Talebã controla ‘tesouro’casa de aposta 365maiscasa de aposta 365U$ 1 trilhãocasa de aposta 365minérios como lítio e ouro:casa de aposta 365

Tropa americana fotografadacasa de aposta 3652018 no Afeganistão

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Soldados americanos no deserto do Afeganistão, cujo subsolo tem reservas estimadas entre US$ 1 trilhão e US$ 3 trilhõescasa de aposta 365minérios

Não porque o Talebã, que tenta vender uma imagem mais moderada ao mundo, tenha efetivamente mudadocasa de aposta 365status no xadrez global.

Mas porque as condiçõescasa de aposta 365exploração e sobretudo o mercado desses minérios se alterou drasticamente nos últimos anos, impulsionado pela necessidade do mundocasa de aposta 365se movercasa de aposta 365direção à uma economia verde.

Recentemente, um relatório do Painel Intergovernamentalcasa de aposta 365Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas mostrou que os efeitos do aquecimento global têm se acelerado e que será preciso fazer mais para impedir uma catástrofe ambiental que ameace a sobrevivência humana na Terra.

Vai ser preciso mudar - e rápido - como produzimos e como consumimos.

E é exatamente por deter recursos necessários para essa mudança que o grupo islâmico pode ter uma janelacasa de aposta 365oportunidade.

Para Rod Schoonover, cientista especializadocasa de aposta 365mudanças climáticas e ex-funcionáriocasa de aposta 365inteligência americana, o Talebã "não está só sentado sobre valiosas jazidascasa de aposta 365pedras preciosas, mascasa de aposta 365minérios centrais para a produção industrial mundial como o ferro e, especialmente,casa de aposta 365parte dos recursos mais críticos no processocasa de aposta 365transição econômico ambiental no século 21".

Afinal, o que há no subsolo afegão?

Há centenascasa de aposta 365anos, sabe-se que a região onde fica o Afeganistão é ricacasa de aposta 365minérios.

Mas foram os soviéticos, nos anos 1960 e 1970, quem primeiro mapearam a composição geológica do Afeganistão, resultadocasa de aposta 365uma sériecasa de aposta 365colisões entre placas tectônicas que liberaram para a superfície terrestre partes do manto e do magma do planeta.

Entre os anos 2000 e 2010, o Centrocasa de aposta 365Pesquisa Geológica dos Estados Unidos e o Centro Afegãocasa de aposta 365Pesquisa Geológica retomaram as análises soviéticas do solo e se lançaram a um extensivo inventáriocasa de aposta 365cercacasa de aposta 365mil minas e depósitos minerais ao redor do país.

Mapa mineral do Afeganistão

Crédito, USGS

Legenda da foto, O esforço gerou um mapa com maiscasa de aposta 365800 milhõescasa de aposta 365pixels - onde estariam potenciais reservatórioscasa de aposta 365minérios - o que corresponde a uma áreacasa de aposta 365440 mil quilômetros quadrados, cercacasa de aposta 36570% do país

Para fazer o levantamento, os pesquisadores contaram não só com o auxíliocasa de aposta 365satélites da Nasa, mas tiveram que ser levados às regiões pesquisadas a bordocasa de aposta 365Black Hawks, os helicópteros militares americanos, e fazer suas escavações e coletas paramentados com trajes dos Marines e sob a vigilânciacasa de aposta 365soldados armados.

Basicamente, todo o trabalho foi feitocasa de aposta 365zonascasa de aposta 365guerra.

Isso explica porque, apesar da qualidade desses estudos, boa parte do conhecimento que se tem sobre as riquezas minerais afegãs ainda estão limitadas a estimativas e a realidadecasa de aposta 365solo pode ser ainda mais impressionante.

À época do estudo, o cientista americano Robert Tucker, que liderou a expedição no Afeganistão, afirmou à revista Scientific American que suas projeções sobre quantidades dos metais eram "conservadoras".

O esforço gerou um mapa com maiscasa de aposta 365800 milhõescasa de aposta 365pixelscasa de aposta 365dados - onde estariam potenciais reservatórioscasa de aposta 365minérios - o que corresponde a uma áreacasa de aposta 365440 mil quilômetros quadrados, cercacasa de aposta 36570% do país.

Os cálculoscasa de aposta 365Tucker e seu time indicam, por exemplo, que o país poderia produzir 60 milhõescasa de aposta 365toneladascasa de aposta 365cobre.

Em 2021, a escassez do metal levou o preço a subir maiscasa de aposta 36540%casa de aposta 365relação ao valorcasa de aposta 3652020 e afetou pesadamente a indústria automotiva, por exemplo, que não conseguia produzir por faltacasa de aposta 365peças feitascasa de aposta 365cobre.

O cobre é ainda fundamental na produçãocasa de aposta 365placascasa de aposta 365luz solar e outras soluções sustentáveis.

Há ainda estimadas 2,2 bilhõescasa de aposta 365toneladascasa de aposta 365minériocasa de aposta 365ferro, que,casa de aposta 3652010 valiam cercacasa de aposta 365US$ 420 bilhões, e são a principal matéria prima do aço. Alémcasa de aposta 365quase cem minas diferentescasa de aposta 365ouro e prata.

Mas a análise das rochas vulcânicas do perigoso deserto afegão mostraram também a existênciacasa de aposta 3651,4 milhãocasa de aposta 365toneladascasa de aposta 365um grupocasa de aposta 36517 elementos químicos conhecidos como terras-raras, como o lantânio e o neodímio, que possuem incomuns propriedades catalíticas, metalúrgicas, nucleares, elétricas, magnéticas e luminescentes.

E depósitoscasa de aposta 365lítiocasa de aposta 365quantidades tão significativas que um documento interno do Departamentocasa de aposta 365Defesa dos EUA qualificou o Afeganistão como a "Arábia Saudita do Lítio".

Nas estimativas das autoridades americanas, apenas na provínciacasa de aposta 365Ghazni, na porção sudeste do país, haveria reservascasa de aposta 365lítiocasa de aposta 365tamanho equivalente às da Bolívia, onde está o maior depósito conhecido desse metal no mundo.

"Mas pode haver muito mais do que isso, só que não foi possível analisar, dada a insegurança no terreno", explica Schoonover.

Um mercadocasa de aposta 365ebulição

Tanto as terras-raras quanto o lítio são fundamentais no desenvolvimentocasa de aposta 365produtoscasa de aposta 365alta tecnologia verde.

Eles são usadoscasa de aposta 365celulares, televisores, motores híbridos, computadores, lasers e bateriascasa de aposta 365todos os tipos, incluindo oscasa de aposta 365carros elétricos.

Entre as terras-raras, há ainda algumas fundamentais para fazer supercondutores, ligas que conduzem energia com mínimas perdas presentescasa de aposta 365diferentes indústrias.

Esses minerais são tão centrais para a economia atual que o Congresso americano os classificou como "críticos para a segurança nacional".

"A crescente demanda por cobre, lítio e cobalto,casa de aposta 365particular, está sendo impulsionadacasa de aposta 365grande parte pela transição para a energia verde.", afirmou à BBC News Brasil Michaël Tanchum pesquisador do Instituto Austríaco para Europa e Políticacasa de aposta 365Segurança e do Instituto do Oriente Médio,casa de aposta 365Washington D.C.

Veículo elétrico é carregado

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Até 2030, os EUA planejam ter metadecasa de aposta 365sua frota automotiva composta por veículos elétricos (hoje são cercacasa de aposta 3652%). Ecasa de aposta 3652035, a União Europeia espera eliminar todos os carros com motor à combustão

Até 2030, os EUA planejam ter metadecasa de aposta 365sua frota automotiva composta por veículos elétricos (hoje são cercacasa de aposta 3652%). Ecasa de aposta 3652035, a União Europeia espera eliminar todos os carros com motor à combustão.

Emcasa de aposta 365fabricação e funcionamento, carros elétricos demandamcasa de aposta 365média seis vezes mais minerais, como lítio e cobalto, dos que os convencionais.

Assim, é fácil entender porque, nos próximos nove anos, a projeção é que a demanda mundial por lítio aumente cercacasa de aposta 365quatro vezes. Já a demanda por terras-raras deve quase triplicar até 2030.

Em maio, a Agência Internacionalcasa de aposta 365Energia alertou que a produçãocasa de aposta 365lítio, cobre, cobalto e terras raras precisa crescer drasticamente ou o mundo perderia a chancecasa de aposta 365combater o aquecimento global.

A entrada do Afeganistão no mercado também representaria uma bem-vinda diversificaçãocasa de aposta 365fornecedores.

Atualmente, apenas 3 países - China, Congo e Austrália - respondem por 75% da produção globalcasa de aposta 365lítio, cobalto e terras-raras.

O fator China

Talebã
Legenda da foto, É possível que o Talebã, agora no comando, tente explorar riqueza mineral

"Não resta dúvida que as potencialidades econômicas para os afegãos da exploração desse subsolo seriam enormes e essenciais, mas se fosse assim tão fácil os próprios americanos já teriam começado a exploração.

É impossível criar condiçõescasa de aposta 365mineração industrial ao mesmo tempocasa de aposta 365que se tenta desviarcasa de aposta 365balas", afirma Schoonover.

Não apenas os sucessivos conflitos militares explicam o motivo pelo qual a riqueza mineral afegã nunca foi sistematicamente explorada.

O país não tem vias rodoviárias asfaltadas ou malha ferroviária capazcasa de aposta 365escoar a produção.

Além disso, a atividade mineradora exige enorme quantidadecasa de aposta 365energia elétrica - recurso escassocasa de aposta 365um país onde somente 35% da população têm acesso à eletricidade - ecasa de aposta 365água, também limitada e com distribuição precária no país.

Nessas condições, o poucocasa de aposta 365mineração até hoje foi irregular e artesanal.

Todos esses problemas já existiam antes, mas agora, sem os EUA por perto, há também novas oportunidades.

"Em contraste com a primeira vezcasa de aposta 365que o Talebã chegou ao poder na décadacasa de aposta 3651990, a China, vizinha do Afeganistão, é agora uma potência manufatureira com alcance global. Isso muda a equação, já que o controle do Talebã sobre o Afeganistão agora chegacasa de aposta 365um momentocasa de aposta 365que há uma crise no fornecimento desses minerais no futuro próximo e a China precisa deles", afirma Michaël Tanchum.

De acordo com Tanchum, se o Talebã oferecer aos chineses condições mínimascasa de aposta 365segurança para a operação, é possível que a China seja capazcasa de aposta 365cruzar a fronteira - com maquinário, pessoal treinado e até com insumos para construçõescasa de aposta 365vias - e criar as condições para uma produçãocasa de aposta 365escalacasa de aposta 365minérios.

A depender do mercado, seria inclusive uma solução lucrativa.

E a China não é conhecida por relações internacionais baseadascasa de aposta 365sanções por assuntoscasa de aposta 365direitos humanos e liberdades individuais, temas, aliás, que frequentemente trazem problemas ao governocasa de aposta 365Pequim.

"Fora da própria China, os maiores produtores desses minerais são a Austrália, o Chile e a Argentina. Assim, o Afeganistão poderia ajudar a China a obter maior segurançacasa de aposta 365abastecimento a uma distância muito mais próxima, reduzindo a participaçãocasa de aposta 365mercado para os produtorescasa de aposta 365lítio da América Latina", diz o pesquisador.

Embora não costume operarcasa de aposta 365zonascasa de aposta 365guerra, a própria China já tem uma posição pioneira no Afeganistão para extrair minerais.

Em 2007, a Corporação Metalúrgica da China (MCC) adquiriu um contratocasa de aposta 365arrendamentocasa de aposta 36530 anos para minerar cobrecasa de aposta 365Mes Aynak, no Afeganistão, por US$ 3 bilhões, no que é considerado o maior investimento estrangeiro na história do país.

As operaçõescasa de aposta 365mineração da MCC foram duramente afetadas pela instabilidade no país devido ao conflito entre o Taleban e o ex-governo afegão.

Agora, com a queda do governo afegão, as condições mudam sensivelmente.

"Se houver condições operacionais estáveis, então as exploraçõescasa de aposta 365cobre sozinhas podem gerar dezenascasa de aposta 365bilhõescasa de aposta 365dólarescasa de aposta 365receita, estimulando o desenvolvimentocasa de aposta 365operaçõescasa de aposta 365mineraçãocasa de aposta 365lítio e outros metais", diz Tanchum.

Outros países da região, como o Paquistão, certamente teriam interesse nisso, já que a produção poderia ser transportada por suas rotas comerciais até a China, o que geraria receitas aos paquisteneses e aumentaria os incentivos para que eles atuemcasa de aposta 365favor da estabilidade da área.

O Paquistão é o principal aliado estrangeiro do Talebã, que possui bases no país vizinho.

A situação no Afeganistão após a tomadacasa de aposta 365Cabul pelos radicais islâmicos segue incerta.

Uma parte da população luta para fugir enquanto o Talebã tenta colocarcasa de aposta 365pé o governo do novo Emirado e estabelecer as bases - legais e repressoras -casa de aposta 365que seu poder vai se assentar.

Há, no entanto, uma sensaçãocasa de aposta 365que a ascensão ao poder do grupo é um fato dado.

Em 2010, o geólogo americano Jack Medlin afirmou que as recém-descobertas reservas minerais do país eram "uma riqueza que autorizava os afegãos a sonhar com um futuro que eles desconheciam".

É possível que o Talebã, agora no comandocasa de aposta 365tudo, tenha herdado a possibilidadecasa de aposta 365concretizar esse sonhocasa de aposta 365maiscasa de aposta 365uma década.

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