Penapixbet grupo telegrammorte: por que o Estado que mais executou prisioneiros na história dos EUA decidiu acabar com punição capital:pixbet grupo telegram
Na sexta-feira (5/2), a Câmara estadual aprovou por 57 votos contra 41 um projetopixbet grupo telegramlei para acabar com a penapixbet grupo telegrammorte. Proposta semelhante já havia sido aprovada dois dias antes pelo Senado estadual. O governador Ralph Northam, do Partido Democrata, já anunciou que pretende sancionar a lei, o que deve ocorrer até abril.
"(A decisão) da Virgínia, o Estado com o maior númeropixbet grupo telegramexecuções na história americana,pixbet grupo telegramabolir a penapixbet grupo telegrammorte envia uma mensagem clara sobre as tendênciaspixbet grupo telegramopinião pública e apoio governamental à pena capital neste momento", diz à BBC News Brasil a diretora sêniorpixbet grupo telegrampesquisas e projetos especiais do DPIC, Ngozi Ndulue.
"É muito significativo que o Estado mais prolíficopixbet grupo telegramexecuções tenha decidido que a penapixbet grupo telegrammorte é desnecessária e que punições alternativas são preferíveis", afirma.
Controle democrata
A decisão marca uma mudançapixbet grupo telegrampostura na Virgínia, onde o Partido Democrata, que controla o governo do Estado, assumiu também o comando da Câmara e do Senado estadual no ano passado.
Até poucos anos atrás, o legislativo do Estado, então sob comando do Partido Republicano, vinha se esforçando para garantir a continuação das execuções, ameaçadas pela escassez das drogas necessárias para a injeção letal.
Entre as medidas propostas na época estavam buscar fornecedores farmacêuticos alternativos, cuja identidade seria mantidapixbet grupo telegramsegredo, e até adotar a cadeira elétrica como método principalpixbet grupo telegramexecução.
Desde que conquistaram a maioria, os democratas vêm aprovando no Estado uma sériepixbet grupo telegrammedidas consideradas progressistaspixbet grupo telegramtemas como aborto e possepixbet grupo telegramarmas.
Na votação no Senado estadual nesta semana, 17 dos 18 republicanos votaram contra a abolição da penapixbet grupo telegrammorte, e um se absteve. Mas a proposta passou com o votopixbet grupo telegramtodos os 21 democratas. Na Câmara, o projeto teve apoiopixbet grupo telegramdois republicanos.
Mas a decisão também reflete uma mudança no sentimento público, tanto no Estado quanto no país, onde pesquisaspixbet grupo telegramopinião indicam que o apoio à penapixbet grupo telegrammorte vem caindo. Ngozi salienta que a questão gera interesse bipartidário e diz que há muitos republicanos ao redor do país que apoiam a abolição da prática.
Em 2019, uma pesquisa Gallup revelou que 60% dos americanos preferem a prisão perpétuapixbet grupo telegramvez da pena capital como formapixbet grupo telegrampunição para assassinatos. Foi a primeira vez desde que essa pergunta começou a ser feita nas pesquisas,pixbet grupo telegram1985, que a maioria dos entrevistados disse preferir punição alternativa à morte.
Custos e injustiça
São vários os motivos para a queda no apoio à penapixbet grupo telegrammorte. Alguns apontam para os custos altíssimos para manter prisioneiros no corredor da morte, muitas vezes durante várias décadas entre a condenação e a execução,pixbet grupo telegramprocessos judiciais caros e demorados.
Há também a preocupaçãopixbet grupo telegramque inocentes sejam injustamente executados. Desde 1973, maispixbet grupo telegram170 condenados à morte acabaram inocentados antespixbet grupo telegrama sentença ser levada adiante, revelando problemas no processo. Suspeita-se que muitos outros possam ter sido executados antes quepixbet grupo telegraminocência tenha sido provada.
Além disso, há evidênciaspixbet grupo telegramque a penapixbet grupo telegrammorte nos Estados Unidos é aplicada desproporcionalmente contra réuspixbet grupo telegramminorias raciais.
Segundo o DPIC, desde 1976 foram executados 296 negros acusadospixbet grupo telegrammatar vítimas brancas. No mesmo período, apenas 21 brancos foram executados pela mortepixbet grupo telegramvítimas negras.
Durante o debate no Senado, o autor do projetopixbet grupo telegramlei, senador estadual democrata Scott Surovell, citou estimativas segundo as quais umapixbet grupo telegramcada dez pessoas sentenciadas à morte no país foram condenadas injustamente e também chamou a atenção para as disparidades raciais na penapixbet grupo telegrammorte.
Entre os argumentos dos republicanos que se opuseram à proposta estava opixbet grupo telegramque alguns crimes são tão "selvagens" que merecem a penapixbet grupo telegrammorte, e que condenações injustas ou disparidades raciais são problemas que ficaram no passado.
Histórico
Desdepixbet grupo telegramprimeira execução,pixbet grupo telegram1608, a Virgínia se destacou pelo númeropixbet grupo telegramsentenciados à morte. Na épocapixbet grupo telegramque ainda era colônia, pequenas infrações, como matar galinhas, podiam resultarpixbet grupo telegrampena capital.
Durante 300 anos, as execuções no Estado eram por enforcamento. Em 1908, passaram a ser por eletrocussão. Atualmente, o método mais usado é a injeção letal, mas os condenados também têm a opçãopixbet grupo telegramescolher a cadeira elétrica.
Muitos especialistas citam a conexão histórica entre a penapixbet grupo telegrammorte na Virgínia e o passadopixbet grupo telegramescravidão e segregação da população negra no Estado. Durante a Guerra Civil (1861-1865), a Virgínia era sede da capital dos Estados Confederados, Richmond.
Alguns anos depois da guerra, assim como outros Estados do Sul, a Virgínia adotou rígidas leispixbet grupo telegramsegregação racial durante várias décadas. Na época também eram comuns linchamentospixbet grupo telegrampessoas negras, principalmente nos Estados que haviam perdido a guerra.
Segundo a Associação Nacional para o Progressopixbet grupo telegramPessoaspixbet grupo telegramCor (NAACP, na siglapixbet grupo telegraminglês), uma das principais organizaçõespixbet grupo telegramdireitos civis dos Estados Unidos, entre entre 1882 e 1968 foram registrados 4.743 linchamentos no país, dos quais 3.446 tiveram como vítimas pessoas negras.
Disparidades raciais
As disparidades raciais são visíveis ao longo da história da pena capital na Virgínia. No passado, era comum que a decisãopixbet grupo telegramimpor a penapixbet grupo telegrammorte fosse influenciada pela raça do réu e pela raça da vítima.
Segundo o DPIC, 79 brancos e 296 negros foram executados na Virgínia entre 1900 e 1999. No períodopixbet grupo telegram1900 a 1969, nenhum réu branco foi executado por crimes que não resultassempixbet grupo telegrammorte da vítima. No mesmo período, 73 homens negros foram executados por crimes como estupro ou roubo.
Um relatório elaboradopixbet grupo telegram2000 pela Comissão Legislativa Conjuntapixbet grupo telegramRevisão e Auditoria da Virgínia revelou que, quando a vítima era branca, o acusado tinha três vezes mais chancepixbet grupo telegramser sentenciado à morte do que quando a vítima era negra.
"A injustiça racial teve um papel central na implementação da penapixbet grupo telegrammorte na Virgínia durante centenaspixbet grupo telegramanos", afirma Ndulue.
"Por isso a abolição agora é tão importante, tantopixbet grupo telegramum nível prático quantopixbet grupo telegramum nível simbólico", ressalta, lembrando que a decisão pode enviar uma mensagem aos outros ex-Estados confederados.
Inocentes condenados
Um dos casos mais famosospixbet grupo telegraminjustiça na aplicação da penapixbet grupo telegrammorte na Virgínia é opixbet grupo telegramEarl Washington, um homem negro com deficiência intelectual grave que foi acusado do estupro e mortepixbet grupo telegramuma mulherpixbet grupo telegram1982 e sentenciado à mortepixbet grupo telegram1984.
Advogados conseguiram suspenderpixbet grupo telegramexecução poucos dias antes da data marcada,pixbet grupo telegram1985. Investigações posteriores revelaram que a deficiênciapixbet grupo telegramWashington fez com que ele confessasse o crime, do qual era inocente, ao ser coagido pela polícia.
Essa conclusão foi confirmada por testespixbet grupo telegramDNA, que inocentaram Washington. Somentepixbet grupo telegram2000 ele foi libertado da prisão.
Apesarpixbet grupo telegramWashington ser o único prisioneiro no corredor da morte da Virgínia a ter sido libertado após provaspixbet grupo telegramsua inocência, há vários outros casos notóriospixbet grupo telegraminjustiça e disparidades raciais ao longo da história da prática no Estado.
"Sabemos que (Washington) é apenas a ponta do iceberg", salienta Ndulue.
Um desses casos ficou conhecido como "Os 7pixbet grupo telegramMartinsville",pixbet grupo telegramreferência a sete homens negros executados no Estadopixbet grupo telegram1951 após terem sido acusadospixbet grupo telegramparticipar do estupropixbet grupo telegramuma mulher branca.
Na épocapixbet grupo telegramque foram presos, eles foram coagidos a confessar o crime, sem a presençapixbet grupo telegramadvogados, sob a ameaçapixbet grupo telegramque seriam entregues a uma multidão para serem linchados. Apesarpixbet grupo telegramnão haver qualquer evidência que os ligasse ao crime, foram condenados rapidamente, por um júri composto somente por homens brancos.
Queda gradual
Nos últimos anos, a aplicação da penapixbet grupo telegrammorte vem caindo. A sentença não é imposta na Virgínia desde 2011, e as últimas execuções no Estado ocorrerampixbet grupo telegram2017. No mês passado, o prisioneiro Corey Johnson foi executado na Virgínia, maspixbet grupo telegrampena foi levada adiante pelo governo federal, não pelo Estado.
Nos Estados Unidos, execuções federais são reservadas a determinados tipospixbet grupo telegramcrime, que são julgadospixbet grupo telegramtribunais federais. Elas são independentes das execuções estaduais, aplicadaspixbet grupo telegramcrimes julgados por tribunais estaduais nos Estados que permitem a prática.
No ano passado, o então presidente Donald Trump decidiu acelerar as execuções federais, que não ocorriam desde 2003. Na reta finalpixbet grupo telegramseu governo, 13 presos foram executados pelo governo federal. O novo presidente americano, Joe Biden, foi eleito prometendo acabar com a penapixbet grupo telegrammorte federal.
Apesar dos esforços do governo Trump, o ano passado registrou não apenas o menor númeropixbet grupo telegramnovas sentençaspixbet grupo telegrammorte na era moderna da pena capital, mas também o menor númeropixbet grupo telegramexecuçõespixbet grupo telegramtrês décadas. Somente sete pessoas foram executadas pelos Estadospixbet grupo telegram2020.
A queda foi impulsionada pela pandemiapixbet grupo telegramcovid-19, mas especialistas ressaltam que, mesmo antes do coronavírus, o númeropixbet grupo telegramsentençaspixbet grupo telegrammorte e execuções já vinha caindo gradualmente. A prática já foi abolidapixbet grupo telegram22 outros Estados além da Virgínia. Em outros 12 Estados, nenhuma execução foi levada adiantepixbet grupo telegrampelo menos 10 anos.
O corredor da morte na Virgínia tem atualmente apenas dois condenados aguardando execução. Anthony Juniper foi sentenciadopixbet grupo telegram2005 pelo assassinatopixbet grupo telegramquatro pessoas, e Thomas A. Porter recebeupixbet grupo telegramsentençapixbet grupo telegram2007, pela mortepixbet grupo telegramum policial. Com a abolição da penapixbet grupo telegrammorte no Estado, ambos serão poupados, ficandopixbet grupo telegramprisão perpétua.
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