Por que a 'criadora do chárealsbet pcrevelação' se arrependerealsbet pcter ajudado a lançar essa moda:realsbet pc
Mas Jenna também acredita que esse ritual atribui uma importância excessiva ao sexo biológicorealsbet pcuma criança. "Há uma visão por trás do chárealsbet pcrevelação que reforça uma dicotomia perigosa entre masculino e feminino e envolve uma tentativarealsbet pccolocar a mulherrealsbet pcvolta no seu lugar."
Como tudo começou
Jenna teve a ideiarealsbet pcfazer um chárealsbet pcrevelação quando ficou grávida, há 11 anos. Ela buscava uma formarealsbet pcanimarrealsbet pcfamília sobre a chegadarealsbet pcseu bebê, porque seus parentes não pareciam estar dando muita atenção à novidade, já que seu irmão havia tido um filho pouco tempo antes.
Foi quando ela decidiu preparar dois bolos, um com recheio azul e outro com recheio rosa, entregar o resultadorealsbet pcseu exame para uma cunhada e pedir para que ela levasse à festa o bolo correspondente ao sexo indicado pelo teste.
Ao cortar uma fatia, todos descobriram juntos que seria uma menina. Jenna diz que seu plano deu certo, e a família ficou bastante empolgada com tudo aquilo. "Parecia que o bebê tinha nascido naquele momento", diz ela.
Ela escreveu sobre o assuntorealsbet pcseu blog e um fórum online, e uma jornalista da revista The Bump viu seu relato e decidiu fazer uma reportagem sobrerealsbet pcgravidez. Boa parte do texto foi dedicada ao chárealsbet pcrevelação.
"Aquela revista foi parar nas salasrealsbet pcesperarealsbet pcmuitos médicos e parteiras,realsbet pcuma épocarealsbet pcque não era comum ter um smartphone, e as pessoas liam o que havia ali para passar o tempo atérealsbet pcconsulta", diz Jenna.
"As mulheres começaram as descobrir sobre esse tiporealsbet pcfesta quando estavam esperando pelo resultado do seu próprio exame."
Explosões, incêndios e mortes
Desde então, muitos casais incluíram o chárealsbet pcrevelação no calendáriorealsbet pcuma gravidez. Após o exame feito com 20 semanasrealsbet pcgestação, quando geralmente é possível identificar o sexo do bebê, alguns pais pedem que o resultado seja colocadorealsbet pcum envelope, que é dado a algum amigo ou parenterealsbet pcconfiança encarrgadorealsbet pcorganizar o chárealsbet pcrevelação.
Esse tiporealsbet pcfesta tornou-se especialmente popular nos Estados Unidos, e os vídeosrealsbet pcalguns destes eventos viralizaram nas redes sociais. Não demorou para que se tornasse uma tendência tambémrealsbet pcoutros países, entre eles o Brasil.
A princípio, os chásrealsbet pcrevelação eram festas mais simples: as revelações tradicionais incluem um bolo com recheio ou doces azuis ou rosa escondidos dentro. Mais recentemente, alguns destes chás se tornaram mais grandiosos e dramáticos — e até mesmo perigosos.
Em outubro deste ano, uma mulher morreurealsbet pcuma festa deste tipo nos Estados Unidos após ser atingida por um estilhaçorealsbet pcum explosivo caseiro, que deveria liberar um pó rosa ou azul para indicar o sexo do bebê.
No ano passado, um homem disparou contra um alvo que explodiria para revelar o sexorealsbet pcseu filho e causou um enorme incêndio no Estado do Arizona. O fogo durou maisrealsbet pcuma semana e fez com que centenasrealsbet pcpessoas tivessemrealsbet pcser evacuadasrealsbet pcsuas casas.
E o vídeorealsbet pcum homem no Estado da Louisiana que deu a seu jacarérealsbet pcmelancia recheada com geleia azul gerou polêmica e críticas quanto ao bem-estar do animal e a segurançarealsbet pcseu dono.
Isso fez Jenna repensar seu orgulho inicialrealsbet pcter ajudado a criar o chárealsbet pcrevelação. "Virou algo tão agressivo. Não é mais só um bolo para compartilhar uma boa notícia. Deveriam ter me avisado que se tornaria essa coisa toda", diz Jenna.
'O que importa o que um bebê tem entre as pernas?'
Ela também diz que os chásrealsbet pcrevelação foram "cooptados por pessoas mais conservadoras que têm um jeito específicorealsbet pcpensar sobre gênero".
"Hoje, abordamos esse assuntorealsbet pcuma forma diferente do que há uma década. O sexo do bebê é uma apenas questãorealsbet pcanatomia. Não deve ser algo que limita nem define uma pessoa. É o mesmo que anunciar que uma criança tem cabelo loiro ou olho azul. O que importa o que um bebê tem entre as pernas?"
Jenna também acredita que estas festas também têm um impacto negativo sobre pessoas transexuais e não binárias, como são chamadas aquelas que não se identificam como homem ou mulher.
"Antes, pessoas que não se enquadram nos padrõesrealsbet pcgênero não eram tão visíveis, mas hoje temos amigos e familiares que se identificam assim, e esse tiporealsbet pcchá faz com que elas se sintam excluídas dos nossos costumes."
A ciência ainda não sabe ao certo explicar o que faz uma pessoa ser transgênero. Estudos apontam que elas são menosrealsbet pc1% da população.
No ano passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) deixourealsbet pcconsiderar essa condição um distúrbio mental e passou a tratar a incongruênciarealsbet pcgênero como uma questãorealsbet pcidentidade que demanda,realsbet pcvezrealsbet pcprevenção e tratamento, um apoio clínico e psicológico.
"A existênciarealsbet pcpessoas que não se identificam com seu sexo biológico é algo que acompanha a humanidade desde sempre. Não é um fenômeno sociocultural moderno", diz Alexandre Saadeh, coordenador do Ambulatório Transdisciplinarrealsbet pcIdentidaderealsbet pcGênero e Orientação Sexual (AMTIGOS) do Hospital das Clínicas,realsbet pcSão Paulo.
Saadeh afirma que isso geralmente começa a se manifestar aos 3 ou 4 anosrealsbet pcidade, quando uma criança passa a se reconhecer como homem, mulher ou mesmo com algo intermediário entre esses dois polos.
No entanto, Francisco Assumpção, coordenador do departamentorealsbet pcinfância e adolescência da Associação Brasileirarealsbet pcPsiquiatria (ABP), diz que a incongruênciarealsbet pcgênero não pode ser confirmada antes da idade adulta.
"Na maioria das vezes, a confusãorealsbet pcgênero desaparece até a adolescência. Se persistir, é melhor buscar um especialista", afirma Assumpção.
Uma menina que usa ternos
Hoje, Jenna Karvunidis é mãerealsbet pctrês meninas e diz que a maior reviravoltarealsbet pctoda essa história é querealsbet pcfilha mais velha, Bianca, a bebê do primeiro chárealsbet pcrevelação, é hoje uma garota que não segue os estereótipos associados a meninas.
Aos 10 anos, Bianca gostarealsbet pcter cabelo curto e ternos usar azuis e aparecerealsbet pcmuitasrealsbet pcsuas fotos no Instagram com um visual que poderia ser descrito como andrógino.
"Ela não é transgênero, se identifica como menina. Apenas se expressarealsbet pcuma forma que não é tradicional. Já raspou o cabelo, agora está deixando crescer. É uma criança que faz coisasrealsbet pccriança. Não cabe colocar um rótulo nisso", afirma Jenna.
Jenna diz que, na maioria das vezes, Bianca dá lições a seus pais sobre gênero. "É ela que fala para a gente que não há coisasrealsbet pcmeninos ourealsbet pcmeninas e que existe uma sérierealsbet pcgêneros e sexualidades. Não tinha pensado nisso antes. Nós ouvimos e assimilamos isso. Seria legal se mais pais fizessem isso", afirma.
"Não me preocupo com ela. Na verdade, fico mais preocupada com minhas duas filhas menores quando elas choram porque o Papai Noel trouxe um Lego e dizem que isso é brinquedorealsbet pcmenino."
Jenna também diz que deixou para trás o sentimentorealsbet pcculpa pelo fenômeno do chárealsbet pcrevelação. "Não posso me responsabilizar porque as pessoas estão explodindo coisas e morrendo por causa disso."
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