A histórica seca do rio Paraguai que impede a navegaçãoaposta ganha libertadoresbarcos e ameaça a economia do país:aposta ganha libertadores

Río Paraguay

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Legenda da foto, Rio Paraguai estáaposta ganha libertadoresseu nível mais baixoaposta ganha libertadores50 anos

O rio Paraguai tem uma importância estratégica sem igual para o país que lhe dá nome.

Isso porque, sem saída para o mar, o Paraguai tem grande dependência deste cursoaposta ganha libertadoreságua.

O rio Paraguai nasce no Mato Grosso, atravessa brevemente a Bolívia, o Paraguai e deságua no rio Paraná, que poraposta ganha libertadoresvez desemboca no Oceano Atlântico na bacia do rio da Prata.

"Para nós, o rio Paraguai é a única rodovia que temos para sair ao mar e esta rodovia está com problemas", disse Pedro Mancuello, vice-ministro do Comércio do Paraguai, à BBC News Mundo.

Río

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Legenda da foto, La sequía también ha provocado graves incendios en Paraguay.

A escassezaposta ganha libertadoreschuvas nos últimos meses no Pantanal brasileiro, que alimenta o rio Paraguai, fez com que o rio atingisse a mínima histórica, 4 a 8 centímetros abaixoaposta ganha libertadoresseu zero hidrométrico (o padrão para mediraposta ganha libertadoresvazão, localizadoaposta ganha libertadoresportoaposta ganha libertadoresAssunção, medido na quinta-feira passada).

Em certos pontos, o rio não é mais profundo o suficiente para que navios comerciais maiores transportem grãos, combustível ou minérioaposta ganha libertadoresferro.

"Na bacia do Paraná houve chuvas, mas a situação do rio Paraguai é absolutamente crítica", diz à BBC Mundo Esteban dos Santos, presidente do Centroaposta ganha libertadoresArmadores Fluviais e Marítimos do Paraguai.

"A profundidade cai a uma taxaaposta ganha libertadorestrês centímetros por dia", acrescenta.

Tanto ele como o governo preveem que dentroaposta ganha libertadoresalguns dias ou semanas, se tudo continuar como antes — as chuvas dos últimos dias não têm sido suficientes — os navios terãoaposta ganha libertadoresficar atracados no porto.

"Se não for encontrada uma solução e esta situação persistir, a navegação será praticamente impossível, estimamos, dentroaposta ganha libertadoresum mês ou mais", reconhece Jorge Vergara, diretor do Diretoraposta ganha libertadoresProjetos Estratégicos do Ministério das Obras Públicas e Comunicações.

As consequências para a economia do país, que teve o melhor desempenho frente ao coronavírusaposta ganha libertadorestodo o continente americano, segundo dados recentes da agênciaaposta ganha libertadoresnotícias financeiras Bloomberg, podem ser terríveis.

Segundo dados do Ministério do Comércio,aposta ganha libertadores2019, 52% das importações (o principal parceiro é a China) e 73% das exportaçõesaposta ganha libertadoresprodutos ocorreram por via fluvial.

Pez

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Legenda da foto, Eventos extremos se tornam mais frequentes com as mudanças climáticas

O Paraguai é um dos maiores exportadores mundiaisaposta ganha libertadoresprodutos agrícolas, incluindo soja, e possui uma das maiores frotas fluviais.

Pelas águasaposta ganha libertadoresseu rio homônimo, são transportados desde minérioaposta ganha libertadoresferro extraído no Brasil a contêineres com importação da China.

Barcos ancorados

Devido à vazão insuficiente, há navios que permanecem atracados, ou transportam menos carga do que o habitual (até 60%aposta ganha libertadoressua capacidade), ou têmaposta ganha libertadoresfazer escala no porto do Pilar,aposta ganha libertadoresonde o transporte segue por via terrestre.

São maisaposta ganha libertadores350 quilômetros até Assunção,aposta ganha libertadoresvez do trajeto normal ao longo do rio até o centro portuárioaposta ganha libertadoresVilleta, a poucos quilômetros da capital.

Isso aumenta os custos, pois o transporte fluvial é consideravelmente mais barato.

Guillermo Ehreke, diretoraposta ganha libertadoresuma empresaaposta ganha libertadoresnavegação, diz que maisaposta ganha libertadores20 dos 80 navios que movimentam cargas regularmente não podem navegar.

Barcos

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Legenda da foto, Paraguai possui uma das maiores frotas fluviais do mundo

"Temos oito embarcações na Bolívia, trêsaposta ganha libertadoresSan Antonio (Paraguai) e 12aposta ganha libertadoresSan Lorenzo (Argentina). Tecnicamente não estão encalhadas, mas não conseguem navegar por faltaaposta ganha libertadoreságua", afirma.

"Essas barcaças estão paradas há três meses. Primeiro foi por causa da crise do coronavírus, que reduziu drasticamente o consumoaposta ganha libertadorescombustível. E então, quando estavam a pontoaposta ganha libertadoresvoltar a operar, ficaram presas."

O empresário estima queaposta ganha libertadoresempresa esteja perdendo entre US$ 3 milhões e 4 milhões (R$ 17 milhões a 23 milhões) por mêsaposta ganha libertadoresfaturamento.

Quem está vivendo o problema na pele é o capitão Nelson Samudio, que permanece "em terra firme", mas que, até a semana passada, navegava pelas águas do rio.

"Estávamos trazendo 12 barcaças vaziasaposta ganha libertadoresSan Nicolás, na Argentina, para carregar minérioaposta ganha libertadoresferro nas minasaposta ganha libertadoresLadário (Brasil). Mas tivemos que pararaposta ganha libertadoresSan Antonio (Paraguai), porque o calado é muito limitado e não podíamos mais chegar lá", explica.

A distância entre os dois pontos por terra éaposta ganha libertadorescercaaposta ganha libertadoresmil quilômetros.

O impacto até o momento para o setor privado paraguaio éaposta ganha libertadoresUS$ 250 milhões, segundo dados do Centroaposta ganha libertadoresArmadores Fluviais e Marítimos.

Para sair dessa situação, o rio precisaaposta ganha libertadoresoperaçõesaposta ganha libertadoresdragagemaposta ganha libertadoresseus pontos mais críticos.

O governo está licitando atividadesaposta ganha libertadoresdragagem emergencial no valoraposta ganha libertadoresUS$ 21 milhões e o uso dos recursos, que já foi aprovado pela Câmara dos Deputados, precisa ser aprovado no Senado.

Segundo Vergara, a dragagem já estava planejada, mas os recursos destinados a ela tiveram que ser realocados no combate à pandemia do coronavírus.

Agora, ele estima que as empresas poderão começar a trabalharaposta ganha libertadoresdois meses, mas até lá prevê "semanas muito complexas".

"O mais grave seria a faltaaposta ganha libertadorescombustível, mas também o custo extraaposta ganha libertadorestodos os bensaposta ganha libertadoresconsumo", resume Santos Santos.

Além da solução emergencial, o rio precisaaposta ganha libertadoresmanutenção contínua entre o pontoaposta ganha libertadoresjunção com o rio Paraná e a cidadeaposta ganha libertadoresConcepción, afirma Roberto Salinas, presidente da Associação Paraguaiaaposta ganha libertadoresLogística.

Protesto

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Legenda da foto, Agricultores e povos indígenas manifestaram-se para pedir ao governo o cancelamentoaposta ganha libertadoressuas dívidas

Manifestação

O custoaposta ganha libertadoresmantê-lo navegável a 11 pés, que tem cercaaposta ganha libertadores10 pésaposta ganha libertadoresprofundidade, seriaaposta ganha libertadorescercaaposta ganha libertadoresUS$ 150 milhões, diz ele.

A situação no rio Paraná, também afetado pela seca, também não é boa, mas seus trechos críticos começaram a ser dragadosaposta ganha libertadoresjaneiro.

"Embora sejam dois rios diferentes, não podemos compará-los porque o Paraná é mais abundante e apresenta pontos mais críticos [...] e por isso o Governo previu essas obras", declarou o representante da Comissão Mista Paraguai-Argentina do Rio Paraná, Martín González.

Segundo González, "com essas dragagens conseguimos melhorar os níveisaposta ganha libertadoresnavegação do rio, visto que estamos passando por secas históricas".

Falta crônicaaposta ganha libertadoreságua

A baixa vazão do rio Paraguai pode ser explicada ora pela seca que atinge o país desde março ora pelo fenômeno meteorológico La Niña desde setembro, explica à BBC Mundo Raúl Enrique Rodas, diretoraposta ganha libertadoresMeteorologia e Hidrologia do governo paraguaio.

A seca também gerou uma ondaaposta ganha libertadoresincêndios tão devastadora que o Parlamento declarou estadoaposta ganha libertadoresemergência nacionalaposta ganha libertadorestodo o país no início deste mês.

A faltaaposta ganha libertadoreságua é, no entanto, um problema crônico no Paraguai.

Para dar uma solução ao menos parcial, e depoisaposta ganha libertadoresvários anosaposta ganha libertadoresplanejamento e execução, o governo inaugurou este ano um grande projeto para levar água à região do Chaco, que tem graves problemasaposta ganha libertadoresabastecimento.

Río seco

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Legenda da foto, Rio precisa ser dragado para que a navegação seja mantida

O conhecido Aqueduto do Chaco leva água do rio Paraguai até a alturaaposta ganha libertadoresPuerto Casado, a cercaaposta ganha libertadores650 quilômetrosaposta ganha libertadoresAssunção, ao longoaposta ganha libertadorescercaaposta ganha libertadores200 quilômetros até o Chaco Central,aposta ganha libertadoresonde se distribui para as colônias menonitas e algumas 84 aldeias indígenas.

Algumas semanas atrás, no entanto, ele estava foraaposta ganha libertadoresserviço, pois quase nenhuma água entrava na áreaaposta ganha libertadorescaptação do rio.

Suprimentos básicos

Além da faltaaposta ganha libertadoreságua, o rio é vital para que muitas comunidades tenham acesso a suprimentos básicos.

Para Bahía Negra, cidade ribeirinha separada do Brasil apenas pelo rio, os suprimentos chegam apenas uma vez por semanaaposta ganha libertadoresbarco.

O barco que os transporta sai da cidadeaposta ganha libertadoresConcepción, apelidadaaposta ganha libertadores"Pérola do Norte", e chega a Bahía Negra depoisaposta ganha libertadorespararaposta ganha libertadoresvários portos.

Os ribeirinhos sobem então para fazer as compras naquele que é um verdadeiro mercado flutuante, o únicoaposta ganha libertadoresque têm acesso a fruta e legumes, visto que o solo desta região não é adequado para cultivo.

Barcos

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Legenda da foto, Barcos estão encalhadosaposta ganha libertadoresdiferentes partes do rio

Devido à faltaaposta ganha libertadoresvazão atual, "na última sexta-feira, o navio encalhou e chegou atrasado", diz à BBC Mundo Saúl Arias, que trabalhaaposta ganha libertadoresprojetosaposta ganha libertadoreseducação ambiental para a associação Eco Pantanal.

O rio é a opção mais barata e segura para levar suprimentos para a comunidade, assinala Arias, e se o barco não consegue chegar lá, a única alternativa é uma estradaaposta ganha libertadoresterra.

Não éaposta ganha libertadoresestranhar que Pedro Mancuello, vice-Ministro do Comércio do Paraguai, tenha mencionado repetidamenteaposta ganha libertadoresconversa com BBC Mundo, a relação entre o clima, a natureza e a economia.

"Temos que conciliar nosso desenvolvimento produtivo eaposta ganha libertadoresconsumo com o cuidado com o meio ambiente", diz Mancuello.

"A natureza está nos enviando sinais", acrescenta.

Línea

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