Conflito entre Israel e palestinos: Quem é o bebê sobreviventeataque que matou 10 da mesma família:

Omar Al-Hadidi

Crédito, REUTERS/Mohammed Salem

Legenda da foto, Omar Al-Hadidi,apenas cinco meses, perdeu a mãe, quatro irmãos, uma tia e quatro primos

Omar Al-Hadidi,apenas cinco meses, perdeu a mãe, quatro irmãos, uma tia e quatro primos quando a casa onde moravam no camporefugiados Al-Shati, ao oesteGaza, foi atingida por um ataque aéreoIsrael.

Ele foi o único das 10 pessoas da família que estavam no local a sobreviver. O bebê foi resgatado dos escombros com ferimentos graves, mas está agora estável no hospital.

O pai dele, Mohammad Al-Hadidi, não estavacasa no momento do bombardeio que matou quase toda afamília.

"Graças a Deus eu ainda tenho Omar. Não tinha mísseis lá, só mulheres e crianças. Nenhum míssil, só crianças celebrando Eid (um festival muçulmano)", disse Al-Hadidi à agêncianotícias Reuters.

Bebê feridoataqueIsrael a camporefugiados

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, O pai do bebê não estavacasa no momento do ataque. 'Só tinha mulheres e crianças', disse ele.

"O que eles fizeram para merecer isso?", questionou. O médico que tratouOmar depois que ele foi resgatado dos escombros disse que o bebê estava muito machucado.

"O fêmur estava quebrado e ele tinha ferimentos por todo o corpo, mas, felizmente, depois dos primeiro cuidados, ele está estável", disse.

Dia sangrento

O último sábado (15) foi um dos dias mais sangrentos do confronto entre palestinos e israelenses que começou no dia 10maio. Autoridades israelenses disseram que militantes palestinos dispararam 278 mísseis desde Gaza, que teriam atingido casas das cidadesAshdod, Beersheba e Sderot.

Um desses projéteis teria caído numa ruaRamat Gan, subúrbioTel Aviv, provocando a morteum homem.

Ramat Gan

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Foguete atingiu Ramat Gan, bairro israelense

Já autoridades palestinas dizem que ataquesIsrael mataram mulheres e crianças. Até agora, pelo menos 174 pessoas morreramGaza, entre elas 47 crianças, segundo as autoridades palestinas.

Israel, porvez, diz que 10 israelenses morreram, entre eles dois menores18 anos.

Reunião do ConselhoSegurança da ONU

A escalada do conflito levou o ConselhoSegurança da ONU a convocar uma reuniãoemergência para este domingo (16).

No sábado, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, telefonou ao primeiro-ministroIsrael, Benjamin Netanyahu, e ao presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, para tentar alcançar um cessar fogo.

Os EUA também enviaram um emissário, Hady Amr, à Tel Aviv. Ele se reuniu com o ministro da DefesaIsrael, Benny Gantz. O Egito também tenta mediar o conflito, mas, até agora, nenhum acordo foi alcançado.

Prédioagênciasnotícias destruído

Também no sábado, um ataque aéreoIsrael destruiu um prédio onde funcionavam as sedesdiversas agênciasnotícias internacionais, como Associated Press e Al-Jazeera, alémapartamentos residenciais e escritórios.

Em um comunicado divulgado pouco depois, o exército israelense disse que o prédio também era usado para guardar artigos militares pertencentes ao Hamas, grupo militante palestino.

Mísseis no céuGaza

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Imagem mostra luta entre mísseis disparados pelo DomoFerroIsrael (à esquerda) e foguetes do Hamas (à direita)

No entanto, o dono do complexo destruído negou que houvesse qualquer presença militar lá. A jornalistas, ele disse que só havia no edifício escritóriosimprensa e cerca60 apartamentos residenciais.

A torre bombardeada é o maior prédio destruídoGaza por Israel até agora. A Associated Press (AP) disse que ele foi atingido cercauma hora depois das forças israelenses ordenarem que as pessoas evacuassem o local.

"Esse é um acontecimento perturbador. Evitamos mortes por pouco. Dezenasjornalistas e freelancers da AP estavam no prédio e felizmente foi possível retirá-los a tempo", disse o presidente da AP, Gary Pruitt.

Após o bombardeio ao prédio, o SecretárioImprensa da Casa Branca Jen Psaki disse que pediu ao governo israelense para garantir a segurançajornalistas.

"Nós comunicamos diretamente aos israelenses que garantir a segurança dos jornalistas e da imprensa independente é uma responsabilidade crucial", postou no Twitter.

O estopim

Os primeiros conflitos eclodiram a partir da ameaçadespejofamílias palestinas do bairroSheikh Jarrah, que fica fora dos muros da Cidade VelhaJerusalém.

A áreaque hoje vivem as famílias é reivindicada por gruposcolonos judeustribunais israelenses.

Cisjordânia

Há décadas israelenses têm ocupado áreas habitadas por palestinos por meioassentamentos, tantoJerusalém Oriental quanto na Cisjordânia. Só nesta última, são cerca430 mil colonos israelenses distribuídos entre 132 assentamentos.

Essas colônias são consideradas ilegais pela lei internacional. Em pelo menos seis ocasiões desde 1979 o ConselhoSegurança da ONU reafirmou que elas são "uma violação flagrante da legislação internacional". A última delas foi2016 - o documento oficial também menciona Jerusalém Oriental.

Já Israel defende as iniciativas argumentando que se tratauma estratégiadefesasua integridade, e não uma tentativatomada da soberania palestina.

Esse é um dos pontos mais contenciosos das negociaçõespaz na região e ajuda a explicar porque o atual conflito era inevitável, segundo o editor da BBC para o Oriente Médio, Jeremy Bowen.

O fatoo conflito ter desaparecido das manchetes internacionais nos últimos anos, diz ele, não significa que tenha acabado. É uma ferida aberta no coração do Oriente Médio, que gera ódio e ressentimento que atravessa não apenas os anos, mas gerações.

Raya

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