$ 36 bilhões)origem russa.
O presidente suíço Ignazio Cassis, ao justificar as medidas, declarou que a ofensiva na Ucrânia é um ataque inaceitável à democracia e à liberdade.
Em comunicado oficial, o governo disse que levouconsideraçãoposiçãoneutralidade e suas políticaspaz ao decidir pelas sanções.
"Isso reafirmou o desejo da Suíçacontribuir ativamente para uma solução ao conflito atravésseus bons ofícios [serviços]."
Pressões dentro e fora
Stefanie Walter, professorarelações internacionais eeconomia política na UniversidadeZurique, disse que pressões domésticas e internacionais alteraram o posicionamento da Suíça.
"O governo havia mencionado a neutralidade para argumentar que implementar sanções mais amplas reduziria a habilidade da Suíça para prover seus 'bons serviços' na resoluçãoconflitos", diz Walter.
"Mas, nos últimos dias, tanto a pressão interna quanto vindafora fez com que fossem adotadas novas sanções, já que as medidas anunciadas pela União Europeia cresciamforma substancial."
"No plano doméstico, essas demandas foram expressas por todos os partidos políticos, com exceçãoum, egrandes manifestaçõesrua. Internacionalmente, houve declarações não muito comuns e bastante diretas dos EUA eatores políticos europeus para que a Suíça seguisse esse caminho", afirma.
Ela diz que não é a primeira vez que o país adota medidaspunição contra outros países (Belarus e Síria são exemplos), mas que as atuais têm um peso muito maior.
Para Carlos Gustavo Poggio, professorrelações internacionais da FAAP, a mudançapostura suíça entra como um dos "diversos marcos importantes que têm ocorrido ao longo dessa guerra. Por exemplo, houve uma mudança importante na política externa alemã e acho que isso entrou no cálculo da Suíça".
Poggio afirma que as reações à guerra estão mostrando que as forças do mundo vão se reorganizar.
"Há a ideiaque estamos vendo o nascimentouma nova ordem mundial. A gente não sabe exatamente os contornos dessa ordem, mas há uma certa consolidação dos blocos: países ocidentais contra a Rússia, e não está claro ainda qual é o papel da China."
Stefanie Walter diz que especialistaslei internacional consideram que as sanções não violam as obrigações da Suíça como um Estado neutro.
"A neutralidade suíça não significa que a Suíça é neutra quando há violaçõesprincípios básicos da lei internacional, como a integridade territorial dos estados, ou grandes violações dos direitos humanos."
Elite russa se voltará contra Putin?
Para a professora da UniversidadeZurique, a forte ligação econômica e financeira da elite russa com a Suíça torna difícil contornar as sanções.
"Mas se isso vai levar a elite russa a abandonar Putin é muito difícilprever agora. As sanções são certamente dolorosas e restringem os ganhos que Putin pode distribuir à elite. Masum estado crescentemente autoritário, protestar também é perigoso. Muito vai dependerquais seriam as alternativas [para o lugar de] Putin e quais são as chancestransição para um novo regime favorável a essas elites."
Walter diz que o posicionamento da Suíça na atual crise também mostra que o país está disposto a restringir os ativosseus clientes quando sérias violações da lei internacional acontecem.
"Dito isso, para a maioria da elite mundial, os bancos suíços continuarão um destino atrativo."
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