A implacável guerra secreta contra o programa nuclear do Irã:código galera bet

Carrocódigo galera betMohsen Fakhrizadeh

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Mohsen Fakhrizadeh, o cientista nuclear mais importante do Irã foi assassinadocódigo galera bet27código galera betnovembro

Ao menos quatro cientistas ligados ao programa nuclear iraniano foram mortos entre 2010 e 2012. Um outro ficou gravemente feridocódigo galera betum ataque.

E essas não foram as únicas ações praticadas contra o programa iraniano que foram atribuídas à agênciacódigo galera betinteligência israelense Mossad.

Caixãocódigo galera betcientista assassinado

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Fakhrizadeh foi o quinto cientista nuclear iraniano assassinado nos últimos 10 anos

"O Mossad quase nunca assume a responsabilidade por esse tipocódigo galera betoperação, já que ninguém quer legitimar uma possível retaliação iraniana", explica Raz Zimmt, do Institutocódigo galera betEstudoscódigo galera betSegurança Nacionalcódigo galera betIsrael.

"Mas é claro, quando se trata do Irã ecódigo galera betoperações secretas contra o Irã, especialmente para atacar o programa nuclear, não há tantos países interessadoscódigo galera betatrasá-lo", opina o especialista israelense.

"Então, geralmente é o Mossad ou a CIA (a Agência Centralcódigo galera betInteligência dos Estados Unidos), ou uma colaboração entre os dois", diz Zimmt à BBC Mundo (serviçocódigo galera betespanhol da BBC).

Duas décadascódigo galera betoperações secretas

As ações secretas do Mossad, ecódigo galera betalguns casos da CIA, para prejudicar o programa nuclear iraniano são relatadas por estudiosos há anos.

Richard Maher, que no ano passado publicou um artigo acadêmico sobre o tema no Journal of Strategic Studies, que analisa ações estratégicas militares e diplomáticas, afirma ter identificado operações desse tipo desde o início do século.

Vista aérea da usina nuclear iraniana

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Muitas das operações secretas têm como objetivo prejudicar a usina nuclearcódigo galera betNatanz

"Eles começaram tentando sabotar as cadeiascódigo galera betabastecimento das quais o Irã dependia para obter centrífugas e outros equipamentos para seu programa nuclear", diz Maher, que é professorcódigo galera betsegurança internacional na Universidadecódigo galera betDublin, na Irlanda.

"Claro, tudo isso era clandestino: o Irã não podia simplesmente comprar esses equipamentos no mercado aberto. Então, tinha que passar por meios secundários. Assim, os Estados Unidos os outros países tentaram sabotar a cadeiacódigo galera betabastecimento. Em alguns casos, conseguiram", diz o estudioso.

Mais tarde, Estados Unidos e Israel também teriam colaborado com o sucesso do supervíruscódigo galera betcomputador Stuxnet, descrito na época como "o maior e mais caro esforçocódigo galera betdesenvolvimentocódigo galera betmalware da história".

E o objetivo original da operação, batizadacódigo galera bet"Jogos Olímpicos", teria sido a usina nuclear iranianacódigo galera betNatanz, que entre 2007 e 2010 foi alvocódigo galera betuma sériecódigo galera betciberataques estimadoscódigo galera bet terem desativado um quinto das centrífugascódigo galera betseu programa nuclear.

Multidão carrega caixãocódigo galera betcientista

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Mostafa Ahmadi-Roshan foi o quarto cientista iraniano assassinado nos últimos anos

Em janeirocódigo galera bet2010, a explosãocódigo galera betuma bomba matou o físico iraniano Masoud Mohammadi, o primeiro dos quatro cientistas ligados ao programa nuclear iraniano mortos ao longocódigo galera betdois anos.

Em 27código galera betnovembrocódigo galera bet2010, um explosivo colocado na porta do carrocódigo galera betMajid Shahriari, especialistacódigo galera betnêutrons, matou o pesquisador. Nesse mesmo dia, o colega dele, Fereydoon Abbasi, ficou gravemente feridocódigo galera betum ataque semelhante.

Em julhocódigo galera bet2011, o físico Darioush Rezaeinejad foi assassinado a tiroscódigo galera betfrente àcódigo galera betcasa.

E um explosivo foi usado para matar Mostafa Ahmadi Roshancódigo galera betjaneiro do ano seguinte.

Pausa e retomada

"O consenso é que Israel está por trás dessas mortes. Os Estados Unidos, provavelmente, não tiveram nada a ver com isso", diz Maher.

Em janeirocódigo galera bet2015, o Irã alegou ter impedido uma nova tentativacódigo galera betassassinato contra umcódigo galera betseus cientistas. No mesmo ano, segundo o professor, as operações secretas parecem ter diminuído após a assinatura do acordo nuclear.

Porém, no iníciocódigo galera bet2018, o Mossad conseguiu apreender vários documentos do arquivo nuclear iraniano, após uma ousada invasão ao depósito onde esses itens estavam armazenados.

Em 2020, houve um aumento nas operações secretas.

Construção destruída após explosão

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Irã acusou o Mossadcódigo galera betestar por tráscódigo galera betexplosão que danificou um edifício da central nuclearcódigo galera betNatanzcódigo galera betjulho deste ano

Isso parece incluir uma explosão misteriosa na usina nuclearcódigo galera betNatanz durante o verão, pela qual o Irã também responsabilizou o Mossad.

E a invasãocódigo galera betdois anos atrás teria culminado na mortecódigo galera betFakhrizadeh, acreditam autoridades iranianas, porque o pesquisador era identificado nos documentos roubados como o diretor do projeto AMAD, uma iniciativa secreta para desenvolver armas nucleares, que supostamente teria sido suspensa pelo Irãcódigo galera bet2003.

Para Raz Zimmt, isso explica a decisão do Irãcódigo galera betrenunciar aos seus compromissos do acordo nuclear após os Estados Unidos, sob a gestão Donald Trump, decidirem sair dele.

"Desde então, o Irã avançou significativamente no desenvolvimentocódigo galera betsuas capacidades nucleares, forçando Israel a se perguntar o que fazer para atrasar esse programa", diz Zimmt à BBC Mundo.

O especialista israelense e Maher relativizam o impacto da mortecódigo galera betFakhrizadeh, o mais conhecidocódigo galera bettodos os cientistas nucleares assassinados.

Apresentaçãocódigo galera betslide sobre Fakhrizadeh

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Segundo Israel, Fakhrizadeh trabalhava no desenvolvimentocódigo galera betarmas nucleares

"É difícil avaliar as consequências da aparente campanha esporádicacódigo galera betIsrael para assassinar pessoas ligadas ao programa nuclear do Irã", concorda Phillip C. Bleek, do Instituto Middlesbutycódigo galera betEstudos Internacionais.

"Em termoscódigo galera betexperiência científica e técnica, é provável que quase todos os indivíduos possam ser substituídos. Mas,código galera bettermoscódigo galera betliderança e administração, certas pessoas podem desempenhar funções que dificultamcódigo galera betsubstituição", diz Bleek, que estuda o terrorismo e a proliferação dele.

"E, segundo as notícias, Mohsen Fakhrizadeh estava profundamente inteirado e desempenhava um papel muito importante no programa iraniano. Então, é plausível que seja mais difícil substituí-lo", acrescenta o estudioso.

Entretanto, Zimmt afirma que ainda que haja dificuldades para substituir o cientista, o assassinatocódigo galera betFakhrizadeh não deve impactar tanto o programa nuclear iraniano ou a capacidade do Irã retomar os esforços para desenvolver armas nucleares.

Já Maher lembra que o objetivo do ataque atribuído a Israel pode ter sido outro: tornar muito mais difícil, ou talvez impossível, uma reaproximação diplomática entre o Irã e o futuro governocódigo galera betJoe Biden, presidente eleito nos Estados Unidos.

"Biden disse que gostariacódigo galera betretornar aos termos do acordo nuclearcódigo galera bet2015, que Trump ecódigo galera betequipecódigo galera betpolítica exterior não querem, nem Israel, que descreveu o Irã como uma ameaça existencial", lembra Maher.

'Atrasar também é uma estratégia'

Se a estratégia por trás do ataque ao cientista for prejudicar a relação entre o futuro presidente dos EUA e o Irã, Zimmt não acredita que a operação tenha conseguido o seu objetivo.

"O presidente (Hassan) Rouhani deixou muito claro que o Irã não vai cair na 'armadilha dos sionistas', então minha opinião é que o Irã vai esperar até que Biden entre na Casa Branca", diz à BBC Mundo.

"Se o Irã perceber que Biden está disposto a retirar as sanções e voltar ao acordo nuclear, eles também vão fazer isso, não importa o que Israel faça", acrescenta Zimmt.

O especialista israelense acredita que o atraso do programa nuclear do Irã foi o máximo que as operações secretas dos últimos anos conseguiram. O que, ressalta Zimmt, é um fato que não pode ser desprezado.

Trabalhadorescódigo galera betusina nuclear iraniana

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Apesar das operações secretas e das sanções, o programa nuclear iraniano permanececódigo galera betprogresso

Estima-se que os ataques cibernéticos contra a usina nuclear Natanz atrasaram os esforços nucleares iranianos em, ao menos, um ano — talvez um ano e meio.

"E se você acrescentar alguns meses aqui e alguns meses acolá, o atraso se torna mais significativo", diz Zimmt.

Segundo o especialista israelense, todos sabem que essas atividades secretas não podem impedir o Irãcódigo galera betse tornar um estado nuclear, apenas atrasar esse processo. "Mas atrasar também é uma estratégia", frisa à BBC Mundo.

"A posição oficialcódigo galera betIsrael — e não estou dizendo que concordo — é que se mais e mais pressão for colocada sobre o Irã, haverá mais e mais sanções e o Irã se verá obrigado a negociar e aceitar mais concessões. Até que isso aconteça, é importante atrasar o programa nuclear o máximo possível", afirma o pesquisador.

Mas Bleek destaca que as ações secretas contra o Irã também podem ter um efeito contrário.

Em protesto, manifestantes iranianos queimam bandeirascódigo galera betpaíses adversários

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Os ataques contra o programa nuclear também podem fortalecer os mais radicais, apontam especialistas

"Isso também pode impactar as motivações do Irãcódigo galera betforma negativa. Por exemplo, dando mais influência àqueles que defendem esforços mais agressivos para o desenvolvimentocódigo galera betarmas nucleares", diz à BBC Mundo.

Maher concorda com Bleek. "Assim como eles podem empurrar o Irã para a mesacódigo galera betnegociações, também podem fortalecer suas determinaçõescódigo galera betmelhorar suas capacidades nucleares", alerta.

"É difícil estabelecer a eficácia dessas operações secretas porque não sabemos como elas podem ter afetado o podercódigo galera bettomadacódigo galera betdecisões do Irã", explica Maher. "Mas, provavelmente, não são tão eficazes", acrescenta.

Futuro complicado

Maher não acredita que Israel possa desistir desse tipocódigo galera betações secretas contra o Irã. "Israel não tem capacidade militar para atacar as instalações nucleares do Irã, mas o que tem é capacidade para as ações secretas", diz.

"E se Biden indicar que está disposto a negociar com os iranianos, e talvez retomar certos aspectos do acordo nuclearcódigo galera bet2015, creio que veremos mais operações secretas e ataques por partecódigo galera betIsrael (contra o Irã)", afirma Maher.

Autoridade usa um desenhocódigo galera betuma bomba para fazer analogia ao Irã

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Israel descreve o Irã como uma ameaça existencial

Zimmt acredita que a melhor alternativa é que o acordo nuclear seja retomado. "Antes da saída do acordo, faltava um ano para que o Irã tivesse a capacidade necessária para desenvolver armas nucleares, hoje faltam apenas três ou quatro meses", pontua.

"Mas se os esforços para retomar o acordo tiverem êxito, e o Irã reverter algumas das atividades realizadas no ano passado, ele demoraria, novamente, ao menos um ano, talvez um pouco menos, para desenvolver essa capacidade", explica.

E, para o especialista israelense, esse períodocódigo galera betcercacódigo galera betum ano é o máximo que se pode aspirar neste momento, embora o problemacódigo galera betcerta forma só estaria sendo adiado até o fim das restrições do acordo,código galera bet2030.

"Creio que o objetivo dos iranianos é atingir o limiar das armas nucleares: não é que eles queiram ter armas nucleares, mas eles gostariamcódigo galera betestarcódigo galera betuma posiçãocódigo galera betque somente bastaria uma decisão política e algumas poucas semanas ou meses para tê-las", diz Zimmt.

"E esse é um debate político: se Israel pode aceitar que o Irã chegue a esse ponto. Alguns dizem que não, outros dizem que é algo muito difícilcódigo galera betevitar".

"Quando você tem um país como o Irã, que tem a tecnologia, o conhecimento e a determinação, é muito difícil impedir que eles alcancem um objetivo", conclui Zimmt.

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