Mudanças climáticas: a luta para salvar a Terra:super gol aposta

Protestosuper gol apostaBerlimsuper gol aposta2019

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Legenda da foto, Manifestantes participam da greve mundial pelo clima na capital alemã, Berlim,super gol aposta2019

super gol aposta O século 21 pode ser facilmente chamado do século das mudanças climáticas. Suas primeiras duas décadas foram suficientes para transformar o tema numa questão existencial para a humanidade e mostrar seus possíveis - e prováveis - impactos na vida na Terra.

Da campanha e do documentário do ex-vice-presidente americano Al Gore,super gol aposta2006, à assinatura do Acordosuper gol apostaParis,super gol aposta2015, e ao movimento lançado pela adolescente sueca Greta Thunberg,super gol aposta2018, o aumento da temperatura do planeta causado pela ação humana tornou-se um assunto onipresente.

Nada disso, porém, foi capazsuper gol apostacontornar o problema.

A cada vitória dos ambientalistas e ação conjuntasuper gol apostagovernantes, a comunidade científica internacional alertava que a situação se agravara.

A crescente emissãosuper gol apostagases causadores do chamado efeito estuda, principalmente o dióxidosuper gol apostacarbono (CO2, ou gás carbônico), continuava provocando o aumento da temperatura terrestre.

Apesarsuper gol apostacelebrados, os passos dados na tentativasuper gol apostareduzir tais emissões eram considerados insuficientes e tardios. As mudanças climáticas tornaram-se uma emergência climática, e o mundo corria contra o calendário para tentar proteger a vida na Terra.

A eleiçãosuper gol aposta2000

O início da batalhasuper gol apostatorno das mudanças climáticas foi pautadosuper gol apostagrande medida pelas eleições presidenciais americanassuper gol apostanovembrosuper gol aposta2000.

Duas visõessuper gol apostamundo distintas enfrentavam-se nas urnas. De um lado, o então vice-presidente, o democrata Al Gore, para quem o aquecimento global era um problema grave que merecia especial atenção. Do outro, o então governador do Texas, o republicano George W. Bush, um cético que comandava um Estado com fortes ligações com a poluente indústria do petróleo.

Após a mais apertada disputasuper gol apostaque se tinha memória, Bush sagrou-se vencedor. O envolvimento dos Estados Unidos no combate às mudanças climáticas estava sob risco.

Bushsuper gol apostacampanhasuper gol aposta2000

Crédito, PAUL J. RICHARDS/Getty Images

Legenda da foto, A vitóriasuper gol apostaBush na disputa presidencialsuper gol aposta2000 trouxe retrocessos no combate ao aquecimeto global

Em marçosuper gol aposta2001, apenas dois meses depoissuper gol apostatomar posse, Bush voltou atrás nas promessas que fizera como candidatosuper gol apostacombater o aquecimento global.

Numa carta a senadores republicanos, o presidente disse que, numa épocasuper gol apostaescassez energética, o governo não poderia prejudicar os consumidores.

"Isto é especialmente verdadeiro dado o incompleto estadosuper gol apostaconhecimento científico das causas do, e das soluções para, o aquecimento global", disse Bush, segundo informou o jornal The New York Times.

Em 28super gol apostamarço, o governo anunciou que não mais ratificaria o Protocolosuper gol apostaKyoto, acordo pela reduçãosuper gol apostapoluentes obtido no Japão,super gol aposta1997.

A disputa pela Casa Brancasuper gol aposta2000 teve outra importante consequência. Se a campanha contra o aquecimento global perdera a chancesuper gol apostater um novo presidente americano comprometido com a causa, ela ganhou um ativista.

"Eu sou Al Gore, e eu era o 'próximo presidente dos Estados Unidos da América'." Com essa leve piada referindo-se asuper gol apostafrustrada tentativasuper gol apostagovernar a maior potência do mundo, Gore se apresentava no palco ao iniciarsuper gol apostapalestra sobre aquecimento global.

A cena, parte do documentário Uma Verdade Inconveniente,super gol aposta2006, mostrava um influente ex-político tentando convencer suas plateiassuper gol apostaque as mudanças climáticas eram um fato, eram causadas pelas atividades dos seres humanos, e não havia tempo a perder na luta contra o problema.

Para entender melhor a situação no início do século 21, vale voltar à década anterior.

Em 1992, o Riosuper gol apostaJaneiro recebeu líderes do mundo todo na Rio-92, também conhecida como Cúpula da Terra e chamada oficialmentesuper gol apostaConferênciasuper gol apostaDesenvolvimento e Meio Ambiente das Nações Unidas.

No evento, três convenções foram assinadas, entre elas a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (na siglasuper gol apostainglês, UNFCCC), assinada por 154 países.

Após entrarsuper gol apostavigorsuper gol aposta1994, a convenção deu início à realizaçãosuper gol apostaencontros anuais, as chamadas COP (Conferências das Partes), onde medidas concretassuper gol apostacombate ao aquecimento global poderiam ser adotadas por meio dos chamados protocolos.

Bush discursa no Riosuper gol aposta1992

Crédito, DANIEL GARCIA/Getty Images

Legenda da foto, O paisuper gol apostaGeorge W. Bush, então presidente George Bush, participou da Rio-92, que lançou ações para proteger o clima

O Protocolosuper gol apostaKyoto, anunciado na COP3, realizada na cidade japonesasuper gol apostamesmo nome, estabelecia diferentes responsabilidades pelo controle da emissão dos seis principais gases causadores do efeito estufa - especialmente o dióxidosuper gol apostacarbono.

Reconhecendo que nações desenvolvidas haviam poluído mais o ambiente ao longo dos anos e tinham mais recursos para iniciar a redução da emissãosuper gol apostagases, por meio do corte no usosuper gol apostacombustíveis fósseis, o protocolo estabeleceu responsabilidades e metas apenas para os países mais ricos.

Estes deveriam reduzirsuper gol apostamédia, no períodosuper gol apostacinco anos entre 2008 e 2012, suas emissões a 5,2% abaixo do nível do anosuper gol aposta1990. No caso dos Estados Unidos, a redução seriasuper gol aposta7%.

Foi essa exigência, aliada ao fatosuper gol apostaque nações poluidorassuper gol apostadesenvolvimento, como China e Índia, não eram obrigadas a reduzir suas emissões, que levou George W. Bush a abandonar o compromisso americano com a reduçãosuper gol apostaemissões na atmosfera - firmado inicialmentesuper gol aposta1992 por seu pai, o presidente George Bush, e confirmado pelo presidente Bill Clintonsuper gol aposta1997.

Mesmo sem a ratificação pelos Estados Unidos, entretanto,super gol apostafevereirosuper gol aposta2005 o Protocolosuper gol apostaKyoto entrariasuper gol apostavigor.

Prêmios Nobel e Kyoto

Apesar da decepção com o retrocessosuper gol apostaWashington, o movimento ambientalista internacional cresceu nos primeiros anos do século - e foi reconhecido.

Em 2004, a comissão organizadora do Prêmio Nobel surpreendeu o mundo ao associar, pela primeira vez, a proteção do meio ambiente a esforços pela paz.

No dia 8super gol apostaoutubro, a queniana Wangari Maathai foi anunciada como a vencedora do Nobel da Paz daquele ano, a primeira mulher africana e a primeira ambientalista a receber a honraria.

Maathai, então vice-ministra do Meio Ambiente do Quênia, foi reconhecida por um trabalho iniciado na décadasuper gol aposta1970, quando lançou o Movimento Cinturão Verde, uma campanha pelo plantiosuper gol apostadezenassuper gol apostamilhõessuper gol apostaárvores na África para combater o desmatamento no continente.

Wangari Maathai recebe Nobel

Crédito, AFP

Legenda da foto, A queniana Wangari Maathai recebe o Nobel da Pazsuper gol aposta2004, o primeiro a associar o tema à luta pelo meio ambiente

Àqueles surpresos com a combinação entre preservação da natureza e o Nobel da Paz, historicamente ligado à prevençãosuper gol apostaconflitos armados, Maathai explicou o que era uma realidade cada vez mais aceita.

"O meio ambiente é muito importantesuper gol apostaaspectossuper gol apostapaz, porque quando destruímos nossos recursos, e nossos recursos tornam-se escassos, nós lutamos por eles. Eu trabalho para garantir que nós não apenas protejamos o meio ambiente, mas também melhoremos a governança", disse ela.

Na cerimôniasuper gol apostaentrega do prêmio a Maathai,super gol apostadezembrosuper gol aposta2004, o então presidente do comitê do Nobel, Ole Danbolt Mjos, reforçou a ideia. "A paz na Terra dependesuper gol apostanossa habilidadesuper gol apostaassegurar o ambientesuper gol apostaque vivemos."

Esse ambiente ficara um pouco mais seguro três meses antes da entrega do Nobel. Quando o Protocolosuper gol apostaKyoto foi definido,super gol aposta1997, foi anunciado que ele só seria implementado depois que 55 países, "representando 55% do total das emissõessuper gol aposta1990 dos países desenvolvidos", o ratificassem.

Com a decisão do governo Bushsuper gol apostaretirar os Estados Unidos do acordo, tornou-se essencial a participaçãosuper gol apostaoutra potência: a Rússia.

A confirmação veiosuper gol apostasetembrosuper gol aposta2004, quando o Parlamento russo ratificou o Protocolosuper gol apostaKyoto, salvando o acordosuper gol apostaum riscosuper gol apostafracasso.

Pelas regras, assim como Nova Zelândia e Ucrânia, no período entre 2008 e 2012 a Rússia não teriasuper gol apostadiminuir suas emissõessuper gol apostacomparação com o nívelsuper gol aposta1990, apenas mantê-las no mesmo patamar daquele ano.

A ratificação pela Rússia disparou uma contagem regressivasuper gol aposta90 dias para a implementação do protocolo, o que ocorreusuper gol aposta16super gol apostafevereirosuper gol aposta2005, maissuper gol apostasete anos depoissuper gol apostaseu anúncio.

A medida veiosuper gol apostaboa hora. Ao longosuper gol aposta2005, vários desastres naturais expuseram a fragilidade humana diante da natureza, especialmentesuper gol apostaeventos relacionados aos oceanos.

O ano começou com os efeitos do tsunami do Oceano Índico, que matou 226 mil pessoas e devastou cidades nos litoraissuper gol apostavários países. Em agosto, o furacão Katrina destruiu boa parte da cidade americanasuper gol apostaNova Orleans e deixou 1.800 mortos no sul dos Estados Unidos.

Nova Orleans após o furacão Katrina

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Legenda da foto, O furacão Katrina, que devastou Nova Orleans, foi para muitos um alerta sobre possíveis efeitos das mudanças climáticas

Se o tsunami fora causado por um terremoto, fenômeno sem ligação com as mudanças climáticas, o Katrina foi um exemplo da violência cada vez mais frequente com que os furacões vinham se formando no Oceano Atlântico, desde a décadasuper gol aposta1980.

A ciência não sabia ao certo se a intensidadesuper gol apostafuracões tinha relação com o aquecimento global. No entanto, as tragédias costeiras, fossem furacões ou tsunamis, alertavam para efeitos do aguardado futuro aumento no nível do mar.

Como dizia um estudo publicado pela revista Sciencesuper gol apostamarçosuper gol aposta2005, já se esperava que o aquecimento do planeta causasse, ao final do século 21, uma elevação dos oceanos entre 13 e 30 centímetros,super gol apostacomparação com os níveissuper gol aposta1999.

Longe do mar, vinha do Brasil uma boa notícia à comunidade internacional. Em 2005, o país registrava a primeira queda no desmatamento da Amazônia, após uma tendênciasuper gol apostaalta iniciadasuper gol aposta1997.

Apesar dos 19.014 quilômetros quadrados desmatados, o balanço daquele ano foi promissor diante dos 27.772 derrubadossuper gol aposta2004.

Os números foram um alívio numa épocasuper gol apostaque os olhos do mundo voltavam-se cada vez mais para a importância das florestas tropicais,super gol apostaespecial a Amazônia.

Em 2006, o aquecimento global chegou a Hollywood. Em maio, foi lançado o documentário Uma Verdade Inconveniente,super gol apostaque Al Gore dava uma verdadeira aula, com linguagem acessível, sobre as mudanças climáticas provocadas pela atividade humana - como indústria e transporte usando combustíveis fósseis.

Entre seus alertas, o ex-vice-presidente americano lembrava que 2005 fora o ano mais quente do planeta desde que mediçõessuper gol apostatemperatura começaram a ser feitas - situação que se agravaria na década seguinte.

O aumentosuper gol apostatemperatura, como mostravam seus gráficos, acompanhava o aumento nas emissõessuper gol apostadióxidosuper gol apostacarbono na atmosfera. O filme ganhou o Oscarsuper gol apostaMelhor Documentáriosuper gol apostafevereirosuper gol aposta2007, e no final daquele ano o Nobel voltou a combinar proteção do meio ambiente com a luta pela paz.

Al Gore

Crédito, SAMANTHA SIN/Getty Images

Legenda da foto, Al Gore, cujo filme sobre mudanças climáticas ganhou um Oscar, recebeu o Nobel juntamente com o IPCC

O prêmio Nobel da Pazsuper gol aposta2007 foi entregue para Al Gore e o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), órgão da ONU (Organização das Nações Unidas) criadosuper gol aposta1988 e cujos relatórios haviam se tornado peças fundamentais no entendimento das causas e efeitos do aquecimento global.

Na cerimôniasuper gol apostaentrega do prêmio, Ole Danbolt Mjos voltou a dizer que a destruição da natureza colocavasuper gol apostarisco a pazsuper gol apostavárias partes do mundo.

"Infelizmente, nós já podemos estabelecer que o aquecimento global não apenas tem consequências para a 'segurança humana', mas pode também alimentar violência e conflito dentro de, e Estados", disse ele.

China e a volta dos EUA

A China, que até o final do século 20 ainda era vista como um paíssuper gol apostadesenvolvimento, rapidamente tornou-se uma superpotência.

Suas emissõessuper gol apostadióxidosuper gol apostacarbono acompanharam seu crescimento econômico, que entre 2003 e 2007 registrou a incrível taxa média anualsuper gol aposta11,7%.

Em abrilsuper gol aposta2007, a Agência Internacionalsuper gol apostaEnergia (IEA, na siglasuper gol apostainglês) disse que a China estava prestes a ultrapassar os Estados Unidos como o país que mais lançava carbono na atmosfera.

Em junho, a Agênciasuper gol apostaAvaliação Ambiental da Holanda disse que isso já havia acontecidosuper gol aposta2006. Naquele ano, segundo o órgão, a China emitira 6,2 bilhõessuper gol apostatoneladassuper gol apostadióxidosuper gol apostacarbono, contra 5,8 bilhõessuper gol apostatoneladas dos Estados Unidos - ambos já lançavam mais que os 5 bilhões que o mundo todo emitirasuper gol aposta1950. Em emissões per capita, o Canadá era o líder mundial.

Diantesuper gol apostaseus crescentes números, a China, que havia ratificado o Protocolosuper gol apostaKyotosuper gol aposta2002, decidiu responder à demanda internacional por açõessuper gol apostasua parte.

Em junhosuper gol aposta2007, anunciou seu Progama Nacional para Mudanças Climáticas,super gol apostaque prometeu elevar significativamente seus investimentossuper gol apostaenergia limpa e renovável, mas ainda não se comprometiasuper gol apostareduzir suas emissõessuper gol apostacarbono.

Trânsitosuper gol apostaPequimsuper gol aposta2004

Crédito, Guang Niu/Getty Images

Legenda da foto, O crescimento econômico e a rápida urbanização fizeram da China o maior emissorsuper gol apostapoluentes do planeta

O outro grande poluidorsuper gol apostanúmeros absolutos, os Estados Unidos, demorou, mas acabou aliviandosuper gol apostaresistência à associação entre emissãosuper gol apostadióxidosuper gol apostacarbono e as mudanças climáticas.

Em seu primeiro mandato, o presidente Bush manteve-se isolado dos coordenados esforços internacionais na área.

Depoissuper gol apostadeixar o Protocolosuper gol apostaKyoto,super gol aposta2002 o presidente anunciou uma política própria que prometia, no lugarsuper gol apostacorte na produçãosuper gol apostacarbono, uma gradativa redução da relação entre suas emissões e a produção econômica.

Jásuper gol apostaseu segundo mandato, iniciadosuper gol aposta2005, Bush reaproximou-se da comunidade internacional nessa área.

Aos poucos, seu governo passou a admitirsuper gol apostarelatórios internos a ligação entre emissõessuper gol apostacarbono e o aquecimento global.

Em agostosuper gol aposta2007, o presidente convidou os líderes das maiores economias do mundo para um encontrosuper gol apostadois diassuper gol apostaWashington,super gol apostaque discutiriam formassuper gol apostareduzir a emissãosuper gol apostagases do efeito estufa.

"Nos últimos anos, a ciência aprofundou nosso entendimento das mudanças climáticas e abriu novas possibilidades para confrontá-las", disse Bush na cartasuper gol apostaque fazia o convite.

O evento, entretanto, decepcionou líderes europeus, já que Bush continuava contrário à imposiçãosuper gol apostametassuper gol apostareduçãosuper gol apostaemissões.

Em julhosuper gol aposta2008, na reunião estendida do G-8 - oito maiores economias do mundo -, realizadasuper gol apostaToyako, no Japão, Bush apareceu plantando árvores com outros líderes e finalmente recolocou os Estados Unidos no esforço pela reduçãosuper gol apostaemissões.

Entretanto, a meta aceita pelo governo americano,super gol aposta50%super gol apostaredução até 2050 para os países desenvolvidos, foi considerada tímida demais, especialmente pelas naçõessuper gol apostadesenvolvimento.

O trabalho mais significativo vindosuper gol apostaWashington ficaria nas mãos do sucessorsuper gol apostaBush, o democrata Barack Obama.

Bush e líderes plantam árvores

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Legenda da foto, Bush, Merkel e outros líderes plantaram árvores durante o encontro do G-8super gol aposta2008, no Japão

Opinião pública e Paris

O reconhecimento do trabalhosuper gol apostapessoas e entidades e a pressão sobre as nações desenvolvidas refletiam a crescente preocupação com as mudanças climáticas pelo mundo.

Uma pesquisa internacional realizada pelo Serviço Mundial da BBC,super gol aposta2007, mostrou que a grande maioria da população concordava com as causas do aquecimento global e a urgênciasuper gol apostacombatê-lo.

Segundo a pesquisa, que ouviu 22 mil pessoassuper gol aposta21 países, entre eles o Brasil, 79% dos ouvidos concordavam que "a atividade humana, incluindo indústria e transporte, é uma significativa causa das mudanças climáticas".

Noventa por cento dos ouvidos concordavam que era necessário tomar medidas contra o problema, sendo que 65% defendiam medidas "muitosuper gol apostabreve" e 25% "nos próximos anos". Além disso, 70% disseram estar dispostos a fazer sacrifícios e mudar partesuper gol apostaseu estilosuper gol apostavida para proteger o meio ambiente.

A pesquisa revelou um alto nívelsuper gol apostaconsensosuper gol apostatorno do tema, meses depois que um relatório do IPCC fez uma avaliação considerada definitiva sobre as mudanças climáticas.

Em fevereirosuper gol aposta2007, o documento do painel intergovernamental disse que "muito provavelmente" o aquecimento do planeta era resultado da ação humana. O órgão colocousuper gol apostapelo menos 90% a possibilidadesuper gol apostaque as mudanças no clima eram causadas pelas emissõessuper gol apostadióxidosuper gol apostacarbono e outros gases causadores do efeito estufa.

O IPCC também previu que a temperatura da Terra aumentaria entre 1,8 e 4 graus Celsius até o final do século 21,super gol apostacomparação com os níveis anteriores à era industrial. No mesmo prazo, a previsãosuper gol apostaaumento do nível do mar foisuper gol apostaalgo entre 28 e 43 centímetros.

Usina eólica na Califrórnia (EUA)

Crédito, Robert Alexander

Legenda da foto, O governosuper gol apostaBarack Obama aumentou o incentivo à produçãosuper gol apostaenergia renovável, como a eólica

A luta para conter as emissõessuper gol apostacarbono mundo afora avançou com a chegadasuper gol apostaBarack Obama à Casa Branca.

O novo presidente americano adotou uma sériesuper gol apostamedidas para reinserir os EUA no esforçosuper gol apostaproteção ambiental.

Jásuper gol aposta2009, seu primeiro anosuper gol apostagoverno, Obama introduziu uma medida para obrigar os fabricantessuper gol apostaveículos americanos a torná-los menos poluentes, reduzindo suas emissõessuper gol aposta30% até 2016.

Ao longo dos anos seguintes, seu governo investiu US$ 34 bilhõessuper gol apostainúmeros projetos e iniciativassuper gol apostaenergia limpa e renovável, como produçãosuper gol apostaenergia solar, eólica e fabricaçãosuper gol apostacarros elétricos.

O governo americano ainda estabeleceu limites para poluiçãosuper gol apostaindústrias e criou 19 áreassuper gol apostaproteção ambiental - ou "monumentos nacionais".

Apesar disso, muitos consideram que era preciso ter feito muito mais. "Obama fez mais do que qualquer presidente antes dele, mas ainda não foi suficiente", disse Jamie Henn, diretor da entidade ambientalista 350.org, ao site Global Citizen.

A maior contribuiçãosuper gol apostaObama, porém, talvez tenha sido colocar os Estados Unidos no centro da aprovação do principal compromisso ambiental feito até então pela comunidade internacional: o Acordosuper gol apostaParis, estabelecido na COP21, realizadasuper gol apostadezembrosuper gol aposta2015 na capital francesa.

Em um discurso na reunião, o presidente americano deixou claro que seu país estava comprometido com a iniciativa.

"Eu vim aqui pessoalmente, como o líder da maior economia do mundo e do segundo maior emissor, para dizer que os Estados Unidos da América não apenas reconhecem nosso papel na criação deste problema, nós abraçamos nossa responsabilidade para fazer algo a respeito", disse Obama.

O Acordosuper gol apostaParis foi o primeiro a envolver todo o planeta. Diferentemente, do Protocolosuper gol apostaKyoto, que só estabelecia compromissos para os países desenvolvidos, o passo dado na França valeu para todas as nações.

O objetivo principal estava centrado na temperatura do planeta: garantir que ela ficasse "bem abaixo dos 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais", nas palavras da ONU. Além disso, esforços deveriam ser feitos para que esse limite ficasse próximosuper gol aposta1,5 grau Celsius.

Ban Ki-Moon, Xi Jinping e Barack Obama

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Legenda da foto, China e EUA ratificaram o Acordosuper gol apostaParissuper gol aposta2016, durante a reunião do G-20, na cidade chinesasuper gol apostaHangzhou

O acordo reuniu 196 nações - tecnicamente chamadassuper gol aposta"partes" - e não impôs limites ou metas para cada país. Suas regras misturaram compromisso com voluntariado, criando o conceitosuper gol aposta"contribuições nacionalmente determinadas" - ou NDCs, na siglasuper gol apostainglês.

Cada país deveria estabelecer e divulgarsuper gol apostacontribuição nacional para a reduçãosuper gol apostasuas emissõessuper gol apostagases do efeito estufa, que seria regularmente atualizada com metas mais ambiciosas.

Como diz o documento,super gol apostaseu Artigo 4, parágrafo 3º: "A sucessiva contribuição nacionalmente determinadasuper gol apostacada parte representará uma progressão além da então contribuição nacionalmente determinada daquela parte e refletirásuper gol apostamais alta ambição possível, refletindo suas responsabilidades e respectivas capacidades comuns, mas diferenciadas, sob a luzsuper gol apostadiferentes circunstâncias nacionais".

O documento é claro ao cobrar transparênciasuper gol apostatodos os países na definição e cumprimentosuper gol apostasuas contribuições.

Apesar do princípiosuper gol apostaresponsabilidade e engajamento coletivos, porém, o parágrafo 4 do mesmo artigo dizia que "partessuper gol apostapaíses desenvolvidos devem continuar a liderar, ao implementar metassuper gol apostareduçãosuper gol apostaemissões absolutas para toda a economia".

Já o parágrafo seguinte determinava que "apoio deve ser fornecido às partessuper gol apostapaísessuper gol apostadesenvolvimento", lembrando que, quando mais apoio eles receberem, mais ambiciosas poderão ser suas contribuições.

Outro ponto importante do acordo foi a adoção do conceitosuper gol aposta"adaptação", ou o reconhecimentosuper gol apostaque o clima já estava mudandosuper gol apostaforma significativa, e medidas teriamsuper gol apostaser tomadas para que o mundo se adaptasse a elas.

Em 3super gol apostasetembrosuper gol aposta2016, China e Estados Unidos, os dois maiores emissoressuper gol apostacarbono do planeta, depositaramsuper gol apostadocumentação formalizandosuper gol apostaentrada no Acordosuper gol apostaParis.

Dois meses depois,super gol aposta4super gol apostanovembro, o documento entrousuper gol apostavigor, 30 dias após ao menos 55 partes, representando ao menos 55% das emissõessuper gol apostacarbono globais, o ratificarem.

Sobre o líder chinês, Xi Jinping, não havia dúvida sobresuper gol apostaautoridade para assumir tal compromisso. Xi ainda estavasuper gol apostaseu primeiro mandato como presidente, e seu partido continuaria comandando a China indefinidamente, sem oposição legal.

Nos Estados Unidos, porém, o cenário era bem diferente. Obama estavasuper gol apostaseu último ano como presidente, e grande partesuper gol apostaseus esforços poderia ser desfeita se a oposição chegasse ao poder.

Em 8super gol apostanovembro, foi o que aconteceu: o republicano Donald Trump foi eleito presidente, o que representou um novo rumo para os Estados Unidos.

Trump e Greta

Antessuper gol apostachegar à Presidência, Donald Trump tinha um históricosuper gol apostadeclarações céticassuper gol apostarelação às mudanças climáticas.

Em uma delas, numa postagemsuper gol aposta2012 na rede Twitter, disse: "O conceitosuper gol apostaaquecimento global foi criado pelos e para os chineses para tornar a indústria dos EUA não-competitiva".

Em setembrosuper gol aposta2016, durante a campanha presidencial, a chefesuper gol apostaimprensa do então candidato, Kellyanne Conway, afirmou sobre Trump: "Ele acredita que o aquecimento global esteja ocorrendo naturalmente".

No dia 1ºsuper gol apostajunhosuper gol aposta2017, cinco meses após assumir a Presidência, seu ceticismo tornou-se política do governo americano.

Trump discursasuper gol apostalocalsuper gol apostaproduçãosuper gol apostapetróleo,em 2020

Crédito, Montinique Monroe/Getty Images

Legenda da foto, Donald Trump adotou um discurso cético sobre aquecimento global e a favorsuper gol apostacombustíveis fósseis

"A partirsuper gol apostahoje, os Estados Unidos cessarão toda a implementação do não-obrigatório Acordosuper gol apostaParis e dos dacronianos pesos financeiros e econômicos que o acordo impõe ao nosso país", afirmou Trumpsuper gol apostaum pronunciamento na Casa Branca.

"Isso inclui encerrar a implementação da contribuição nacionalmente determinada e, muito importante, o Fundo Verde para o Clima, que está custando para os Estados Unidos uma enorme fortuna", acrescentou o presidente.

O fundo a que Trump se referia fora estabelecidosuper gol aposta2010, para financiar açõessuper gol apostaadaptação e alívio dos efeitos das mudanças climáticas.

Sob Obama, Washington prometera US$ 3 bilhõessuper gol apostacontribuições, dos quais US$ 1 bilhão haviam sido transferidos antes da possesuper gol apostaTrump.

Segundo o novo presidente americano, o Acordosuper gol apostaParis, que ele chamousuper gol aposta"muito injusto para os Estados Unidos", provocaria a perdasuper gol aposta2,5 milhõessuper gol apostaempregos no país até 2025.

O governo oficializaria a decisãosuper gol aposta2019, e a saída do país do acordo ocorreriasuper gol aposta2020.

A reação internacional ao anúncio foi extremamente negativa. A União Europeia rejeitou a sugestão do presidente americanosuper gol apostaque um novo acordo, mais palatável a seu governo, poderia ser negociado.

O bloco europeu disse que passaria por cimasuper gol apostaWashington para negociar com Estados e empresas americanos.

Outras críticas, algumas duras, vieramsuper gol apostalíderes das nações europeias, do Canadá, México, Austrália, Japão e até do Vaticano.

Segundo um alto representante da Santa Sé, o comando da Igreja Católica veria a saída americana do acordo, se formalizada, como "um enorme tapa na cara" e um "desastre para todos".

Um ano depois do anúnciosuper gol apostaTrump, o mundo ainda avaliava o impacto da decisão americana, sabendo que a luta contra as mudanças climáticas não poderia contar com Washington.

Enquanto isso,super gol apostaEstocolmo, capital da Suécia, uma estudante decidiu não ir à aula para protestar contra a faltasuper gol apostaações efetivassuper gol apostadefesa do clima.

Greta Thunberg, então com 15 anossuper gol apostaidade, sentou-se na entrada do Parlamento sueco com um cartaz que dizia,super gol apostaletras maiúsculas: "GREVE ESTUDANTIL PELO CLIMA". Sua intenção era permanecer indo ao local, faltando às aulas, até o dia das eleições gerais no país,super gol aposta9super gol apostasetembro.

Greta Thunberg durante greve

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Legenda da foto, Aos 15 anos, a sueca Greta Thunberg decidiu entrarsuper gol apostagreve para chamar atenção para as mudanças climáticas

"Nós crianças com frequência não fazemos o que vocês nos mandam fazer. Nós fazemos o que vocês fazem. E como vocês, adultos, não dão a mínima para o meu futuro, eu também não vou dar", dizia Greta no panfleto que entregava a quem passava pelo local.

Dias depois do iníciosuper gol apostaseu protesto, ela afirmou à Radio Sweden que era seu "dever moral" fazer o que ela pudesse pela causa climática.

Questionada sobre o que queria obter com seu protesto, ela respondeu: "Que as pessoas passem a priorizar a crise climática. Que elas percebam que nós estamos numa crise e precisamos agir considerando que estamos numa crise".

Greta passou a ser acompanhadasuper gol apostaseu protesto por pais com suas crianças, foi visitada por alguns políticos, e até mesmo seus professores foram ao local falar com ela.

A partirsuper gol apostasetembro, ela concentrou seu protesto às sextas-feiras, lançando o que chamousuper gol aposta"Sextas-feiras para o Futuro", agora acompanhadasuper gol apostaoutros estudantes.

Greves estudantis pelo clima não eram uma novidade, sendo que uma delas, no fimsuper gol apostanovembrosuper gol apostaParis, colocou pressão sobre os participantes da COP21 -super gol apostaque foi anunciado o Acordosuper gol apostaParis.

O protestosuper gol apostaGreta, entretanto, ocorreu num momentosuper gol apostaque jovens mundo afora pareciam prontos para uma ação coletivasuper gol apostadefesa do clima na Terra,super gol apostaforma independentesuper gol apostaentidades tradicionais como Greenpeace e WWF.

O movimento da adolescente sueca cresceu, chegou a outros países, e a vozsuper gol apostaGreta Thunberg chegou à imprensa internacional.

Quatro meses depois, ela ocupava o microfone na COP24, a conferência climática anual da ONU, desta vez realizada na cidadesuper gol apostaKatowice, na Polônia.

"Se soluções dentro do sistema são tão impossíveissuper gol apostaencontrar, talvez tenhamos que mudar o sistema", disse Greta. "Nós viemos aqui para lhes dizer que a mudança está vindo, vocês gostem ou não."

Extinction Rebellion

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Legenda da foto, O grupo britânico Extinction Rebellion surgiusuper gol aposta2018 pregando a desobediência civil não-violenta

Outros movimentos apareceramsuper gol aposta2018, exigindo ações mais drásticas na defesa da natureza, entre eles o britânico Extinction Rebellion.

Criado pelos ativistas ambientalistas Gail Bradbrook e Roger Hallam, ele foi lançado oficialmentesuper gol apostaoutubro daquele ano, num protesto ao lado do Parlamento britânico,super gol apostaLondres.

A organização apresentou-se ao mundo como um "movimento internacional que usa desobediência civil não-violenta numa tentativasuper gol apostainterromper a extinçãosuper gol apostamassa e minimizar o riscosuper gol apostacolapso social".

Suas ideias e ações questionam o sistema financeiro e o próprio capitalismo que, segundo o movimento, são responsáveis pela destruição do meio ambiente.

Para a nova geraçãosuper gol apostaativistas, não se devia pensarsuper gol apostamudanças climáticas apenas. Era preciso agir diante do que chamavamsuper gol aposta"emergência climática".

Essa explosãosuper gol apostamovimentos sociais marcou o anosuper gol aposta2019, quando greves pelo clima foram realizadassuper gol apostainúmeras cidadessuper gol apostavários países.

A onda culminou com uma semanasuper gol apostagreves no mêssuper gol apostasetembro. Os protestos coincidiam com a reunião da ONU sobre o meio ambiente, a Cúpula da ONU por Ação pelo Clima 2019, convocada pelo secretário-geral Antonio Guterres para que os países melhorassem suas contribuições nacionalmente determinadas a partirsuper gol aposta2020.

Greta Thunberg compareceu à cúpula após cruzar o Atlântico num barco, saindo da Inglaterra, num gestosuper gol apostaoposição às viagenssuper gol apostaavião, meiosuper gol apostatransportesuper gol apostaalta taxasuper gol apostaemissãosuper gol apostacarbono.

Quenianossuper gol apostaprotesto pelo clima

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Em setembrosuper gol aposta2019, milhõessuper gol apostapessoas foram às ruassuper gol apostadefesa do ambiente, como no Quênia

Na ONU, novas palavras duras da sueca, endereçadas aos líderes mundiais e ditas numa voz marcada pela raiva típicasuper gol apostamuitossuper gol apostasua geração.

"Vocês roubaram meus sonhos e minha infância com suas palavras vazias. E eu ainda sou uma das que têm sorte. As pessoas estão sofrendo. As pessoas estão morrendo. Ecossistemas inteiros estão entrandosuper gol apostacolapso. Nós estamos no começosuper gol apostauma extinçãosuper gol apostamassa, e vocês só sabem falarsuper gol apostadinheiro e contossuper gol apostafadasuper gol apostaeterno crescimento econômico. Como vocês se atrevem?", ela perguntava.

Seu pronunciamento foi reproduzido num tuíte por ninguém menos que o presidente Donald Trump, que escreveu: "Ela parece uma jovem garota muito feliz, animada com um futuro brilhante e maravilhoso. Que bom ver isso!". Greta então adotou a descriçãosuper gol apostaseu perfil no Twitter.

A sueca lidou com ataquessuper gol apostajornalistas e políticos conservadores. Uma dessas provocações saiusuper gol apostaBrasília. Em 10super gol apostadezembrosuper gol aposta2019, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, criticou a cobertura que as ações da ativista recebiam mundo afora.

"Impressionante a imprensa dar espaço para uma pirralha dessa aí, uma pirralha", afirmou Bolsonaro, após mencionar que Greta havia se manifestadosuper gol apostafavor dos índigenas da Amazônia.

No dia seguinte, a revista americana Time anunciava que Greta Thunberg fora escolhida como "Pessoa do Ano" da publicação.

"Uma mudança significativa raramente acontece sem a força galvanizantesuper gol apostaindivíduos influentes, esuper gol aposta2019, a crise existencial da Terra encontrou umsuper gol apostaGreta Thunberg", escreveu a Time.

Na capa da revista, o nome da sueca apareceu ao lado das palavras "O Poder da Juventude".

Greta Thunbergsuper gol apostabarco

Crédito, Twitter

Legenda da foto, Greta Thunberg cruzou o Atlântico num barco como formasuper gol apostaalertar contra as emissõessuper gol apostacarbono

Preocupação e otimismo

O anosuper gol aposta2020 foi marcado pela pandemiasuper gol apostaum novo coronavírus, chamado Sars-Cov-2, causadorsuper gol apostauma nova doença, a Cvid-19.

Os seguidos confinamentos ao redor do mundo deixaram áreas e cidades inteiras sem circulaçãosuper gol apostapessoas, o que ofereceu uma breve ideia do impacto da ação humana sobre o meio ambiente. A drástica redução da atividade econômica no mundo logo mostrou seu impacto no meio ambiente.

As águas dos canaissuper gol apostaVeneza, na Itália, tornaram-se cristalinas pouco depois que os moradores foram obrigados a ficarsuper gol apostacasa, e os imensos naviossuper gol apostacruzeiro pararamsuper gol apostaaportar deixandosuper gol apostadesembarcar milharessuper gol apostaturistas como faziam regularmente antes da pandemia.

Na Baíasuper gol apostaGuanabara, no Riosuper gol apostaJaneiro, tartarugas se aproximavam da costa. Imagenssuper gol apostasatélite mostravam grandes áreas urbanas na China livres da poluição.

Muitos viram a crise da Covid-19 como uma oportunidadesuper gol apostarepensar grande parte das atividades econômicas que causavam as mudanças climáticas.

Mundo afora, havia motivos para preocupação e otimismo. O Brasil, governado por Bolsonaro, para quem a Amazônia era uma região a ser explorada economicamente, passou a ser criticado pela comunidade internacional.

A taxasuper gol apostadesmatamento da floresta avançou a partirsuper gol aposta2017, registrando saltos significativossuper gol aposta2019, com 10,13 mil quilômetro quadrados, e 2020, com 11,09 mil.

Nações europeias, preocupadas com a tendência, ameaçavam punir o Brasil comercialmente para pressionar o governo a proteger a Amazônia.

Incêndio no Pará

Crédito, JOAO LAET/Getty Images

Legenda da foto, O aumento do desmatamento na Amazônia, incluindo as queimadas, preocupou a comunidade internacional

Governossuper gol apostapaíses desenvolvidos tentavam acompanhar o agravamento do problema, mas a sensação erasuper gol apostaatraso.

A União Europeia comprometeu-se a se tornar neutra na relação entre emissão e absorçãosuper gol apostacarbonosuper gol aposta2050 - a chamada "neutralidadesuper gol apostacarbono".

Em setembrosuper gol aposta2020, o governo chinês anunciou que o país tinha como objetivo passar a reduzir suas emissõessuper gol aposta2030 e atingir a neutralidadesuper gol apostacarbonosuper gol aposta2060. No final do ano, os Estados Unidos também tinham boas notícias para a causa ambiental.

Em novo movimento da gangorra da política americana, o democrata Joe Biden derrotou Donald Trump nas eleições presidênciassuper gol aposta2020.

Seu discursosuper gol apostacampanha incluiu o incentivo à energia limpa e renovável e o combate às emissõessuper gol apostacarbono que causavam o aquecimento global. Biden prometeu recolocar os EUA no Acordosuper gol apostaParis, o que representava um enorme reforço aos esforços da comunidade internacional.

A temperatura terrestre continuou a subir. A Organização Meteorológica Mundial, agência da ONU, já esperava que 2020 fosse um novo exemplo, e a confirmação veio no iníciosuper gol aposta2021.

Segundo a agência,super gol apostaseu relatório O Estado do Clima Global 2020, o ano registrou uma temperatura média da superfície globalsuper gol aposta1,21 grau Celsius acima dos níveis pré-industriais, além do 1.19 grausuper gol aposta2019. Apenas 2016, com 1,23 grau, foi mais quente. De acordo com a agência, havia 20%super gol apostachancessuper gol apostao aumento atingir 1,5 grausuper gol aposta2024.

Os alertas da comunidade científica internacional ficaram ainda mais durossuper gol apostaagostosuper gol aposta2021, quando o IPCC lançou seu primeiro grande relatório sobre mudanças climáticas desde 2013.

Em seu comunicado, a entidade disse: "Muitas das mudanças observadas no clima são sem precedentessuper gol apostamilhares, se não centenassuper gol apostamilharessuper gol apostaanos, e muitas das mudanças que já estão ocorrendo - como a contínua elevação do nível do mar - são irreversíveis por centenassuper gol apostamilharessuper gol apostaanos".

O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que o documento era "um alerta vermelho para a humanidade".

"Este relatório precisa soar como uma sentençasuper gol apostamorte para o carvão e os combustíveis fósseis, antes que eles destruam o planeta".

A ONU, líderes e ativistas ao redor do mundo aumentavam a pressão antes da realização da COP26,super gol apostaGlasgow (Escócia, Reino Unido),super gol apostanovembro.

No evento na Escócia, houve avanços, mas a declarada sentençasuper gol apostamorte dos combustíveis fósseis não veio.

De início, foi anunciado um inédito e bem recebido acordo pela proteção das florestas, com a participaçãosuper gol apostamaissuper gol apostacem países, incluindo Brasil e China.

O documento final estabeleceu o investimentosuper gol apostaUS$ 19,2 bilhões na proteçãosuper gol apostaflorestas, sendo que US$ 12 bilhões deveriam virsuper gol aposta12 nações desenvolvidas, para que o desmatamento mundo afora seja zerado e comece a ser revertidosuper gol aposta2030.

A preocupação, porém, era se países com resultados negativos na área, como o Brasil, cumpririam o estabelecido.

Anúnciosuper gol apostaacordo na COP26

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Alok Sharma desculpou-se pela faltasuper gol apostatransparência nas negociações, mas celebrou o Pactosuper gol apostaGlasgow

No relatório final da COP26, no entanto, ficou um gostosuper gol apostadecepçãosuper gol apostaquem sonhava com um passo mais significativo no combate às mudanças climáticas.

Nas últimas horassuper gol apostanegociação, os governos da China e da Índia intervieram para que o texto não falassesuper gol aposta"eliminação" do usosuper gol apostacarvão como combustível.

O termo foi substituído por "diminuição", o que levou muitas entidades e representantessuper gol apostapaísessuper gol apostadesenvolvimento a condenar o resultado.

O presidente da COP26, o deputado britânico Alok Sharma, chegou a pedir desculpas aos participantes, no momento do anúncio do acordo final, pela forma como as negociações foram concluídas - com pouca transparência, na visãosuper gol apostamuitos.

Encerrada a conferência, Sharma afirmou que "China e Índia terãosuper gol apostase explicar e [explicar] o que fizeram aos países mais vulneráveis às mudanças do clima".

Ele disse que o chamado "Pactosuper gol apostaGlasgow" foi uma "vitória frágil", mas afirmou que o acordo mantém o mundo no rumo para limitar a elevação da temperatura do planetasuper gol aposta1,5 grau acima dos níveis pré-industrias - objetivo definito no Acordosuper gol apostaParis.

A ativista Greta Thunberg disse que os compromissos do documento foram "muito, muito vagos" e que "não há nenhuma garantiasuper gol apostaque nós atingiremos o [que foi previsto no] Acordosuper gol apostaParis".

A pressão, porém, continuou crescendo contra os combustíveis fósseis, cada vez mais considerados uma opção do passado. Em dezembrosuper gol aposta2021, a gigante anglo-holandesasuper gol apostaenergia Shell decidiu abandonar o projetosuper gol apostaexploraçãosuper gol apostaum camposuper gol apostapetróleo perto da ilhasuper gol apostaShetland, no extremo norte da Escócia.

A empresa alegou que a justificativa econômica parasuper gol apostaparticipação "não era forte o suficiente". Como escreveu o correspondente da BBC Kevin Keane, havia fortes indicaçõessuper gol apostaque o projeto se tornara um elevado "riscosuper gol apostareputação" para a Shell.

Apesar do acordosuper gol apostaGlasgow, governantes mundo afora ainda terãosuper gol apostalidar por muito tempo com o movimentosuper gol apostajovens indignados e a pressão das nações mais vulneráveis às mudanças climáticas, especialmente as mais pobres.

Os combustíveis fósseis enfrentam pressões cada vez maiores, e as novas gerações prometem continuar lutando ao longo do século 21 para salvar o clima e o planeta Terra.

Este artigo é parte da série "21 Histórias que Marcaram o Século 21", da BBC News Brasil.

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