A maquiadora afegã que agora vive escondida:fontana casino

Grosso modo, ela descreve um evento raro na vida que abala alguém profundamente, depois do qual você terá se transformado para sempre — como a mortefontana casinoalguém que você ama, alguém central emfontana casinovida.

Afsoon vivenciou a sensação do takaan pela primeira vez no dia 15fontana casinoagostofontana casino2021.

Naquele domingo, ela acordou às 10h com o telefonemafontana casinouma colega do salãofontana casinobeleza onde ela trabalhava. Afsoon era feliz lá, convivendo com o cheirofontana casinoshampoo e esmaltefontana casinounha fresco misturado com o zumbidofontana casinoum secadorfontana casinocabelo com muita conversa fiada.

"Não venha hoje", disse a colegafontana casinoAfsoon ao telefone. "Estamos fechando. Acabou."

Sentada na cama, Afsoon checou o celular. O polegar dela moveu-se para cima e para baixo na tela do telefone enquanto percorria dezenasfontana casinomensagensfontana casinotextofontana casinoamigos e familiares e,fontana casinoseguida, centenasfontana casinopostagensfontana casinoredes sociais. Uma torrentefontana casinopavor a atingiu com tanta força que ela se sentiu congelada e enjoada ao mesmo tempo.

As mensagens eram todas iguais. O Talebã havia entrado na capital do Afeganistão, Cabul. Em 16 dias, todas as tropas ocidentais e seus diplomatas teriam deixado o país.

"Acabou", ela repetiu para si mesma. Era horafontana casinose esconder.

Afsoon está na casa dos 20 anos e se considera uma mulher afegã moderna.

Ela ama redes sociais, adora filmes, sabe dirigir e tem ambições profissionais.

Afsoon não consegue se lembrarfontana casinocomo era viver nos anos 1990, a décadafontana casinoque nasceu, quando o Talebã proibiu os salõesfontana casinobeleza no país.

Ela cresceufontana casinoum Afeganistão onde os salõesfontana casinobeleza faziam parte do cotidiano. Quando era adolescente, ela folheava revistas e redes sociaisfontana casinobuscafontana casinolooks glamorosos e frequentava salõesfontana casinobeleza com mulheres da família.

Ela amava tudo naquele mundo. Desde a pintura multicolorida das unhas aos maquiadores que se curvavam sobre as mulheres para fazer delineados esfumaçados e emolduravam cílios espessos e escovadosfontana casinoum rosto maquiado. Na boca, um gloss brilhante completa o look, além dos cabelos longos e esvoaçantes.

Nas duas décadas desde a invasão liderada pelos Estados Unidos que derrubou o Talebãfontana casino2001, maisfontana casino200 salõesfontana casinobeleza foram abertos somentefontana casinoCabul, com outras centenasfontana casinooutras partes do país.

Afsoon acabou realizando seu sonhofontana casinotrabalharfontana casinoum deles e se tornou uma maquiadorafontana casinosucesso. Ela não queria nada além daquilo.

Como todos os salõesfontana casinobelezafontana casinoCabul, o salãofontana casinoAfsoon tinha vitrines inteiramente cobertas por pôsteresfontana casinomulheres elegantes e glamorosas, anunciando uma promessafontana casinobeleza que poderia ser realizada lá dentro.

Os pôsteres faziam com que um pedestre, que transitava nas quentes ruas dominadas por homensfontana casinoCabul, não pudesse ver o interior do tranquilo e multigeracional espaço feminino do salãofontana casinoAfsoon.

A qualquer hora do dia, havia maisfontana casinouma dúziafontana casinomulheres lá dentro, fossem as profissionais ou a clientela — que variavafontana casinomédicas a jornalistas,fontana casinocantoras e estrelasfontana casinoTV a noivas se preparando para seu grande dia e adolescentes rindo com suas mãesfontana casinoum dia especialfontana casinounião.

Os salões sempre foram ambientes saudáveis, fossemfontana casinodiasfontana casinocasamentos ou nos mais tranquilos. E extremamente cheios durante festivais como o Eid, quando as mulheres voltaram a se socializar. Nessas datas, poderia demorar dias para conseguir agendar um horário.

"Amo mulheres. Queria trabalhar e construir espaços onde as mulheres pudessem ser livres e brilhar", diz ela. "Poderíamos relaxarfontana casinoum lugar longe dos homens."

Mas no domingo, dia 15fontana casinoagosto, o diafontana casinoque o Talebã assumiu o controle do palácio presidencialfontana casinoCabul, acabou tudo.

É quase meia-noitefontana casinoCabul e Afsoon fala baixinho ao telefone com a reportagem. Ela está visivelmente com medo. Saiufontana casinosua residência naquele domingo e encontrou uma casa segura.

"As mulheres na indústria da beleza, especialmente pessoas como eu, que eram visíveis e públicas com nosso trabalho, são os alvos", diz ela.

Depois do telefonema da amiga dizendo para ela não ir trabalhar, Afsoon ouviu que qualquer pôster que representasse a beleza feminina estava sendo pintado por moradores assustadosfontana casinoCabul. Uma amigafontana casinoAfsoon pintou pessoalmente alguns pôsteresfontana casinomodelos,fontana casinoum gesto para apaziguar o Talebã e não atrair a atençãofontana casinosuas amigas com negóciosfontana casinobeleza.

"Eles não aprovariamfontana casinonenhuma maneira ver rostos descobertos ou pescoçosfontana casinomulheres expostos", diz ela. "Eles sempre foram muito claros emfontana casinocrençafontana casinoque uma mulher não deve atrair atenção.

"É o fim da indústria da beleza no Afeganistão."

Afsoon não tem um convite ou propostafontana casinotrabalho que pudesse garantir a ela um assentofontana casinoum avião para forafontana casinoCabul.

Não há saída para ela.

Ela se mantémfontana casinocontato diariamente com colegasfontana casinoum bate-papofontana casinogrupo. O último pagamento que receberam foi no dia 24fontana casinoagosto. Nada mais será pago. O salão está fechado e todas aceitaram que não voltarão ao trabalho.

Afsoon diz que não pode falar sobre o futuro dela.

Ela não tem certeza do que virá. Ela não pensoufontana casinocomo se vestirá agora, ou mesmo quando se aventurará nas ruas.

Neste momento, a corfontana casinoum futuro que ela imaginou foi pintada com uma camada grossafontana casinotinta preta. E ela está no meiofontana casinoum choque que não tem limitefontana casinotempo para se recuperar.

"Permanecer viva é a única coisafontana casinoque consigo pensar. Não tenho medofontana casinomorrer — mas não quero ficar assim, apavorada e sem esperança", diz ela.

"A cada segundo, sinto que o Talebã virá atrásfontana casinomim."

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