Direita e esquerda precisam substituir 'narrativa do egoismo', diz historiador Rui Tavares:aposta com 10 reais

Ilustraçãoaposta com 10 reaisdiversas pessoas com cores e perfis diferentes, completando como um mosaico todo o espaço da imagem

Crédito, Getty Images/Ada da Silva

"Recebo mensagensaposta com 10 reaisbrasileiros todos os dias agradecendo pela companhia que lhes fiz durante a pandemia", conta Tavares.

Apesar das "coincidências", ele diz que a história não necessariamente se repete. Ao contrário, ela está sempre pronta para recomeçar.

Colunista do jornal Público, Tavares estava nos Estados Unidos até o começo da pandemia e dividia seu tempo entre aulas e corredores das bibliotecas das universidades onde lecionava. Ele estavaaposta com 10 reaisbuscaaposta com 10 reaismaterial para um livro que pretendia escrever chamado Agora, Agora e Mais Agora.

Durante um reencontro com a família na ilhaaposta com 10 reaisSão Miguel, no arquipélago dos Açores,aposta com 10 reaisPortugal, ainda no começo do ano, porém, o historiador foi impedidoaposta com 10 reaisvoltar aos EUA devido às medidasaposta com 10 reaisrestriçãoaposta com 10 reaiscirculação.

Foiaposta com 10 reaislá, então, entre pássaros e o barulho da chuva, que ele gravou quase todos os 33 episódios do podcast.

Doutoraposta com 10 reaisHistória pela École des Hautes Études en Sciences Sociales,aposta com 10 reaisParis, e membro do Institutoaposta com 10 reaisFilosofia da Universidade Novaaposta com 10 reaisLisboa, Tavares é autoraposta com 10 reaisquase uma dezenaaposta com 10 reaislivros — como Esquerda e Direita (Tinta da China, 2015), O Pequeno Livro do Grande Terramoto (Tinta da China, 2009) e mesmoaposta com 10 reaisuma peçaaposta com 10 reaisteatro (O Arquiteto,aposta com 10 reais2008).

Leia a seguir os principais trechos da entrevista concedida à BBC News Brasil por telefone,aposta com 10 reaisLisboa.

Historiador Rui Tavares

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Para historiador Rui Tavares, a pandemiaaposta com 10 reaiscoronavírus é um dos momentos mais importantes da história humana

aposta com 10 reais BBC News Brasil - O que o novo coronavírus e suas consequências (do isolamento social às reestruturações econômicas, dos hábitos cotidianos ao debate sobre a ciência) revelam sobre quem somos neste momento da história?

aposta com 10 reais Rui Tavares - Nós, que estamos vivos enquanto a pandemia acontece, somos pouco interessantes: quem era nacionalista tem agora mais um motivo para fechar as fronteiras nacionais, quem era cosmopolita vê como é importante uma cooperação internacional pela produção das vacinas. Mas qual vai ser o mundo mental daqueles que estão nascendo? É difícil saber, mas certamente eles vão acreditar na necessidadeaposta com 10 reaisum novo contrato político.

Na monarquia absoluta esse vínculo era entre súdito, rei e Deus; na modernidade é entre povo, Estado e nação; no início do século 21 é necessário um novo contrato — e isso não apenas pelo coronavírus, mas também a crise ecológica, a Inteligência Artificial, entre outras coisas.

Esse contrato é entre humanidade, natureza e tecnologia. O ponto é que não é possível saber o que vai estar escrito neste contrato, porque quem vai escrevê-lo é exatamente quem está nascendo agora.

aposta com 10 reais BBC News Brasil - A pandemia oferece essa oportunidade históricaaposta com 10 reaismudar o contrato?

aposta com 10 reais Tavares - Ela pode ser comparada a outros grandes momentosaposta com 10 reaisvirada da história, como o terremotoaposta com 10 reaisLisboa,aposta com 10 reais1755, por exemplo, que contribuiu para uma enorme mudança na relação dos humanos com Deus e com a natureza — o que não aconteceuaposta com 10 reaisimediato. A primeira reação dos habitantesaposta com 10 reaisLisboa, na verdade, foi procurar conforto no que eles já conheciam: o sismo fora um castigoaposta com 10 reaisDeus sobre os pecadores da cidade. Este é aquele primeiro momento, quando o acontecimento histórico polariza mais as convicções que já existem.

No entanto, a geração que estava nascendoaposta com 10 reais1755, que incluía Alexander Hamilton, um dos pais fundadores da independência dos Estados Unidos, e Maximilienaposta com 10 reaisRobespierre, um dos revolucionários republicanos franceses, foi exatamente a que fez parte das transformações concretas ocorridas num segundo momento, quando a realidade é vista com outros olhos. Voltaire escreveu anos depois que não era possível que aquele terremoto fosse uma mensagemaposta com 10 reaisDeus, porque os lisboetas eram dos mais católicos da Europa, ao contrário dos parisienses e dos londrinos. Então, se Deus não envia terremotos para castigar pecadores, talvez ele também não use a natureza como meioaposta com 10 reaismandar mensagens à humanidade.

Quando a geraçãoaposta com 10 reaisHamilton e Robespierre se tornou adulta, ela acrescentou mais um elemento: se Deus não enviou, definitivamente, o terremoto para castigar os lisboetas, então Ele também não era responsável por colocar o reiaposta com 10 reaisPortugal no tronoaposta com 10 reaisPortugal, assim comoaposta com 10 reaisoutras monarquias.

Foi assim que,aposta com 10 reaisuma dessacralização da natureza, se passou para uma dessacralização do poder do monarca absoluto. O terremotoaposta com 10 reaisLisboa, precedendoaposta com 10 reaiscercaaposta com 10 reaisduas décadas as revoluções nos Estados Unidos e na França, foi parte fundamental do que fez o mundo mental do final do século 18 deixaraposta com 10 reaisacreditar no absolutismo e crer na necessidadeaposta com 10 reaisum novo contrato político.

Ilustração do terremotoaposta com 10 reaisLisboa,aposta com 10 reais1755

Crédito, Biblioteca Nacionalaposta com 10 reaisPortugal

Legenda da foto, Terremotoaposta com 10 reaisLisboa,aposta com 10 reais1755, contribuiu para uma enorme mudança na relação dos humanos com Deus e com a natureza, diz Rui Tavares

aposta com 10 reais BBC News Brasil - No aposta com 10 reais Agora, Agora e mais Agora aposta com 10 reais , você define a Idade Média como o último tempoaposta com 10 reaisque as pessoas ainda "esperavam pelo fim do mundo". E hoje? Como as gerações entendem o futuro e agem a partir dessa compreensão?

aposta com 10 reais Tavares - Na Idade Média, mais do que esperar, as gerações acreditavam que iriam presenciar o fim do mundo, ainda que não fosse possível provocá-lo, como as alterações climáticas e as armas nucleares permitem agora. Vejo que o futuro continua a nos pertencer mas, por outro lado, háaposta com 10 reaisfato esse perigoaposta com 10 reaisacabarmos nós mesmos com o mundo. Acreditamos que háaposta com 10 reaisaparecer qualquer coisa para nos salvar, como a tecnologia, e temos a ideiaaposta com 10 reaisque a história não se repete e que vamos escapar das piores tragédias da humanidade — o que não aconteceu no passado.

Por mais que nos filmesaposta com 10 reaisHollywood os aliados derrotem os nazistas, o nazismo foi o fim do mundoaposta com 10 reaisquem morreu no Holocausto.

Sabemos hoje que o nosso potencial destrutivo é maior e, portanto, temos que estar conscientes dele. Na Idade Média, o fim do mundo viriaaposta com 10 reaisuma força externa: Deus iria acabar com o mundo para vivermos na eternidade. A partir do momentoaposta com 10 reaisque a origem do fim do mundo estáaposta com 10 reaisnós, paradoxalmente deixamosaposta com 10 reaisnos preparar para aquilo que filósofos como Michelaposta com 10 reaisMontaigne e Thomas Moore chamavamaposta com 10 reaisas "últimas coisas" — e que é exatamente um objetivo clássico da filosofia: aprender a morrer.

Pessoas andando com máscaras na rua

Crédito, EPA

aposta com 10 reais BBC News Brasil - No podcast, você discurte a divisão entre guelfos e gibelinos na Europa da Idade Média. A polarização é necessária para o ser humano se organizar?

aposta com 10 reais Tavares - A arte da vida humanaaposta com 10 reaissociedade é encontrar o grau certoaposta com 10 reaispolarização. Por um lado, se ela for pequena, pode ser um sinalaposta com 10 reaisestagnação,aposta com 10 reaisuma sociedade orientada por diferenças clientelares, não ideológicas. Por outro lado, o excessoaposta com 10 reaispolarização transforma o adversárioaposta com 10 reaisum inimigo e, então, volta a ser tão paralisante como seria naaposta com 10 reaisinexistência, pois não há diálogo.

Mas para entender por que temos fenômenosaposta com 10 reaispolarização relativamente novosaposta com 10 reaistantos países — estados vermelhos (republicanos) e azuis (democratas) nos EUA, cidadãos que querem sair ou continuar na União Europeia no Reino Unido, "coxinhas" e "petralhas" no Brasil —, aquela grande polarização entre guelfos e gibelinos da Itália medieval pode ser um caminho. Ela se deu quando as economias e as sociedades italianas sofriam o impacto do primeiro capitalismo nascente, com bancos, notasaposta com 10 reaiscrédito, a contabilidade moderna etc.

Enquanto algumas cidades estavam bem adaptadas às novas práticas econômicas, notadamente Florença, outras, mais feudais, eram muito leais ao imperador do Sacro Império Romano-Germânico, como era o casoaposta com 10 reaisSiena. Em uma comparação com os dias atuais, seria essa diferença entre os supostamente deserdados da globalização (gibelinos) e os que são mais cosmopolitas (guelfos).

Tanto guelfos e gibelinos quanto as divisões atuais são respostas naturais a um mundo que nos assusta, que não nos mostra o que será do futuro. Assim, a polarização gera polarização, porque se aqueles que se dizem guelfos nos odeiam, então nós temos que nos chamaraposta com 10 reaisqualquer outra coisa e, ao mesmo tempo, construir razões para odiá-los — e vice-versa.

Embora eu tenha uma simpatia maior pelos guelfos, porque sou um defensor do cosmopolitismo, acredito que os gibelinos tinham razão quando apontavam para arrogância dos guelfos, que já sabiam como se virar naquela nova economia.

É parecido com o presente,aposta com 10 reaisque o ressentimento parece estar no fatoaposta com 10 reaisque é mais fácil falar com alguém do outro lado do mundo do que com um vizinho neopentecostal ou homofóbico. Esse ressentimento é uma arma poderosa. Quem está do lado que se vê mais resolvido — mas que também tem seus preconceitos — precisa dialogar com os mais rancorosos ou ressentidos.

aposta com 10 reais BBC News Brasil - Mas as polarizações ainda dão conta das complexidadesaposta com 10 reaishoje — como as pautas identitárias, por exemplo?

aposta com 10 reais Tavares - Elas precisam dar conta. No entanto, é necessária uma crítica das críticas das pautas identitárias, tanto entre marxistas quanto entre neoliberais — ambas centradas na economia. A esquerda mais ortodoxa aponta que viver a identidade intensamente significa esquecer dos interessesaposta com 10 reaisclasse, onde todos os problemas sociais podem se resolver. A direita liberal, poraposta com 10 reaisvez, argumenta que uma pessoa negra ou gay não precisa lutar pelos seus direitos identitários, porque o capitalismo é livre e o que estáaposta com 10 reaisjogo é a escolha.

Ambas esquecemaposta com 10 reaisuma coisa importante: que nossa infraestrutura básica não é a economia, mas a cognição e a cultura. Para sermos agentes econômicos temos antes que ser indivíduos. O primeiro elementoaposta com 10 reaisconstrução da humanidade enquanto tal é a memória, sem a qual não há consciência. Sem ambas, não há identidade.

Então, quando outros intensificam aaposta com 10 reaisidentidade negra ou gay, isso tem a ver com a memória e a narrativa que cada um temaposta com 10 reaissi mesmo — e, então, com as coisas que cada umaposta com 10 reaisnós precisaaposta com 10 reaisfazer a partir da consciência que temaposta com 10 reaissi e daaposta com 10 reaishistória. Portanto, desvalorizar as identidades é um erro, porque mesmo para realizarmos transformações políticas dependemos dessas narrativas comuns, do que queremos enquanto identidades comuns. Esse é um esquema básico narrativo, cultural e identitário que precede a economia e que depois, claro, é influenciado pela economia.

Porém, nós temos que compreender por que vivemos um momentoaposta com 10 reaisque as pessoas dão muita importância às suas identidades — talvez porque o mundo está mudando tanto que precisamos preservar algoaposta com 10 reaisnós mesmos — para então reunirmos condiçõesaposta com 10 reaisbuscar nossas identidades comuns.

É assim que a humanidade pode avançar por meio do que eu chamoaposta com 10 reais"objetosaposta com 10 reaisdesejo político". Eles são como quaisquer objetosaposta com 10 reaisdesejo: são coisas que queremos ter e que,aposta com 10 reaistermos políticos, aí sim se refletem nas pautas econômicas e sociais. Um sistema públicoaposta com 10 reaissaúde é o objetoaposta com 10 reaisdesejo políticoaposta com 10 reaistodas as pessoas que estão ao redoraposta com 10 reaisBernie Sanders nos Estados Unidos hoje, por exemplo, assim como a reforma agrária ou a renda básica universal também sãoaposta com 10 reaismuitos países.

aposta com 10 reais BBC News Brasil - E quais são os erros da esquerda e da direita nesse sentido?

aposta com 10 reais Tavares - Estáaposta com 10 reaisnão perceberem que a humanidade precisaaposta com 10 reaisnovos objetosaposta com 10 reaisdesejo político, porque são eles que criam os movimentos. Um filósofo brasileiro que eu respeito muito, o Roberto Mangabeira Unger, costuma dizer que os intelectuais e políticos acham que as pessoas se apaixonam pelos movimentos políticos apenas por serem movimentos — e não é isso: as pessoas, na verdade, vão para os movimentos políticos porque querem conquistar coisas concretas e práticas para suas vidas.

É depois dessa luta, quando as pessoas se sentem solidárias umas com as outras, e se tiveram alguma vitória, elas entendem que podem conquistar outras coisas. Se a esquerda e a direita acham que vão conseguir convencer as pessoas a abandonar suas identidadesaposta com 10 reaisfavoraposta com 10 reaissuas doutrinas e ortodoxias, estão enganadas. No entanto, se elas encontrarem uma maneiraaposta com 10 reaismobilizar positivamente nossas identidades para conquistar objetosaposta com 10 reaisdesejo político, aí sim elas terão chances reaisaposta com 10 reaismudanças.

aposta com 10 reais BBC News Brasil - Você também aborda o famoso caso Alfred Dreyfus, no século 19, na França, como exemploaposta com 10 reaisuma mentira que se torna verdade. É possível fazer um paralelo entre esse fenômeno e o que hoje conhecemos por "fake news"? Qual é a potênciaaposta com 10 reaisdestruição delas — especialmente para as sociedades democráticas?

aposta com 10 reais Tavares - Essas mentiras sempre existiram e sempre foram potentes. Na Primeira Guerra, por exemplo, os franceses acreditaram por muito tempo que os russos iriam chegar para salvá-los - e haviam rumores que eles já tinham até desembarcado, mas isso nunca aconteceu. No caso Dreyfus, mesmo quando foi provado que ele não era culpado, os nacionalistas converteram o verdadeiro traidoraposta com 10 reaisherói só para que Dreyfus continuasse sendo o vilão.

Essa história mostra que a vontadeaposta com 10 reaisacreditaraposta com 10 reaisuma mentira se serveaposta com 10 reaisum reservatório antigoaposta com 10 reaispreconceitos — o antissemitismo, no caso Dreyfus, que depois se transformou no fascismo e no nazismo — para existir e crescer. Crenças mentirosas estão sempre aí também para serem utilizadas por vigaristas políticos, como Mussolini ou Hitler. Eles dizem o que as pessoas querem ouvir e, quando elas finalmente dão por si, já deram todo o poder a esses vigaristas.

É assim que, mesmo com boas intenções, elas deixamaposta com 10 reaister democracia. A história é sempre diferente, mas há coisas que são iguais. A propensão para sermos enganados por aquiloaposta com 10 reaisque queremos acreditar é uma dessas coisas que se repetem — e as fake news são exatamente isso. É por isso que precisamos estar vigilantes tantoaposta com 10 reaistermos individuais como coletivos.

Trump

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Derrotaaposta com 10 reaisTrump "permitiu destruir a narrativaaposta com 10 reaisque essa ondaaposta com 10 reaisdireita era imparável", diz historiador

aposta com 10 reais BBC News Brasil - O que a derrotaaposta com 10 reaisDonald Trump nos Estados Unidos significa para essa direita da qual ele é o representante mais relevante aposta com 10 reais e que vai do presidente Viktor Orbán, na Hungria, a Bolsonaro, no Brasil?

aposta com 10 reais Tavares - Permitiu destruir a narrativaaposta com 10 reaisque essa ondaaposta com 10 reaisdireita era imparável, alémaposta com 10 reaistirar a esquerdaaposta com 10 reaisuma paralisia que começou, principalmente, quando muitasaposta com 10 reaissuas autocríticas — como aaposta com 10 reaisque ela não conhece verdadeiramente o povo — foram apropriadas pelos discursos da extrema-direita.

Joe Biden também conseguiu ganhar por causaaposta com 10 reaisuma narrativa poderosa: falar para todas aquelas pessoas para quem a política não é a coisa mais importante que existe que era possível voltar àquela outra normalidade, quando não era preciso ficar esperando pela próxima loucura ou insulto do presidente.

O presidente da Fundação Obama, o português David Simas, recentemente me disse que o mais importante no lema "Make America Great Again" ("Fazer a América Grande Novamente") não é o "great" (grande), mas o "again" (novamente). Como a gente tem medo do futuro, sempre aparece um homem como o Trump e diz: "Vamos voltar ao tempoaposta com 10 reaisque os homens podiam ser machistas à vontade, que as pessoas podiam ser racistas à vontade. Nesse tempo a gente tinha confiança no presente...".

O Biden,aposta com 10 reaiscerta forma, dizaposta com 10 reaisum jeito semelhante uma coisa não inteiramente divergente: vamos voltar a um tempoaposta com 10 reaisque a política não era uma preocupação constante.

aposta com 10 reais BBC News Brasil - Quais fatores explicam a ascensão dessa extrema-direita — negacionista e seduzida por teorias conspiratórias, acimaaposta com 10 reaistudo — no mundoaposta com 10 reaisagora?

aposta com 10 reais Tavares - A direita encontrou uma narrativa muito forte: a do egoísmo legitimado e calcado coletivamente. Esse egoísmo diz que vivemosaposta com 10 reaisum mundo perigoso e que melhor coisa a se fazer é "cuidar dos teus":aposta com 10 reaisfamília,aposta com 10 reaisnação e contra todos os outros.

Curiosamente, a esquerda, tão pessimista às vezes, reforça essa ideia quando diz que as alterações climáticas vão acabar com o mundo ou que as contradições do capitalismo vão explodir a qualquer momento. São narrativas reforçam o argumento da direita: se o mundo é um jogoaposta com 10 reaissoma zeroaposta com 10 reaisque o outro precisa perder para que eu ganhe, então eu tenho que seguir meus instintos e me preocupar comigoaposta com 10 reaisprimeiro lugar.

É preciso substituir, então, essa narrativa do egoísmo pela da generosidade. A narrativa da generosidade é menos evidente e também mais difícilaposta com 10 reaisse plantar, mas pode ser muito forte ao alertar que,aposta com 10 reaisum mundoaposta com 10 reaistodos contra todos, a maior parteaposta com 10 reaisnós vai perder, e só vai se salvar quem é muito rico e poderoso. Em consequência, o mundo do egoísmo, do todos contra todos, não é do interesseaposta com 10 reaisquase ninguém.

É melhor ter um mundoaposta com 10 reaisque as soluções dos problemas são encontradas conjuntamente — um mundoaposta com 10 reaistodos e para todos, mais sustentável e mais generoso. Esta é uma narrativa capazaposta com 10 reaisser mais resiliente do que a do egoísmo.

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