Como assassinato brutalcasinoslotssoldada americana expôs violência sexual nas Forças Armadas dos EUA:casinoslots

A militar Vanessa Guillén

Crédito, U. S. Army

Legenda da foto, A militar Vanessa Guillén,casinoslots20 anos, foi vista pela última vezcasinoslots22casinoslotsabril na basecasinoslotsFort Hood, no Texas. Seu corpo foi encontrado maiscasinoslotsdois meses depois

Autoridades militares revelaram que o suspeito na mortecasinoslotsGuillén é o também soldado Aaron David Robinson,casinoslots20 anos, que se suicidou com um tirocasinoslots1ºcasinoslotsjulho, ao ser confrontado pela polícia. A namoradacasinoslotsRobinson, Cecily Aguilar,casinoslots22 anos, está presa.

De acordo com autoridades do DepartamentocasinoslotsJustiça, Robinson teria confessado a Aguilar que matou Guillén a golpescasinoslotsmartelo na cabeça, dentro da base militar. Robinson transportou o corpocasinoslotsuma caixa e, com a ajudacasinoslotsAguilar, desmembrou e ateou fogo aos restos mortais, que foram então enterradoscasinoslotstrês covas separadas.

Segundocasinoslotsfamília, antescasinoslotsdesaparecer, Guillén havia confidenciado que vinha sofrendo assédio sexual na base militar, mas não havia feito reclamação formal por medocasinoslotssofrer retaliação.

'Eu sou Vanessa Guillén'

O caso gerou comoção nacional. Nas redes sociais, sob a hashtag #IamVanessaGuillen (Eu Sou Vanessa Guillén), milharescasinoslotsmulheres integrantes das Forças Armadas, tanto da ativa quanto reformadas, passaram a compartilhar suas experiênciascasinoslotsassédio e abuso sexual sofridos enquantocasinoslotsserviço e os obstáculos para denunciar esse tipocasinoslotscrime.

Os depoimentos partemcasinoslotsmulherescasinoslotsdiferentes idades e patentes militares. Há inúmeros relatoscasinoslotsestupro, outroscasinoslotsabuso sexualcasinoslotspúblico. Algumas revelaram terem sido drogadas ou atacadas enquanto dormiam. Em muitos casos, o agressor era um militarcasinoslotspatente superior e parte da cadeiacasinoslotscomando da vítima.

Essas militares dizem que suas denúncias foram recebidas com indiferença e hostilidade e reclamamcasinoslotsuma cultura nas Forças Armadas que facilita os abusos, encoraja as vítimas a permaneceremcasinoslotssilêncio e protege os agressores. Muitas relatam terem sofrido ameaças e sido alertadascasinoslotsque uma denúncia poderia destruir suas carreiras militares. Nos casoscasinoslotsque as denúncias foram levadas adiante, os culpados raramente foram punidos.

Vanessa Guillén

Crédito, U. S. Army

Legenda da foto, Segundocasinoslotsfamília, Guillén vinha sofrendo assédio sexual na base militar, mas não havia denunciado por medocasinoslotssofrer retaliação

Segundo um relatório divulgadocasinoslotsabril pelo DepartamentocasinoslotsDefesa, foram registradas 6.236 denúnciascasinoslotsabuso sexual nas Forças Armadascasinoslots2019, aumentocasinoslots3%casinoslotsrelação ao ano anterior. Somente 363 casos foram a julgamentocasinoslotscorte marcial, e 138 dos acusados foram condenados. Também foram feitas 1.021 reclamações formaiscasinoslotsassédio sexual, aumentocasinoslots10%casinoslotsrelação a 2018.

Mas, muitas vezes, as vítimas não denunciam esses crimes. Outra pesquisa do Pentágono, com dadoscasinoslots2018 e baseadacasinoslotsestimativas, e nãocasinoslotsdenúncias formais, estima que 24% das mulheres e 6% dos homens na ativa foram alvocasinoslotsalgum tipocasinoslotsassédio sexual e que 20,5 mil militares sofreram estupro ou abuso sexual (sendo 13 mil deles mulheres e 7,5 mil homens), aumentocasinoslots40%casinoslotsrelação ao levantamento anterior,casinoslots2016.

Entre as mulheres que sofreram abuso sexual, 59% foram agredidas por alguém com patente superior à sua, e 24% por alguém emcasinoslotscadeiacasinoslotscomando. Segundo o relatório, 76% das vítimas não denunciaram o crime.

Maiscasinoslots25% das vítimas que não fizeram denúncia citaram o medocasinoslotsretaliação por partecasinoslotscomandantes ou colegas, e maiscasinoslots30% disseram temer que o processo fosse injusto ou que nada fosse feito. Entre as mulheres que denunciaram, 64% sofreram retaliação. Um terço das vítimas que denunciam esses crimes acaba dispensada das Forças Armadascasinoslotsaté um ano após a denúncia.

Casos anteriores

"Entre as mulheres e homens servindo nas Forças Armadas há dezenascasinoslotsmilharescasinoslotsVanessas Guillén a cada ano. Mas seus casos, felizmente, não acabamcasinoslotsmorte", diz à BBC News Brasil o coronel reformado Don Christensen, ex-promotor da Força Aérea e presidente da organização sem fins lucrativos Protect our Defenders (Proteja nossos Defensores,casinoslotstradução livre).

"A históriacasinoslotsVanessa foi algo que tocou muitas mulheres que passaram por situações parecidas, nas quais foram assediadas e sentiram que não podiam revelar (o assédio) àcasinoslotscadeiacasinoslotscomando por medocasinoslotsretaliação", afirma Christensen, cuja organização é dedicada a "acabar com a epidemiacasinoslotsestupro e abuso sexual nas Forças Armadas".

Christensen ressalta que, nesse tipocasinoslotscrime nas Forças Armadas, a decisão sobre processar ou não cabe a um comandante, que muitas vezes conhece o agressor e tem entendimento limitado sobre abuso sexual.

"Com isso, tem uma ideia preconcebida do sujeito da investigação. Isso afetacasinoslotscapacidadecasinoslotsser objetivo", afirma.

O casocasinoslotsVanessa Guillén é o mais recentecasinoslotsvários crimes anteriores nas Forças Armadas americanas, muitos envolvendo bases militares. Em 2007, a soldada Maria Lauterbach,casinoslots20 anos e grávidacasinoslotsoito meses, desapareceu da basecasinoslotsCamp Lejeune, na Carolina do Norte. Ela foi assassinada por um colega que havia acusadocasinoslotsestupro.

No mês passado, durante as buscas por Guillén, investigadores encontraram os restos mortaiscasinoslotsoutro soldado que servia na basecasinoslotsFort Hood, Gregory Wedel-Morales,casinoslots23 anos. Desaparecido desde o ano passado, ele havia sido classificado como desertor.

Em 2015, veio à tona um escândalo envolvendo um sargento responsável pela unidade que recebia denúnciascasinoslotsabuso sexualcasinoslotsFort Hood. Ele confessou que estava tentando montar uma redecasinoslotsprostituição, coagindo jovens mulheres que serviam na base a participar.

Familiares, amigos e colegascasinoslotsGuillén participaramcasinoslotsuma cerimônia emcasinoslotshomenagem na semana passada na basecasinoslotsFort Hood

Crédito, Blair Dupre/U.S. Army, Fort Hood Public Affairs

Legenda da foto, Familiares, amigos e colegascasinoslotsGuillén participaramcasinoslotsuma cerimônia emcasinoslotshomenagem na semana passada na basecasinoslotsFort Hood

'Me Too' nas Forças Armadas

Mas, apesarcasinoslotsnão ser único, o casocasinoslotsVanessa Guillén provocou uma reação poucas vezes vistacasinoslotscrimes anteriores envolvendo as Forças Armadas, mobilizando não apenas militares, mas também a população civil. Memoriais emcasinoslotshomenagem foram criados ao redor do país, assim como vigílias e marchas exigindo justiça e acusando o Exércitocasinoslotsnão fazer o suficiente para proteger as militares.

A comoção gerada pelo caso foi descrita por jornais americanos como "um momento 'Me Too' nas Forças Armadas",casinoslotsreferência ao movimento que denunciou abuso sexualcasinoslotsHollywood ecasinoslotsoutros setores.

A mobilização também ocorrecasinoslotsmeio aos protestos contra o racismo que vêm sendo realizados há várias semanascasinoslotstodo o país, desencadeados pela mortecasinoslotsGeorge Floyd, um homem negro morto sob custódiacasinoslotsum policial brancocasinoslotsmaio.

A famíliacasinoslotsGuillén écasinoslotsorigem mexicana, e o caso provocou a reaçãocasinoslotslíderes da comunidade latina no país. O presidente da Liga dos Cidadãos Latino-Americanos Unidos (LULAC, na siglacasinoslotsinglês), Domingo Garcia, lançou um "alertacasinoslotspredadores" e pediu que, enquanto não houver justiça para Guillén, as famílias "não permitam que suas filhas se alistem no Exército, já que não podem ser protegidas".

O Exército defende a investigação feita no caso. Segundo investigadores, ainda não há evidênciascasinoslotsque Robinson tenha assediado Guillén sexualmente antes do crime, como suspeita a família. Essas alegações continuam sendo investigadas.

Mas a família e outros críticos se perguntam como uma soldada pode ter sido assassinada dentrocasinoslotsuma base militar e as autoridades levarem maiscasinoslotsdois meses para solucionar o crime. Para a mãe e as irmãscasinoslotsGuillén, as Forças Armadas não levaram o desaparecimento a sério. "Minha irmã foi assediada sexualmente e nada foi feito", disse uma das irmãs, Lupe Guillén,casinoslotsentrevista coletiva.

A família quer que a basecasinoslotsFort Hood seja fechada e que o Congresso faça uma investigação sobre como o caso foi tratado e aprove a criaçãocasinoslotsuma agência independente para lidar com denúnciascasinoslotsmilitares vítimascasinoslotsviolência sexual.

Investigação independente

Os apelos da família são ecoados por ativistas, políticos e celebridades, que têm se pronunciado publicamente, exigindo que as Forças Armadas mudem a maneira como respondem a denúnciascasinoslotsassédio e violência sexual.

"Nós devemos àqueles que vestem o uniforme, e às suas famílias, dar fim ao assédio e violência sexual nas Forças Armadas e punir os culpados", disse o ex-vice-presidente Joe Biden, que deverá enfrentar Donald Trump nas eleiçõescasinoslotsnovembro.

Maiscasinoslots4 mil mulheres integrantes das Forças Armadas, tanto da ativa quanto reformadas, assinaram uma carta endereçada aos líderes do Congresso e do DepartamentocasinoslotsDefesa exigindo justiça e prestando solidariedade à famíliacasinoslotsGuillén.

Entre as demandas, estão uma investigação independente no Congresso sobre seu desaparecimento e assassinato, a renúnciacasinoslotsqualquer pessoa emcasinoslotscadeiacasinoslotscomandocasinoslotsFort Hood, o fechamento da base militar e um boicote aos alistamentos nas Forças Armadas até que "os problemas sistêmicoscasinoslotsabuso e assédio sexual na cultura militar sejam efetivamente abordados".

Liderados pela deputada federal Sylvia Garcia, do Texas, 90 membros do Congresso também pediram que o DepartamentocasinoslotsDefesa realize uma investigação independente sobre a maneira como o caso foi tratado na basecasinoslotsFort Hood.

Diante da pressão, o secretário do Exército, Ryan McCarthy, anunciou que ordenou uma investigação independente sobre o climacasinoslotscomando e a culturacasinoslotsFort Hood.

Nos últimos anos, várias medidas foram adotadas para confrontar o problema da violência sexual nas Forças Armadas, entre elas, campanhascasinoslotsconscientização e a obrigaçãocasinoslotsdivulgar dados sobre abuso sexual todos os anos. Mas o problema persiste, e tentativascasinoslotsaprovar leis reformando o sistemacasinoslotsjustiça militar não foram adiante.

"As Forças Armadas dos Estados Unidos têm a responsabilidadecasinoslotsgarantir a segurança e bem-estar das jovens mulheres e homens que prestam o juramentocasinoslotsdefender nosso país. No casocasinoslotsGuillén, o Exército dos Estados Unidos falhou tanto com Vanessa quanto comcasinoslotsfamília", disse a deputada federal Sylvia Garcia.

"Ainda há muitas perguntas que não foram respondidas sobre seu desaparecimento e sobre como Fort Hood conduziu as investigações."

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