Os chocantes relatos sobre internatos onde morreram 6 mil crianças indígenas no Canadá:unibet24

Escola Kamloopsunibet241937.

Crédito, EPA

Legenda da foto, A escola Kamloopsunibet241937: local tinha capacidade para abrigar até 500 crianças

unibet24 De 1863 a 1998, maisunibet24150 mil crianças indígenas foram separadasunibet24suas famílias e levadas a internatos no Canadá.

Esses colégios administrados pelo governo, e emunibet24maioria operados pela Igreja Católica, formavam parte da políticaunibet24assimilação cultural das crianças indígenas.

Os menores não podiam falarunibet24língua ou praticar a culturaunibet24seus povos. Muitos eram maltratados e sofriam abusos.

Agora, a aterrorizante descoberta dos restos mortaisunibet24215 crianças que estudavamunibet24um desses internatos, a escola residencial indígena Kamloops, colocou novamenteunibet24discussão os abusos cometidos nessas instituições.

"Genocídio cultural"

As igrejas cristãs foram essenciais na fundação e operação dessas escolas.

A Igreja Católica,unibet24particular, foi responsável por operar até 70% dos 130 internatos,unibet24acordo com a Sociedadeunibet24Sobreviventesunibet24Escolas Residenciais Indígenas.

Criançasunibet24um internato para menores indígenas no Canadáunibet241950

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Criançasunibet24um internato para menores indígenas no Canadáunibet241950

As crianças eram obrigadas a abandonar suas línguas nativas, falar inglês ou francês e se converter ao cristianismo.

Joseph Maud foi uma dessas crianças. Em 1966, com cinco anosunibet24idade, ele entrou no internato Pine Creek,unibet24Manitoba, no Canadá.

Era esperado que os alunos falassem inglês ou francês, mas Maud só falava a línguaunibet24seu povo, Ojibwa.

Se os alunos falassem suas próprias línguas, eles levavam puxõesunibet24orelhas e suas bocas eram lavadas com sabão, relatou Maud à BBCunibet242015, quando foi publicado um relatório da Comissãounibet24Verdade e Reconciliação sobre o tema.

"Mas a maior dor era estar separado dos meus pais, primos e dos meus tios e tias", contou Maud à BBC.

O relatório descreveu a política liderada pelo governo como "genocídio cultural".

"Essas medidas faziam parteunibet24uma política coerente para eliminar os aborígenes como povos distintos e assimilá-los na corrente dominante canadense contra aunibet24vontade", diz o documento.

"O governo canadense seguiu essa políticaunibet24genocídio cultural porque desejava se livrarunibet24suas obrigações legais e financeiras com o povo aborígene e para obter controleunibet24suas terras e recursos", aponta o relatório.

Evelyn Camille, sobrevivente da escola Kamloops posa ao ladounibet24memorial das vítimas do lugar

Crédito, COLE BURSTON

Legenda da foto, Sobrevivente da escola Kamloops, Evelyn Camille posa ao ladounibet24memorial das vítimas do lugar

Condições precárias e abusos

O relatório detalha falhas graves no cuidado e segurança das crianças, com o apoio da igreja e do governo.

Os alunos costumavam ficar alojadosunibet24edifícios com construções precárias, mal aquecidos e insalubres, segundo o relatório. Muitos não tinham acesso a um médico capacitado para acompanhá-los.

O trabalho da Comissãounibet24Verdade e Reconciliação apontou que cercaunibet246 mil crianças morreram enquanto estavamunibet24internatos. Seus corpos raramente voltavam para a família. Muitos foram enterradosunibet24sepulturas sem nomes.

O Projeto Crianças Desaparecidas documenta as mortes e os locaisunibet24sepultamentosunibet24muitos desses menores. Em um levantamento recente, a iniciativa divulgou que já identificou os locaisunibet24que foram enterradas maisunibet244,1 mil crianças.

Muitos daqueles que sobreviveram tiveramunibet24conviver com as recordaçõesunibet24abusos emocionais, físicos e até sexuais.

Maud disse à BBC,unibet242015, que tinha que se ajoelharunibet24um chãounibet24concreto da capela, porque as freiras diziam que "essa era a única forma para que Deus o escutasse".

"Eu estava chorando quando me ajoelhei e pensei: quando isso vai acabar? Alguém me ajuda", relatou.

Ele se lembrou que certa vez urinou na cama. Uma freira encarregadaunibet24seu quarto, então, esfregou o rosto dele contra a própria urina.

"Foi muito degradante e humilhante. Porque eu estavaunibet24um dormitório com outras 40 crianças", contou.

Em 2008, o governo canadense se desculpou formalmente pelas ações do passado.

Diversos sapatos deixadosunibet24protesto contra mortesunibet24crianças indígenas

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Alguns canadenses colocaram sapatosunibet24criançasunibet24recordação aos pequenos que morreramunibet24escola no passado

A descoberta na escola Kamloops

A escola Kamloops funcionou entre 1890 e 1969, na cidadeunibet24mesmo nome, na provínciaunibet24Colúmbia Britânica, no extremo oeste do Canadá. Era a maior desse segmento, conhecido como Sistema Escolarunibet24Residências Indígenas.

Sob administração católica, chegou a ter 500 alunos durante o seu maior períodounibet24ocupação, na décadaunibet241950.

No fim do mês passado, foi descoberta uma vala comum na qual há restos mortais de, ao menos, 215 crianças indígenas. O fato causou indignaçãounibet24todo o país.

A descoberta foi feita por uma iniciativa da nação indígena Tk'emlups te Secwepemc, da região, que informou ter usado um radarunibet24penetração no solo durante uma pesquisa no local.

Fachada da escola residencial Kamloops, que abrigava crianças indígenas

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Havia cercaunibet24130 internatos para crianças indígenas no Canadá. Na foto, a fachada da Kamloops

Especialistasunibet24museus e legistas estão ajudando a estabelecer as causas e os momentos das mortes das crianças, que até o momento não são conhecidos.

O relatório final sobre a descoberta está previsto para ser divulgadounibet24meadosunibet24junho, e as conclusões preliminares podem ser revisadas. Líderes e defensores indígenas acreditam que o númerounibet24215 aumente.

Até hoje não há um panorama completo do númerounibet24crianças que morreram, das circunstânciasunibet24suas mortes ouunibet24onde estão enterradas. Iniciativas como a da nação Tk'emlúps te Secwépemc estão ajudando a reunir um pouco dessa história.

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, chamou a situaçãounibet24uma "dolorosa lembrança"unibet24um "capítulo vergonhoso da históriaunibet24nosso país".

Trudeau pediu que a Igreja Católica "assuma a responsabilidade"unibet24seu papel nas escolas residenciais indígenas.

O governo assumiu a administração da escola Kamloopsunibet241969 e a utilizou como residência para estudantes locais até 1978, quando o lugar foi fechado.

"Precisamos ter a verdade antes que possamos falar sobre justiça, cura e reconciliação", disse Trudeau.

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