Por que tuítezebet españaAnitta gerou controvérsia sobre ajuda a Angola:zebet españa

Anitta

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Anitta se apresentouzebet españaAngolazebet españa2019 e se manifestou recentemente preocupada com angolanos e a crisezebet españacoronavírus

"Se você conseguir ajudar, fale com as pessoas certas porque certamente irão aparecer muitos aproveitadores e as ajudas podem não chegar para as pessoas que realmente precisam."

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Ao longo dos últimos anos, jovens têm se engajado politicamente contra o governo, sem uma organização centralizada,zebet españaplataformas como Facebook, YouTube e mais recentemente no Twitter. Alguns internautas responderam a Anitta com críticas ao governo: "se quiser ajudar, é só denunciar publicamente o partido no poderzebet españaAngola" ou "esse governo atual não tem feito nada a favor da população".

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O tuítezebet españaAnitta recebeu destaque na imprensa local, especialmente nos portaiszebet españainformação mais populareszebet españaAngola. O Xé Agora Aguenta descreveu como um "belo gesto" a intenção da cantora brasileira, acrescentando que a postagem teve muita repercussão no país.

Maszebet españamuitos comentários dos fãs angolanoszebet españaAnitta era comum a preocupaçãozebet españaque os eventuais fundos doados pela cantora fossem desviados por autoridades angolanas.

Anitta respondeu a uma dessas mensagens: "Já estou fazendo diferente, querida. Agora mandarei os materiais já comprados".

Não é muito comum no país grandes figuras da música se posicionarem sobre a situação política ou criticarem abertamente o regimezebet españaAngola. Muitos temem sofrer algum tipozebet españarepresália por parte do governo.

Em 2012 o relatório anual da Human Right Watch dizia quezebet españaAngola "as classes urbanas educadas costumavam usar a internet e as redes sociais como canais para criticar o governo devido às restrições da mídia tradicional".

Presidente João Lourenço tem sido alvozebet españaprotestoszebet españajovens

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Presidente João Lourenço tem sido alvozebet españaprotestoszebet españajovens

E muitos críticos do regime angolano insistem que a situação hoje continua a mesma, apesar do atual presidente, João Lourenço, afirmar constantemente que a liberdadezebet españaexpressão e imprensa são pilares importantes do seu governo que começouzebet españa2017.

"Tendozebet españaconta a dimensão internacional da Anitta, os angolanos viram nela um canal para expressar azebet españainsatisfação com o governozebet españaAngola", diz Edmilson Ângelo, analista angolano, do Institutozebet españaEstudoszebet españaDesenvolvimento do Reino Unido.

Anitta teria contatado a ONG Atos Angola, uma organização não-governamental brasileira que opera no país desde 2011, para fazer chegar as doações.

O que está acontecendozebet españaAngola?

Angola, um país independentezebet españaPortugal desde 1975, vive hoje graves problemas políticos, econômicos e sociais.

Com uma população estimadazebet españa33 milhõeszebet españahabitantes, maiszebet españa18 milhõeszebet españapessoas, ou seja, cercazebet españa54,3% da população, vivemzebet españaextrema pobreza - com menoszebet españaUS$ 1,90 (R$ 10) por dia -,zebet españaacordo com dados do World Poverty Clock.

Mas apesar dos números alarmantes, o país africano, ricozebet españarecursos naturais, abriga uma elitezebet españamilionários africanos, entre eles Isabel dos Santos, filha do ex-presidentezebet españaAngola José Eduardo dos Santos, que já foi considerada a mulher mais rica da África pela revista Forbes, com uma riqueza estimada US$ 3,5 bilhões (R$ 19 bilhões).

Isabel dos Santos

Crédito, EPA

Legenda da foto, Isabel dos Santos, filha do ex-presidentezebet españaAngola, já foi considerada a mulher mais rica da África

"Estamos falandozebet españaum país que já teve uma economia considerada a segunda maior do continente, mas este crescimento abismal da economia não resultou num desenvolvimento socialzebet españaAngola", diz Ângelo.

"O desenvolvimento econômicozebet españaAngola só serviu para a criaçãozebet españauma pequena elite que acabou por ser o maior beneficiário desse crescimento histórico, para a tristeza da maioria da população", ele acrescenta.

Angola é um dos maiores produtoreszebet españapetróleozebet españaÁfrica, perdendo só para a Nigéria. O petróleo é a principal fontezebet españareceitas do país. Sózebet españa2019, Angola produziu maiszebet españa1.4 milhõeszebet españabarriszebet españapetróleo por dia.

Mas os recursos provenientes da exploração petrolífera não se refletem na vidazebet españagrande parte da população. Críticos do governo costumam apontar a má gestão e a corrupção como elementos que fomentam a desigualdade social no país.

Com uma população jovemzebet españa47%, um dos grandes desafioszebet españaAngola hoje é o desemprego juvenil. O país tem altas taxaszebet españadesemprego, estimando-se que maiszebet españa52% dos jovens angolanos se encontram desempregados.

Isso tem desencadeado protestoszebet españajovens contra o governo do presidente angolano, João Lourenço, que nazebet españacampanha eleitoralzebet españa2017 prometeu gerar mais 500 mil empregos para os jovens.

Segundo um relatório do Unicefzebet españa2017, Angola integra a listazebet españapaíses com maior taxazebet españamortalidade infantil até aos 5 anos. Segundo os dados do documento,zebet españa2016 morreram 83 crianças por cada mil nascimentos, enquanto que no Brasil registaram-se 15 mortes por cada mil nascimentos.

A principal causazebet españamortezebet españaAngola é a malária, uma doença que já foi erradicada na Europa. Mas os desafios da saúdezebet españaAngola vão para além das doenças, e estendem-se à faltazebet españacondições sanitárias, serviços hospitalares deficientes e pouco investimento público no setor da saúde.

Em dezembrozebet españa2021, os médicos angolanos entraramzebet españagreve por quase duas semanas para exigirem melhores condiçõeszebet españatrabalho e melhores salários. Um médicozebet españaAngola pode ganhar menoszebet españaUS$ 520 (cercazebet españaR$ 3 mil).

Além disso o país enfrenta problemas crônicos devido à fome. Em setembrozebet españa2021, o Programa Mundialzebet españaAlimentação da ONU estimou que maiszebet españa1,3 milhõeszebet españapessoas no sulzebet españaAngola enfrentaram "fome severa, pois a pior secazebet españa40 anos deixou campos estéreis, pastagens secas e reservaszebet españaalimentos esgotadas".

Em um discurso recente que viralizou nas redes sociais, o presidente João Lourenço disse que "a fomezebet españaAngola é relativa", gerando repúdiozebet españaorganizações da sociedade angolana.

Protestos

Nos últimos quatro anos, Angola tem registado uma grande ondazebet españamanifestações antigoverno. São nazebet españamaioria jovens que se reúnemzebet españavárias praças da cidade, sobretudozebet españaLuanda, a capital do país, para reivindicarem promessas eleitorais não cumpridas e exigirem melhores condiçõeszebet españavida.

"A população está muito mais ativa do que no passado e quer fazer sentir azebet españavoz para a resolução dos seus maiores problemas", alega Edmilson.

"Estamos perante um contextozebet españauma juventude que já não teme a guerra civil que se viveuzebet españaAngola e quer que as promessas eleitorais sejam cumpridas", ele acrescenta.

A maioria dos protestos acabam com repressão policial, ezebet españaalguns casos com mortos e feridos. Algumas vezes, são os manifestantes que usam violência para para fazer passar azebet españamensagemzebet españadescontentamento com o partido MPLA (Movimento Popularzebet españaLibertaçãozebet españaAngola), que governa Angola desde 1975.

Foi o que aconteceu na semana passada durante uma greve dos taxistaszebet españaLuanda,zebet españaque um grupozebet españamanifestantes botou fogozebet españaum edifício do MPLA e arrancou bandeiras do partido espalhadas pela cidade. As autoridades policiais detiveram 33 pessoas na sequência dos atos.

O presidente angolano condenou na quarta-feira os protestos e disse que eles são partezebet españaum plano para se criar instabilidadezebet españaAngola.

Eleiçõeszebet españa2022

Angola realiza eleiçõeszebet españacincozebet españacinco anos. As últimas eleições,zebet españaagostozebet españa2017, elegeram como presidente João Lourenço, um ex-ministro da Defesa do governozebet españaJosé Eduardo dos Santos, que foi indicado a posição pelo seu antecessor que governou Angola durante 36 anos.

João Lourenço, que vê hoje azebet españapopularidadezebet españaAngola questionada por causa dos problemas que o país enfrenta, pretende concorrer para um segundo mandato nas eleições marcadas para agosto.

Adalberto da Costa Júnior, líder da UNITA (União Nacional para a Independência Totalzebet españaAngola), o maior partido da oposição, deverá ser o seu principal adversário.

Na visãozebet españaEdmilson Ângelo, os últimos protestoszebet españaAngola devem servirzebet españaalerta para aquele que será o processo eleitoralzebet españaAngola.

"Muitos populares olham para 2022 como um anozebet españamudança, onde vão fazer sentir azebet españavoz e vontade política. Há uma possibilidade dos protestos radicais continuarem e estes últimos protestos podem ser um sinal daquilo que teremos durante este ano."

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