'Meu avô sobreviveu a cinco campospixbet tempo de saqueconcentração':pixbet tempo de saque
Retorno a Praga
Pragapixbet tempo de saquemaiopixbet tempo de saque2019 é facilmente reconhecível. A mesma estátua que aparece no fundo da foto, as mesmas pedraspixbet tempo de saqueparalelepípedos e elegantes janelas brancas das casas continuam na cidade.
Algumas das crianças daquela foto antiga também voltaram ao local. Retornaram com maridos, esposas, filhos e netos para celebrar o fatopixbet tempo de saqueterem sobrevivido.
Voltaram para tirar uma nova foto. A foto dos que "não eram para ter sobrevivido".
Eu também estou na foto, com outros 12 integrantes da minha família. Também sou uma jornalista que vai contar algumas das histórias das pessoas da fotografia.
Meu avô, David Herman, é uma das crianças da foto original. No caso dele, sobreviveu a cinco campospixbet tempo de saqueconcentração: Auschwitz, Auschwitz-Birkenau, Buchenwald, Rhemsdorf e, finalmente, Theresienstadt.
Horrores
A minha viagem começapixbet tempo de saqueManchester, onde dois dos sobreviventes que conheciam meu avô vivem hoje.
Eles nos saúdam e nos recebem na casa deles, oferecendo sanduíches, tira-gostos e hummus (pastapixbet tempo de saquegrãopixbet tempo de saquebico).
Quando eu começo a perguntar sobre os horrores pelos quais eles passaram, um silêncio toma conta.
Era a primeira vez que eu ouvia,pixbet tempo de saqueprimeira mão, experiênciaspixbet tempo de saqueum sobrevivente com tantos detalhes - e despertou algopixbet tempo de saquemim que eu não estava esperando.
Já estivepixbet tempo de saquecampospixbet tempo de saqueconcentração antes. Fui a Auschwitz num verão, quando crianças estavam chorando por um sorvete e o guia turístico mostrava pilhaspixbet tempo de saquesapatos e cabelo dos judeus.
Fui também a Theresienstadt, com meu avô e primos, quando tinha uns 10 anos.
Nenhuma dessas duas experiências me levou para perto da minha própria história como essas entrevistas com sobreviventes.
'Via a morte o tempo todo'
Sam Laskier tem 91 anos. Ele arregaça a manga da camisa e me mostra a tatuagem no braço.
Letras e números verdes parecem queimar nas dobras da pele fina dele.
"A gente via a morte o tempo todo", diz Laskier. "Você podia sentir o cheiro da carne queimada das pessoas nas chaminéspixbet tempo de saqueAuschwitz."
Sam Laskier conta que as pessoas normalmente sobreviviam por três meses. Mas ele passou sete meses lá e não morreu.
Ele me conta os fatos, mas as emoções são mais profundas. Enquanto olhamos fotos juntos, ele diz que ainda tem pesadelos sobre os acampamentos.
Fome
"Como era ser um adolescentepixbet tempo de saqueum campopixbet tempo de saqueconcentração nazista?", pergunto.
Os sentimentos são difíceispixbet tempo de saqueserem colocadospixbet tempo de saquepalavras. A única palavra que aparece maispixbet tempo de saqueuma vez é fome.
Uma dor no estômago. Viver sem saber quando serápixbet tempo de saquepróxima refeição.
"Ficávamos perturbados o tempo todo", diz Ike Alterman, tambémpixbet tempo de saque91 anos. "Ficávamos preocupados para saber quando viria o próximo pedaçopixbet tempo de saquepão porque estávamos com fome. Estávamos famintos."
Ele abre uma velha caixapixbet tempo de saquepapelão e coloca fotos sobre a mesapixbet tempo de saquejantar.
Liberdade
"Nesse momento, descobrimos que os guardas tinham desaparecido e nos foi dito que estávamos livres. Esse sou eu, o que está balançando o boné", diz Ike, apontando para um vagão cheiopixbet tempo de saquecorpos recém-emancipados.
"Deveríamos ser ir para a câmarapixbet tempo de saquegás na manhã seguinte porque não podiam nos levar a nenhum outro lugar e havia um crematóriopixbet tempo de saqueTheresienstadt."
Ike fala devagar, com pausas entre cada palavra. No fundo dos olhos dele, vejo um garotopixbet tempo de saque13 anos, sendo levadopixbet tempo de saquecampo para campo, transportadopixbet tempo de saquecontêinerespixbet tempo de saquegado ao longo das linhaspixbet tempo de saquetrem, até alcançar a liberdade.
Liberdade. Essa palavra ilumina o rostopixbet tempo de saqueSam Laskier.
"Praga traz boas lembranças", diz Laskier. "Porque foi onde eu fui libertado, então não nos batiam nem gritavam conosco".
Os russos eram gentis com crianças. Eles dividiam pão com crianças, davam chocolate e também deixavam elas pegarem uma carona nos tranques.
Também deixaram as crianças fazer o que quisessem, inclusive se vingar dos alemães.
Mas poucos prisioneiros libertados queriam sujar as mãospixbet tempo de saquesangue. Tudo o que estavam interessados erapixbet tempo de saqueencher a barriga, depoispixbet tempo de saqueanospixbet tempo de saquefome.
Alguns deles comeram tanto que os corpos magros não aguentaram e precisaram ser hospitalizados. Outros morrerampixbet tempo de saqueindigestão.
De volta a Theresienstadt
Juntos, visitamos Theresienstadt, antigo campo nazistapixbet tempo de saqueonde a maioria dos judeus desse grupo foi libertada.
Fica a 60 kmpixbet tempo de saquePraga, por um caminhopixbet tempo de saqueestradas rurais. Hojepixbet tempo de saquedia, Theresienstadt é uma cidade normal e um memorial.
Cenas cotidianas como apixbet tempo de saqueuma senhora idosa empurrando um carrinhopixbet tempo de saquecompras se repetem enquanto grupospixbet tempo de saqueturistas visitam o antigo quartel, o crematório e o atual museu.
Vamos até o cemitério. Eu divido esse momento com Arek Hersh, que ficou preso no local por oito dias antespixbet tempo de saqueser libertado.
Ele descreve o lugar ao nosso redor quando ele chegou lá pela primeira vez: pilhas sobre pilhaspixbet tempo de saquecorpos. "Esqueletos vivos"pixbet tempo de saquedepósitos.
Mais tarde, eu vejo esses rostos, a angústia, o desafio, enquanto vasculho rolospixbet tempo de saquearquivo para montar meu documentário. Registros da morte ficam gravadospixbet tempo de saqueminha mente.
Atualmente, as valas comunspixbet tempo de saqueTheresienstadt são marcadas por lápides.
Dizem que os pássaros não cantam nos locais dos campospixbet tempo de saqueconcentração, mas é o único som que ouvimos naquele lugar.
Uma cerimônia memorial é realizada, o ar se enche com a oração do cantor, seguida por um minutopixbet tempo de saquesilêncio para lembrar os mortos.
Celebrando os sobreviventes
Mas estamospixbet tempo de saquePraga para celebrar os sobreviventes, os que saíram dos campos com vida. Entre eles, meu avô.
Ele foi uma das 732 crianças trazidas ao Reino Unido depoispixbet tempo de saque1945. Elas cresceram juntas, como irmãos e irmãs. Foram capazespixbet tempo de saqueseguir suas vidas com sucesso e tiveram filhos.
O grupopixbet tempo de saquecrianças ficou conhecido como 'Os Meninos', apesarpixbet tempo de saqueter 80 garotas entre eles. As famílias deles se tornaram parte da minha também.
Eu cresci ouvindo sobre o Holocausto - meu avô sobreviveu, mas perdeu a família. Contudo, só recentemente começamos a falar sobre como as experiências traumáticas dele não pararampixbet tempo de saque1945.
Minha mãe me diz que, quando ela era criança, nunca reclamou sobre um dia ruim na escola. O que poderia ser pior que o Holocausto?
Minha irmã e eu falávamos sobre o impacto da história do nosso avô nas nossas vidas.
Seria por causa dos sobreviventes que tentamos viver nossas vidas ao máximo, como se o tempo estivesse se esgotando, vivendo pelos seis milhõespixbet tempo de saquejudeus assassinados?
Maispixbet tempo de saque200 pessoas foram a Praga para ver onde os pais e avôs ficarampixbet tempo de saquepé, logo depoispixbet tempo de saqueterem sido libertados.
Cantamos e celebramos quando os sinos do famoso relógio da cidade tocaram.
Houve tristeza quando nos lembramos dos que morreram, mas também união, alegria e determinação. Determinação para nos lembrarmos do Holocausto, contar histórias dos que passaram por isso e dos que não sobreviveram.
De pé na praça, éramos provaspixbet tempo de saqueque os planos dos nazistaspixbet tempo de saqueexterminar todos os judeus fracassaram.
Meu avô disse que não odeia os alemães. Assim como muitos sobreviventes, ele estimulou a tolerância e uma mente abertapixbet tempo de saquetoda apixbet tempo de saquefamília, valores que desejamos manter vivos.
Ele morreu há dez anos, mas eu gostaria que ele estivesse aqui também. Há tantas perguntas que eu gostariapixbet tempo de saquefazer a ele.
Tenho uma foto dele, tirada quando tinha 17 anos. A cabeça dele está raspada, ele veste pijama listrado e debaixopixbet tempo de saquerosto está,pixbet tempo de saqueletras maiúsculas, o número: A26 44 328.
A foto foi tirada quando ele chegou no campo Buchenwald. Olho essa foto e vejo a disposição delepixbet tempo de saqueficar vivo.
Minha mãe vê o olharpixbet tempo de saqueum adolescente perdido, que tinha visto os pais serem levados para a câmarapixbet tempo de saquegás.
Estremeço ao pensar no que os olhos desses jovens viram.
*Hannah Gelbart é autora do documentário da BBC News ''The families that weren't meant to live' ('As famílias dos que não eram para ter vivido',pixbet tempo de saquetradução livre)
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