A sagaeleicao bet 365mulher com paralisia cerebral que virou poeta: 'queriam que meus pais me afogassem quando bebê':eleicao bet 365

Kuli na infância

Mine (Meu)

I have a dream; please don't influence it, (Eu tenho um sonho; por favor não o influencie,)

It belongs to me. (Ele pertence a mim.)

I have a delicate heart; please don't break it, (Eu tenho um coração delicado; por favor não o quebre,)

It belongs to me. (Ele pertence a mim.)

I have peace of mind; please don't disturb it, (Eu tenho pazeleicao bet 365espírito; por favor não perturbe,)

It belongs to me. (Ela pertence a mim.)

I have to follow a path; please don't obstruct it, (Eu tenho que seguir um caminho; por favor não o obstrua,)

It belongs to me. (Ele pertence a mim.)

I have an amazing life; please let me live it, (Eu tenho uma vida incrível; por favor me deixe vivê-la,)

It belongs to me. (Ela pertence a mim.)

I have a choice; please don't choose for me, (Eu tenho uma escolha; por favor não escolha por mim,)

It belongs to me. (Ela pertence a mim.)

I have freedom; please don't capture me, (Eu tenho liberdade; por favor não me prenda,)

It belongs to me. (Ela pertence a mim.)

I have incredible feelings; please don't hurt me, (Eu tenho sentimentos incríveis; por favor não me machuque,)

They belong to me. (Eles pertencem a mim.)

I have a lot of love; please don't hate me, (Eu tenho muito amor; por favor não me odeie,)

Love is mine to share. (O amor é meu para compartilhar.)

I'm on my material journey; don't follow me (Estoueleicao bet 365minha jornada; não me siga)

It won't be fair. (Não será justo.)

So... I have a dream; it's my dream to be free. (Então... eu tenho um sonho; é meu sonho ser livre.)

Kuli tinha mais motivos do que a maioria para sentir medo do palco. Ela nasceu com paralisia cerebral, uma condição neurológica que afetaeleicao bet 365fala, seus movimentos,eleicao bet 365postura, coordenação e equilíbrio.

Subir no palco e declamareleicao bet 365poesia foieleicao bet 365vitória contra aqueles que lhe diziam queeleicao bet 365vida não valia a pena por causaeleicao bet 365suas restrições, que diziam que ela nunca seria nada ou atingiria seus objetivos. Ela estava abraçando e possuindo uma parteeleicao bet 365sua identidade, algo pelo qual se sentiu envergonhada durante toda aeleicao bet 365vida.

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Em 1970, quando Kuli nasceueleicao bet 365um vilarejo remotoeleicao bet 365Uttar Pradesh, no norte da Índia, logo ficou claro que ela era diferente das outras crianças.

A mãeeleicao bet 365Kuli tinha por voltaeleicao bet 36515 anos quando deu à luz. Ela era a primogênita e muitos na comunidade ficaram desapontados por ela não ser um menino (as filhas primogênitas costumavam ser vistaseleicao bet 365forma negativa). Mas seu gênero não foi a única coisa que os moradores notaram.

"As pessoas achavam que eu era uma garota estranha, porque eu era diferente. Assim que nasci, as pessoas diziam à minha mãe para se livrareleicao bet 365mim porque ninguém se casaria com uma garota assim", diz ela.

Kulieleicao bet 365uma bicicleta
Legenda da foto, Kulieleicao bet 3651975: 'As deficiências não eram compreendidaseleicao bet 365minha vila na época, e ninguém sabia o que era paralisia cerebral'

"Ninguém sabia o que estava acontecendo comigo. As deficiências não eram compreendidaseleicao bet 365minha aldeia na época, e ninguém sabia o que era paralisia cerebral. As pessoas diziam à minha família que eu era um castigoeleicao bet 365uma vida anterior", ela diz.

"Eu era muito jovem para lembrar, mas minha tia, que morava conosco, me disse que meu corpo era como oeleicao bet 365uma bonecaeleicao bet 365pano."

Alguns moradores argumentaram que ela deveria ser jogada no rio e deixada para se afogar.

"Mas fui literalmente salva por meu pai. Ele teve que intervir fisicamente para impedir que meu corpo fosse retiradoeleicao bet 365nossa casa e descartado como um objeto", diz Kuli. "Ele salvou minha vida e me defendeu."

Não demorou muito para queeleicao bet 365família decidisse que seu futuro não estava naquela aldeia.

Kuli durante a infância
Legenda da foto, Kuli durante a infância

Na décadaeleicao bet 3651970, houve um fluxoeleicao bet 365migrantes do sul da Ásia para o Reino Unido e a famíliaeleicao bet 365Kuli juntou-se a eles. Ela tinha dois anos e meio quando eles chegaram a Wolverhampton,eleicao bet 3651973, onde seu pai encontrou trabalho como motoristaeleicao bet 365ônibus.

Mas Kuli também enfrentou preconceito no Reino Unido. A narrativaeleicao bet 365queeleicao bet 365condição era uma punição ainda era mantida por muitos ao seu redor.

"Mesmo aqui, algumas partes da comunidade asiática consideram a deficiência com aversão. Isso resultaeleicao bet 365pessoas com deficiência sendo ignoradas, usadas e abusadas", diz ela.

"Eles lutam para realizar as atividades que as outras pessoas fazem sem hesitação, como sair, dirigir e usar o transporte público, ir à universidade, ter relacionamentos, encontrar um parceiro para a vida e casar, ter uma casa, cozinhar e trabalhar tarefas diárias, ter filhos, ter hobbies e interesses, conseguir um emprego."

A ONG britânica Asian People's Disability Alliance diz que alguns daqueles que acreditam que a deficiência é uma punição por um pecadoeleicao bet 365outra vida também temem ser punidos por se associarem a uma pessoa com deficiência. Assim, essas acabam no ostracismo.

Kuli frequentava uma escola para crianças com deficiência e, foraeleicao bet 365seus muros, sentia-se isolada.

"Outras crianças me chamarameleicao bet 365'aleijada' - uma palavra que desprezo. Eu seria observada e apontada. Ir para o Gurdwara (templo Sikh) foi uma provação. Eu odiava porque as pessoas costumavam me olhar fixamente, fazendo eu me sentir sem importância, alienada e inválida''.

Ela se lembraeleicao bet 365crianças perguntando a ela: "Por que você anda assim e fala assim?"

Kuli aos 9 anos
Legenda da foto, Kuli aos 9 anos: conforme ela ficava mais velha, era mais difícil se comunicar

Conforme ela ficava mais velha, ficava mais difícil para Kuli se comunicar.

Mas o que ela não conseguia expressar por meioeleicao bet 365sua fala, ela começou a expressar por escrito. Foi na Penn Hall Special School que Kuli descobriu a poesia.

"Os professores costumavam ler poesia para nós e eu gostavaeleicao bet 365ouvir", diz ela. "Então comecei a escrever poesia como uma formaeleicao bet 365alívio e uma espécieeleicao bet 365terapia. Gostavaeleicao bet 365fazer rimas e escrever sobre minhas emoções e sentimentos."

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Aos 13 anos, ela foi matriculadaeleicao bet 365uma escola secundária regular. As coisas começaram a melhorar conforme ela se misturava com seus novos colegaseleicao bet 365classe. E ela continuou escrevendo.

"Escrevi tanto por prazer quanto por alívio", diz ela. "Podia não ser fisicamente capaz, mas era capaz. Sentia, pensava e via como todo mundo. Isso me fez sentir poderosa."

A escola era um refúgio seguro para Kuli, mas ela sente que não conseguiu atingir objetivos. Ela foi reprovada na maioria dos exames e deixou a escola aos 16 anos. Ficou desapontada por não poder ir para a universidade, embora,eleicao bet 365qualquer maneira, seus pais sempre tivessem duvidado que ela conseguiria se virar sozinha lá.

Kuli adolescente
Legenda da foto, 'Escrevi tanto por prazer quanto por alívio', diz Kuli

Quando ela concluiu a escola, a famíliaeleicao bet 365Kuli tentou arranjar um casamento para ela.

"Lembro-meeleicao bet 365quando famílias vinham até nossa casa para verificar se eu seria adequada para seu filho", diz ela. "Eu me vestia com roupas tradicionais e me sentavaeleicao bet 365nossa pequena salaeleicao bet 365estar. As famílias que vieram ver minha condição disseram à minha família: 'Você espera que nosso filho se case com isso?' E então saíam. "

Toda aeleicao bet 365vida ela tinha ouvido pessoas dizerem que nenhum homem iria querê-la, e agora aquelas palavras ecoavam emeleicao bet 365mente.

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Ninguém sabia que ela despejava seus sentimentos no papel.

Ela escreveu sobre como tinha sido a vida dela, com a ideiaeleicao bet 365que talvez um dia alguém lesse. Ela queria que as pessoas soubessem como é ser uma mulher asiática com paralisia cerebral — não buscando simpatia, mas empatia.

Kuli no trabalhoeleicao bet 3651991
Legenda da foto, Kulieleicao bet 3651991
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E então ela conheceu o homem que eventualmente se tornaria seu marido.

Desta vez, o jovem eeleicao bet 365família estavam entusiasmados com o casamento. Mas Kuli não estava.

"Não gostei dele no início, não gostava muito dele", diz ela. "Mas depois que o tempo passou e eu comecei a conhecê-lo, me apaixonei por ele e ele me amou também."

Kulieleicao bet 365seu casamento
Legenda da foto, Kulieleicao bet 365seu casamento

A aceitação dele a surpreendeu.

"Ele não tem nenhuma deficiência e não teve nenhum problema com a minha", diz Kuli. "Não importava para ele."

Kulieleicao bet 365seu casamento
Legenda da foto, Kulieleicao bet 365seu casamento

Determinada a encontrar um trabalho, Kuli se inscreveueleicao bet 365um programaeleicao bet 365treinamento para jovens, o que a levou a uma colocação no Conselho Municipaleleicao bet 365Wolverhampton, um emprego que ela manteve nos últimos 30 anos.

Há alguns anos, agora na casa dos 40, Kuli é uma mulher feliz no casamento, mãeeleicao bet 365três filhos e trabalhaeleicao bet 365tempo integral. Ela provou que todos estavam errados. Mas a vida estava longeeleicao bet 365ser perfeita.

Kuli lutou para corresponder às expectativas colocadaseleicao bet 365uma mulher asiática.

"Espera-seeleicao bet 365mim como mãe, esposa, nora e trabalhadoraeleicao bet 365tempo integral que deve dar àeleicao bet 365família e trabalhar o seu melhor todos os dias", diz ela. "É uma provação, porque não sou como as mães saudáveis ​​e não posso fazer muitas coisas que se esperameleicao bet 365mim, como fazer cozinhar refeições completas e fazer compras.

"Não posso trançar o cabelo dos meus filhos. Há muitas tarefas que gostariaeleicao bet 365poder realizar; essa faltaeleicao bet 365independência causa frustração e raiva."

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No entanto, ela continuou escrevendo, e um dia no Conselho Municipal ela conheceu Simon Fletcher, o oficialeleicao bet 365desenvolvimentoeleicao bet 365literatura nas bibliotecaseleicao bet 365Wolverhampton.

Kuli revelou a ele que escrevia e decidiu mostrar-lhe alguns trechoseleicao bet 365poesia e um romance. Ela achava que, como Simon também era escritor, ele poderia lhe dar conselhos valiosos. Afinal, ele era gerenteeleicao bet 365uma pequena gráfica chamada Offa's Press.

Simon ficou impressionado com o que leu: a emoção, a honestidade e a dor.

Ele se tornou o mentoreleicao bet 365Kuli, encorajando-a a escrever uma coleçãoeleicao bet 365trabalhos que a Offa's Press pudesse publicar. Ele sentiu que mais pessoas precisavam ouvireleicao bet 365história porque haveria muitas outras mulheres como ela, e que não tinham voz. Ele acreditava que ela poderia ajudá-las comeleicao bet 365poesia e histórias.

Kuli concorda que muitas mulhereseleicao bet 365sua geração e origem acham muito difícil expressar como se sentem, e tornou-se seu objetivo empoderar essas mulheres por meio da escrita.

Kuli comeleicao bet 365sua família
Legenda da foto, Kuli comeleicao bet 365sua família

"Eu conheço algumas mulheres (da região) Punjabi que vivem no Reino Unido, como eu, que têm desejos e sonhos, e os sonhoseleicao bet 365algumas mulheres foram suprimidos pelo sacrifícioeleicao bet 365serem esposas, mães, avós, filhas e noras obedientes", ela diz.

Kuli criou um grupoeleicao bet 365mulheres Punjabi escritoraseleicao bet 365Wolverhampton, que se encontra uma vez por mês na Biblioteca Central da cidade.

Kuli e outras mulheres
Legenda da foto, Kuli criou um grupoeleicao bet 365mulheres Punjabi escritoraseleicao bet 365Wolverhampton

Ela conta que as mulheres escrevem sobre como se sentem e o que veem emeleicao bet 365comunidade. Por exemplo, maridos ou pais alcoólatras e violência doméstica, mas também sobre o lado bonito e engraçado da vida.

Enquanto Kuli ganhava confiança, sentiu que havia chegado a horaeleicao bet 365superar mais um obstáculo. Subir ao palco para apresentareleicao bet 365poesia era uma ideia que fazia seu estômago embrulhar. Mas ela sentiu que precisava superar isso, para finalmente abraçar quem ela é mostrar seu trabalho com confiança.

Kuli lendo uma poesia
Legenda da foto, Em 2017, ela fez a primeira apresentação ao vivoeleicao bet 365seu trabalho.

Então,eleicao bet 3652017, ela fez a primeira apresentação ao vivoeleicao bet 365seu trabalho, começando com as palavras, "Eu tenho um sonho."

"Eu lieleicao bet 365voz alta com um microfone uma sérieeleicao bet 365poesiaseleicao bet 36515 minutos para uma audiênciaeleicao bet 365cercaeleicao bet 36540 pessoas", diz Kuli. "Falei o mais claramente que pude, mas escorreguei algumas vezes. Eu sabia que poderia ter feito melhor. Mas o público foi muito paciente e me apoiou e recebeu meu trabalho com grande entusiasmo."

"Eu entendo que para muitas pessoas deve ser alarmante ver uma pessoa como eu no palco lutando para interpretar e articular minhas palavras. Sei que não sou fisicamente comum, mas meu coração, alma e mente são. Sei que nunca serei uma artista 'perfeita', mas com prática e orientação, sei que vou crescer e ser melhor."

Também cresceu o grupoeleicao bet 365mulheres punjabi que ela guia. O Punjabi Writers Group apresentou seu trabalho como um coletivoeleicao bet 3652019 no The Festival of Imaginationeleicao bet 365Ironbridge.

Kuli
Legenda da foto, 'Sei que não sou fisicamente comum, mas meu coração, alma e mente são'

Aos 49, Kuli já percorreu um longo caminho.

"Minha conclusão é que a deficiência é um problemaeleicao bet 365toda a sociedade", diz ela. "Nossa comunidade não incentiva suficientemente as pessoas com deficiência, seus problemas e questões pessoais não são levados a sério e são mantidos ocultos. Todos nós temos deficiências até certo ponto. A ignorância da deficiência estáeleicao bet 365nossas raízes e isso levará muitas gerações para sumir."

Kuli resumiueleicao bet 365vidaeleicao bet 365seu poema chamado Survivor (Sobrevivente,eleicao bet 365tradução livre).

Entered the world like an uninvited guest; (Entrei no mundo como uma convidada indesejada;)

I hid away, embarrassed- I was a disgrace. (Eu me escondi, envergonhada - eu era uma desgraça.)

Flawed, I survived this sentence. A tough test. (Imperfeita, sobrevivi a esta sentença. Um teste difícil.)

A child who was compared with all the rest, (Uma criança que foi comparada a todas as outras,)

I was different- an alien from outer space; (Eu era diferente - uma estranha do espaço sideral;)

entered the world like an uninvited guest. (entrei no mundo como uma convidada indesejada.)

Benefits, wages kept me together, dressed, (Benefícios, salários me mantinham no lugar, vestida,)

I was a cash point- abused without a case; (Fui um caixa eletrônico - abusada sem um caso;)

flawed, I survived this sentence- a tough test. (Imperfeita, sobrevivi a esta sentença. Um teste difícil.)

On display to men for marriage; suppressed, (Em exibição aos homens para casamento; reprimida,)

I was a British visa for Asian men to chase; (Eu era um visto britânico para homens asiáticos perseguirem);

entered the world like an uninvited guest. (entrei no mundo como uma convidada indesejada.)

A lucky escape, rescued by a husband; blessed (Uma fugaeleicao bet 365sorte, resgatada por um marido; abençoada)

with a family that I could love and embrace. (com uma família que poderia amar e abraçar.)

Flawed, I survived this sentence, a tough test. (Imperfeita, sobrevivi a esta sentença. Um teste difícil.)

My dreams came true and all were impressed, (Meus sonhos se tornaram realidade e todos ficaram impressionados,)

a valued writer, poet, working mum, a place. (uma escritora valorizada, poeta, mãe trabalhadora, um lugar.)

Entered the world like an uninvited guest, (Entrei no mundo como uma convidada indesejada)

flawed, I survive this sentence - a tough test. (Imperfeita, sobrevivi a esta sentença. Um teste difícil.)

eleicao bet 365 Todas as imagens têm direito autoral eleicao bet 365 de eleicao bet 365 Kuli Kohli.

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