Crise e coronavírus: V, U ou W, os 3 cenários possíveis para a recuperação econômica após a pandemiaroleta geração midascovid-19:roleta geração midas

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Legenda da foto, A previsão éroleta geração midasque o mundo vivaroleta geração midaspior recessãoroleta geração midasquase um século

E elas ajudam o público a visualizar o gráfico da taxaroleta geração midascrescimento do PIB (Produto Interno Bruto) ao longo do tempo.

Há diferentes conceitos sobre o que é uma recessão. Nos EUA, o Escritórioroleta geração midasde Pesquisas Econômicas (NBER, na siglaroleta geração midasinglês) falaroleta geração midasrecessão quando há uma queda "significativa" da atividade econômica ao longoroleta geração midas"alguns meses" e que se reflita no PIB real, nos salários, nos empregos, na produção industrial e no comércio.

Em geral, porém, a definição predominante éroleta geração midasque uma economia entraroleta geração midasrecessão quando acumula dois trimestres consecutivosroleta geração midasqueda no PIB.

Comércio na Alemanha

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Legenda da foto, Lentamente, alguns países - como Alemanha, acima - estão reabrindo seus comércios

Com base nisso é que está sendo feita a maior parte das previsõesroleta geração midascomo o mundo vai se recuperar do impacto do novo coronavírus e das medidasroleta geração midasconfinamento. Vale destacar que a incerteza ante a crise é grande: o economista-chefe para América Latina do Banco Mundial, Martín Rama, disse à BBC que é bom enxergar "todas as previsões feitas neste momento com uma enorme margemroleta geração midaserro".

V, o cenário mais otimista

As recessões formam parte do ciclo econômico e, para algumas correntes do pensamento econômico, são inevitáveis. Dessa forma, o melhor é que, quando ocorram, tenham a formaroleta geração midasV.

"Recessões boas não existem, mas a V tem uma queda pronunciada e uma retomada igualmente pronunciada", explica Tessada. "A ideia é que volta-se a um nível muito similar ao inicial e que a recessão é relativamente rápida. (...) Embora possa durar um parroleta geração midastrimestres ou mais."

O V descreve uma redução forte do PIB, com um ápice breve e uma recuperação acelerada. As previsões mais otimistas consideram que ainda há possibilidaderoleta geração midasque a recessão atual acabe tomando essa forma.

Tessada afirma que, nas circunstâncias atuais, todas as três possibilidades — V, U e W — "estão sobre a mesa".

"Existe a suspeitaroleta geração midasque, se conseguir-se controlar a pandemia, poderíamos estar dianteroleta geração midas(uma recessão) V porque poderiam-se suspender as restrições (ao comércio e circulação) e recuperar o crescimento aos níveis anteriores ou parecidos."

Paul Gruenwald, economista-chefe global da agênciaroleta geração midasclassificaçãoroleta geração midasriscos S&P Global Ratings, prevê que no segundo trimestreroleta geração midas2020 veremos uma queda aguda como as que se dão nas recessões com formaroleta geração midasV.

No entanto, ele recorda que, para isso acontecer, seria necessário retomar a economiaroleta geração midasforma ágil e abrupta, o que pode não ser o caso se a pandemia continuar avançando rapidamenteroleta geração midasalguns países (como é o caso do Brasil atualmente).

"Digamos que as restrições ao distanciamento social sejam suspensas ou que se desenvolva uma vacina ou tratamento. Daí, voltaríamos rapidamente à rota original", diz Gruenwald à BBC News Mundo.

No entanto, os cenários mais prováveis que ele esboçaroleta geração midasum relatório recente não são tão otimistas. O que marcará o ritmo da recuperação, emroleta geração midasopinião, serão os efeitos sobre o lado da oferta a mãoroleta geração midasobra, o capital e o crescimento da produtividade.

"Se nenhum (desses elementos) mudar, a economia regressará aroleta geração midasrota original, que é um bom cenário." Não seria um V exato, mas sim alargado, diz ele.

"Mas isso não sabemos agora, é algo que vamos acompanhar no próximo ano ou dois anos."

U, o cenário mais provável

As projeções da S&P para a economia global compreendem uma queda no PIB globalroleta geração midas2,4%roleta geração midas2020, seguidaroleta geração midasum crescimentoroleta geração midas5,9%roleta geração midas2021.

Algo que, para Gruenwald, faz com que a recuperação pareça mais similar a um U do que a um V.

"O que vemos agora se parece mais a um U, ou um U longo,roleta geração midasque recuperaríamos a maior parte do choque (recessivo), mas a uma taxa menor", prevê.

Uma recessãoroleta geração midasformaroleta geração midasU, explica Tessada, é aquelaroleta geração midasque "se entra e se sai, mas ficando (com crescimento) baixo um pouco maisroleta geração midastempo, sendo custoso sair (da crise). A recuperação é difícil, mas com o tempo se sai e se volta a um nível igual ao anterior".

Restaurante fechado

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Legenda da foto, Alguns preveem que a recuperação econômica provavelmente terá o formato U: "se entra e se sai, mas ficando (com crescimento) baixo um pouco maisroleta geração midastempo, sendo custoso sair (da crise)"

Esse é o cenário previsto também pela diretora administrativa da agênciaroleta geração midasclassificaçãoroleta geração midasriscos Moody's, Elena Duggar.

"Não vamos recuperar durante a segunda metade do ano toda a produção perdida na primeira metade. Há muita atividade, por exemplo no setorroleta geração midasserviços, que não vai ser recuperada: toda a comida perdida nos restaurantes, as férias, os planosroleta geração midasviagem", explica à BBC News Mundo.

"Muito disso será atividade que o PIB perderá. Mas sim acreditamos que, uma vez que acabe o confinamento e as atividades sejam retomadas, haverá uma recuperação na segunda metade do ano."

Recentes previsões da Moody's, no finalroleta geração midasfevereiro, estimaram uma queda globalroleta geração midas0,5% do PIBroleta geração midas2020, seguidaroleta geração midasuma altaroleta geração midas3,2%roleta geração midas2021.

"Estamos supondo que os confinamentos serão suspensos ao longo do verão (no hemisfério Norte, ou seja, nos mesesroleta geração midasjunho, julho e agosto) e que a atividade será retomada. Também supomos, e temos visto algo disso, que as respostas dos governos funcionarão: políticas fiscais e monetárias muito fortes e que terão como objetivo ajudar a recuperação", diz Duggar.

Em meio à incerteza com que são feitas essas projeções, uma coisa é dada como certa: o segundo semestre deste ano vai ser economicamente doloroso.

Paul Gruenwald, da S&P, estima que a queda deste trimestre serároleta geração midas9%. Com uma redução dessa magnitude, não está claro se será possível recuperar a trajetória que a economia parecia seguir antes da pandemia. Ou seja, o mesmo nívelroleta geração midasprodução e crescimento que se esperava para 2020.

"Mais que um V ou um U, a questão é qual será a trajetória final (da economia). Voltaremos à mesma (trajetória)? E quanto tempo levaremos para chegar a ela?", questiona.

"Vamos ter uma contração muito profunda durante o segundo trimestre", explica Duggar. "Na China, ela começou no primeiro trimestre. No resto do mundo, diante da forma como o vírus avança, há um atrasoroleta geração midasalguns meses. Então esperamos que a recuperação comece no terceiro ou no quatro trimestre. Mas a contração neste segundo trimestre vai ser tão grave que provocará cifrasroleta geração midascrescimento negativo nos resultados anuais. Veremos o quão profunda será quando começarem a chegar os dadosroleta geração midasabril. Só o que vimos até agora são indicadoresroleta geração midasaumento agudo no desemprego."

Comércio fechado

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Legenda da foto, Acredita-se que segundo semestre ainda será bastante duro para as economias

Ao mesmo tempo, os analistas veem sinais positivos que podem levar, por fim, à curvaroleta geração midasU.

"Há boas notíciasroleta geração midasduas frentes", diz Duggar. "Estamos vendo a China começar a sair do confinamento, reabrir fábricas. Há relatosroleta geração midasque se recuperouroleta geração midas45% a 70% da capacidade (produtiva). Em termosroleta geração midascapacidade econômica para voltar a funcionar, vemos notícias positivas aí."

A outra frente, acrescenta ela, "são as medidasroleta geração midasapoio fortes. Bancos centrais dos dois lados do oceano (Atlântico) estão agindo com rapidez para dar liquidez ao mercado. Estamos vendo grandes pacotes (de ajudas)roleta geração midasmuitos países".

Em seu informe, a S&P vê como sinais positivos que as curvasroleta geração midascontágio do novo coronavírus estejam ficando mais planas e que as intervenções governamentais estejam se refletindoroleta geração midasestabilização da volatilidade do mercado financeiro.

A turbulência do W

Como diz José Tessada, por enquanto "todo o alfabeto" está sobre a mesa nas previsões da crise, uma vez que ainda não está claro se as medidasroleta geração midasconfinamentoroleta geração midascurso atualmente serão suficientes - ou se precisarão ser estendidas.

A S&P apontaroleta geração midasseu informe que alguns fatores podem colocarroleta geração midasrisco a recuperação econômica - por exemplo que, depoisroleta geração midasenormes gastos públicos durante a pandemia, governos comecem a aplicar medidasroleta geração midasausteridade antes do tempo.

Mas Gruenwald acha que o maior risco ainda é a questãoroleta geração midassaúde e a possível necessidaderoleta geração midasperíodos intermitentesroleta geração midasisolamento social.

"Se tivermos um cenárioroleta geração midasque o distanciamento social é relaxado e o númeroroleta geração midasinfecções voltar a subir, iremos para frente e para trás e teremos uma recuperação muito mais lenta."

Casaroleta geração midascâmbio

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Legenda da foto, Se a pandemia não for controlada e o isolamento social precisar ir e voltar, é possível que a recessão tenha a forma W

Uma curvaroleta geração midascontágio da covid-19 que suba e desça acabaria provocando uma recessão com formaroleta geração midasW.

"O W é quando se entra e sai e depois volta-se a entrar (em recessão)", explica Tessada. "A recuperação final não ocorre, e no meio há um momentoroleta geração midasaceleração que não se sustenta e (a economia) volta a cair."

Esse percurso turbulento rumo à normalidade causaria perdasroleta geração midasprodução, diz o informe da S&P, acrescentando que "o mais inquietante é que é possível que não consigamos uma vacina ou tratamento no período desse prognóstico, o que significaria que voltar à normalidade pode ser impossível."

Vem à mente também a letra L: nesse cenário, depoisroleta geração midasuma queda, a economia se manteria estávelroleta geração midasum ritmo muito menor, sem se recuperar.

"Mas isso, no fundo, mais que uma recessão é uma mudança permanente no nívelroleta geração midascrescimento", afirma Tessada.

E a América Latina?

No Brasil, a previsãoroleta geração midas14roleta geração midasabril do FMI (Fundo Monetário Internacional) éroleta geração midasque a economia despenque 5,3%roleta geração midas2020 (contra uma previsão anterior,roleta geração midasjaneiro,roleta geração midascrescimentoroleta geração midas2,2%).

No continenteroleta geração midasgeral, o Banco Mundial prevê que a economia latino-americana e do Caribe (descartando-se a Venezuela do cenário) caia 4,6%roleta geração midas2020 e cresça 2,6% no ano que vem. Isso esboçaria uma recessãoroleta geração midasformaroleta geração midasU, diz Martín Rama, economista-chefe do banco para a região.

"Vejo como um U porque somos otimistas para o ano que vem porque achamos que a essa altura a pandemia vai ser melhor entendida, haverá mais capacidaderoleta geração midastestes e talvez uma vacina. E achamos que as economias avançadas, como EUA, China e Europa, podem mobilizar os meios financeiros e têm a estrutura necessária para se recuperar", diz à BBC News Mundo.

Com economias fortemente ligadas ao desempenho da China e dos países do G7, os países da América Latina terão uma capacidaderoleta geração midasresposta à crise que dependerá,roleta geração midasgrande parte, da velocidade como as nações mais ricas se recuperarão, diz Rama.

"Nosso temor é que, nos próximos meses, os países da América Latina vão sofrer a segunda fase (da crise): haverá empresas que não vão conseguir se custear, que vão demitir trabalhadores, haverá famílias e empresas que não conseguirão pagar impostos, a demanda vai cair, as finanças públicas vão sofrer, os bancos hoje sólidos podem se ver afetados pela inadimplência", prossegue.

"Agora, as necessidades financeiras dos nossos países são basicamente para atender as emergências médicas e para ajudar quem não pode trabalhar, que é informal e vive do dia a dia. Essas são cifras gerenciáveis, mas com o pouco espaço fiscal que temos na América Latina serão necessárias medidas mais extraordinárias para apoiar a atividade econômica ou para impedir uma crise financeira - é daí que vem o grande risco."

Mulherroleta geração midasBuenos Aires

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Legenda da foto, A América Latina já vinharoleta geração midasum períodoroleta geração midasbaixo crescimento econômico, o que dificultaroleta geração midasreação agora

Por um lado, a região tem a "vantagem"roleta geração midasa epidemia ter chegado aqui um pouco mais tarde, o que lhe dá uma margemroleta geração midasaprendizado com os demais países.

Só que, diz Rama, há desvantagens: "(a pandemia) ocorre na região depoisroleta geração midaspraticamente cinco anosroleta geração midascrescimento bastante reduzido, com exceções como República Dominicana, Panamá, Colômbia".

A isso se soma a instabilidade política vivida no ano passadoroleta geração midaspaíses como Chile, Equador e Bolívia: "o descontentamento social que tivemos no ano passado mostra uma dificuldade para uma população que havia aspirado a um nívelroleta geração midasvidaroleta geração midasclasse média, mas havia se desiludido", agrega Rama.

"O que for feito agora nesta emergência vai ter também consequênciasroleta geração midaslongo prazo. Manter o olhar no desenvolvimentoroleta geração midaslongo prazo é importante tambémroleta geração midas(um período de) urgência como este."

Línea

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