'Elite poluidora': ricos do mundo precisam reduzir consumo para conter mudanças climáticas, diz grupo científico:
Críticos dessas conclusões afirmam que a melhor formaconter as emissõescarbono é por melhorias tecnológicas,vezpor medidas impopulares.
Mas o principal autor do estudo, Peter Newell, professor da UniversidadeSussex (Reino Unido), afirmou à BBC News que, embora seja "totalmente a favormelhorias tecnológicas e produtos mais eficientes, está claro que será necessária uma ação mais drástica, porque as emissões (de carbono) continuam subindo".
"Temosconter o excessoconsumo, e o melhor lugar para começar é com o excessoconsumo entre as elites poluidoras, que contribuem com muito maiso que lhes caberia nas emissõescarbono", agregou.
“Essas são as pessoas que mais viajamavião, dirigem os carros maiores, vivem nas maiores casas, para as quais podem facilmente pagar o aquecimento, então não tendem a se preocupar muito quanto a se essas casas são bem isoladas (termicamente) ou não. E também são as pessoas que poderiam adquirir um bom isolamento térmico e painéis solares, se quisessem."
Newell afirmou que, para enfrentar o aquecimento global, todas as pessoas precisam se sentir parteum esforço coletivo - o que significa que os ricos precisam consumir menos e dar o exemplo aos mais pobres.
"Ricos que viajam muitoavião podem achar que compensam suas emissões com projetosplantioárvores, para capturar o carbono do ar. Mas esses projetos são altamente contenciosos e não têm comprovação a longo prazo. (Os mais ricos) precisam simplesmente viajar menosavião e dirigir menos. Mesmo que eles tenham um carro utilitário elétrico, ele ainda é um dreno ao sistemade energia, e há todas as emissões emitidas na construção do veículo", prossegue o pesquisador.
Em resposta, Sam Hall, da Rede Ambiental Conservadora, afirmou que "é importante enfatizar a importância da igualdade (nos cortesemissões) - e políticas podem facilitar que pessoas e negócios se tornem mais ambientalmente corretos por meioincentivos e regulação direcionada. Mas encorajar tecnologias limpas é provavelmente mais eficiente e tem mais chanceconquistar consenso entre o público do que penalidades ou restrições ao estilovida".
No entanto, Newell argumenta que as estruturas políticas atuais permitem aos mais ricos fazer lobby contra mudanças necessárias na sociedade que possam interferirseu estilovida.
Um exemplo recente é o da Assembleia do Clima do Reino Unido, iniciativa que propôs uma sériemedidas para conter comportamentosalta emissãocarbono - como desincentivos ao alto consumocarne vermelha e derivadosleite, veto a utilitários poluidores e taxas a viajantes aéreos frequentes.
Um empecilho citado pela Secretaria do Tesouro britânica é que, para taxar viajantes frequentes, seria necessário que o governo coletasse e armazenasse dados pessoais dos passageiros, abrindo debatestorno da privacidade.
Mas, para a comissãoCambridge, só será possível alcançar as metas do Acordo ClimáticoParis com "mudanças radicaisestilosvida ecomportamentos, especialmente entre os membros mais ricos da sociedade".
"Para haver mudanças na velocidade e na escala exigidas para o cumprimento das metas, precisamos encolher e dividir: reduzir o carbono e distribuir (a riqueza) mais igualmente".
O relatório é o mais recente dentroum amplo debatetornoo que significa ser "justo" no âmbito do combate às mudanças climáticas.
Países mais pobres, como a Índia, costumam argumentar que deveriam poder aumentarpoluição, uma vez queemissãocarbono per capita é menor do que apaíses ricos.
Essas questões são parte da intrincada negociação que fará parte da conferência climática marcada para a semana que vem e organizada pelo presidente americano, Joe Biden. E também da conferência COP, que seránovembro no Reino Unido.
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