A influencer transgênero muçulmana presa 'por usar roupasroletinha apostamulher':roletinha aposta

Nur Sajat

Crédito, Nur Sajat

Legenda da foto, Nur Sajat foi criticada por postar fotografias usando o hijab

Por causa do seu statusroletinha apostarefugiada, Sajat conseguiu evitar a extradição e ir da Tailândia para a Austrália, onde conseguiu cidadania.

Em entrevista para a BBCroletinha apostaSydney, na Austrália, ela contou que não teve escolha a não ser fugir da Malásia, depoisroletinha apostaser abordada por funcionários do JAIS, o departamentoroletinha apostaassuntos religiosos do Estadoroletinha apostaSelangor, que havia apresentado as acusações contra ela.

"Eu tive que fugir. Fui maltratada. Eu fui agredida, empurrada e algemada, tudo na frente dos meus pais e da minha família. Fiquei triste e envergonhada. Eu cooperei com eles, mas, mesmo assim, eles ainda fizeram isso comigo", ela conta.

"Talvez porque eles me veem como uma mulher trans e, por isso, não se importavamroletinha apostame segurar, bater e pisarroletinha apostamim. Nós, mulheres trans, também temos sentimentos. Só queremos viver como todo mundo", disse ela.

Nur Sajat, uma mulherroletinha apostacabelos compridos usando um terninho e sapatosroletinha apostasalto, sentadaroletinha apostaum banco

Crédito, Nur Sajat

Legenda da foto, Nur Sajat

Muçulmana praticante

Nur Sajat é uma empresária bem sucedida, que construiuroletinha apostacarreira sozinha. Ela conta que, sete anos atrás, começou a promover-se nas redes sociais. Ela desenvolveu seus próprios suplementosroletinha apostasaúde e produtosroletinha apostacuidados com a pele teve muito sucesso com um corset com aroletinha apostamarca.

Com aparência impecavelmente arrumada e postagens divertidas nas redes sociais, ela atraiu centenasroletinha apostamilharesroletinha apostaseguidores, tornando-se uma celebridade nacional. Foi quando começaram os questionamentos sobre o seu gênero.

Na verdade, nunca havia sido um segredo. Nur Sajat participouroletinha apostaum famoso concursoroletinha apostabeleza transgênero na Tailândiaroletinha aposta2013 e foi premiada com aroletinha apostadança.

O que chamou a atenção na Malásia foi o fato dela ser muçulmana praticante e ter postado fotografias vestindo o hijab - o véu islâmico usado pelas mulheres.

Ela explicava a quem perguntasse que havia nascido com a genitália masculina e feminina, ou seja, que era intersexual - uma condição que, no Islã, é tratada com mais tolerância quando a pessoa quer mudar o gênero atribuído no nascimento.

Em 2017, Nur Sajat anunciou que havia feito cirurgia genital e postou uma declaração do médico com a confirmação.

As autoridades decidiram investigar. O JAKIM, o Departamentoroletinha apostaDesenvolvimento Islâmico, afirmou que seriam necessárias provasroletinha apostaque ela nasceu intersexual. Eles se ofereceram a ajudar Nur Sajat com o que chamavamroletinha aposta"confusãoroletinha apostagênero".

A controvérsia aumentou no ano passado, quando foram publicadas fotografiasroletinha apostaNur Sajat vestindo roupas femininas usadas para rezar,roletinha apostaperegrinação comroletinha apostafamília para Meca, despertando críticas dos muçulmanos conservadores.

Posteriormente, ela pediu desculpas por ter causado tamanho alvoroço, mas, um ano depois, ela estava enfrentando acusações criminais.

Nur Sajat, uma mulherroletinha apostacabelos compridos, sentadas na praia,roletinha apostavestido

Crédito, Nur Sajat

Legenda da foto, Nur Sajat tem um grande númeroroletinha apostaseguidores nas redes sociais

"Quando estava na terra santa, eu só me perguntava... talvez haja uma razão para a forma como nasci?", relembra Nur Sajat. "Como mulher transgênero e muçulmana, acredito que tenho o direitoroletinha apostaexpressar minha religião da minha própria forma. Não há razão para que eles me condenem como se estivessem fazendo o trabalhoroletinha apostaDeus."

A BBC pediu ao Departamentoroletinha apostaAssuntos Religiosos da Malásia que comentasse sobre o casoroletinha apostaNur Sajat, mas não recebeu resposta.

Em setembro, o Ministroroletinha apostaAssuntos Religiosos, Idris Ahmad, afirmou: "Se ele está disposto a vir conosco, admitir que fez errado, se estiver disposto a voltar para aroletinha apostanatureza verdadeira, não há problema. Nós não queremos puni-lo, apenas queremos educá-lo"

A BBC questionou o mufti (consultor islâmico sênior) do Estadoroletinha apostaPerlis, na Malásia, Mohammad Asri Zainul Abidin, se seria possível que os muçulmanos malaios aceitassem pessoas transgênero.

"Para mim, Sajat é um caso isolado", segundo ele. "Sajat fez muitas coisas que provocaram a reação das autoridades religiosas. Normalmente, no Islã, nós não interferimosroletinha apostaquestões pessoais. Isso é entre você e Deus. Mas nunca reconheceremos esse pecado. Se você apenas sente que é uma mulher e quiser entrar no banheiro feminino, você não pode."

A Malásia possui um sistema legalroletinha apostaduas vias, com a Sharia (a lei islâmica) adotada nos 13 estados do país e três territórios federais, para regulamentar questões morais e familiares para os 60% da população que são muçulmanos. Isso cria problemas constantes para a comunidade LGBTQ.

"A Sharia é especificamente voltada à nossa comunidaderoletinha apostacada estado", afirma Nisha Ayub, defensora transgênero que também foi presa uma vez por usar roupas femininas "Devido à existência da Sharia, temos políticos, líderes e autoridades religiosas que fazem declarações muito negativas sobre a comunidade. E isso cria um ambiente muito inseguro para nós."

A mudança para a 'islamização'

Mas nem sempre foi assim.

"Na verdade, a Malásia já foi muito tolerante e aceitava a comunidade transgênero", diz Rozana Isa, fundadora do grupo Irmãs no Islã, que trabalha com os direitos das mulheres no Islã e apoiou Nur Sajat.

"Você podia vê-las vivendoroletinha apostaforma muito visível entre as nossas famílias, nas nossas comunidades e participando da vida pública. Mas, nos últimos 30 anos, nós embarcamosroletinha apostauma políticaroletinha apostaislamização. Por isso, você agora vê mais leis e mais interpretações do Islã muito mais restritasroletinha apostatermosroletinha apostaaceitação da diversidade", afirma ela.

O Islã não é apenas a religião oficial da Malásia. Ele é também definido como atributo essencial dos malaios, que formam o maior dos diversos grupos étnicos do país.

Cartazesroletinha apostaapoio a partido político

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Partidos políticos tentam frequentemente apelar aos eleitores da Malásia com visões religiosas mais conservadoras

Para ganhar as eleições, os partidos políticos sabem que precisam ter bom desempenho nas chamadas "regiões centrais da Malásia", onde as pessoas tendem a ter visão religiosa mais conservadora. Os partidos frequentemente apelam para essas áreas com convocações por uma defesa mais veemente dos valores islâmicos.

Recentemente, com a turbulenta situação da política malaia e a economia abalada pela pandemia, existem suspeitasroletinha apostaque a busca severa por Nur Sajat tenha sido conduzida mais por um governo fraco precisandoroletinha apostaapoio dos muçulmanos que por legítimas preocupações religiosas.

Nisha Ayub argumenta que é também responsabilidade do governo garantir a proteção dos direitos dos transgêneros, independentemente das diferentes visões islâmicas. Ela ressalta que outros países islâmicos, como o Irã e o Paquistão, mudaram suas leis com esse propósito.

"Se os nossos líderes reconhecessem as minorias como parte da sociedade, tudo mudaria", afirma ela. "Tudo começa com as leis que precisam ser reformadas. Enquanto houver leis dirigidas especificamente à nossa comunidade, as coisas nunca vão mudar."

Nur Sajat sente muita falta dos seus dois filhos adotados - um menino e uma menina - que estão sob os cuidados daroletinha apostafamília na Malásia, mas a oportunidade a incentivou a compartilharroletinha apostaexperiência com outras pessoas transgênero na Austrália.

Rozana Isa, fundadoraroletinha apostaIrmãs no Islã, pediu aos malaios que sejam "mais abertos e maduros sobre as redes sociais".

"Por que estamos culpando tanto Sajat? Ela não estava prejudicando ninguém com suas postagens, nem por estar na Meca. Nós precisamos nos policiar,roletinha apostavezroletinha apostapoliciar os outros", conclui ela.

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