Ignacio López-Goñi, o cientista que ousou dar 10 boas notícias sobre o coronavírus (e continua otimista):blaze futebol aposta

Ignacio López-Goñi no laboratório

Crédito, Cortesia: Ignacio López-Goñi

Legenda da foto, Ignacio López-Goñi é professorblaze futebol apostamicrobiologia da Universidadeblaze futebol apostaNavarra, na Espanha

É que vários estudos mostram que, como leitores, tendemos a escolher e nos lembrar mais das más notícias.

O professor da Universidadeblaze futebol apostaNavarra intitulou seu artigo "Dez boas notícias sobre o coronavírus". O texto foi publicado na plataforma The Conversationblaze futebol aposta1ºblaze futebol apostamarço.

E aqui a versãoblaze futebol apostavídeo no nosso canalblaze futebol apostaYouTube)

Segundo o espanhol, seu artigo foi lido por maisblaze futebol aposta21 milhõesblaze futebol apostapessoas e foi traduzido para idiomas como inglês, francês, português, espanhol, italiano, coreano e indonésio.

"A primeira coisa que isso causa é um poucoblaze futebol apostavertigem (...) nunca pensei que algo que eu fosse escrever fosse dar a volta ao mundo", diz ele.

Mapa mundi

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, O artigo foi lido por maisblaze futebol aposta21 milhõesblaze futebol apostapessoas e foi traduzido a diferentes idiomas

'Meu defeito é ser otimista'

A princípio, López-Goñi não tinha muita clareza sobre o conteúdoblaze futebol apostaseu artigo. Mas sabia que seria uma lista e que teria o número 10.

Naquele sábado, ele estavablaze futebol apostacasa quando escreveu o título com uma caneta.

Assim, começou o processoblaze futebol apostaeliminar uma a uma as razões pelas quais o panorama contra o coronavírus não era tão sombrio quanto muitos o percebiam.

"Eu estava preocupado com todas as notícias que estavam chegando sobre o coronavírus. Eram todas ruins, e talvez por causa do meu defeitoblaze futebol apostaser otimista, naquele fimblaze futebol apostasemana eu disse para mim mesmo: 'Vou ver se sou capazblaze futebol apostacolocar no papel dez notícias animadoras sobre esse problema do coronavírus."

"É que você pode ver o copo meio cheio ou meio vazio. Tratava-seblaze futebol apostavê-lo meio cheio. Houve pessoas que me disseram que isso era banalizar o assunto, mas não era a intenção, longe disso", diz ele.

Sua motivação, ele insiste, é queblaze futebol apostatemposblaze futebol apostacrise "todos nós precisamos ver a luz no fim do túnel".

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Alerta: Conteúdoblaze futebol apostaterceiros pode conter publicidade

Finalblaze futebol apostaYouTube post, 1

"Precisamosblaze futebol apostaum motivo para ter esperança e pensar: 'daqui conseguimos sair.' É por isso que o artigo foi tão bem-sucedido e é por isso que tantas pessoas o leram."

"As boas notícias às vezes podem se tornar virais."

Nuances

Refletindo sobre outras pandemias, o pesquisador garante que a comunidade científica reagiu a esta com "uma velocidade extremamente alta" e que só isso segue sendo "uma boa notícia".

"Tudo isso está mudando tão rapidamente que a leitura desse artigo dois meses depoisblaze futebol apostater sido escrito pode ter nuances diferentes."

"É verdade que, quando escrevi, a situação na Espanha não era como ablaze futebol apostaagora e praticamente 98% dos casos estavam ocorrendo na China."

E embora tenha apontado no texto que os casos no país asiático estavam desacelerando, ele reconhece que mais tarde a doença se espalhou "por todo o planeta com uma força inusitada".

"É muito mais sério do que pensávamos quando escrevi o artigo", reflete.

O coronavírus está deixando dorblaze futebol apostamuitos dos lugares por onde passou. Maisblaze futebol aposta95 mil pessoas morreram e já existem maisblaze futebol aposta1,5 milhãoblaze futebol apostainfectados.

O primeiro texto que López-Goñi escreveu sobre esse assunto foiblaze futebol aposta10blaze futebol apostajaneiro. O artigo foi publicado na revista científica Investigación y Ciencia, a versão espanhola da Scientific American.

"Naquela época, eu não sabiablaze futebol apostatudo que nos aconteceria", diz ele.

A maioria das informações que a comunidade internacional tinha, naquele momento, vinha da China.

"A China adotou medidas draconianas, e pensávamos que o vírus nunca chegaria a nossos países. Eu realmente pensei que seria um problema contido na China, como havia acontecido com outros vírus, como do SARS e MERS no Oriente Médio."

"Acho que todos, eublaze futebol apostaprimeiro lugar, éramos um pouco incrédulos e pecamos sendo incrédulos, admito."

No entanto, "as boas notícias seguem sendo tão necessárias ou inclusive até mais do que eram há um mês, quando eu as escrevi".

O segredo: a perspectiva

"Não foi difícilblaze futebol apostaescrever", diz. "O númeroblaze futebol apostaartigos científicos que tinham sido escritos [até 29blaze futebol apostafevereiro] sobre o assunto era 164, e isso já tinha me impressionado. Hoje existem maisblaze futebol aposta2.800."

Um dos primeiros aspectos que o pesquisador esclarecia no texto é que uma pandemia "não é sinônimoblaze futebol apostamorte" e que, independente da classificação atribuída ao novo vírus, o assunto era sério e tinha que ser contemplado com importância.

Silhuetasblaze futebol apostapessoas pintadasblaze futebol apostadiferentes cores

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, O cientista diz que 'as boas notícias também podem viralizar' e,blaze futebol apostaépocasblaze futebol apostacrises, são muito necessárias

Poucos dias depois, a Organização Mundialblaze futebol apostaSaúde (OMS) declarou a pandemia da covid-19, a doença causada pelo coronavírus.

"Poderíamos dizer: 'Quão pouco sabemos sobre o coronavírus!'. Mas se colocarmosblaze futebol apostaperspectiva, temos que pensar que, sim, é um vírus que não conhecíamos, mas aprendemos muitíssimo mais sobre eleblaze futebol apostadois, três meses do que sabíamos sobre a AIDSblaze futebol apostanão sei quantos anos."

Por exemplo, já temos o genoma do vírus e métodosblaze futebol apostadiagnóstico.

'Vamos vencer esta partida'

O acadêmico escreveu outros textos nos quais se aprofundoublaze futebol apostatrês das boas notícias sobre o coronavírus: o aumento substancialblaze futebol apostaartigos científicos sobre o assunto, o desenvolvimentoblaze futebol apostaprotótiposblaze futebol apostavacinas e ensaios clínicos com antivirais e outras combinaçõesblaze futebol apostaterapias que estão sendo empregadas para tratar os casos mais graves.

"A ciência nunca esteve tão bem preparada quanto agora para combater um problema como este", opina.

López-Goñi tem muita clareza sobreblaze futebol apostaque se deve ter fé: "A ciência vai nos tirar disso".

De todos os esforços internacionaisblaze futebol apostaandamento, algo que é histórico, o professor está convencidoblaze futebol apostaque "algo positivo virá", não apenasblaze futebol apostatermosblaze futebol apostatratamento, mas tambémblaze futebol apostaprevenção.

"Vamos vencer esta partida", diz ele com entusiasmo.

Consertar o aviãoblaze futebol apostapleno voo

A emergência internacional desencadeada pelo coronavírus mostrou que muitas vezes "a sociedade pede à ciência certezas, e a ciência não as possui", reflete López-Goñi.

"A ciência avança com as incertezas, com as perguntas."

Algumas das perguntas que "a sociedade fez à ciência durante esses meses não fomos capazesblaze futebol apostaresponder simplesmente porque não sabíamos [as respostas]".

Vírus

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Com todos os esforços internacionais, algo histórico, o professor está convencidoblaze futebol apostaque 'algo positivo sairá', não sóblaze futebol apostarelação a tratamento, mas também a prevenção

Para ilustrar esse ponto, o professor dá um exemplo: imagine que você está no comandoblaze futebol apostaum avião e lhe dizem: o avião quebrou e você deve consertá-lo enquanto voa, porque não pode pousar.

"Estamosblaze futebol apostauma situação muito semelhante."

Os cientistas não podem "parar", diz ele, e precisam continuar processando os dados que chegamblaze futebol apostadiferentes partes do mundo.

O que estamos fazendo é uma "ciência express."

E é importante lembrar, segundo o pesquisador, que a ciência exige "um poucoblaze futebol apostadescanso, a ciência tem seu tempo, ela precisa que cientistas avaliem o trabalhoblaze futebol apostacientistas, repita os experimentos e os confirme".

O medo paralisa

López-Goñi reflete sobre quanto dano as informações falsas que circularam sobre o coronavírus nas redes sociais e na internet causaram.

Soma-se a isso uma superexposiçãoblaze futebol apostainformações que está gerando uma "enorme ansiedade"blaze futebol apostamuitas pessoas.

"A única coisa que o medo faz é nos paralisar", diz ele.

"É importante que se preste atenção nas boas notícias" e nas expressõesblaze futebol apostasolidariedade que estão ocorrendoblaze futebol apostatodo o mundo.

"Isso está trazendo o melhorblaze futebol apostamuita gente", ele reflete.

"Tudo isso vai gerar uma mudançablaze futebol apostaparadigma no nosso modelo global."

E, na opinião dele, será para "melhor".

Mulher vendo um celular

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, "O medo só nos paralisa", diz López-Goñi, que faz um alerta sobre as informações falsas que circulam na internet

'A vacina é você'

O cientista espanhol insiste que "a solução está nas mãosblaze futebol apostatodos" e que "a vacina é você".

Ele explica queblaze futebol apostanosso confronto contra esse novo vírus — para o qual as pessoas não são imunizadas e, portanto, somos todos suscetíveis —, a única maneirablaze futebol apostareduzir a transmissão é atravésblaze futebol apostamedidasblaze futebol apostadistanciamento social eblaze futebol apostahigiene.

Isso ajudará a proteger as pessoas mais vulneráveis: os idosos e aqueles que sofremblaze futebol apostacertas patologias.

Segundo o especialista, é essencial evitar o colapso dos sistemasblaze futebol apostasaúde, mas "é isso que está acontecendoblaze futebol apostamuitos países".

O que vem por aí

Segundo o especialista, "as epidemias se expandem, diminuem e terminam". "Não é como uma guerra que não sabemos quando começará ou quando terminará".

No entanto, o impacto da pandemia nos níveis social e econômico é o que lhe causa "a maior vertigem".

As consequências já começaram a ser sentidasblaze futebol apostamuitos setores da economia mundial.

Apesar disso, ele quer continuar apelando para o otimismo e para a importânciablaze futebol apostase pensar na ciência não como um gasto, mas como um investimento.

"Aqui na Espanha nós sofremos com isso. Agora olhamos para a ciência, mas há maisblaze futebol apostauma década nós a estamos estrangulando economicamente."

E volta a usar um exemplo muito ilustrativo:

"Imagine que há quatro meses perguntassem aos cidadãos: 'Você deseja que com o dinheiroblaze futebol apostaseus impostos se pague, subsidie, uma pesquisablaze futebol apostaumas pessoas que estão buscando vírusblaze futebol apostamorcegos?'. Pois as pessoas teriam dito que não, que não havia interesseblaze futebol apostadirecionar dinheiro a buscar vírusblaze futebol apostamorcegos. Mas não nos damos conta da importância desse tipoblaze futebol apostapesquisa, muitas vezes básica."

A origem do SARS Cov-2 foi associada a vírus encontradoblaze futebol apostamorcegos.

Essa mudançablaze futebol apostaparadigma sobre a qual López-Goñi fala também deve incluir investimentosblaze futebol apostasaúde e educação, diz ele.

"Não podemos baixar a guarda."

E, se tivermos sucesso, certamente haverá mais boas notícias para contar.

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