Os motivos que podem ter levado Trump a pedir adiamento das eleições:grêmio e vila nova palpite
A aposta que se provou arriscada
O resultado da economia é especialmente dramático porque comprova a falha no cálculo político do presidente, afirmam os analistas políticos. Até fevereirogrêmio e vila nova palpite2020, os americanos completavam o décimo ano seguidogrêmio e vila nova palpitecrescimento econômico e viviam uma condiçãogrêmio e vila nova palpitepleno emprego. A pandemiagrêmio e vila nova palpitecoronavírus demoliu esse cenário — e também o discurso da estabilidade e progresso que Trump se preparava para empunhar nas eleições.
Diante da recessão e do caos na saúde pública, sobrou para Trump a tentativagrêmio e vila nova palpitese colocar como o presidente que retomou a economia após o choque pandêmico. Foi por isso que, a partirgrêmio e vila nova palpitemaio, ele passou a pressionar os governadores para afrouxar medidasgrêmio e vila nova palpiteisolamento e aquecer os mercados.
A redução no distanciamento social, no entanto, é apontada pelos especialistas como a responsável pela inflexão da curvagrêmio e vila nova palpitecontaminação americana, que chegou a embicar para baixo até meadosgrêmio e vila nova palpitejunho, mas não sustentou a tendência. Pelo menos 40 dos 50 Estados americanos já registram nova alta dos casos, que é mais severa do que o primeiro pico: há 3 semanas, os Estados Unidos têm maisgrêmio e vila nova palpite50 mil novos diagnósticosgrêmio e vila nova palpitecovid-19 por dia.
"A economia não vai melhorar e a pandemia não vai desaparecer. Sobrou para Trump fazer o que ele faz sempre: provocar e criar distraçõesgrêmio e vila nova palpiterelação a notícias que são muito ruins para ele", afirma o cientista político Michael Traugott, especialistagrêmio e vila nova palpiteeleições da Universidadegrêmio e vila nova palpiteMichigan.
Na última semana, diante dos indicativosgrêmio e vila nova palpiteque seu plano naufragava, Trump mudougrêmio e vila nova palpiteposturagrêmio e vila nova palpiterelação à pandemia — passou a qualificar como atogrêmio e vila nova palpite"patriotismo" o usogrêmio e vila nova palpitemáscaras, que até então ele rechaçara. Também centrou foco na segurança urbana, cujos números têm piorado nas metrópoles ao redor do país, e optou por enviar tropas federais a cidades onde ainda há protestos contra o racismo, como Portland e Seattle, colocando-se como o fiador da Lei e da Ordem.
Por fim, aqueceu a temperatura da crise geopolítica ao acusar os chinesesgrêmio e vila nova palpitetentar hackear a fórmulagrêmio e vila nova palpitevacina contra covid-19 e ordenar que Pequim fechasse seu consuladogrêmio e vila nova palpiteHouston, no Texas — ao que os chineses reagiram na mesma proporção, exigindo o fechamento da representação americanagrêmio e vila nova palpiteChengdu.
Os cientistas políticos, no entanto, são céticos sobre o potencial desse novo discurso para reverter a aparente situaçãogrêmio e vila nova palpitedesvantagemgrêmio e vila nova palpiteTrump na disputa eleitoral.
"Trump precisagrêmio e vila nova palpiteuma cura milagrosa ougrêmio e vila nova palpiteum tratamento eficaz até outubro para ter uma chancegrêmio e vila nova palpiteganhar. E isso não virá da hidroxicloroquina ou do DNA alienígena", afirmou Cornfield, fazendo referência ao ressurgimento da defesa do remédio antimalária no discurso do presidente.
Nos últimos dias, Trump voltou a citar que acredita na efetividade da hidroxicloroquina contra a covid-19, embora até agora a ciência o desminta, e usou o vídeogrêmio e vila nova palpiteuma médica para apoiar essa afirmação. Entre outras coisas, essa médica afirma que terapias são feitas a partirgrêmio e vila nova palpitematerial genético alienígena.
Corrida contra o tempo
Na mesma mensagemgrêmio e vila nova palpiteque sugere o adiamento das eleições, Trump ataca a possibilidadegrêmio e vila nova palpiteque toda a votação seja feita via correio. De acordo com o presidente, o voto por carta poderia ser "fraudulento". Além do presidente, o procurador-geral William Barr também tem ido à televisão afirmar que o voto por correio seria uma porta aberta para interferência estrangeira nos resultados, um dos temas mais sensíveis no processo democrático americano desde que a Rússia foi acusadagrêmio e vila nova palpiteinfluenciar os resultadosgrêmio e vila nova palpite2016.
"No momento, um país estrangeiro poderia imprimir dezenasgrêmio e vila nova palpitemilharesgrêmio e vila nova palpitecédulas falsas, e (seria) muito difícil para nós detectar qual era a certa e qual era a cédula errada", afirmou Barr à Fox News há pouco maisgrêmio e vila nova palpiteum mês.
O sistema, no entanto, é relativamente bem conhecido pelos eleitores americanos. Cinco estados, incluindo o republicano Utah, já converteram todas as votações ao modelo via correio. Outros estados possuem a opçãogrêmio e vila nova palpitevoto por carta ougrêmio e vila nova palpiteseção eleitoral. Em 2018, o próprio Trump votou por correio,grêmio e vila nova palpiteacordo com o jornal Washington Post.
Funciona assim: o eleitor recebe a cédula e dois envelopes. No primeiro,grêmio e vila nova palpitebranco, ele deposita o voto. No segundo, coloca o envelope com o voto e assina seu nome, conforme os registros oficiais. Daí remete tudo ao correio. Todos os envelopes só são abertos se a assinatura conferir. O segundo envelope é aberto e depositadogrêmio e vila nova palpiteuma urna, sem que possa ser manuseado por pessoas.
"Todos os estudos mostram que praticamente não temos fraudesgrêmio e vila nova palpiteeleições americanas. É um índice realmente próximogrêmio e vila nova palpitezero, então dizer que o sistema é inseguro ou arriscado não corresponde com a realidade", afirmou Traugott.
Segundo o pesquisador, no entanto, o sistema por carta é mais caro e demandantegrêmio e vila nova palpitetermos organizacionais. Isso porque as cartas podem ser enviadas com antecedência, não apenas no dia da eleição. E cabe às autoridades locais garantir a logísticagrêmio e vila nova palpitesegurança desses votos,grêmio e vila nova palpiteconferência egrêmio e vila nova palpitecontagem. Os votos só podem ser abertos após o término do períodogrêmio e vila nova palpitevotação no dia 3grêmio e vila nova palpitenovembro, não importa quando eles foram enviados.
Mas os americanos têm visto um crescimento significativo do voto adiantado e pelo correio. Em 2016, cercagrêmio e vila nova palpite40% dos votos para presidente foram coletados dessa maneira, antes do dia da eleição.
"Esse ano, a expectativa é que maisgrêmio e vila nova palpite50% dos votos sejam enviados mais cedo. A partirgrêmio e vila nova palpitesetembro, o fluxo deve ser grande, mas os republicanos não estão liberando o dinheiro necessário para que as autoridades locais organizem a votação da melhor maneira, numa tentativagrêmio e vila nova palpiteforçar uma dificuldade e levar a mais questionamentos do processo", afirma Traugott, referindo-se a uma negociação que se arrasta há meses no Congresso americano sobre liberaçãogrêmio e vila nova palpiteverba extra para financiar o pleito.
Segundo os analistas, o fatogrêmio e vila nova palpiteque uma parte significativa do eleitorado deve firmar seu voto final dentrogrêmio e vila nova palpiteum mês é outro fator a pressionar o presidente Trump. Se,grêmio e vila nova palpiteteoria, ele teria mais 90 dias para convencer os americanos a mantê-lo na Casa Branca por mais quatro anos, a universalização do voto por correio pode fazer com que ainda mais eleitores adiantemgrêmio e vila nova palpitedecisão,grêmio e vila nova palpiteum momentogrêmio e vila nova palpitebaixa para o presidente.
Chance próximagrêmio e vila nova palpitezero
Apesar do barulho causado pelas palavrasgrêmio e vila nova palpiteTrump, os especialistas ouvidos pela BBC News Brasil foram unânimesgrêmio e vila nova palpitegarantir que a chancegrêmio e vila nova palpiteum adiamento da eleição é próxima a zero.
Isso porque a data da eleição é definida na legislação americana desde 1845. A lei diz que o pleito deve ocorrer na primeira terça-feira após a primeira segunda-feira do mêsgrêmio e vila nova palpitenovembro para todos os Estados. Nem mesmo durante a guerra civil americana, o conflito armado que mais matou pessoas nos Estados Unidos, as eleições presidenciais foram suspensas. Para alterar a data agora, a lei teria que ser mudada pelo Congresso, assinada por Trump e depois sobreviver a contestações na Justiça.
Nem mesmo os republicanos se manifestaram publicamente a favor da ideia, o que aumenta a possibilidadegrêmio e vila nova palpiteque o tuítegrêmio e vila nova palpiteTrump seja definitivamente apenas um tuíte. Nas redes sociais, o governadorgrêmio e vila nova palpiteNew Hampshire, o republicano Chris Sununu, afastou a ideia.
"Não se enganem: as eleições acontecerãogrêmio e vila nova palpiteNew Hampshiregrêmio e vila nova palpite3grêmio e vila nova palpitenovembro. Fimgrêmio e vila nova palpitepapo. Nosso sistemagrêmio e vila nova palpitevotaçãogrêmio e vila nova palpiteNew Hampshire é seguro e confiável. Fizemos isso corretamente 100% do tempo por 100 anos — este ano não será diferente", disse Sununu.
Para Traugott o comentáriogrêmio e vila nova palpiteTrump é apenas um "blefe". Ainda assim, segundo ele, causa efeitos nocivos à maior democracia do mundo ao jogar dúvidas sobre o processogrêmio e vila nova palpiteescolhagrêmio e vila nova palpiteseu principal representante.
"O comportamento do presidente tem mostrado pouco respeito aos ritos democráticos. Um dos mais importantes é o reconhecimentogrêmio e vila nova palpiteuma eventual derrota e a transferência do poder. Se o resultado for apertado para Biden, acredito que Trump não vá reconhecer até o dia da posse", afirma o cientista político.
Cornfield concorda com a avaliação do colega.
"Claro que pode haver problemasgrêmio e vila nova palpitemeio à desinformação e novidades no processo. Mas as eleições vão acontecer, e serão garantidas pelas instituições caso o presidente insistagrêmio e vila nova palpiteum inflamatório, diversionista e ditatorial movimento como esse. Apesargrêmio e vila nova palpiteestar sob severo estresse, esse país ainda é uma república democrática".
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